O 4º Festival de Ópera de Pernambuco começa nesta sexta-feira (4) e segue até o dia 20 de agosto no Teatro Santa Isabel, com uma programação eclética em que se destaca Júlia, a Tecelã, um espetáculo com “sotaque pernambucano”, de autoria do maestro Wendell Ketlle, e o clássico internacional La Traviata, de Giuseppe Verdi. Realizado pela Academia de Ópera e Repertório da UFPE e Sinfonieta UFPE, o festival começa sua programação com o espetáculo O Professor de Música, do italiano Giovanni Battista Pergolesi.
“É uma ópera cômica e que se presta à formação de público e à juventude, muito interessante, muito leve, de assimilação muito tranquila. Acho que vai ser uma fluição artística bastante proveitosa com a plateia”, prevê Wendell Ketlle, também que faz a direção artística do festival. O espetáculo conta a história de um professor de música que tem a sua aluna preferida de canto, a Lauretta, pela qual é apaixonado. Ele fica preocupado com a chegada de empresário que tem o objetivo de selecionar alunos para a Ópera de Nápoles. “O professor não quer que a Lauretta seja selecionada, mas o empresário também se apaixonada por ela quer levá-la. Ela vai ou não vai? Tem que assistir à opera”, conta Ketlle em tom de suspense.
Já a miniópera Julia a Tecelã, conta a história de Júlia Santiago, a primeira mulher vereadora do Recife. “Compus essa ópera baseada numa entrevista que Júlia concedeu para a Fundaj. O texto dos números musicais é exatamente aquele que ela colocou na entrevista”, explica o maestro. O espetáculo conta como Júlia saiu com a família de São Lourenço da Mata para o Recife, o abandono do pai, que fez com que começasse a trabalhar ainda criança e a entrada na militância política, que a levou a ser a primeira vereadora do Recife.
A terceira ópera e que fecha o festival é a La Traviata, de Giuseppe Verdi, uma das mais famosas e das mais montadas no mundo. A montagem homenageia os 210 anos de nascimento do autor e, segundo Kettle, e se constituiu “um desafio hercúleo” para todos os envolvidos no espetáculo. Trata-se de uma ópera de grande complexidade, com mais de duas horas de duração, que requer um virtuosismo vocal dos cantores.
“Estamos realizando o festival com recursos muito parcos. Então, utilizamos o que já temos de acervo, de figurino, de cenário de outras óperas. Reciclamos para poder tornar possível levar a ópera ao público pernambucano, embora as nossas montagens sempre visem o profissionalismo e a excelência musical”, ressalta o diretor artístico do festival.
O maestro e a UFPE têm realizado produções operísticas elogiadas pela qualidade, além de várias ações para a formação de profissionais para esse gênero artístico, por meio do trabalho de extensão universitária. Os espetáculos envolvem alunos extensionistas e professores das universidades Federal de Pernambuco, Federal da Paraíba, Federal de Campina Grande e Federal do Rio Grande do Norte.
O festival, segundo Kettle, colocou Pernambuco e até mesmo o Nordeste no calendário nacional dos eventos operísticos. Uma de suas características é tornar a ópera mais conhecida do público. “Nosso trabalho tem um aspecto social, que é a inclusão de muitas pessoas numa linguagem artística que talvez, infelizmente ainda é tida de elite, o que não é mais verdade. Nós temos pessoas das diversas classes sociais que fazem os espetáculos e o nosso intuito é levar a ópera ao público como mais uma manifestação artística da nossa cidade”, propõe Kettle.
Programação
O Professor de Música
04/08 – 20h,
05/08 – 18h e 20h
06/08 – 19h
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia)
Julia A Tecelã
11/08 – 19h (para escolas)
12/08 – 18h e 20h
13/08 – 19h
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia)
La Traviata
17/08 – 20h
18/08 – 20h
19/08 – 20h
20/08 – 19h
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
Teatro de Santa Isabel: 3344-3324