Lígia Barros: “Não devemos crucificar pessoas que tiveram ganho de peso na quarentena”

Neste mundo contemporâneo onde o padrão é o corpo magro – ou mesmo esquálido – das modelos nas passarelas, engodar é um verdadeiro pecado. Mas, ao ficarem isoladas em suas casas, não são poucas as pessoas que veem, assustadas, o ponteiro da balança subir além do desejável ao se pesarem. Mas,para a nutricionista Lígi a Barros, tutora do curso de nutrição da FPS (Faculdade Pernambucana de Saúde), o momento não é para condenar esses quilinhos a mais. Afinal, a quarentena tem provocado um quadro psíquico de medo e ansiedade que leva
muitos a engodar. “O peso não deve ser o foco. Ele pode até ser analisado depois, quando a rotina se estabelecer mais normal”, recomenda a especialista.Nesta conversa com Cláudia Santos, Lígia também comenta o número maior de famílias cozinhando em casa nesta quarentena, incipalmente fazendo pães a ponto de se criar o neologismo “pãodemia”. Ela também dá dicas de como higienizar os alimentos e oferecer uma alimentação saudável para as crianças.

Há muita fake news em relação à capacidade dos alimentos em prevenir a Covid-19. Afinal, qual a importância da alimentação na prevenção desta doença e na imunidade doser humano?

Há muita fake news em relação aos alimentos, principalmente porque há uma tendência das pessoas tanto de subestimarem o poder da alimentação, quanto superestimarem. Os alimentos são veículos que ajudam na melhora da nossa saúde e na prevenção. Mas, isolados, eles não fazem tudo. Então a alimentação é, sim, muito importante, frutas e verduras têm muitos elementos antioxidantes que ajudam na prevenção da oxidação celular, do envelhecimento, do aparecimento de algumas doenças. Mas o alimento não é milagroso. Por outro lado, também deve-se ter cuidadocom o pensamento contrário, de que o alimento não tem função, pelo contrário, ele é de suma importância, aliado a um bom sono, à prática de exercícios físicos, a hábitos saudáveis.

É possível acontecer a contaminação pelo novo coronavírus por meio dos alimentos?

A contaminação dos alimentos pelo cononavírus ainda é controversa. Não existem dados contundentes, mas por questões de medidas sanitárias, para evitar a transmissão de outras doenças, valea pena ressaltar: aqueles alimentos que vão ser consumidos crus, in natura, precisam ser sanitizados. Por exemplo, no caso da cozinha oriental, que consome muito peixe cru, o alimento tem que ter uma boa procedência e a manutenção da sua temperatura. No nosso caso, que consumimos muitas hortaliças, temos que sanitizá-las com hipoclorito, por 15 minutos, fazendo o mesmo com as frutas consumidas com a casca. Deve-se utilizar uma colher de sopa de hipoclorito ou água sanitária sem branqueador num litro de água ou, no caso de produtos específicos vendidos em supermercado, seguir a diluição da embalagem. E lógico, se forem verduras que vieram com grande quantidade de terra, fazer uma limpeza geral com água corrente, antes de colocar nessa solução. Depois, secar bem para poder guardar. Os alimentos que vão ao fogo, devemos manter a temperatura do tempo de cozimento e também manter a temperatura após a cocção, que é uma coisa que geralmente não fazemos. Ou seja, se o alimento não for consumido logo, não se deve esperar que ele esfrie completamente para guardá-lo na geladeira. Deve-se mudar o recipiente e refrigerar o alimento assim que possível para evitar a proliferação de bactérias e de microorganismos de maneira geral.

É preciso estar de máscara para fazer essa higienização?
Temos uma mania muito grande de passar a mão no nariz, na boca, no olho, no cabelo e isso pode ser uma forma de transmissão do vírus. E é por isso que se pede a higienização dos alimentos usando a máscara, não é porque o vírus vai sair circulando e subir no seu nariz.

Você tem dados se a população tem engordado na quarentena?
O ganho de peso na quarentena é tido como normal. Lembrando que as pessoas tiveram um decréscimo da atividade física, se depararam com algumas questões emocionais mais complexas, a própria ansiedade pelo isolamento social, o medo de ser acometido pelo vírus ou ainda o medo das pessoas que foram acometidas pela Covid-19. Esse ganho de peso pode ter ocorrido, mas ele não é significativo. Se esse ganho de peso tem a ver com o comportamento das pessoas, esse comportamento não foi criado só na quarentena, são hábitos que vêm sendo estruturados. A quarenta pode ter potencializado algumas coisas, mas ela não modificou tudo. Então, é importante atentarmos, inclusive para o estigma do peso. Não devemos crucificar pessoas que estão em sofrimento psíquico por causa do ganho de peso na quarentena, quando, no momento, o peso não deve ser o foco, sabe? Ele pode até ser analisado depois, quando a rotina se estabelecer mais normal. É preciso cuidado para não trazer outro fator estressante, a partir do momento em que se condena alguém porque engordou.

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