Setor produtivo reage com críticas ao novo aumento da Selic
Entidades da indústria, do comércio e sindicatos avaliam que alta dos juros compromete emprego, renda e crescimento econômico (Com informações da Agência Brasil) A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar novamente a taxa básica de juros (Selic), agora para 14,25% ao ano — o maior nível em 19 anos —, provocou reações contundentes de representantes do setor produtivo. Confederações da indústria, associações comerciais e centrais sindicais consideraram a medida excessiva, alertando para os efeitos nocivos da política monetária sobre a economia real, especialmente num cenário de desaceleração. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) argumentou que a elevação da Selic em 0,5 ponto percentual representa um “fardo ainda mais pesado à economia”. A entidade avalia que a inflação está em trajetória de queda e que a possível recessão nos Estados Unidos deve contribuir para a valorização do real. “Embora o controle da inflação seja o objetivo primordial do Banco Central, a elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban. A Associação Paulista de Supermercados também criticou a manutenção da política de juros altos, destacando que o Brasil vai na contramão do movimento global de estímulo à produção local. “É importante lembrar que o mundo vive um ciclo neoprotecionista, em que os países buscam fortalecer sua produção e seu mercado interno. Com a taxa Selic nos patamares atuais, o Brasil favorece o rentismo e a especulação, em detrimento da geração de empregos, do investimento produtivo e do crescimento econômico de médio e longo prazo”, alertou a entidade. Em posição distinta, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) avaliou que a decisão do Copom está dentro do esperado. Para o economista-chefe da entidade, Ulisses Ruiz de Gamboa, o contexto de inflação elevada justifica a postura do Banco Central. “Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica interna e do aumento das incertezas externas, que tendem a diminuir a pressão sobre os preços, houve aceleração da inflação corrente [em relação a 2024], que se mantém acima da meta anual, num contexto de expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda desancoradas, justificando uma política monetária contracionista”, afirmou. As centrais sindicais, por sua vez, classificaram a medida como prejudicial ao desenvolvimento e à qualidade de vida da população. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), os juros altos penalizam famílias, empresas e o próprio Estado. “O brasileiro já convive com uma taxa básica de juros proibitiva para o desenvolvimento econômico e que aumenta o custo de vida, o endividamento das famílias, das empresas e os gastos do governo federal”, disse Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT. A Força Sindical foi mais enfática, afirmando que “continuar com a atual taxa de juros impõe um forte obstáculo ao desenvolvimento do país”.
Setor produtivo reage com críticas ao novo aumento da Selic Read More »