Reduflação: cresce o fenômeno que diminui tamanho e qualidade dos alimentos

Segundo nutricionista, é preciso ficar atento aos rótulos para não diminuir a qualidade nutricional das refeições no dia a dia

Ao mesmo tempo que as cestas de compras dos consumidores diminuem, alguns produtos também estão encolhendo no tamanho. O fenômeno, conhecido como “reduflação”, não é novo, mas acelerou desde o último semestre de 2021 com a alta da inflação no Brasil. É o processo em que os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, enquanto que o seu preço se mantém inalterado ou aumenta. Além da diminuição no tamanho dos produtos, em muitos casos há também uma diminuição na qualidade nutricional dos alimentos.

É preciso ficar atento pois o preço do produto não sobe, mas se paga o mesmo valor levando menos do produto para casa. Não menos importante, o alerta vai para as recentes mudanças nos itens do rótulo do produto. Mudar a lista de ingredientes significa escolher matérias-primas mais baratas, e de qualidade inferior, o que reduz os custos de produção e a necessidade de reajuste de preços para o consumidor.

Este é o caso da substituição do leite por composto lácteo ou soro de leite. O composto lácteo é mais barato, porém a sua composição é diferente do leite condensado. Segundo Thais Dias, nutricionista e professora do curso de Nutrição do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), a qualidade dos itens é inferior. “O composto lácteo é mais barato, porém a sua composição é completamente diferente do leite condensado. O gosto (sabor) e a qualidade são inferiores, o que interfere na composição final do produto. Vale ressaltar que não se trata de uma prática ilegal. Essa é uma prática perfeitamente lícita, desde que as empresas repassem a informação para os consumidores. Esta é uma estratégia que disfarça a inflação, e na maioria dos casos o cliente passa despercebido”.

Nenhum tipo de produto ou alimento sozinho, por mais que sofra alteração na sua qualidade nutricional, será capaz de fornecer o que necessitamos para uma vida saudável e bom funcionamento do nosso corpo. Entretanto, a alta qualidade nutricional dos alimentos pode apresentar a longo prazo, propriedades que contribuem para a promoção da saúde e prevenção de doenças, além de possuir efeitos desejáveis que contribuem para o bom funcionamento do nosso metabolismo. A especialista reforça a importância de consumir alimentos in natura. “A melhor forma de substituir os alimentos com baixa qualidade nutricional é consumindo diariamente uma alimentação balanceada, baseada em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, grãos diversos, oleaginosas, tubérculos, raízes, carnes e ovos. São saudáveis e excelentes fontes de fibras, de vitaminas, minerais. A dieta deve ser adequada em qualidade e quantidade e que respeite nossas tradições e cultura promovendo a nossa saúde e bem-estar”.

FOME EM PERNAMBUCO – Além do fenômeno da reduflação, a fome assola boa parte da população pernambucana.

Segundo o conceito da segurança alimentar, todo ser humano deve ter acesso a alimentos saudáveis e nutritivos, como complementa Thais. “A alimentação passou a ser reconhecida como um direito básico dos seres humanos. No Brasil a segurança alimentar propõe assegurar a todos os indivíduos alimentos básicos de qualidade, em quantidades satisfatórias permanentemente e sem afetar o acesso a outras necessidades fundamentais com relação às práticas alimentares saudáveis. A sua finalidade é fazer com que a fome seja extinta definitivamente, porém, diversos fatores precisam ser considerados, como questões políticas, climáticas e inclusive como o alimento está chegando até os lares das pessoas”.

Segundo o Mapa da Pobreza, pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 1,6 milhão de pessoas vivem com no máximo R$ 497 por mês, mas a cesta básica em Recife chegou a R$ 613,63.

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