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Livre-se da dor na coluna

Claudia Santos

Se você alguma vez na vida já sofreu com dores nas costas, saiba que não está sozinho nesse martírio. Estatísticas comprovam que 94% da população algum dia vai se queixar dessa sensação dolorosa. Não por acaso, um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que os custos causados somente pela dor na região lombar (no final da coluna) chegam a assustadores US$ 90 bilhões, o que inclui gastos como terapias e afastamento no trabalho. A boa notícia é que o tratamento evoluiu muito nos últimos tempos a ponto de a cirurgia ser recomendável para apenas 0,5% dos casos.

Mas, afinal, por que a dor na coluna vertebral é tão prevalente? Um dos motivos é que pagamos o preço pela nossa evolução, desde que o nosso antepassado Homo erectus ficou de pé. Na verdade, a coluna foi concebida para ficarmos em posição horizontal e mesmo quando há milhões de anos a espécie humana adotou a posição vertical, nossas vértebras não estão totalmente desenvolvidas e adaptadas para tal mudança. Aguentamos bem a ousadia de ser bípede durante as duas ou três décadas de vida, depois dos 30 podem surgir os problemas. Por isso, é bom prevenir .

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Outros fatores são obesidades (o peso sobrecarrega a região), fumo (que acomete os ossos ) estresse, tensão, além de fatores genéticos. Sem falar no sedentarismo. O fato de ficarmos tanto tempo sentados diante da TV, do computador ou do smartphone tem levado muitos especialistas a brincarem que de Homo erectus passamos a ser Homo sentatus.

Brincadeiras à parte, o importante é entender que existem vários tipos de dor, que pode surgir em diferentes áreas das costas: coluna cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea (veja quadro ao lado). “A grande parte das queixas está relacionada à cervical e a lombar”, informa Luciano Braun, coordenador clínico da Clínica de Dor do Hospital Esperança .

A sensação dolorosa pode ser muscular (chamada pelos médicos de miofacial) que é a mais comum. Para detectá-la, segundo Braun, basta realizar o diagnóstico clínico com exame físico e ouvir a história paciente. Nos demais casos são pedidos testes complementares, como raio-x, tomografia, ressonância magnética, cintilografia e eletroneuromiografia.

A dor pode ainda acontecer no disco intervertebral. Ele tem um formato de anel, composto por um tecido cartilaginoso e elástico e serve como uma espécie de amortecedor entre as vértebras. Por razões como esforço excessivo, traumas e idade, o disco pode se deslocar, formando uma hérnia, e comprimir as raízes nervosas que emergem da coluna. Outra causa pode estar nas articulações que são responsáveis por esticar, dobrar e movimentar a coluna. Elas podem sofrer degeneração em razão do processo de envelhecimento, causando dor.

Para alento dos que forem com essas dores, a medicina e outras áreas da saúde dispõem de alternativas que na grande maioria dos casos dispensa a necessidade de cirurgia. Hoje em dia são realizadas técnicas minimamente invasivas, em regime ambulatorial, sem necessidade de anestesia geral, apenas local. “O paciente faz o procedimento e no mesmo dia já é liberado para ir para casa e no outro dia pode ir trabalhar, porque já não se queixa de dor”, informa Luciano Braun. As técnicas tiveram um desenvolvimento tão grande que impulsionaram o surgimento de uma nova especialidade: a medicina intervencionista da dor.

“São procedimentos que podem ser empregados desde casos de hérnia de disco até fraturas de vértebras”, detalha Braun, que é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Intervencionista em Dor e vice-presidente da Academia Latino-americana de Medicina Intervencionista em Dor. Nesses procedimentos o médico utiliza agulhas e cateteres para introduzir medicamentos e outras substâncias no local da dor, guiado pelo auxílio de imagem de ultrassonografia, raio-x, ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Nos casos de hérnia de disco, por exemplo, o especialista introduz anti-inflamatórios no canal espinhal. “A técnica reverte 90% dos casos”, assegura Braun. Para os 10% restantes existe um leque grande de alternativas, entre elas a injeção de ozônio, um gás que desidrata o disco, reduzindo-o, além do uso do laser.

Já nos casos de fratura de vértebra, é feita a injeção no local fraturado da substância polimetilmetacrilato em estado líquido. Ao ser injetada, ela se solidifica como uma espécie de cimento. “Três horas depois do procedimento o paciente vai para casa, sem necessidade de cirurgia aberta ou colocação de parafuso”, informa Braun.

Essas intervenções, no entanto, não são utilizadas para as dores musculares. Nesses casos os pontos dolorosos são inativados com injeção de anestésicos, ondas de choque ou agulhamento (que é a técnica da acupuntura).

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