Perdendo o bônus (bonde) demográfico! – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Perdendo o bônus (bonde) demográfico!

*Por Edgard Leonardo N. M. Lima

Com a pandemia e a perda precoce de tantos brasileiros em idade produtiva, o debate demográfico volta a ter visibilidade. O fato é que o Brasil está envelhecendo, e com ou sem a crise sanitária, estamos perdendo o chamado bônus demográfico.

Quando falamos de bônus demográfico, estamos nos referindo a um fator associado às taxas demográficas, como por exemplo: a taxa de natalidade, a expectativa de vida e a taxa de mortalidade.

Vejamos, quando a taxa de natalidade e a de mortalidade apresentam quedas, de maneira concomitante sucede uma elevação da expectativa de vida da população. E como resultado ocorre um maior número de pessoas na população em idade ativa para trabalhar, ou seja: temos um país de jovens aptos ao mercado de trabalho e em plenas condições de contribuir para o crescimento econômico, uma população em sua maioria dentro da faixa dos 15 aos 64 anos de idade.

O bônus é o resultado momentâneo da diminuição de nascimentos, e da redução da mortalidade, resultando em um aumento da população jovem e adulta em relação às outras faixas etárias, como as crianças e os idosos.
Um evento que deve ser visto como uma oportunidade única de crescimento da economia, pois neste momento existirá um maior volume populacional de pessoas aptas a produzir e pagar impostos. O que naturalmente ocorre antes da transição demográfica, quando em sequência o país começará um processo de envelhecimento populacional, ou seja, teremos uma população composta em sua maioria por idosos.

O chamado bônus acontece no momento intermediário da passagem de uma estrutura etária rejuvenescida para uma estrutura envelhecida, com fortes impactos na previdência e na produtividade. O envelhecimento populacional é um fato, tratado pelas Nações Unidas como uma das megatendências para o futuro da humanidade.
Hoje no Brasil somos cerca de 211 milhões de habitantes, estima-se que chegaremos em 2060 aos 228 milhões, e é importante apontar que está previsto um ponto de inflexão na curva de crescimento populacional para o ano de 2047.

No caso brasileiro a população deverá crescer até 2047, quando chegará ao pico de 233,2 milhões de pessoas. Com a baixa fecundidade, nos anos seguintes, ela cairá gradualmente, até os 228,3 milhões em 2060.
Segundo a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, do total de 210 milhões de brasileiros em 2019, cerca de 16% estavam acima dos 60 anos. Estimativas apontam  que em 2060 no Brasil, 34% da população terá 60 anos ou mais. Por outro lado, a população de crianças de até 14 anos, que em 2019 representava 21% do total de habitantes, será de apenas 15% em 2060. Estimativas apontam que, a partir da década de 2030 o Brasil passa a ter a maior parte de sua população inativa e os efeitos do bônus começaram então a se dissipar, com maior pressão sobre os gastos de saúde e previdência.

É cada vez mais importante que o Brasil passe pelas necessárias reformas e compreenda finalmente que a única forma de aumentar a renda per capita e gerar crescimento sustentável no país é por meio da elevação da produtividade. Afinal, até quando perderemos o bonde.

*Edgard Leonardo N. M. Lima é economista e professor da Unit-PE

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