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Cearense José Guedes volta a expor na Amparo 60

Na quinta-feira, dia 5 de março, a partir das 18h, a Galeria Amparo 60 inaugura a sua primeira exposição de 2020, Fênix, do cearense José Guedes. O artista foi convidado pela galerista Lúcia Costa Santos para abrir a temporada 2020, apresentando essa série inédita na cidade, mas que já passou por Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e Guayaquil. O texto crítico da mostra é assinado por Daniela Bousso (extraído do livro homônimo, no qual quase todas as obras da série estão reproduzidas). São 19 trabalhos recentes, produzidos em 2019, da série Fênix. A premissa do artista está exposta no título que remete ao pássaro da mitologia grega que, ao morrer, entrava em autocombustão, mas ressurgia das próprias cinzas. A proposta de Guedes é fazer isso com obras de arte consagradas. Ele selecionou artistas que, segundo ele, têm uma caligrafia marcada, aqueles cujos trabalhos rapidamente são reconhecidos, para ter como base de sua série. “Toda destruição não deixa de ser uma reconstrução”, afirma. “Meu trabalho sempre teve essa relação com a história da arte. Eu sempre revisitei grandes artistas. Tenho uma série que dialoga com as fendas do argentino-italiano Lúcio Fontana, em outra trabalho com o azul criado pelo artista francês Yves Klein, o Internacional Klein Blue. Enfim, a história da arte está sempre presente”, complementa. As obras da série passaram por um longo processo. “O trabalho se inicia com a fotografia. Muitas dessas obras eu fotografei ao longo dos anos em visitas a museus e outras instituições, outras tive que conseguir imagens em excelente resolução para que pudesse realizar o projeto. Com essas imagens em alta qualidade, selecionei um tipo de papel específico, tamanho A3, com 200g, no qual faço a impressão”, detalha Guedes. Depois, com a obra impressa neste papel, ele o amassa e posteriormente fotografa esse “objeto”. Essa imagem, então, é trabalhada e recortada digitalmente e posteriormente impressa numa folha de alumínio. Todo esse processo garante um efeito tridimensional à obra, que, é na verdade, bidimensional. E é no suporte bidimensional, a pintura, que está o âmago da trajetória artística de 47 anos do cearense. “A base é a pintura e meus trabalhos buscam formas de expandi-la, colocando-a em contato com outros suportes, a exemplo da fotografia. Tenho trabalhos que trazem as duas técnicas, metade pintura, metade fotografia. Tenho um trabalho encima das fotografias da Califórnia de Ansel Adams. Posso dizer que em 90% do meu trabalho a pintura está presente”. A dedicação a esse suporte faz com que Guedes tenha, em todas as suas obras, uma preocupação e uma atenção especial a três aspectos que jamais podem sair da cabeça de um pintor: o espaço, a cor e a textura. São elementos que sempre estão muito marcados em seus trabalhos, ainda quando são desenvolvidos em outros suportes. “Estou sempre pensando em arte, em novas obras e propostas. Geralmente tenho uma ideia e a partir dela vejo qual seria o melhor suporte para desenvolvê-la, estão sempre surgindo novas plataformas para fazer arte”, conta lembrando que há anos vem desenvolvendo um projeto chamado Agora, em sua conta no Instagram e no Facebook. Guedes, que já coordenou o Centro Dragão do Mar, em Fortaleza, por 10 anos, e que hoje gerencia o espaço Casa D´Alva, tem uma relação especial com o Recife e com artista de Pernambuco de sua geração, como João Câmara, Gil Vicente, José Patrício e José Paulo. O artista já participou de algumas exposições na cidade. Em 1999, apresentou a individual Moradia, na Galeria Vicente do Rego Monteiro, da Fundaj, expôs no Panorama da Arte Brasileira, que circulou pelo Brasil em 2003, passando pelo Mamam. A sua última mostra no Recife, Sobre Pintura, aconteceu em 2004, na própria Amparo 60. A exposição Fênix quebra esse hiato de mais de 15 anos sem expor em Pernambuco. José Guedes Nascido em Fortaleza em 1958, formou-se em Direito pela Universidade de Fortaleza, em 1983. Foi diretor de instituições como Casa de Cultura Raimundo Cela (1986 a 2000) e Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar (1998 a 2003, e 2007 a 2012). Participou de inúmeras mostras coletivas, realizou diversas exposições individuais, possui intervenções urbanas em Fortaleza, Edimburgo, Glasgow e Paris, tem obras em importantes instituições como Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte de Santa Catarina, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museum of Latin American Art de Long Beach, Daros Latinamerica – Zurique, Neuhoff Gallery - Nova York, International Mobil Madi Museum – Budapest, IVAM de Valência, na Espanha, entre outros. SERVIÇO Fênix – José Guedes Abertura: 5 de março, a partir das 18h (só para convidados) Visitação: de 6 de março a 9 de abril de 2020 Terça a sexta, das 10h às 19h Sábados com agendamento prévio Galeria Amparo 60 Califórnia Rua Artur Muniz, 82. Primeiro andar, salas 13/14, Boa Viagem, Recife – PE. 81 3033.6060

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Garrido Galeria é boa pedida para quem gosta de arte contemporânea

Ao entrar na Garrido Galeria você tem a agradável sensação de estar numa casa, daquela dos tempos em que, como diria Belchior, “havia galos, noites e quintais”. Mas essa impressão não é à toa, o espaço está localizado na antiga residência, no bairro de Santana, onde moravam Armando Garrido, proprietário do equipamento cultural, e seus pais e irmãs desde 1973 até 2015. Há quatro anos, o lar dos Garrido transformou-se numa charmosa galeria de arte moderna e contemporânea. A ideia surgiu quando a mãe de Armando desistiu de morar no local. “Queria dar algum sentido à casa”, lembra o galerista. Na época ele havia abarrotado a garagem com várias obras de arte que comprara ao longo dos anos. Foi então que surgiu a inspiração para criar o espaço cultural. Armando entrou no mundo das artes plásticas, de forma despretensiosa, quando se incomodou com as paredes nuas do apartamento para onde que acabara de se mudar, décadas atrás. “Comecei a visitar ateliês para conhecer os artistas, ir a exposições. Mas arte não é decoração, ela tem que mexer com você, te emocionar, pode até causar tristeza e é um sentimento muito individual. Quando um quadro não me representava mais, eu vendia”, recorda. Passou então a comprar e vender arte. Não demorou muito também para começar a promover exposições, também sem muitas pretensões. A primeira delas, curiosamente foi num salão de beleza e foi um sucesso. Também lotou o Barchef numa mostra sobre o artista plástico José Cláudio. Com essa experiência, não foi difícil para Armando transformar a casa de seus pais na Garrido Galeria, que promove exposições de artistas modernos e contemporâneos, consagrados ou emergentes. Para concretizar o projeto, contou com a parceria da Phantom Five Art – um grupo de curadores independentes de arte contemporânea. Dessa união, surgiram mostras instigantes como a Cataclismo, que ficou em exposição até o mês passado. Artistas de diferentes linguagens – pintura, performance, fotografias entre outras – expressaram os problemas sociais, ambientais, políticos e existenciais do atual momento. Agora, neste mês, os visitantes poderão conferir o talento do consagrado José Cláudio e a expectativa é de que a exposição seja um sucesso tão grande quanto a anterior no Barchef. Além das obras do artista, também fará parte da mostra a videoinstalação Viagem de um jovem pintor à Bahia, de Pedro Coelho, inspirada no livro de mesmo nome de José Cláudio. Mas não são apenas as exposições que surpreendem os visitantes. Para colecionadores ou qualquer pessoa que deseje adquirir uma obra, a galeria oferece um espaço, uma sala aconchegante na qual o comprador senta-se num sofá confortável, diante de uma parede onde o quadro colocado à venda é pendurado. Enquanto aprecia uma bebida, ele admira o quadro, sozinho, durante determinado tempo, até que outra obra é introduzida. Além das obras de arte, o que também enche os olhos dos visitantes é o grande jardim que margeia toda a casa e conta com a interferência estética de algumas esculturas. “As árvores foram plantadas por meus pais”, salienta Armando. Na varanda, de frente à área verde, está o café da galeria, que trabalha com grãos originários de Minas Gerais e São Paulo. Sob o comando da chef Manu Galvão, são preparados lanches como o sanduíche de rosbife – o carro chefe da cafeteria – com pão de fermentação natural e picles de pepino feito na casa, maionese e mostarda Dijon, ao preço de R$ 22. Outra pedida são os pastéis que levam saquê na massa para deixá-las crocantes, com opções de recheios de cogumelo, cordeiro, carne de porco com abacaxi e queijo manteiga com mel de engenho. Os preços variam de R$ 17 a R$ 20. Há também opções para veganos, como a coxinha de brócolis. A beleza do jardim e a qualidade das delícias elaboradas por Manu permitiram que o espaço fosse também oferecido à realização de eventos. E para os que têm filhos pequenos, a Garrido dispõe de nada menos que uma casa na árvore para a criançada brincar enquanto os pais apreciam as obras de arte ou tomam um café. A proposta é diversão e arte. Serviço Garrido Galeria: Rua Samuel de Farias, 245, Santana, Recife. Tel. 3224-3722. Funcionamento da Galeria: de terça-feira a sábado, das 10h até as 19h. Cafeteria: de quarta-feira a sábado, das 16h às 20h.

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