Ninguém detém a noite

* Paulo Caldas
Só os que se atém aos fenômenos da vida real, se inclinam ao êxito nas páginas da ficção. “Ninguém detém a noite”, livro de contos de Nivaldo Tenório (Confraria do vento), projeto gráfico de Alemterra Graphif Designs, é um caso típico em que o autor mostra-se estudioso do comportamento humano. Com notável poder observador, perpassa lares e alcovas, ruas e estradas, vai dos símbolos da razão à maldição da lucidez, dos sentimentos sórdidos à eclosão do caos social.

Contudo, tais constatações não se fazem à moda erudita de uma tese acadêmica, porém no tecer coloquial do cotidiano de sentimentos e emoções que se entrelaçam: fragilidades, contradições, remorsos, maldade, taras, remorsos e vaidades que acometem os personagens na construção das tramas. Perspicaz na concepção dos temas, Nivaldo prima na abordagem do psicológico, no processo de criatividade com singular assiduidade, como é fácil observar em vários momentos do livro e em especial no conto “O banquete”, por exemplo, entre outros.

No ofício do uso das técnicas do bem escrever, abraça a síntese como principal virtude, produzindo textos enxutos e objetivos. Os aspectos estéticos, são sublimados com uso de metáforas exatas, “deseja que o dia jamais bata na janela” no conto que dá título ao livro e ainda “esperou até o limite dentro do baby-doll”. Ele premia a intensidade das narrativas agraciadas por passagem de tempo primorosas, quando confere a desejada dinâmica no conto “As escamas do monstro”, todavia, tal procedimento exige do leitor, vez por outra, reler o conteúdo da cena.

O livro traz um jeito de escrever sem escrúpulos e dá as costas ao meramente piegas, aspecto louvável no exercício da escrita. Nivaldo Tenório pontua com destaque no atual momento da literatura em Pernambuco e estão junto a ele os conterrâneos Fernando Dourado Filho e Mário Rodrigues, só para citar os de Garanhuns.

* Paulo Caldas é escritor

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