Natal e Ano Novo: como os enlutados podem lidar com a saudade dos entes queridos?

Psicóloga do luto fala de rituais que podem ser feitos em memória dos que se foram. Na foco, Cláudia e Bob Nick.

Para muitas pessoas, a chegada do fim de ano é sinônimo de confraternização, festa e alegria, entre os amigos, familiares e colegas de trabalho. Já para outras, a época traz sentimentos de saudade, tristeza e até melancolia. Principalmente para aqueles que perderam um ente querido e sentem a falta da pessoa amada. A psicóloga do luto do Morada da Paz, Simône Lira, explica que o luto é um dos maiores estressores para o ser humano, visto que se trata do rompimento de um vínculo significativo. “Isso nos coloca diante de um conjunto complexo de reações frente a esse processo. Um exigente trabalho psíquico em todas os momentos e ainda mais em datas difíceis a serem vivenciadas, agora com a ausência física do ente. Não há como generalizar nem fornecer receitas para um processo que é singular”, explana.

De acordo com ela, possibilitar a escuta dos desejos da pessoa enlutada para a vivência do Natal e Réveillon é importante, pois geralmente as famílias se reúnem para festejar e agora haverá “uma cadeira que estará vazia”, o que pode favorecer o isolamento ou momentos de saudade e melancolia. “Algumas pessoas desejarão ritualizar da forma que faziam antes, com comidas que o ente mais gostava, decoração da casa e até mesmo ouvindo as músicas que ele ouvia, pois assim sentirão a ‘presença’ deste em meio aos festejos. O processo de luto não se sustenta apenas na dor, cabe nele sorrisos e tudo o que remete às vivências nessa história de amor que permanece blindada para além da existência física”, fala.

Os amigos e familiares que estão ao lado de pessoas enlutadas podem ajudar na expressão dos sentimentos e emoções, estando disponíveis para o acolhimento das reações e a escuta de todas as histórias narradas e revividas pelo enlutado. “O mesmo acontece com enlutados pela perda de animais, ainda que culturalmente haja uma interdição e questionamento em relação ao vínculo homem/animal e só quem sente a dor pode falar sobre a sua dor e o vínculo significativo que foi estabelecido com o pet. À medida em que há esse rompimento deve ser acolhido e respeitado em seus desejos e necessidades”, expõe Simône Lira.

Para ressignificar o luto pela perda do pet, no Natal e Ano Novo, muitos tutores podem lançar mão de algumas iniciativas, como fazer um altar em homenagem ao animal de estimação, colocando as cinzas, fotos, e brinquedinhos preferidos ou até mesmo colocar um porta retrato na mesa em que será posta a ceia natalina como forma de participação dele nos festejos.  É o que vai fazer a psicóloga Cláudia Buarque, em memória do seu cachorro da raça poodle, de nome Bob Nick, que faleceu no início de dezembro.

“Como este será o primeiro Natal e Réveillon sem o nosso pet, vamos pendurar umas fotos dele na árvore de natal daqui de casa e colocar os brinquedos que ele sempre brincava junto dela. Esta é a forma que encontramos de ele estar presente conosco como sempre estava. Fazer esse tipo de homenagem é importante justamente para que o pet sempre fique sempre presente na nossa memória”, frisa Cláudia.

Luto pela perda de um par amoroso – Para os casais que romperam relações amorosas, o Natal e Ano Novo são datas dolorosas, pois estarão diante da necessidade de adaptação a um novo mundo. Talvez tenham que estar em comemorações familiares antes vividas junto ao ser amado. “Reconhecer-se como enlutado e permitir-se vivenciar o processo da forma que tenha um sentido maior para si é possibilitar que suas dores sejam elaboradas e ressignificadas. Algumas pessoas podem utilizar expressões descuidadas como ‘arruma outro’, “um amor se esquece com outro amor’, mas curar-se das dores de uma relação para investir em outra possibilita um crescimento e entendimento maior em relação aos nossos próprios processos e movimentos existenciais”, alega a psicóloga do luto.

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