Curta-metragem “Jardim ancestral” resgata memórias e ancestralidade negra a partir de um mapeamento inédito das árvores símbolo da resistência africana. Foto: José Rebelatto
O documentário Jardim ancestral, dirigido por Mateus Guedes, lança um olhar poético sobre os baobás, árvores de origem africana conhecidas como “árvores da vida”. A obra destaca a imponência e o simbolismo dessas espécies, reconhecidas por sua longevidade e por representarem a união ancestral entre África e Brasil. O filme será disponibilizado gratuitamente no dia 28 de outubro, na plataforma Vimeo, e parte de um mapeamento inédito que confirma o Recife como a capital dos baobás, por abrigar a maior concentração desses exemplares fora do continente africano.
A jornada de três gerações
O curta dramatiza a peregrinação de avô, pai e filho em busca de uma árvore capaz de materializar reflexões sobre tempo, memória e ancestralidade. Nessa trajetória, os baobás do Recife e de Ipojuca se transformam em metáforas da resistência e da reconexão do povo negro. Ao acompanhar seis das maiores espécies do estado, o filme relaciona suas raízes, galhos e copas com a força das gerações e a permanência da natureza diante das transformações humanas.
Reflexão e preservação
“O filme nasce da vontade e do desejo de celebrar a força, a imponência e a beleza dos baobás do Recife e de Pernambuco. Essas árvores que habitam aqui o nosso território e guardam histórias profundas que são símbolos de resistência da cultura negra no nosso estado. O filme também convida à reflexão sobre a preservação dessas espécies e a proteção das árvores. São parte do nosso patrimônio”, afirma Mateus Guedes, diretor e roteirista da produção. O curta conta com direção de produção de Ana Sofia e atuações de Orun Santana, Gilson Santana (Mestre Meia Noite) e Lottus Santana.
Mapeamento inédito e legado cultural
A produção audiovisual é fruto do projeto Raízes, um levantamento pioneiro dos baobás de Pernambuco realizado por Ana Sofia e Mateus Guedes. O trabalho, que levou mais de cinco anos, está reunido no site www.osbaobas.com.br. No estado, há cerca de 150 exemplares apenas no Recife, alguns com mais de três séculos de vida. Catorze são tombados e dois estão em processo de proteção oficial. No filme, quatro baobás estão localizados no Recife e dois em Ipojuca, revelando a diversidade e a importância cultural dessas árvores no território pernambucano.
Raízes da resistência negra
Na tradição afro-brasileira, o baobá é símbolo de resistência, espiritualidade e conexão com os ancestrais. Em Pernambuco, muitas dessas árvores foram plantadas em locais de celebração da religiosidade de matriz africana, tornando-se ícones de identidade e memória do povo negro. Jardim ancestral surge como uma obra que reafirma essa herança simbólica, semeando consciência e respeito às raízes históricas que atravessam o tempo e fortalecem a luta por preservação e reconhecimento.
Serviço
Filme: “Jardim ancestral”
Direção: Mateus Guedes
Disponível gratuitamente em: Vimeo
Lançamento: 28 de outubro
Mais informações: www.osbaobas.com.br

