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Zika inibe proliferação de células do câncer de próstata

Agência FAPESP – Após revelar de modo pioneiro o potencial do vírus zika de combater tumores no cérebro, um grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) liderado pelo professor Rodrigo Ramos Catharino mostrou que o patógeno também pode ser uma arma contra o câncer de próstata. Por meio de experimentos feitos com uma linhagem de adenocarcinoma de próstata humano (PC-3), os cientistas observaram que o zika, mesmo após ser inativado por alta temperatura, é capaz de inibir a proliferação das células tumorais. Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados na revista Scientific Reports. “O próximo passo da investigação envolve testes em animais. Caso os resultados sejam positivos, pretendemos buscar parcerias com empresas para viabilizar os ensaios clínicos”, disse Catharino, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp e coordenador do Laboratório Innovare de Biomarcadores. A linha de pesquisa coordenada por Catharino teve início em 2015, quando foi descoberta a relação entre a epidemia de zika e o aumento nos casos de microcefalia nos estados do Nordeste. Depois que estudos confirmaram a capacidade do patógeno de infectar e destruir as células progenitoras neurais – que nos fetos em desenvolvimento dão origem aos diversos tipos de células cerebrais – o pesquisador idealizou testar o vírus em linhagens de glioblastoma, o tipo mais comum e agressivo de câncer do sistema nervoso central em adultos (leia mais em agencia.fapesp.br/26991). Os bons resultados observados in vitro pelo grupo da Unicamp foram confirmados em modelo animal por cientistas do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP na Universidade de São Paulo (USP) (leia mais em: agencia.fapesp.br/27676). “Como também já foi confirmada a transmissão sexual do zika e a preferência do vírus por infectar células reprodutivas, decidimos agora testar seu efeito contra o câncer de próstata”, contou à Agência FAPESP Jeany Delafiori, estudante de doutorado sob a orientação de Catharino. O trabalho vem sendo conduzido com o apoio do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC), um CEPID da FAPESP na Unicamp. Inflamação persistente Em estudo divulgado recentemente, também na Scientific Reports, o grupo de Catharino descobriu que marcadores de inflamação neurológica podiam ser encontrados na saliva de bebês nascidos com microcefalia – e cujas mães foram diagnosticadas com zika durante a gestação – até pelo menos dois anos após o parto. “Isso mostrou que esse patógeno induz uma inflamação que perdura por muito tempo, mesmo após sua eliminação completa do organismo. Na versão ‘selvagem’ [sem passar pelo processo de inativação], portanto, o vírus poderia trazer efeitos indesejáveis e não poderia ser usado como terapia”, explicou Catharino. Os pesquisadores então decidiram testar se mesmo após a inativação o zika manteria a capacidade de destruir células tumorais. Os experimentos foram feitos com uma linhagem viral obtida a partir de amostras isoladas de um paciente infectado no Ceará, em 2015. Após cultivo em laboratório, o vírus foi fusionado a uma nanopartícula e aquecido a uma temperatura de 56º C durante uma hora, com o intuito de inibir o potencial de causar infecção. O passo seguinte foi colocar uma cultura de células PC-3 (adenocarcinoma de próstata) em contato com o vírus inativado e, após 24 e 48 horas, comparar com outro grupo de células tumorais não exposto ao patógeno. “Observamos um efeito citostático [inibição da reprodução celular] seletivo para as células PC-3. Na análise feita após 48h, a linhagem que ficou em contato com o vírus inativado apresentou um crescimento 50% menor que a linhagem controle”, contou Delafiori. Para descobrir de que modo o zika alterou o metabolismo das células tumorais, o material da cultura foi analisado em um espectrômetro de massas – aparelho que funciona como uma balança molecular, ou seja, que permite separar e identificar elementos presentes em amostras biológicas de acordo com a massa. Em seguida, com o objetivo de dar sentido ao grande volume de dados obtido por espectrometria, foi feita uma análise estatística multivariada conhecida como PLS-DA (análise discriminante por mínimos quadrados parciais, na sigla em inglês), que revelou 21 marcadores capazes de descrever de que modo o vírus afeta o metabolismo da célula tumoral e inibe sua proliferação. “Encontramos, por exemplo, marcadores lipídicos envolvidos em condições de estresse e em processo de morte celular, como ceramidas e fosfatidiletanolaminas. Esses e outros marcadores relatados traduzem o remodelamento lipídico induzido pela partícula e o comprometimento de vias do metabolismo de moléculas como porfirina e ácido fólico, que contribuiria para o estresse celular e o efeito antiproliferativo observado”, disse Catharino. Segundo o pesquisador, o conjunto de 21 metabólitos pode auxiliar tanto no entendimento das alterações bioquímicas induzidas pelo vírus quanto na busca de alvos terapêuticos, abrindo caminho para diversos novos estudos. Além de Delafiori, a pesquisa contou com a participação do bolsista de doutorado da FAPESP Carlos Fernando Odir Rodrigues Melo, também orientando de Catharino. O artigo Molecular signatures associated with prostate cancer cell line (PC-3) exposure to inactivated Zika vírus, de Jeany Delafiori, Estela de Oliveira Lima, Mohamed Ziad Dabaja, Flávia Luísa Dias-Audibert, Diogo Noin de Oliveira, Carlos Fernando Odir Rodrigues Melo, Karen Noda Morishita, Geovana Manzan Sales, Ana Lucia Tasca Gois Ruiz, Gisele Goulart da Silva, Marcelo Lancellotti e Rodrigo Ramos Catharino, pode ser lido em www.nature.com/articles/s41598-019-51954-8.

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Exame sorológico para diagnóstico mais preciso do zika chega ao mercado

Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP – Foi aprovado para comercialização um novo exame sorológico que detecta a presença de anticorpos contra o vírus zika em amostras de sangue. O teste avança em relação aos que estão disponíveis no mercado pela sua capacidade de identificar se o indivíduo foi infectado mesmo após o término da fase aguda da doença. Além disso, apresenta alta precisão mesmo em pessoas que já tiveram dengue ou febre amarela. O método, testado em mais de 3 mil mulheres de diferentes estados do Brasil, foi desenvolvido pela empresa AdvaGen Biotech, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e do Instituto Butantan. O projeto contou com apoio da FAPESP e da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) por meio do Programa PAPPE/PIPE Subvenção. A empresa detentora da patente tem sede em Itu (SP) e capacidade para produzir 40 mil testes por dia. Com a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso comercial, a empresa está fazendo a validação do kit de testes junto aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), em Brasília, para a participação junto ao Projeto Cegonha – estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para o acompanhamento das gestantes em todo o país. Além disso, o kit também está sendo apresentado para quatro laboratórios privados do Brasil e está em fase de validação na Argentina e na Colômbia. O objetivo da empresa é que o teste de baixo custo entre no rol de exames de pré-natal do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde. Além de determinar quais pessoas já foram expostas ao vírus, o intuito do produto é identificar casos de mulheres que foram infectadas pelo patógeno durante a gravidez e cujos bebês nasceram sem microcefalia. Essas crianças podem vir a ter complicações de desenvolvimento como déficit cognitivo e dificuldades motoras. “Nosso foco foi atender gestantes, principalmente. O teste consegue identificar quem já está imunizado [já foi infectado pelo zika alguma vez na vida], até mesmo no caso de pessoas que também tiveram dengue ou febre amarela. Com o novo teste, as grávidas que nunca foram infectadas passam a ter mais cuidados, como usar repelente e evitar áreas de risco. Já os casos de detecção do vírus durante a gravidez devem passar a ser acompanhados por mais tempo, mesmo que o bebê nasça sem microcefalia”, disse Edison Luiz Durigon, pesquisador do ICB-USP e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo teste. Para Durigon, o novo teste pode ser estratégico para a formulação de políticas públicas. Isso porque bebês expostos ao vírus durante a gestação podem nascer com pequenas lesões no cérebro inicialmente não detectáveis, mas que no futuro podem desencadear déficit cognitivo e outros tipos de problemas. "A microcefalia é só a ponta do iceberg. A doença é assintomática muitas vezes e até hoje não sabemos a dimensão da epidemia por carência de dados. Acreditamos que cerca de 90% das gestantes que tiveram zika não relataram a doença por não terem notado a infecção. Portanto, muitas das crianças que nasceram sem microcefalia podem vir a apresentar disfunções que só serão percebidas a partir da idade escolar”, disse. Segundo Durigon, com o novo teste é possível identificar esses casos específicos, que necessitam de exames mais sofisticados, como tomografia e ressonância, para detectar essas lesões no cérebro. “Hoje temos por volta de 3,8 mil crianças institucionalizadas por causa do vírus zika. Já é um número alto e se refere apenas às crianças com microcefalia. Quantas ao todo foram afetadas não sabemos ainda, pois há uma sombra nessa epidemia que não nos permite ver. O perigo é que novos desdobramentos venham a ser percebidos nos próximos anos, como o aumento de casos de dificuldade de aprendizado nas escolas. Isso pode ser uma consequência, claro que não tão grave quanto a microcefalia, mas também muito séria", disse. Baixo custo e alta especificidade A grande vantagem do teste em relação aos já disponíveis no mercado é a capacidade de medir anticorpos muito específicos e, assim, identificar a ocorrência de infecção por zika no soro sanguíneo mesmo em amostras de pessoas que já tiveram contato com patógenos aparentados, como o vírus da dengue. “O primeiro surto da doença no Brasil ocorreu em dezembro de 2015 e já em julho de 2016 foram colocados no mercado uns três testes sorológicos. Porém, eles são pouco específicos e podem dar um resultado falso positivo caso o indivíduo já tenha tido dengue ou outra doença cujo patógeno pertence à mesma família dos flavivírus. E isso era muito comum em várias regiões do Brasil em que a dengue é endêmica”, disse Danielle Bruna Leal de Oliveira, pesquisadora do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do ICB-USP e coordenadora do projeto. Com isso, a equipe de pesquisadores desenvolveu o teste sorológico para detecção da proteína viral à qual os anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G) aderem durante a infecção. Dessa forma é possível identificar se a pessoa está imunizada, pois as proteínas permanecem no organismo anos após a infecção. A dificuldade da técnica, no entanto, estava no fato de a proteína viral NS1 ser muito parecida em todos os membros da família dos flavivírus, que inclui dengue, zika e febre amarela, entre outros. Para contornar o problema, os pesquisadores da USP usaram uma versão editada da proteína, apenas com o trecho da molécula que é específico para o zika. “Era muito importante que não houvesse reação cruzada em quem já tivesse sido infectado com pelo menos um dos quatro tipos de dengue. Por isso, fizemos mais de 3 mil testes até validar o produto. Buscamos populações de áreas endêmicas de dengue, como São Paulo, Bahia, Goiás e outros estados”, disse Durigon. O teste é baseado na metodologia conhecida como ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática, na sigla em inglês), justamente para ser de baixo custo e de amplo alcance para a população. A plataforma é composta por uma placa com 96 pequenos poços nos quais fica aderida uma proteína viral capaz de ser

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Exame para identificar vírus Zika é comercializado no país

Um exame sorológico capaz de identificar a contaminação pelo vírus Zika mesmo depois da infecção por dengue começou a ser comercializado no país. Os kits são voltados principalmente para mulheres em idade fértil e para estudos epidemiológicos que pretendam determinar pessoas que já tenham sido expostas ao vírus. Essa era uma das principais demandas após a epidemia de zika no Brasil, entre 2015 e 2016. O teste é resultado de uma pesquisa iniciada há dois anos por um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e teve o pedido de patente licenciado pela empresa AdvaGen Biotec e recentemente aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso comercial. O produto foi testado em cerca de 3,2 mil mulheres no Brasil. O exame detecta a presença de anticorpo específico do vírus Zika produzido pelo organismo depois de 15 a 20 dias, após o indivíduo ser infectado. Entretanto, como os vírus da zika e da dengue são muito parecidos, os testes disponíveis no mercado acabam por confundir com resultando em falso positivo ou negativo, dificultando ou impedindo o diagnóstico preciso em áreas endêmicas para a dengue. O teste tem 95% de especificidade para zika, enquanto os outros do mercado têm até 75%. “Esse anticorpo dá proteção para o resto da vida e é muito difícil achar uma proteína que seja específica para o Zika. Mas achamos um local na proteína, que chamamos de Delta NS1, e que não dá reação cruzada com a dengue”, explicou um dos pesquisadores, o especialista em virologia Edison Luiz Durigon. Segundo o pesquisador, o kit facilitará o acompanhamento de gestantes que farão o exame a cada três meses para prevenir a microcefalia em bebês. Caso a mulher seja infectada só no período final da gestação, o bebê corre o risco de desenvolver problemas neurológicos. “Se a gestante tiver Zika o teste acusará. E aí muda-se a conduta médica, com a possibilidade de acompanhar essa criança para que ela seja conduzida a um padrão normal na infância e adolescência”, disse. O exame é baseado no método Elisa e também será útil para estudar a prevalência do vírus porque a maioria das pessoas infectadas não apresentam sintomas, assim a mulher pode ter o vírus sem saber e passar para o feto. Dessa forma, algumas crianças podem nascer sem microcefalia, mas podem ter lesões invisíveis no cérebro em um primeiro momento, podendo desenvolver problemas cognitivos severos. “O exame deve ser feito em laboratório e fica pronto em três horas e meia. É um teste que qualquer laboratório clínico está equipado para fazer. Esse foi um cuidado nosso”, ressaltou o especialista. (Da Agência Brasil)

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PCR adotará nova técnica de controle do Aedes aegypti no Recife

A partir desta semana, a Prefeitura do Recife começará a utilizar mais uma técnica para controle do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, chikungunya e zika. O projeto, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia e o Ministério da Saúde, consiste na instalação de cerca de 700 Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDs), que são armadilhas em que os próprios mosquitos espalharão o inseticida nos criadouros. O lançamento do projeto da Fiocruz Amazônia no Recife será nesta segunda-feira (10), às 9h, no Centro de Vigilância Ambiental (CVA), em Peixinhos. A partir de ontem, segunda (10) e hoje, terça-feira (11), Agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (Asaces) da Secretaria de Saúde do Recife serão treinados pela Fiocruz Amazônia, que desenvolveu o projeto, sobre os procedimentos de instalação e manutenção das EDs, assim como aprenderão os procedimentos de registro de dados e informações. Na quarta (12), os profissionais vão a campo para fazer a instalação das primeiras armadilha.

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Pôster transforma chuva em armadilha contra mosquitos transmissores da Dengue, Zika e Chikungunya

Em países tropicais como o Brasil têm chuva o ano todo, o que aumenta o acúmulo de água parada e os focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da Dengue, Zika e Chikungunya, e outras doenças, principalmente em favelas e áreas de difícil acesso. Para chegar nesses lugares, conscientizar a população e combater o surgimento do inseto, a organização social Habitat para a Humanidade Brasil, em parceria com a agência de publicidade BETC São Paulo, criou pôsteres especiais que se dissolvem na chuva e matam o mosquito antes mesmo dele nascer. Além de informar a população sobre o perigo do acúmulo de água parada, a única maneira de combater o mosquito é eliminando suas larvas no foco de reprodução. Unindo essas duas vertentes, instituição e agência desenvolveram “O Pôster Solúvel”. Essa solução nasceu a partir de um poderoso larvicida, o BTI (Bacillus Thuringiensis Israelensis), desenvolvido por uma das mais destacadas instituições de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, somado à papel de arroz solúvel e cola orgânica. Nos dias de sol, os pôsteres trazem mensagens educativas que ensinam as pessoas a evitarem água parada. Já quando chove, as folhas se dissolvem, acompanhando justamente o trajeto feito pela água, liberando o larvicida presente em sua composição e eliminando as larvas do mosquito. Com apenas um pôster é possível exterminar os focos do Aedes Aegypti em até 200 litros de água, por até 60 dias. “É muito difícil conscientizar as pessoas, mesmo na questão do lixo, do entulho, do lixo doméstico, das bocas-de-lobo que entopem. E fica tudo ali, com aquela água podre parada na rua”, conta Dona Dilza, moradora da comunidade de Heliópolis, localizada na zona sul de São Paulo. “O projeto chega de forma inovadora. Educa, previne e mata o mosquito onde a gente não chega”, acrescenta Denis Pacheco, Coordenador de Programas da Habitat. Como parte da iniciativa, acontece neste sábado (9) uma ação de combate ao Aedes aegypti, em Heliópolis (SP). Voluntários da Habitat Brasil e moradores da comunidade se unirão para colar diversos pôsteres nos principais pontos da comunidade, das 09h às 12h. A ação será realizada em parceria com a UNAS (Associação de Moradores de Heliópolis e Região). Além disso, os pôsteres também possuem uma tecnologia especialmente elaborada para que o larvicida não prejudique o meio ambiente, os animais e nem às pessoas, agindo apenas contra os mosquitos. São diferentes tipos de ilustrações criadas por Ricardo Célio, Feik e Puga Menezes, artistas conhecidos em algumas das comunidades afetadas pelo problema. Assista aqui ao filme explicativo:

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Zika elimina tumor humano avançado no sistema nervoso

Um estudo brasileiro mostrou, pela primeira vez em um modelo vivo, que o vírus Zika pode ser usado como ferramenta no tratamento de tumores humanos agressivos do sistema nervoso central. O estudo foi publicado no dia 26/04 na revista Cancer Research. Após injetar pequenas quantidades do patógeno no encéfalo de camundongos com estágio avançado da doença, os cientistas observaram uma redução significativa da massa tumoral e aumento da sobrevida dos animais. Em alguns casos, houve a eliminação completa do tumor – até mesmo de metástases na medula espinal. “Estamos muito animados com a possibilidade de testar o tratamento em pacientes humanos e já estamos conversando com oncologistas. Também submetemos uma patente com o protocolo terapêutico adotado em roedores”, contou Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e coordenadora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP. Zatz coordenou a investigação ao lado de Oswaldo Keith Okamoto, também professor do IB-USP e membro do CEGH-CEL. Colaboraram pesquisadores do Instituto Butantan, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Nossos resultados sugerem que o Zika possui uma afinidade ainda maior pelas células tumorais do sistema nervoso central do que pelas células-tronco neurais sadias [principais alvos do vírus no cérebro de fetos expostos durante a gestação]. E ao infectar a célula tumoral ele a destrói rapidamente”, disse Okamoto. Em seu laboratório no IB-USP, o pesquisador tem se dedicado nos últimos anos a estudar um grupo de genes que, quando expressos em tumores malignos, conferem às células tumorais propriedades semelhantes às de células-tronco, tornando-as mais agressivas e resistentes ao tratamento. Segundo Okamoto, essas células tumorais com características de células-tronco já foram observadas em diversos tipos de tumores sólidos, inclusive aqueles que afetam o sistema nervoso central. Dados da literatura científica sugerem que elas ajudam o câncer a se disseminar pelo organismo e a restaurar o crescimento tumoral após a quase eliminação da doença por tratamentos de químio e radioterapia. “Nossos estudos e de outros grupos mostraram que o vírus Zika causa microcefalia porque infecta e destrói as células-tronco neurais do feto, impedindo que novos neurônios sejam formados. Foi então que tivemos a ideia de investigar se o vírus também atacaria as células-tronco tumorais do sistema nervoso central”, disse Okamoto. Metodologia O trabalho agora publicado teve como foco os chamados tumores embrionários do sistema nervoso central. Foram usadas nos experimentos três linhagens tumorais humanas: duas de meduloblastoma e outra de tumor teratoide rabdoide atípico (TTRA). Como explicou Okamoto, ambos os tipos de câncer são causados por aberrações – genéticas ou epigenéticas – que acometem as células-tronco e progenitores neurais durante o desenvolvimento embrionário, quando o sistema nervoso está em formação. “As células-tronco neurais que sofrem essas alterações dão origem, mais tarde, às células tumorais. Formam tumores agressivos, de rápido crescimento, que podem se manifestar logo após o nascimento ou até a adolescência”, disse o pesquisador. Em uma primeira etapa da pesquisa, o grupo testou in vitro se o Zika era capaz de infectar essas três linhagens de tumores do sistema nervoso central e também células de outros tipos frequentes de câncer, como mama, próstata e colorretal. Foi feito um estudo de escalonamento de dose, ou seja, quantidades crescentes do vírus foram adicionadas às células tumorais em cultura até encontrar a quantidade capaz de promover a infecção. Por microscopia de imunofluorescência, os pesquisadores puderam confirmar se o vírus tinha de fato invadido e começado a se replicar no interior da célula tumoral. “Observamos que pequenas quantidades do Zika eram suficientes para infectar as células de tumores do sistema nervoso central. As de próstata chegaram a ser infectadas, mas em uma proporção muito menor. Por outro lado, mesmo uma grande dose viral não causou infecção nas células de câncer de mama e de tumor colorretal”, disse Okamoto. O segundo experimento consistiu em comparar a capacidade do vírus de infectar células-tronco neurais sadias – obtidas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês, células adultas reprogramadas em laboratório para se comportarem como células-tronco) – e células-tronco tumorais do sistema nervoso central. “Infectamos ambos os tipos celulares in vitro e vimos que as células-tronco tumorais são ainda mais suscetíveis a serem destruídas pelo Zika do que as células-tronco neurais sadias. Nesse mesmo ensaio, expusemos neurônios maduros ao vírus – diferenciados a partir das células-tronco neurais humanas – e vimos que eles não foram infectados ou destruídos pelo patógeno”, disse o pesquisador. “Esta é uma ótima notícia, uma vez que nosso objetivo é destruir especificamente células tumorais”, afirmou Zatz. Como explicou a pesquisadora, as células-tronco neurais usadas no experimento foram obtidas durante um estudo anterior do grupo, feito com pares de gêmeos discordantes, ou seja, casos em que apenas um dos irmãos foi afetado pelo vírus, embora ambos tenham sido expostos igualmente durante a gestação (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/27083). A linhagem de tumor teratoide rabdoide atípico foi, segundo Okamoto, a que se mostrou mais sensível à infecção. “Fizemos uma extensa análise do perfil genético e molecular dessas linhagens, que incluiu sequenciamento completo do exoma [parte do genoma onde estão os genes que codificam proteínas], análise de expressão gênica global e de alterações cromossômicas. Chegamos à conclusão que essa linhagem tumoral mais sensível ao vírus também foi a que mais se assemelhou às características moleculares das células-tronco neurais sadias”, disse o cientista. Dados preliminares do grupo sugerem que o Zika também é capaz de infectar e destruir outros tipos de células tumorais do sistema nervoso central, entre elas glioblastoma e ependimoma. Ensaios in vivo Na terceira e última etapa da pesquisa, foram feitos ensaios com camundongos imunossuprimidos, nos quais foram injetadas células tumorais humanas – tanto de meduloblastoma quanto do tumor teratoide rabdoide atípico, em diferentes grupos. Nesse modelo de estudo, o tumor é induzido em uma região do encéfalo conhecida como ventrículo lateral. De lá, ele se espalha para outras regiões do sistema nervoso central e, em seguida, ao longo da

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Conheça cinco doenças comuns no verão e saiba como preveni-las

A estação mais quente do ano começou nesta quinta-feira (21). Durante o verão, algumas doenças são mais frequentes principalmente por serem associadas a fatores como aumento da temperatura, maior umidade e exposição corporal – já que a tendência é usar roupas que não cobrem todo o corpo. Além de ser um período de férias, geralmente com praia, piscina e aglomerado de pessoas, o que pode impulsionar os agentes de infecção. Com a palavra de especialistas, confira quais são e como prevenir algumas doenças comuns neste período. Dengue, Zika, Chikungunya Com a chegada do verão é comum o aumento da infestação de mosquitos. "O aedes aegypt, por exemplo, coloca os ovos que podem sobreviver mais de 300 dias em superfície seca e se proliferam no verão", explica médica infectologista Joana D'arc Gonçalves, da Aliança Instituto de Oncologia. Uma das preocupações dos especialistas é que sintomas das doenças são considerados parecidos e pode confundir a população, por isso é preciso o diagnóstico médico correto. A infectologista explica que as características comuns às três são: febre, dor no corpo e manchinhas vermelhas. Porém, a diferença é que na Zika pode haver uma prevalência maior de conjuntivite e exantema, que são erupções na pele. Enquanto na dengue, se tem uma acentuada dor de cabeça, principalmente na região de trás dos olhos, além da forte dor no corpo. Já na Chikungunya, as dores musculares e articulares são intensas, a ponto de comprometer as atividades cotidianas. "Também já existem evidências de Co-infecção do A. aegypty, ou seja, um mosquito pode transmitir ao mesmo tempo Dengue e Zica. Por isso devemos enfatizar o controle vetorial", reforça a médica. Para prevenir, atente-se nas dicas da especialista. 1- Faça o controle vetorial, evite o acúmulo de água parada, limpe e acondicionar adequadamente os resíduos; 2- Use telas protetoras em janelas e portas em locais com muito mosquito e de risco; 3- Use de repelente; 4- Evite uso de perfumes quando for caminhar, pois pode atrair insetos, e prefira roupas claras e que cubra pernas e braços; Otites Chamadas de otite, as inflamações de ouvido mais comuns nesta época de verão e de férias são as externas. O otorrino Jairo Barros, do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (IBORL), explica que elas acontecem devido ao contato mais intenso com a água, seja com mar ou piscina. "O principal sintoma é uma forte dor de ouvido após a longa exposição à água. A dor é muito intensa, principalmente nas crianças", ressalta. A orientação médica é procurar um otorrino assim que surgir dor ou alteração no ouvido. Durante o tratamento, que é feito com uso de antibiótico tópico e leva de 7 a 10 dias, a região não pode ter contato com água. Para prevenir a otite, o médico tem orientações simples. "Ao sair da piscina ou da praia, na hora do banho vire a cabeça para o lado e deixe cair bastante água corrente dentro do ouvido e depois seque bem com a toalha. Uma das maneiras de secar também é usando o secador de cabelos em temperatura fria e a uns 15 centímetros do ouvido, de 3 a 5 minutos", orienta. Conjuntivite Um problema que quase todo mundo já conhece e caracteriza-se por uma inflamação que na conjuntiva, membrana que envolve o globo ocular e a parte interna das pálpebras. De acordo com a médica Fabiola Gavioli, oftalmologista do CBV Hospital de Olhos, a conjuntivite é mais comum no verão porque as pessoas têm maior hábito de sair e, principalmente, ficar em aglomerados, o que ajuda a disseminar o vírus ou bactéria. "As piscinas e praias com água mais quente favorecem a contaminação. O contagio se da pelo ar ou por contato com a lagrima e secreções do doente", explica Fabíola. Os sintomas iniciais são ardência nos olhos, lacrimejamento e sensação de areia. Com a evolução os olhos ficam vermelhos e com secreção. Normalmente a conjuntivite é auto limitada, durando em torno de sete dias, porém há casos mais sérios que podem chegar a durar quase 30 dias. O médico deve ser consultado quando a quantidade de secreção não é a normalmente encontrada nos olhos, quando há embaçamento da visão ou muita sensibilidade. A prevenção da conjuntivite é simples, deve-se evitar o contato com pessoas contaminadas, lavar bem as mãos durante o dia, não coçar os olhos e não compartilhar óculos e toalhas, e isso também vale para itens pessoais como pinceis de maquiagem.

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Zika pode causar glaucoma em crianças

Uma equipe de pesquisadores do Brasil e da Yale School of Public Health publicou o primeiro estudo demonstrando que o vírus Zika pode causar glaucoma em crianças que foram expostas ao vírus durante a gestação. A exposição ao vírus Zika, durante a gravidez, provoca alterações congênitas no sistema nervoso central, incluindo a microcefalia. Pesquisadores da Escola de Saúde Pública do Brasil e de Yale haviam relatado, anteriormente, durante a epidemia de microcefalia, que o vírus também causa lesões graves na retina, porção posterior do olho. No entanto, até agora, não havia evidências de que o Zika causaria glaucoma, uma condição que pode resultar em danos permanentes no nervo óptico e cegueira. “Identificamos o primeiro caso em que o vírus Zika parece ter afetado o desenvolvimento da câmara anterior ou da parte frontal do olho, durante a gestação, e causado glaucoma após o nascimento”, disse Albert Icksang Ko, professor da Yale School of Public Health e co-autor do estudo publicado na revista Ophthalmology. Ko mantém uma parceria com pesquisadores brasileiros de longa data e tem trabalhado com cientistas do Brasil desde que o Zika apareceu pela primeira vez, nas Américas, para compreender melhor os defeitos de nascença que são causados pelo vírus e os fatores de risco para a Síndrome Congênita do Zika. “Ao realizarem suas investigações sobre a epidemia de microcefalia em Salvador, no Nordeste do Brasil, os pesquisadores identificaram um menino de três meses que foi exposto ao vírus Zika durante a gestação. Embora nenhum sinal de glaucoma estivesse presente no momento do nascimento, a criança desenvolveu inchaço, dor e lacrimejamento no olho direito. A equipe de pesquisa diagnosticou o glaucoma como a causa dos sintomas e, juntamente com os oftalmologistas locais, realizou uma trabeculectomia, uma operação que aliviou com sucesso a pressão dentro do olho”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. “Embora esta seja a primeira incidência conhecida de glaucoma em uma criança com o vírus Zika, os médicos que tratam pacientes com Zika devem estar cientes de que o glaucoma é outro sintoma grave da doença que deve ser monitorado. Pesquisas adicionais são necessárias para determinar se o glaucoma em crianças com Zika é causado pela exposição indireta ou direta ao vírus, durante a gestação ou pós-parto”, explica a especialista em glaucoma do IMO, a oftalmologista Márcia Lucia Marques. O vírus Zika, que é transmitido principalmente através de mosquitos infectados, atingiu níveis epidêmicos em várias áreas do mundo e é de particular preocupação no Brasil, onde a Organização Pan-Americana da Saúde relata mais de 200 mil casos suspeitos e 109 mil casos confirmados da doença. Desde que o surto começou, em 2015, o Zika já chegou aos Estados Unidos, com mais de 4 mil casos relacionados com viagens e 139 casos de mosquitos adquiridos localmente confirmados, de acordo com o CDC. Atualmente não existe vacina para o vírus Zika. A exposição ao vírus Zika, durante a gravidez, provoca alterações congênitas no sistema nervoso central, incluindo a microcefalia. Pesquisadores da Escola de Saúde Pública do Brasil e de Yale haviam relatado, anteriormente, durante a epidemia de microcefalia, que o vírus também causa lesões graves na retina, porção posterior do olho. No entanto, até agora, não havia evidências de que o Zika causaria glaucoma, uma condição que pode resultar em danos permanentes no nervo óptico e cegueira. “Identificamos o primeiro caso em que o vírus Zika parece ter afetado o desenvolvimento da câmara anterior ou da parte frontal do olho, durante a gestação, e causado glaucoma após o nascimento”, disse Albert Icksang Ko, professor da Yale School of Public Health e co-autor do estudo publicado na revista Ophthalmology. Ko mantém uma parceria com pesquisadores brasileiros de longa data e tem trabalhado com cientistas brasileiros desde que o Zika apareceu pela primeira vez, nas Américas, para compreender melhor os defeitos de nascença que são causados pelo vírus e os fatores de risco para a Síndrome Congênita do Zika. “Ao realizarem suas investigações sobre a epidemia de microcefalia em Salvador, no Nordeste do Brasil, os pesquisadores identificaram um menino de três meses que foi exposto ao vírus Zika durante a gestação. Embora nenhum sinal de glaucoma estivesse presente no momento do nascimento, a criança desenvolveu inchaço, dor e lacrimejamento no olho direito. A equipe de pesquisa diagnosticou o glaucoma como a causa dos sintomas e, juntamente com os oftalmologistas locais, realizou uma trabeculectomia, uma operação que aliviou com sucesso a pressão dentro do olho”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. “Embora esta seja a primeira incidência conhecida de glaucoma em uma criança com o vírus Zika, os médicos que tratam pacientes com Zika devem estar cientes de que o glaucoma é outro sintoma grave da doença que deve ser monitorado. Pesquisas adicionais são necessárias para determinar se o glaucoma em crianças com Zika é causado pela exposição indireta ou direta ao vírus, durante a gestação ou pós-parto”, explica a especialista em glaucoma do IMO, a oftalmologista Márcia Lucia Marques. O vírus Zika, que é transmitido principalmente através de mosquitos infectados, atingiu níveis epidêmicos em várias áreas do mundo e é de particular preocupação no Brasil, onde a Organização Pan-Americana da Saúde relata mais de 200.000 casos suspeitos e 109.000 casos confirmados da doença. Desde que o surto começou, em 2015, o Zika já chegou aos Estados Unidos, com mais de 4.000 casos relacionados com viagens e 139 casos de mosquitos adquiridos localmente confirmados, de acordo com o CDC. Atualmente não existe vacina para o vírus Zika.

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Remédio para hepatite C tem ação contra zika

Estudo liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o antiviral sofosbuvir, atualmente utilizado para tratamento da hepatite C, possui ação contra o vírus zika. O efeito foi observado em testes com diferentes tipos de células, incluindo células neuronais humanas, além de minicérebros, organoides produzidos a partir de células-tronco que reproduzem os estágios iniciais de formação do cérebro e são considerados um modelo para o estudo da microcefalia associada ao zika. A pesquisa apontou que o medicamento inibe a replicação viral, protegendo as células da morte provocada pela infecção. O estudo foi realizado por pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Instituto de Tecnologia de Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação em Doenças Negligenciadas (INCT/IDN) e consórcio BMK, formado pelas empresas Blanver Farmoquímica, Microbiológica Química e Farmacêutica e Karin Brüning. A pesquisa foi apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (18/1), na revista científica internacional Scientific Reports. De acordo com Thiago Moreno Lopes Souza, pesquisador do CDTS/Fiocruz e coordenador do estudo, mais investigações são necessárias antes da realização de ensaios com pacientes, mas os primeiros resultados apontam que o sofosbuvir tem potencial para se tornar uma opção no tratamento da doença. “Identificar a ação contra o vírus zika de uma droga que já é clinicamente aprovada é muito importante. Ainda não sabemos quando teremos uma vacina disponível contra o zika e o uso de um medicamento antiviral pode reduzir os danos provocados pela infecção. Dependendo dos resultados futuros, o tratamento poderia até ser considerado como medida profilática, como ocorre, por exemplo, no uso de certos medicamentos antirretrovirais no caso do HIV”, afirma o pesquisador. A semelhança entre o vírus da hepatite C e o vírus zika foi um dos motivos que levaram os cientistas a testar o medicamento.De acordo com os cientistas, o fato de o sofosbuvir ser um medicamento já aprovado para uso em pacientes no caso da hepatite C pode facilitar o avanço da pesquisa. “Geralmente são necessários anos para um fármaco sair da fase de estudos pré-clínicos e chegar aos ensaios com pacientes. Como o sofosbuvir já passou pelos testes de segurança e foi aprovado para uso contra a hepatite C, esse processo pode ser bastante acelerado”, diz Thiago. Sofosbuvir contra hepatite C O sofosbuvir é um fármaco lançado em 2013 e chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento da hepatite C em dezembro de 2015. Como a maioria dos antivirais, o medicamento não está disponível nas farmácias e sua utilização só poder ser feita com acompanhamento médico. No tratamento da hepatite C, o remédio é utilizado em associação com outros antivirais. Entre as vantagens na comparação com as terapias anteriores estão o aumento da chance de cura, a redução dos efeitos colaterais e a possibilidade de administração por via oral. Em maio de 2016, a Fiocruz e o consórcio BMK assinaram um acordo para produzir o remédio no Brasil.

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Cresce evidência que muriçoca pode causar Zika

Além do Aedes aegypti, o Zika também pode ter outros vetores, como o mosquito Culex quinquefasciatus, conhecido popularmente como pernilongo ou muriçoca, sobre o qual crescem as evidências de que pode estar envolvido na emergência do vírus no País. O alerta foi feito por Constância Flávia Junqueira Ayres Lopes, pesquisadora do Instituto Aggeu Magalhães (IAM) da Fiocruz em Recife, Pernambuco, em uma mesa-redonda sobre “O mosquito, o vírus e o que temos para combatê-los”, durante a 68ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizado no início deste mês , no campus de Porto Seguro da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Em entrevista à Agência Fapesp, a pesquisafora disse haver sérias dúvidas se o Aedes aegypti é um vetor exclusivo do vírus Zika. “Em ambientes silvestres várias espécies de Aedes estão implicadas no processo de transmissão. Por que em ambientes urbanos somente uma espécie estaria envolvida?”, questionou. De acordo com a pesquisadora, o mosquito Aedes aegypti começou a ser incriminado como vetor do vírus Zika em 1947, quando foi encontrado em uma floresta com nome homônimo em Uganda, na África, por pesquisadores financiados pelo Instituto Rockefeller, dos Estados Unidos. Os pesquisadores estavam tentando isolar o vírus da febre amarela e, para isso, estudaram mosquitos de espécies de Aedes, velhos conhecidos como transmissores da doença. Ao analisar o material coletado, eles observaram que o vírus que isolaram era diferente e o batizaram de Zika em homenagem à floresta onde foi descoberto. Desde então, diversos outros isolamentos do vírus Zika foram feitos a partir de diferentes espécies de Aedes, como o Aedes africanus, contou a pesquisadora. Em 1966, quando houve a primeira emergência do vírus Zika, na Malásia, foram analisados inúmeros pools de mosquito no país asiático e identificado apenas um como Aedes aegypti. Já nas epidemias mais recentes do vírus Zika, como em 2007, na Micronésia, na região do Pacífico, quando cerca de 70% da população da ilha de Yap, com população de 7,3 mil pessoas, foi infectada, não foi encontrado nenhum pool de Aedes aegypti, afirmou a pesquisadora. “Na verdade, há pouquíssimos mosquitos Aedes aegypti na Micronésia. Há outras espécies de Aedes na região, mas o Aedes aegypti é muito raro na maioria das ilhas e completamente ausente nas ilhas onde houve uma grande ocorrência de casos de infecção pelo Zika vírus”, disse. Quando ocorreu a epidemia, Lopes entrou em contato com pesquisadores da região a fim de saber qual era a espécie de mosquito mais abundante por lá. A resposta dos pesquisadores foi o Culex quinquefasciatus, que não tinha sido investigado como um vetor do vírus Zika. “A questão é que todo mundo que estudou a circulação do vírus Zika antes só olhou para as espécies de Aedes. Como esses mosquitos já são conhecidos como vetores de dengue, chikungunya e febre amarela, por que não seriam também do Zika?”, explicou Lopes. No início da emergência do Zika no Brasil, a pesquisadora decidiu investigar se o Culex quinquefasciatus também poderia transmitir o vírus. O mosquito é 20% mais abundante do que o Aedes aegypti no ambiente urbano e é vetor de outros arbovírus (transmitidos essencialmente por artrópodes), como o do Oeste do Nilo e da encefalite japonesa, que são próximos do vírus Zika. Além disso, começou a chamar a atenção da comunidade científica e da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de cartas publicadas em revistas como Lancet, sobre a urgência e a necessidade de se investigar outras espécies de mosquito que também podem ser vetores do vírus Zika, e não apenas o Aedes aegypti . “Até então, infelizmente, a comunidade científica e a OMS estavam focando só o Aedes aegypti e todo o combate ao vírus Zika foi voltado exclusivamente para essa espécie de mosquito, negligenciando uma série de outras, como o Culex quinquefasciatus”, afirmou Lopes. Os resultados dos ensaios realizados pelos pesquisadores, em que foram infectados, em laboratório, mosquitos Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti com Zika para comparar suas capacidades de transmitir o vírus, indicaram que o desempenho das duas espécies é muito semelhante. Os pesquisadores conseguiram observar a presença do vírus Zika na glândula salivar dos mosquitos Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti três dias após infectados. “Esse ciclo é menor do que o do vírus da dengue, que leva entre 10 a 15 dias para vencer as barreiras de resistência e chegar à glândula salivar dos mosquitos. O pico de surgimento do vírus Zika na glândula salivar dos insetos ocorre sete dias após serem infectados”, detalhou Lopes. A fim de verificar se o vírus Zika era capaz de sair da glândula salivar e ser encontrado na saliva dos mosquitos, os pesquisadores realizaram um teste em que exphttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgam os insetos a um papel filtro coberto com mel e um antibiótico. Ao se alimentar do mel, os mosquitos depositavam saliva no papel filtro, que era coletada e dela extraído o RNA. O resultado do ensaio, em vias de ser publicado, aponta que o Zika está presente e com carga semelhante na saliva dos mosquitos Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti.“Como o Culex quinquefasciatus é mais abundante no ambiente urbano do que o Aedes aegypti, queremos saber agora qual tem maior importância no papel de transmissão do vírus Zika”, disse Lopes. Os resultados dos estudos realizados pelos pesquisadores da Fiocruz foram apresentados à OMS, que recomendou à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) que outras espécies de mosquitos – principalmente o Culex quinquefasciatus – fossem investigados em regiões com casos registrados de infecção por vírus Zika no mundo. Mudança na forma de controle Na avaliação de Lopes, uma das implicações de ter outras espécies envolvidas na transmissão do vírus Zika, caso seja comprovado, é que mudará drasticamente a forma de controle da infecção, que hoje está focada exclusivamente no Aedes aegypti.Os hábitos do Aedes aegypti são bastante diferentes dos do Culex quinquefasciatus, ressaltou. Enquanto o Aedes aegypti pica durante o dia, o Culex quinquefasciatus pica durante a noite. Isso deve provocar uma mudança de hábito das pessoas – especialmente as grávidas – que estão tomando medidas de proteção contra a picada, como o

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