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Notas do Sertão

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Geraldo Eugênio

Jejum Intermitente é a mais recente descoberta para emagrecer

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Esqueça por ora aquela ideia de que comer a cada três horas ou fazer a dieta de Beverly Hills ajudam a emagrecer mais rapidamente. A técnica da vez é o jejum intermitente (JI). O queridinho das famosas, como a atriz Deborah Secco, promete trazer resultados mais eficazes para quem quer perder peso de forma segura e em pouco tempo, apenas controlando o período e a quantidade de refeições. Mas não precisa se assustar, isso não quer dizer que é preciso ficar sem se alimentar por muito tempo. A ideia é comer nos intervalos e quando tiver fome dosar em pequenas porções.

O famoso jejum é uma prática já difundida em outras culturas, sobretudo em países que têm tradição islâmica. Mas, nos últimos três anos, estudiosos começaram a perceber que os atletas que faziam jejum durante as provas, perdiam peso rapidamente. Após algumas pesquisas, nutricionistas passaram a receitar o JI para auxiliar no controle da perda de peso. No entanto, os benefícios do jejum intermitente vão além do emagrecimento, pois aumenta a concentração dos níveis de hormônio do crescimento, reduz a resistência à insulina, combate as inflamações, o colesterol ruim e a depressão. Pode também prevenir certos tipos de câncer e o Mal de Alzheimer.

O endocrinologista do Hospital Agamenon Magalhães, Luiz Griz explica que o jejum prolongado com o tempo libera hormônios aumentando a sensação de saciedade. “A ausência de ingestão de alimentos estimula o corpo a queimar depósitos de gordura. E com isso, provoca o efeito desejado”, explica. Além disso, pacientes que decidem realizar esse tipo de jejum tem menos riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, pois a abstinência reduz os níveis de colesterol no organismo.

Embora o jejum traga benefícios, é preciso ficar ciente de alguns cuidados. Esse tipo de prática geralmente não é recomendada para indivíduos com hipoglicemia, diabéticos, gestantes, em fase amamentação, crianças e idosos. “Ao fazer o jejum intermitente é preciso ficar horas sem se alimentar e esses grupos não possuem um organismo preparado para esses intervalos”, justifica Griz. É comumente indicado para pessoas que não têm o hábito de comer pela manhã e não sentem muita fome durante o dia.

Geralmente as pessoas que realizam essa fórmula de emagrecimento seguem alguns protocolos criados pelo sueco Martin Berkhan, que oferece uma janela (intervalo) de alimentação de 8 horas e um período de jejum de 16 horas, ou ainda, o protocolo de 24 horas (Coma-Pare-Coma), jejum duas vezes na semana; o de 36 horas e a dieta 5:2, que consiste em comer normalmente durante cinco dias na semana e nos outros dois, restringir o consumo para 500 a 600 calorias.

Entretanto, a nutricionista da Faculdade Pernambucana de Saúde, Amanda Costa alerta para a importância de se ter orientação de um médico ou nutricionista. “É extremamente necessário que o paciente, ao decidir realizar esse jejum, procure auxílio de um especialista no assunto que o ajude a adequar a refeição para sua realidade e o acompanhe durante todo o processo”, orienta. Nessa consulta, o médico irá avaliar os hábitos diários (alimentação, exercícios físicos), patologia e o objetivo do paciente.

É necessário deixar claro ainda que o jejum intermitente não é uma dieta e sim um estilo de alimentação. Logo, não existem alimentos ideais que vão proporcionar a perda de peso, mas sim, quando comer, por isso existem os protocolos. Porém, é necessário que o paciente realize uma dieta balanceada e faça atividade física no horário do jejum. “O exercício durante este período permite a quebra de gordura e glicogênio para obter energia. Mas é importante realizar as refeições no momento em que não estiver de jejum e tentar restringir o uso de carboidratos, pois vai estimular ainda mais o apetite. Nesse caso, pode ser substituído, por outra fonte de energia, como a proteína”, sugere Amanda.

Amanda diz ser preciso levar em consideração a individualidade de cada paciente que queira jejuar.

Além disso, recomenda-se fazer uso de alimentos ricos nas chamadas gorduras “boas”, como castanhas, linhaça, ovo, azeite, semente de girassol, pois vão proporcionar energia e manter o corpo saudável. Os médicos também indicam fazer uma refeição à base de peixes e legumes, e na hora de se alimentar não abusar muito do tamanho do prato, ”menos é sempre mais”. Nos intervalos é permitida a ingestão de água, chás (hibisco, verde, chá preto) e café sem açúcar ou adoçante.

Segundo Amanda, o perfil de público que procura essa “técnica de emagrecimento” é geralmente de jovens e adultos, portadores de obesidade. Antes do surgimento do jejum intermitente, a dieta que orientava comer a cada três horas era muito difundida entre aqueles que desejavam emagrecer. Mas Amanda explica que ela oferecia menos resposta metabólica e perda de peso em alguns casos. A nutricionista explica que a questão não é o tipo regime mais indicado, mas sim, o que vai se adequar melhor a cada paciente. “Cada situação é isolada. Sendo assim, ao estabelecer o tipo de dieta/jejum é necessário que o especialista leve em consideração a individualidade do paciente e, ao mesmo tempo, que a pessoa conheça o seu corpo e limites para que, independente do método que utilize, obtenha bons resultados”, alerta a nutricionista.

*Por Paulo Ricardo Mendes (algomais@algomais.com)

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