Pesquisa ABED: 25,8% dos alunos usam internet de terceiros para estudar - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Pesquisa ABED: 25,8% dos alunos usam internet de terceiros para estudar

Rafael Dantas

A pandemia de covid-19 causou um impacto muito grande em diversos setores da economia no mundo inteiro. A Educação foi um dos setores que sofreu bastante com a crise, tendo que se adequar à nova realidade apresentada às instituições de ensino, gestores, professores, alunos e seus pais e responsáveis com a suspensão das aulas presenciais. No caso da Educação Básica tais efeitos foram devastadores e para ter uma visão ampla do que aconteceu nesse período, a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) promoveu uma pesquisa inédita e completa sobre as atividades remotas na Educação Básica em 2020, que acaba de ser lançada.

O estudo conta com uma amostra de 5.580 participações, entre estudantes, professores, pais e/ou responsáveis e dirigentes de instituições de ensino públicas e privadas do país. O período de apuração deste levantamento aconteceu entre 24 de agosto e 15 de setembro e mostra os impactos da pandemia na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os dados já esperados e que foram constatados pela pesquisa são: abandono escolar, migração de estudantes de escolas privadas para escolas públicas, abalo emocional de professores, familiares e estudantes e prejuízo às aprendizagens.

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Do ponto de vista do estudante, quando perguntado sobre quais situações afetam seus estudos e aprendizagem durante a pandemia, 67,07% atribuem à dificuldade em estabelecer e organizar a rotina diária, seguido de 58,32% que acreditam que as escolas mandam muitos materiais e por isso não dão conta. Já em relação aos dispositivos eletrônicos, em sua quase unanimidade (91,95%), dizem possuir smartphone.

Quando se trata do acesso à internet, 63,53% responderam ter banda larga ilimitada e 25,80% utilizam de terceiros. No que se refere às atividades remotas, 60,50% afirmam terem participado de quase todas as atividades do gênero em sua escola, porém 72,61% consideram que piorou se comparada às aulas presenciais. O estudo mostra ainda que 68,11% dos alunos só querem retomar às aulas presenciais quando tiver uma vacina disponível.

De acordo com o diretor da ABED George Bento Catunda, que foi também o responsável pela coordenação dessa pesquisa, é importante destacar que o levantamento trouxe novos dados e mais completos até o momento sobre um cenário que muito se especulava e que no entanto não se dispunha informações tão abrangentes como estas sobre os reflexos da pandemia de covid-19 na Educação Básica. “Um dado interesse se refere à adoção de tecnologias educacionais utilizadas no ensino remoto, como réplica de práticas e rotinas da sala de aula e escolas se mostrou eficaz por muito pouco tempo. Porém, podemos dizer que o grande desafio no momento é o engajamento”, afirma George Catunda.

O que os professores dizem?

Quando questionados sobre o seu papel, 94,83% dos educadores consideram que é interagir virtualmente com os estudantes a fim de manter o processo de ensino e aprendizagem. Já sobre sua saúde mental, 52,52% dizem se sentir um pouco abatidos, tristes e desanimados nesse período, enquanto 34,80% afirmam se sentirem normal. No que se refere às atividades realizadas em suas rotinas, 77,81% dos professores se ocupam com filmes, livros e TV; 48,71% praticam exercícios físicos e 9,25% fazem Yoga e Meditação.

A pesquisa mostra também que as instituições de ensino em que lecionam, em sua maioria (94,89%) adotaram atividades remotas emergenciais. E que 61,98% das escolas que adotaram Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizam Google Classroom e somente 4,34 não utilizam AVA. Outras ferramentas que são utilizadas pelos professores na distribuição de conteúdo e interação com os alunos são: Whatsapp (87,77%), Google Meet (75,10%), e-mail (45,02%), Zoom (27,81%) e Instagram (21,35%).

E os pais e responsáveis...

62,21% dos pais e responsáveis respondentes ao estudo têm seus filhos estudando no Ensino Médio e destes, 77,47% são oriundos de escola pública estadual. A maioria deles (87,84%) sempre participava da vida escolar do estudante pelo qual é responsável. Quando comparadas as aulas remotas e presenciais, 51,53% consideram que piorou, já 41,08% acham que manteve a mesma qualidade.

... E os dirigentes?

Este levantamento realizado pela ABED compreendeu 90,03% dirigentes de escola pública estadual e 3,32% de escola privada. Quando perguntado sobre a sua própria saúde mental nesse período, 43,53% afirmam se sentirem normal e 45,92% consideram se sentirem um pouco abatido, triste e desanimado.

Dos dirigentes entrevistados, 92,15% dizem que as escolas nas quais atuam realizaram atividades remotas regulares. Das instituições que adotaram alguma estratégia para atender os estudantes sem acesso à internet, 62,12% dos dirigentes afirmam que sim, disponibilizando materiais impressos a serem retirados pelos estudantes ou responsável.

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