O Recife, "De volta para o futuro" - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

O Recife, "De volta para o futuro"

Mário Neto

*Por Mário Neto

Quem, de meia idade, não conhece o clássico filme, da década de 1980, no qual, um jovem volta ao passado, e que, quase compromete a própria existência, por interferir no contexto da relação dos futuros pais, precisando retornar ao futuro, a tempo de resgatar a própria história?

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Pois bem, guardadas as proporções de importância entre o que é ficção e realidade, esta situação bem poderia servir como analogia à história de um trecho do Centro do Recife, entre os bairros de Santo Antônio e São José. Por décadas, manteve o casario colonial e prédios históricos dos séculos 17 e 18 e que, por conta de intervenções polêmicas sucessivas, teve, literalmente, a existência e memoria demolidas, em prol de algo chamado de modernidade.

A mais longa dessas polêmicas foi a abertura da avenida Dantas Barreto, a partir de 1943, com o início das demolições do trecho entre a Praça da República e a Avenida Guararapes, seguidas da Igreja de Nossa Senhora do Paraíso e outros edifícios históricos que formavam o antigo Pátio do Paraíso, além do Hospital São João de Deus e o quartel do regimento de artilharia, reduto da Revolução de 1817.

Ao longo de algumas décadas, edificações como a Igreja do Bom Jesus dos Martírios também não foram poupadas. As obras se arrastaram por vários governos e, apenas em 1975, foram concluídas, Uma obra, que ganhava o selo de “vai dar ruim”, já que, segundo alguns especialistas, ligava o nada a lugar algum, por terminar nos muros da Rede Ferroviária.

Mas, assim como na película, a vida imita a arte e, uma luz surge para tentar amenizar este erro histórico: o resgate do centro da ilha de Antônio Vaz, onde está localizada a via.

Um projeto discutido atualmente entre profissionais da UFPE e prefeitura do Recife, visando a caminhada aos 500 anos da capital pernambucana, prevê, segundo o arquiteto e urbanista Roberto Montezuma, “um boulevard capaz de costurar um passeio urbano, como um sistema de jardins, nascendo na praça da República (antigo parque de Friburgo), passando pela Praça do Diário (antiga Praça do Comércio Holandês) seguindo para o Pátio do Carmo (símbolo do barroco brasileiro), encontrando o recinto da antiga igreja dos Milagres (demolida), envolvendo a praça Sérgio Loreto, até chegar, como apoteose urbana contemporânea, na bacia do Pina, contemplando um Parque das Águas, um novo passeio paisagístico a redesenhar toda uma nova borda em direção aos bairros do Recife, zona sul da Ilha e zona sul da cidade.”

A esperança, então, se renova, na tentativa de resgatar um pouco daquele outrora tão rico espaço histórico. Que venha o futuro, para voltarmos ao passado e podermos, de uma vez por todas, salvar parte da história, dar mobilidade e utilidade àquela área da capital pernambucana.

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