Pessoas negras ocupam menos de 10% dos cargos de liderança no Brasil - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Pessoas negras ocupam menos de 10% dos cargos de liderança no Brasil

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Estudo da Diversitera aponta disparidades raciais na ocupação de cargos executivos e na remuneração no país

 

Apesar de representarem a maioria da população brasileira, pessoas negras ocupam uma parcela ínfima dos cargos de alta liderança nas empresas. Dados do IBGE mostram que 55,5% da população se declara preta ou parda, sendo também 55,2% da força de trabalho disponível e 46% da força ocupada. Porém, no segmento de alta liderança, apenas 1% dos cargos são preenchidos por pessoas pretas, e 8,7% por pessoas pardas, segundo a Diversitera. Em contrapartida, pessoas brancas dominam 84,1% dessas posições, que incluem diretoria e executivos sêniores.

O cenário é mais inclusivo nos cargos operacionais, onde pessoas negras compõem 55% da força de trabalho, mas a desigualdade persiste em funções de gerência, com apenas 2,8% ocupadas por pessoas pretas. Segundo Tamiris Hilário, especialista da Diversitera, isso reflete um "racismo estrutural que limita o acesso de pessoas negras às esferas de decisão e às melhores condições de trabalho". Tamiris destaca que, apesar de avanços nas políticas de inclusão, há muito a ser feito para que a diversidade se traduza em igualdade real.

Além da falta de representatividade, a desigualdade também é visível na remuneração. A renda média de pessoas negras é 43% menor que a de pessoas brancas, segundo o mesmo estudo. Essa disparidade se agrava com o recorte de gênero: homens negros ganham 50% a menos que homens brancos, enquanto mulheres negras enfrentam uma diferença de 63% em relação às mulheres brancas. Mesmo ocupando funções similares, pessoas negras recebem, em média, 20% a menos, chegando a uma diferença de 25% entre trabalhadores autodeclarados pretos e brancos.

A especialista reforça que essas discrepâncias são um reflexo de séculos de exploração e desigualdade sistêmica. “Essa conversa é sobre grana também. O colonialismo e o escravismo se sustentaram na exploração econômica, acumulando riquezas para um grupo hegemônico em detrimento de existências negras e indígenas. As consequências disso persistem até hoje”, afirma Tamiris.

Para reverter esse quadro, é urgente implementar políticas públicas e privadas que promovam inclusão, igualdade de oportunidades e reparação histórica. Tais medidas são fundamentais para reduzir as disparidades e construir um mercado de trabalho mais justo para todos.

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