Igrejas de brancos, pretos e pardos – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
Arruando pelo Recife

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Leonardo Dantas Silva

Igrejas de brancos, pretos e pardos

Na cidade de Goiana, município da Zona da Mata Sul de Pernambuco, com 78.940 habitantes, situado a 62 km do Recife, o visitante observador vai encontrar novidades em sua caminhada, dentre as quais, igrejas destinadas ao culto de brancos, pretos e pardos, numa sucessão de oragos (santos) no mínimo curiosa para os nossos dias.

No nosso roteiro, que irá se prolongar pelos próximos números da nossa revista, iremos conhecer os templos dedicados à Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos (Século 17), Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (Século 17), Convento de Hospital de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos (Século 19) e o conjunto da Ordem Terceira e Convento Carmelita de Santo Alberto (Século 17).

A primeira dessas igrejas é a Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, cuja denominação bem demonstra o sentimento de separação racial existente no Brasil colônia de então. Embora sendo uma pequena vila, Goiana possuía três irmandades distintas, classificadas conforme a coloração da pele dos respectivos irmãos.

Ao descrever a Vila de Goiana, em observação datada de 20 de outubro de 1810, o viajante inglês Henry Koster observa ser esta “uma das mais florescentes de Pernambuco, estando situada sobre uma margem do rio do mesmo nome, em uma grande curva nesse local, quase a rodeando”.

A paróquia de Nossa Senhora do Rosário fora fundada pelo Bispo do Brasil, dom Frei Antônio Barreiros, provavelmente quando de sua visita pastoral à capitania de Itamaracá no ano de 1584, a quem pertencia, então, a povoação de Goiana.
Com a transferência da sede da capitania de Itamaracá, da Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itamaracá, para a Vila de Goiana, em 7 de janeiro de 1711, surgiu a necessidade de se criar a Irmandade da Misericórdia, em substituição à extinta Santa Casa de Misericórdia de Vila Velha. A instalação daquela irmandade, porém, só veio a se concretizar em 1º de julho de 1722, funcionando inicialmente na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos.

Anos mais tarde, terminadas as obras da igreja, os irmãos da Misericórdia resolvem construir, no mesmo local, um hospital destinado ao atendimento das pessoas pobres e sem recursos, tendo a bênção inaugural acontecido em 1759. O Hospital da Santa Casa de Misericórdia foi o primeiro erguido naquela Vila de Goiana e contava, na sua inauguração, com 20 leitos destinados a enfermos de ambos os sexos, tendo para isso solicitado ao rei de Portugal, “a extensão dos mesmos privilégios e favores de que gozavam as casas de Olinda e da Paraíba”, no que não tiveram a acolhida.

Para essa igreja foram trazidos, em 1870, os restos mortais do mestre-de-campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), que até então se encontravam na capelinha de Santo Antônio do Engenho Novo de Goiana. Estes, por sua vez, foram posteriormente transferidos para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, nos Montes Guararapes, onde hoje se encontram ao lado dos restos mortais do mestre-de-campo João Fernandes Vieira, figuras de maior representação no movimento da Insurreição Pernambucana (1645-1654), quando das guerras contra os holandeses.

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