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Crítica: Em Uma Ilha Bem Distante (Netflix)

Zeynap Altin é uma mulher de meia idade caracterizada conforme o estereótipo da dona de casa que precisa dar conta sozinha das tarefas domésticas, além de cuidar da filha, do marido (que se comporta como o segundo filho) e do pai ranzinza. Após a morte da mãe, descobre que herdou uma casa numa bela ilha da Croácia. Cansada da estafante rotina do lar, chega ao ápice da insatisfação ao descobrir que está sendo traída pelo marido. Decide largar tudo e recomeçar a vida na nova casa. Porém, ao chegar ao lugar, descobre que a moradia está ocupada por Josip, ex-proprietário que ainda vive no local. Carregado de clichês e temática batida, o filme consegue se manter de pé devido a boa atuação da atriz sueca Naomi Krauss, que encarna a protagonista, trabalho que destoa das outras atuações, algumas beirando o pastelão. Os personagens coadjuvantes pouco acrescentam à trama, diferente da protagonista, são rasos e mal desenvolvidos. O roteiro é confuso, não se decide em emocionar ou fazer rir. Poucas vezes consegue um ou outro. A cinematografia de Katharina Bühler é um dos pontos fortes da produção, explora bem os belos cenários do Leste Europeu. Em Uma Ilha Bem Distante é uma comédia romântica bem no estilo Sessão da Tarde. História leve e despretensiosa para um final de tarde ocioso.

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Filme de guerra pré-indicado ao Oscar é destaque na Netflix

Um soldado alemão esfaqueia ferozmente o oponente francês. São as últimas horas da Primeira Guerra Mundial. A imagem do inimigo se contorcendo, pele rubra de sangue que não para de jorrar, faz o alemão cair em si. Lança-se em direção ao moribundo e tenta inutilmente estancar o sangue. Limpa delicadamente o rosto do inimigo com uma das mãos, vasculha o uniforme rasgado pelas punhaladas e, em meio a documentos, encontra uma foto. Nela, esposa e filha do homem que acaba de morrer. A cena é uma das mais fortes de Nada de Novo no Front, filme alemão que estreou recentemente na Netflix. A trama acompanha a jornada de Paul Baumer (Felix Kammerer), um adolescente inebriado pela promessa de reconhecimento e honras que poderá receber ao servir à Alemanha e retornar vitorioso da Grande Guerra. Porém, a realidade do conflito se descortinará e apresentará sua face mais dura e sangrenta. Paul sentirá na própria carne os aguilhões da guerra, uma insana máquina de fabricar viúvas e órfãos de pais e filhos. A direção de fotografia de James Friend cumpre bem o papel de ferramenta na construção da narrativa. Desde as belas imagens de calmaria, logo no início do filme, do lento bailar de árvores seguido do registro de uma raposa amamentando a prole, até o primeiro plano sequência dentro do inferno de poeira e pólvora da zona de combate, cenas pinceladas por um gélido azul que reforça a sensação de angústia. Em dado momento o conflito ganha ares de fantasia na cena em que tanques de guerra, mais parecendo enormes gigantes, surgem no horizonte em meio a grande neblina, avançando imponentes em direção às trincheiras alemães. Os metais da trilha sonora de igual modo colaboram na costura dos momentos de suspense. Nada de Novo no Front é baseado no romance homônimo escrito por Erich Maria Remarque. Com direção do cineasta alemão Edward Berger, esta é a segunda adaptação cinematográfica da obra de Remarque. A primeira, de 1930, ganhou o Oscar de Melhor Filme. Coincidência ou não, a nova aposta da Netflix figura na pré-lista da premiação, divulgada este mês pela Academia.

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