O canto dos galos

Já à disposição do público o livro “Galos de Campina” (Editora Bagaço), caldeirão temperado pelo poeta-gourmet Antôi Dedé com versos guardados, no estilo “martelo agalopado”, saídos das verves bem nutridas de outros dois galos das campinas paraibanas: Bráulio Tavares e Jessier Quirino.

O sabor da peleja, rimada e metrificada, gênero apreciado nos quatro cantos da rosa dos ventos, confronta Bráulio Tavares, “Trupizupe, o Raio da Silibrina” com Jessier Quirino o “Relâmpo da Palavra” publicada em formato de cordel, em 2008, início do fraterno desafio, agora tirada do banho-maria.

Neste “Galos de Campina” vem de bandeja generosas porções do lauto banquete ansiado pelo público; o encontro dos dois poetas. Desse modo, o então cordel torna-se uma requintada iguaria cuja estética surge da inspiração da artista plástica paraibana Minna Miná.

Quanto ao conteúdo, o leitor vai saborear bocados apimentados do delicioso regabofes poético. Para efeito de degustação, eis então na bandeja delícias fatiadas ao molho de talento:

“Eu sou ponta de prego no sapato das que pega no mei do calcanhar; sou vampiro que morde a jugular, sou a cobra feroz que engole um rato, barruada de aviões a jato, sou espinho que rasga um guarda-peito, briga de foice em beco estreito, neuvragia de dente cariado, dos que entroncha a cabeça do sujeito”. Escreveu Bráulio Tavares.

“Eu sou a folha perversa da urtiga, despontando no vaso sanitário, querosene na mão de incendiário, solitária mexendo na barriga; sou machado afiado numa briga, sou o chifre botado em Romeu, sou Mengele com raiva de judeu, sou o tiro certeiro do arpão, sou aids injetada no machão, que enlouquece jurando que não deu”. Rebateu Jessier Quirino.

O esmero no refogado dessas e de outras guloseimas, estão postas e guarnecidas nas 60 páginas do “Galos de Campina”. Agora é ler sem moderação.

Por Paulo Caldas

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