Para pessoas LGBT, a intolerância e o preconceito, por vezes, vêm de dentro da própria casa. Se você fosse expulso de casa hoje devido a sua orientação sexual ou identidade de gênero, para onde você iria? Foi em busca de uma resposta para essa pergunta que atormenta a vida de muitos membros da comunidade LGBT, que um grupo de universitários pernambucanos criou a plataforma Mona Migs, que tem o objetivo de criar uma ponte entre pessoas LGBT expulsas de casa e pessoas que possam acolhê-las temporariamente. O site será lançado oficialmente nesta segunda-feira (23) em todo o Brasil.
De acordo com pesquisa realizada pelos fundadores do projeto, 60,3% dos entrevistados conhecem alguém que já foi expulso de casa por ser LGBT, e 83% dos membros da comunidade LGBT têm medo de serem expulsos de casa por não serem aceitos pela família. Em contrapartida, a pesquisa também mostrou que 55% dos entrevistados não teriam problema em acolher temporariamente uma pessoa LGBT em situação de urgência.
“Apesar de existir um número alarmante de pessoas que já foram expulsas de casa por LGBTfobia, também há um número impressionante de pessoas dispostas a acolhê-las em suas casas”, diz Bárbara Lapa, estudante de administração e uma das idealizadoras do projeto. Além de Bárbara, o Mona Migs é liderado pelos estudantes Pedro Magalhães, Wallace Soares e Paulo Nascimento.
A equipe participou da primeira turma do Mind The Bizz, programa do Porto Digital que tem como objetivo o amadurecimento de ideias a partir do desenvolvimento de competências essenciais e da interação com o mercado. Durante fase de validação e testes do site, houve mais de 40 conexões entre acolhidos e acolhedores.“Para mim, o Mona Migs é sobre devolver a esperança àqueles que a tiveram tirada de sua vidas.”, diz Christiano, que através do Mona Migs pôde ser acolhido após ser expulso de casa por sua família no ano passado.
Para lançar o site, foi realizada uma campanha de crowfunding no final do ano passado. Atualmente, os fundadores estão em busca de parcerias, investidores e colaboradores para que possam escalar o projeto e expandirem a outras plataformas digitais, como smartphones e tablets. “Estamos construindo uma grande comunidade de apoio. Queremos aumentar a equipe e crescer cada vez mais, de modo que possamos ajudar todos que precisam de ajuda, até mesmo em outros países”, aponta Bárbara.
Como funciona
O site pode ser acessado através do link https://monamigs.com/, e nele é possível se cadastrar tanto como acolhedor, quanto como acolhido.
Para se inscrever como acolhido, basta clicar na opção “Preciso de Ajuda” e informar seus dados. Já para se tornar um acolhedor, é preciso escolher “Quero Ajudar”, e após informar os dados solicitados, há a possibilidade de escolher por quanto tempo disponibilizará um espaço para o acolhido, assim como também poderá deixar o cadastro inativo nos períodos em que não poderá acolher. De acordo com a localização dos usuários, o site promoverá um "match" entre acolhedor e acolhido, e eles poderão conversar através do chat.