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Semana Manuel Bandeira celebra os 132 anos do poeta modernista

Uma década. 3.500 pessoas alcançadas. E uma série de ações em torno da obra de Manuel Bandeira. É com esse espírito festivo que o Espaço Pasárgada, equipamento cultural gerenciado pela Secult-PE/Fundarpe, promove, entre os dias 16 e 20 de abril, a 10ª edição da Semana Manuel Bandeira. O evento, que já está incorporado ao calendário cultural da cidade, marca as comemorações do aniversário do modernista, patrono do Espaço Pasárgada (antiga casa de seu avô e onde Bandeira passou parte da infância), e visa despertar o interesse do público pela literatura e também pela vasta obra do poeta. Neste ano, a Semana Manuel Bandeira tem como tema Belo Belo, e na programação estão previstas, além da presença de artistas e escritores convidados, várias atividades educativas e culturais em torno da poesia. “Cada dia de atividade será regido por um verso de Bandeira. A ideia é valorizar vários aspectos de sua obra e, ao trazer artistas de outras áreas, como a música e o teatro, evidenciar como seu lirismo se resvala nas mais diversas linguagens artísticas”, adianta Marília Mendes, gestora do equipamento cultural. Segundo ela, “este é um período importante para o espaço, uma vez que, além de celebrar os 132 anos de aniversário de Manuel Bandeira, reafirma a missão do Pasárgada em divulgar a cultura literária pernambucana”. Divulgação As atividades começam na segunda (16) e na terça-feira (17), com uma série de visitas guiadas ao Espaço Pasárgada, agendadas previamente com as escolas da rede pública e privada do Estado. Para a Presidente da Fundarpe, Márcia Souto, “o evento ao longo desses últimos 10 anos tem reverenciado o legado de Bandeira, com uma programação de qualidade, que, articulada com a rede escolar, com poetas contemporâneos e também artistas de outras linguagens, revela a intenção da nossa gestão em ocupar/valorizar cada vez mais os equipamentos culturais e espaços da cidade”. Na quarta-feira (18), às 15h, haverá o lançamento do livro O Brasil nas Crônicas de Manuel Bandeira (André Cervinskis), e a mesa temática Bandeira e a Cidade, com pesquisadores André Cervinskis, Ângelo Monteiro e Maria José Luna. Já às 19h, terá um bate-papo entre Daniela Galdino (BA, poeta, performer e docente da UNEB) e Cida Pedrosa (PE, poeta e performer) sobre as Desobediências na gira do mundo: poesia erótica escrita por mulheres. Otávio de Souza O grupo Bacantes de Poesia, formado por Anaclaudia Vieira, Daniella Miranda, Eduardo Godoy e Fernanda Spíndola, também marcará presença na programação, com a performance “Belo Belo, meu Belo”, que acontecerá na quinta-feira (19), às 19h. Nesse mesmo dia, às 20h, o músico e pesquisador Lucas Oliveira apresenta o espetáculo poético-musical Bandeira de Canções, em que mescla canções populares com poemas de Manuel Bandeira. No último dia, sexta-feira (20), às 19h, haverá Sarau Belo, Belas! – Das Sardas de Adalgisa à Saliva de Bela, que reunirá as poetisas Ana Rosa Wanderley, Bel Puã, Luna Vitrolira e Patrícia Naia em torno dos poemas em que Bandeira louva as mulheres. O encontro terá intervenção musical de VJ Craw. Confira abaixo a programação completa da 10ª Semana Manuel Bandeira, que é inteiramente gratuita: 10ª SEMANA MANUEL BANDEIRA De 16 a 20 de abril | Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista | Recife) Terça-feira (17) A água da fonte escondida 9h – Visita guiada ao Espaço Pasárgada com escolas 15h – Visita guiada ao Espaço Pasárgada com escolas Quarta-feira (18) A volta ao mundo só num barquinho de vela 15h – Lançamento do livro “O Brasil nas Crônicas de Manuel Bandeira”, de autoria André Cervinskis, e uma conversa temática “Bandeira e a Cidade”, com pesquisadores André Cervinskis, Ângelo Monteiro e Maria José Luna 19h – Desobediências na gira do mundo: poesia erótica escrita por mulheres – bate-papo com Daniela Galdino (BA, poeta, performer e docente da UNEB) e Cida Pedrosa (PE, poeta e performer) Quinta-feira (19) Belo Belo, meu Belo 15h – Visita guiada ao Espaço Pasárgada com escolas 19h – Belo Belo, meu Belo: performance do grupo Bacantes de Poesia (com Anaclaudia Vieira, Daniella Miranda, Eduardo Godoy e Fernanda Spíndola) 20h – Bandeira de Canções: apresentação poético-musical da obra de Bandeira com Lucas Oliveira (músico e pesquisador) Sexta-feira (20) Belo, Belas! 19h – Sarau Belo, Belas! – Das Sardas de Adalgisa à Saliva de Bela. Participação de Ana Rosa Wanderley, Bel Puã, Luna Vitrolira e Patrícia Naia, e intervenção musical de VJ Craw.

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Poeta nascido poeta (Por Paulo Caldas*)

Vencedor de concursos literários, em especial no gênero prosa, Rômulo César Melo também se garante quando envereda pelos labirintos da poesia. Consciente, seguro, ousado, não precisou do novelo de Ariadne,  que nem Teseu, para assegurar o caminho da volta, pois, claro, não terá volta. O poeta nasce poeta, sugere em O aviso, poema de abertura do seu livro Bad Trip  - Cartonera Aberta (edição de Wellington Melo, programação visual de Patrícia Cruz Lima, tiragem de 150 exemplares numerados), e nascido poeta não precisaria, mesmo sendo esta a sua primeira visita, de anúncio ou sequer bater à porta do olimpo da poesia pernambucana, habitada por Orfeus, Horácios, Homeros, Safos  e  outros poetas nascidos poetas.   Quem concebe versos maduros, “ser poeta/ antes de tudo/ é sofrer de palavras/ parir poesia”, ou quando manda recado aos seus pares, “Vive teus poemas/ e quando sentir o hálito da morte sombrear o pescoço no derradeiro esforço/ o teu último poema faria”. Trechos lidos no poema O aviso, sem dúvida, encontra abrigo sob o pálio da poesia daqui e alhures. No poema Incômodo, enfoca o sentimento de animais e gentes ante os maus tratos à natureza “morrem cedo/voltam logo/ ao infinito do mistério/ porque não suportam o aqui”.  É interessante observar a capacidade criativa aliada à visão do cotidiano, quando escreve: “cuspir caroços das culpas/ passar para sempre o passado num ferro queimado/absolver o mundo do deslize/beijar todos que me odeiam”, versos presentes no poema Transgredir e assume ares apocalípticos  com a convicção de que seu futuro de poeta é agora. “Para quando chegar a hora da partida possa dizer: vou porque vivi”. O poeta doa emoções ao inanimado em Espantalho, um dos destaques de sua verve, nas estrofes: “Nem o espantalho/homem oco empalhado/ é completamente só”. E mais adiante arremata: “Boneco de sentimento/ fala de voz ausente/ às vezes mais humano do que as mãos que o costuraram”. Noutro instante, deflagra o sofrimento humano no texto Anjinhos, “Centenas de anjinhos embalados para viagem/ caixões branquinhos/ delivery de tempestades tsunamis de lágrimas materna”. Vale a pena conferir. *Paulo Caldas é escritor

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