Arquivos oceanos - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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As mamães querem é jogar

Você pode estar se perguntando que viagem é essa de pensar em jogo como presente para as mamães, a questão é que você sabe nada meio véi ou minha véia! Repare! A pesquisa Game Brasil 2021 desenvolvida pela parceria entre Blend New Research, ESPM, Go Gamers e Sioux Group apresenta que nada mais, nada menos que 51,5% das pessoas que jogam games digitais são do sexo feminino, tais vendo só!. ‘Espia só’ nisso! Segundo dados da plataforma Loja Integrada, só em São Paulo, o setor de Games representou 49,85% das vendas e tudo indica que em 2021 a história pode até surpreender. Com a pandemia os jogos venderam muito pois a procura por conteúdo, diversão e entretenimento continua sendo grande pra 'dé déu'. Eu poderia falar de vários jogos, como Fall Guys, Super Mario Party, Fitness Boxing, Just Dance, Tin & Kuna, este último foi desenvolvido pelo estúdio brasileiro Black River Studios. Todos esses são muito bons, porém no contexto atual que estamos, essa pandemia que não acaba, sem falar que a jornada de trabalho dura mais de 24 horas, né verdade, então vou falar de um jogo lançado em 2016, mas acredito que é uma boa dica para presentear sua mamãe, pois além de ser um jogo arretado, extremamente lindo, ele permite descobrir coisas novas, com base na ciência, e, também, meditar! Oi, como é isso seu cabra, meditar num jogo? Sim, meu véi e minha véia, meditar, por isso vai minha indicação. Estamos precisando relaxar, não é mesmo! Pois bem, o jogo que indico já é sabido só pelo nome e sua narrativa é inspirada em mitologias antigas, segundo Matt Nava, que foi diretor de arte da thatgamecompany, AB significa água, e ZÛ significa conhecer. ABZÛ é o oceano da sabedoria. O game foi desenvolvido pelo Giant Squid Studio e distribuído pela 505 Games. ABZÛ te convida para uma jornada para as profundezas do oceano, você vai mergulhar tão profundamente que vai descobrir espécies de animais e ruínas de uma civilização desconhecida. O interessante nessa jornada é que a cada espécie de peixes ou mamíferos aquáticos, o jogo relata o nome real ou científico da espécie. E não pense que vai ver apenas o peixe-palhaço, mas irá encontrar tartarugas, arraias, Baiacu, Peixe-boi, e até a baleia Branca. Tem umas espécies que você nem vai saber que existe ou existiu!. O game apresenta sete capítulos na jornada, em que você pode falar com as espécies marinhas, pode nadar junto com elas e até pegar uma carona. Uma coisa boa da ‘gota serena’ é saltar da água segurado na Baleia Azul, pense numa coisa linda, é ‘de cair o queixo’. A narrativa te conduz a explorar cada cantinho do oceano para coletar itens que te ajudaram a destravar cada capítulo. Alguns destes itens permitem que você tenha como companheiro um robô que ajuda a abrir enormes portões, além de visualizar pinturas gravadas nas ruínas, bem parecido com as ilustrações dos egípcios. Mas cuidado, pois há mistérios escondidos no fundo do mar. Essas ilustrações apresentam uma conexão entre uma civilização aquática e várias espécies de tubarões, em especial o tubarão Branco. A narrativa parece querer te apresentar que devemos ter respeito e admiração por essa espécie, e ao mesmo tempo lembrando que, por falta de conhecimento e erroneamente, só visualizamos que os tubarões são maus, e nem nos damos conta que alguns estão a beira de extinção e que são extremamente importantes para o ecossistema marinho. O jogo é um ensinamento sobre a vida marinha e uma reflexão sobre a preservação do meio ambiente da gota.   Em cada capítulo, ao encontrar uma estatueta de um tubarão, você é convidado a meditar, como é? Meditar, ‘abestado’, isso mesmo, meditar e conhecer espécies de animais, além de se maravilhar com o contraste de cores e formas. Lindo demais! Então, 'meu véi', 'minha véia', dê uma procurada por ABZÛ nas lojas de console para Playstation, no XBOX, no Nintendo Switch ou na Steam e na Epic para PC e dê este presente para sua mamãe, tenho certeza que este Dia das Mães será de descobertas e de uma experiência incrivelmente arretada.

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Uma membrana para salvar o Recife - Por Mila Montezuma

De acordo com o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o Recife é a 16ª cidade global e a 1ª capital brasileira mais vulnerável ao fenômeno do aquecimento global, em especial no que diz respeito à elevação do nível do mar. Diversos estudos já realizados apontam para o alarmante fato de que a nossa cidade pode, simplesmente, submergir até 2100. Ou seja, dentro de no máximo 80 anos, boa parte do Recife pode “sumir” da paisagem, inundada definitivamente pelo avanço do oceano. Boa viagem atual e simulação de cenários futuros de alagamentos para, respectivamente, variação positiva de +1ºC, 2.5ºC e 4ºC. Para cada um desses cenários nível d’água aumenta, respectivamente, 1.00m, 4.70m e 8.90m. Fonte: Simulação da Autora sob modelagem do Google Earth. Diante desse cenário, a pergunta que se coloca para quem é recifense e trabalha com planejamento urbano é: como proteger a capital mais antiga do País, a primeira a completar 500 anos em 2037, e evitar que ela vá parar literalmente debaixo d’água? Procurando responder a essa pergunta e transformar o problema global em oportunidade local para requalificar urbanisticamente o Recife, tive oportunidade de participar do desenvolvimento de uma pesquisa aplicada na Universidade Federal de Pernambuco, cruzando conhecimentos locais com os de outras instituições, como a AA - Architectural Association (Inglaterra), MIT - Massachusetts Institute of Technology (EUA), Université de Toulouse (FRA) e IHE/Delft – Institute for Water Education da UNESCO (Holanda), com o objetivo de projetar soluções inovadoras, adaptativas e mitigadoras de efeitos climáticos tão adversos quando os estimados para o Recife. Sob a urgência de reconsiderar a premissa de estabilidade e construir uma visão de futuro sustentável, nasceu da pesquisa o conceito de uma “membrana anfíbia” capaz de proteger a interface direta da cidade com o Oceano Atlântico. Essa “membrana anfíbia” se materializaria num grande Parque Ecossistêmico na frente oceânica da cidade, ou seja, no mar. Procurando ir além de uma infraestrutura de contenção puramente técnica, a ideia é que seja uma linha ecossistêmica sensível – sociocultural e ambiental – tal qual é o arrecife, berçário natural de onde se originou a cidade. A membrana se acomodaria no relevo marinho e seria formada a partir de processos antrópicos (de intervenção humana) mas, também, naturais (a exemplo das correntes marinhas que naturalmente ajudarão a moldar o novo território). A membrana foi pensada para se desdobrar num sistema de três parques articulados. O primeiro é o Parque Tecnológico-Energético, situado entre 1.000 a 1.500 metros da costa, voltado à geração de energias renováveis: maremotriz, eólica e fotovoltaica. Um objetivo também relevante desta primeira “camada” de proteção é contribuir para a viabilidade econômica da iniciativa. O segundo é um Parque de Ilhas Flutuantes, localizado entre 500 a 1.000 metros da praia, cuja principal função é a de amortecimento do principal intemperismo físico do sistema: a erosão direta provocada pelo impacto das ondas marinhas (“turbinadas”, inclusive, pela elevação do nível do oceano). É uma região que tem o papel de resguardo e regeneração da vida selvagem, com restabelecimento de restingas e coqueirais. Um objetivo relevante, portanto, desta segunda “camada” de proteção é o resgate da biodiversidade. O terceiro é um Parque de Piscinas Filtrantes, a até 500 metros da costa – raio de influência da mobilidade ativa a pé. Seus principais objetivos são a criação de espaço público de qualidade e a purificação das águas, temperando diretamente sua qualidade e controlando o nível das marés. Haverá neste parque específico o restabelecimento da vegetação de restinga, ecossistema hoje ameaçado na cidade, dando início ao ecossistema de transição restinga-mangue, além de canais e coqueirais. É justamente neste parque das piscinas filtrantes que seria locado o indispensável sistema de eclusas (pontos de passagem entre desníveis), válvulas e interfaces sensíveis tecnológicas (a serem desenvolvidas) para controlar a variação das águas em termos de nível, salinidade, e pH, permitindo, inclusive, a circulação de espécies. Um objetivo, portanto, relevante desta terceira “camada” de proteção é a conciliação de estágios simbióticos, humanos e naturais, com a criação de espaços públicos de alta performance e baixo impacto ambiental. No continente, o estuário expandido do Recife pode ser compreendido como a extensão desta membrana anfíbia, lugar de suporte direto da vida continental – humana e dos demais seres vivos – que articularia os três principais corredores ecológicos naturais do estuário ampliado previstos no Projeto Parque Capibaribe, convênio da Prefeitura do Recife com a UFPE por intermédio do INCITI (as bacias hidrográficas dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió) com as demais membranas, buscando a continuidade dos fragmentos de Mata Atlântica e manguezais, ainda existentes no território recifense e de sua influência ambiental direta. Uma vez articuladas as ideias básicas, o conceito da “membrana anfíbia” procura ser um manifesto. A partir dos novos paradigmas, seriam lançadas as bases de um processo participativo com a população em todas as fases, transdisciplinar e construído no tempo. Tudo considerando que o Recife foi “inventado” a partir dos arrecifes que, inclusive, lhe deram o nome de batismo. Em sendo assim, uma parte importante da sua necessária “reinvenção”, face às enormes ameaças que se apresentam pela frente, deveria valer-se deste mesmo “código genético” marinho para criar um parque salvador no horizonte do mar que ajude a cidade a continuar mantendo-se acima do nível da água. Uma membrana anfíbia, portanto, para impedir o Recife de submergir. Mila Avellar Montezuma é arquiteta e urbanista pela UFPE.

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Acidificação dos oceanos deve se intensificar nas próximas décadas

Elton Alisson/via Agência FAPESP Considerado um dos fenômenos que mais afetam os oceanos atualmente, a acidificação oceânica só foi mencionada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu quinto relatório de avaliação (AR5), publicado em 2013 – o primeiro relatório é de 1990. O órgão da ONU destaca no Sumário para formuladores de políticas públicas do AR5 que o oceano tem absorvido cerca de 30% do dióxido do carbono atmosférico (CO2) emitido pela ação humana (antropogênico). O aumento da concentração e da dissolução de CO2 tem diminuído o pH da água superficial dos oceanos desde o início da era industrial e aumentado sua acidez, afirmaram os autores do relatório. A partir de então, a acidificação dos oceanos passou a integrar todos os cenários de mudanças futuras do clima do AR. O tema deve ganhar ainda mais destaque no AR6 – previsto para ser finalizado em 2021 – e no Relatório Especial sobre o Oceano e a Criosfera em um Cenário de Mudanças Climáticas, que deve ser finalizado pelo IPCC em setembro de 2019, estimou Jake Rice, membro do grupo de especialistas da Avaliação Mundial dos Oceanos da ONU. Especialista em ecologia e biologia marinha, conselheiro e cientista-chefe do Departamento de Pesca e Oceanos do Canadá, Rice é um dos pesquisadores convidados da São Paulo School of Advanced Science on Ocean Interdisciplinary Research and Governance. O evento, realizado pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), com apoio da FAPESP, ocorre até 25 de agosto no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. “Há uma confiança muito alta de que a acidificação dos oceanos tem aumentado e têm sido bastante documentado os efeitos desse fenômeno em organismos marinhos que dependem de carbonato de cálcio para seus processos de calcificação”, disse Rice. “As séries temporais de observação dos oceanos, que permitiriam estimar a taxa e a trajetória desse fenômeno ao longo das últimas décadas, contudo, são muito curtas. As de acidez oceânica em águas costeiras, por exemplo, datam de pouco antes de 2005”, disse. De acordo com o pesquisador, os modelos de sistemas terrestres projetam um aumento global na acidificação e diminuição no pH oceânico em todos os cenários de emissão e concentração de gases de efeito estufa, mas com grandes e incertas variações regionais e locais. Os países em desenvolvimento e as pequenas ilhas dos trópicos, que dependem de recursos marinhos, serão os mais afetados diretamente ou indiretamente pelo fenômeno. Os impactos negativos da acidificação oceânica devem variar de mudanças na fisiologia e comportamento dos organismos (como moluscos) e na dinâmica populacional e afetarão os ecossistemas marinhos (como os recifes de corais), durante séculos se as emissões de CO2 continuarem no ritmo atual. Mas há uma série de outros impactos, muitos dos quais ainda não compreendidos, ponderou Rice. “A acidificação dos oceanos ilustra vários dos desafios que temos enfrentado em ciência do oceano. É preciso mais dados que nos permitam estabelecer relações entre as propriedades físicas de sistemas dinâmicos, com impactos biológicos nos ecossistemas e na sociedade”, disse. Na opinião do canadense, um dos fatores que tornam mais difícil fazer ciência dos oceanos em comparação com as ciências da terra é a maior facilidade em entender a dinâmica terrestre porque vivemos em terra. Dessa forma, é possível ver e analisar diretamente como o sistema terrestre funciona. “Nossa compreensão do oceano precisa prestar mais atenção às evidências e menos à percepção de que é possível entendê-lo por analogia ou inferência do conhecimento sobre a terra e seus sistemas biofísicos”, disse Rice. Mais informações sobre a São Paulo School of Advanced Science on Ocean Interdisciplinary Research and Governance: http://espca.fapesp.br/escola/72.

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