Por Yuri Euzébio
A principal banda de rap do País, os Racionais Mc’s, traz ao Recife a turnê de celebração dos 30 anos do grupo. Grande expoente da cena de rap nacional, os músicos têm sua história atrelada ao surgimento de toda uma cena do estilo e das temáticas de denúncia social e da realidade da periferia brasileira. Desde a sua criação em 1988, os Racionais abraçam o compromisso de retratar e denunciar nas músicas as mazelas sociais que afligem o País. Aproveitando o show, a coluna traz uma entrevista com os músicos, em que fica claro a importância de Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e Dj DL Jay pra história do rap. Eu, se fosse tu, não perdia de jeito nenhum!
Trinta anos depois, qual o balanço que vocês fazem da carreira dos Racionais? Qual o maior legado dos Racionais Mc’s pro rap nacional?
EDI ROCK
Realmente fazer 30 anos de banda não é todo dia e ainda tem uma relevância, uma importância na data, é que a gente estar na ativa e junto, né? Depois de 30 anos a gente tá junto trabalhando e fazendo projetos para o futuro. Então, pode-se dizer que estamos fazendo várias comemorações: 30 anos da banda, 30 anos de estrada, 30 anos de amizade, 30 anos de família, 30 anos de irmandade, levando toda essa história para o palco em forma de presente para os fãs, no final isso é o mais importante (com o maior cuidado e carinho pra aqueles que sempre curtiram, cresceram ouvindo e curtem ainda). Estamos comemorando junto com os fãs.
Nesses 30 anos houve mudanças no discurso e nas letras da banda?
EDI ROCK
Não houve mudanças, mas uma evolução natural, alguns trechos machistas não são mais mencionados.
Quais serão as comemorações? Há planos para um novo álbum?
EDI ROCK
A turnê é uma forma de comemoração, estamos celebrando junto ao nosso público. Fazer esses shows com banda é um presente nosso. Um novo álbum é algo distante ainda.
Como vocês veem o seu sucesso, com shows lotados, mesmo com o discurso da banda de não fazer concessões ao sistema e a grande mídia? Apesar disso, vocês conquistaram um público entre a classe média.
KL JAY
Pra mim o nosso público é como se fosse uma torcida de um time, se você ver a torcida de um time vai ter preto e branco, favelado, pobre, classe média, rico. Nosso público é assim. A nossa música não tem fronteiras, ela atingiu todo mundo. As nossas ideias foram muito avançadas. Então, quem tiver o ouvido sensível vai captar a ideia. E mais: o grande trunfo do Racionais não é nunca ficar em cima do muro, é sim, ser autêntico.
Qual é a expectativa pra esse show aqui em Pernambuco?
KL JAY
Racionais sempre foi bem-vindo em Recife, sempre teve casa lotada, sempre uma puta energia, sempre alto astral. O pessoal sempre curte nossas músicas, nosso trabalho, já fizemos vários shows no Recife e eu espero que dessa vez não seja diferente, pois estamos comemorando 30 anos, né? Tem esse lance do Racionais ao vivo com banda e tal, tipo a maioria das pessoas nunca viu isso, tá imperdível!.
Sobre a cena e música pernambucana, tem muita coisa boa. Gosto do Lenine, Michael Sullivan, o saudoso Chico Science e muito mais.