No campo está em andamento uma retomada mais acelerada do crescimento econômico de Pernambuco. Os números do PIB do setor agropecuário, acumulados dos três primeiros trimestres do de 2017, registraram um aumento de 16,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho positivo foi puxado principalmente pela produção do segmento sucroenergético e da fruticultura irrigada. Essa performance está sendo analisada pelo projeto Empresas & Empresários, coordenado pela TGI e INTG, com patrocínio do Governo de Pernambuco.
“Influenciado pelo setor agropecuário e pela retomada dos serviços, o PIB de Pernambuco deve fechar 2017 com um patamar entre 2% e 2,5%”, avalia o economista e sócio da CEDES, Ecio Costa. O especialista lembra que a produção do campo corresponde a aproximadamente 10% da economia pernambucana, que é predominantemente alavancada pelos serviços (em torno de 70%).
Somente na produção de lavouras temporárias, como a cana-de-açúcar, mandioca e feijão, houve um aumento no desempenho de 62,6%. “O principal produto foi a cana, que registrou a reabertura de três usinas de produção de álcool e açúcar”, analisa Ecio.
O presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha, porém, ressalta que o ano foi difícil para o setor, devido aos preços baixos do açúcar e a estagnação econômica. “O crescimento da oferta global de açúcar, com expansão da produção na Europa, assim como maiores volumes oriundos da Índia e Tailândia, e Brasil, são fatores da economia açucareira global que aumentaram a oferta, diminuindo o valor do mercado livre mundial”. Ele revela que o preço do açúcar caiu 29%, enquanto que a queda do valor do etanol anidro foi de 6% e do hidratado de até 3%. Para a safra 2019/2020, ele afirma que os estudos sinalizam uma recuperação da produção em mais de 12%. O setor aguarda também a concretização do programa Renovabio que é uma política pública específica para incentivar os biocombustíveis.
Apesar de nos últimos anos a pauta de exportação de Pernambuco ter se diversificado, em 2017 o açúcar ainda representou 7,5% do total exportado pelo Estado, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Um volume que rendeu US$ 147,5 milhões, representando uma alta de 11% em relação a 2016.
As lavouras permanentes, a exemplo da uva, tiveram pouca modificação, com o acréscimo de apenas 0,8% no acumulado dos três trimestres. Mas o Polo Frutivinicultor do Vale do São Francisco, que tem nas mangas e uvas o seu carro-chefe de produção, também comemorou em 2017. De acordo com José Gualberto, presidente da Valexport, houve aumento no faturamento e na produção. “Atualmente, um terço do que produzimos é escoado para o mercado externo, que teve uma recuperação forte do câmbio nos últimos dois anos. Além disso, o mercado interno tem crescido, mesmo com a crise”, destacou.
As mangas que foram para o mercado exterior representaram 3,9% de toda a exportação pernambucana em 2017 (US$ 76,7 milhões). O desempenho no comércio internacional representou um crescimento de 24,2%, segundo números do MDIC. A uva, com 3,5% de participação nessa pauta, registrou crescimento de 47,7% no valor exportado (US$ 68,2 milhões).
Além dos seus produtos mais conhecidos, Gualberto destacou o avanço da participação da produção de coco no bom desempenho do setor de fruticultura. “Hoje ela tem uma expressão econômica interessante, graças ao desenvolvimento tecnológico recente que facilitou a conservação de água de coco natural”. O resultado é o surgimento de várias agroindústrias, de grande, pequeno e médio portes na região.
O setor tem boas perspectivas de crescimento para 2018, garante Gualberto. O otimismo está ancorado no incremento de novas áreas irrigadas em Petrolina, por meio de investimentos da Codevasf. “Há 20 anos não tínhamos um novo perímetro irrigado na região”. De acordo com informações do órgão, mais de dois mil hectares estão sendo disponibilizados para agricultores no Projeto Público de Irrigação Pontal. Ele destaca também o avanço das pesquisas da Embrapa para produção de novas frutas, como pera e caqui.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras em Pernambuco, Malaquias de Oliveira, destacou que os cooperados que atuam no segmento agropecuário também cresceram no ano de 2017. “De maneira geral, eles seguiram o crescimento nacional do setor. Mas os que não estão nos perímetros irrigados sofreram bastante com a seca”, afirmou.
Malaquias explica que em Pernambuco há dois tipos de cooperativas agropecuárias: aquelas que atuam em regiões irrigadas, que estão nas margens do Rio São Francisco; e as que desenvolvem suas produções em áreas de sequeiro. “As cooperativas de Petrolina não tiveram problemas com a seca, embora tenha havido diminuição da oferta de água para irrigação. Mas aquelas que estão fora dessa região têm trabalhado, em sua maioria, para subsistência com produções de leite, milho, feijão, além de carne de caprinos e ovinos”, diz.