Tecnologia transforma o cotidiano de hospitais e a formação de alunos - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Tecnologia transforma o cotidiano de hospitais e a formação de alunos

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Quem passa, hoje, em frente a salas de aula de algumas instituições de ensino pode se espantar e imaginar que alunos e professores estão no auge de uma brincadeira. Na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), por exemplo, é possível encontrar estudantes e docentes jogando videogame. Mas, na verdade, trata-se de uma aula sobre como atender uma pessoa com acidente vascular encefálico (AVE). Na Faculdade de Odontologia da USP de Bauru (SP), está em fase de experimentação o uso de realidade virtual para aprender a aplicar anestesia.

Esses são apenas dois exemplos de como a aprendizagem na área de saúde está passando por profundas mudanças. O assunto foi debatido durante o Cidades Algomais FPS 2019, evento que teve como tema central A Educação do Futuro – Inovação e Tecnologia na Formação de Profissionais de Saúde. Realizado pela Algomais e Rádio CBN Recife, aconteceu dia 6 de maio, no Teatro RioMar e patrocínio da Faculdade Pernambucana de Saúde e apoio da Rádio Globo Recife, Hotéis Pernambuco, Luck Viagens e Shopping RioMar.

Segundo especialistas, inovações na maneira de dar aulas são fundamentais não só para despertar o interesse dos alunos desta era tecnológica, como também para prepará-los para as transformações no ambiente de trabalho. A tecnologia cada vez mais vai transformar o futuro das profissões de saúde. Algumas vão desaparecer, outras serão substituídas e todas as restantes vão sofrer, sem exceção, modificações importantes na sua prática.

“Precisamos preparar esses jovens para exercerem suas profissões por mais de 30 a 40 anos, no mínimo. Mas, se oferecermos um aprendizado semelhante àquele com o qual nos formamos, estaremos condenando esses jovens ao fracasso profissional”, sentencia Gilliatt Falbo, coorndeador acadêmico da Faculdade Pernambucana de Saúde. “O acesso imediato às informações, o uso da simulação realística, a realidade aumentada, a inteligência artificial, os vídeos, os games educacionais, tudo isso vai mudar o perfil do profissional de saúde do futuro”, alerta.

Na verdade, o perfil do estudante já é bem diferente de anos atrás. Hoje as pessoas conseguem aprender e ter acesso, a qualquer momento, a uma quantidade grande de conteúdo organizado e gratuito. “Essa situação não tem precedentes na história e gera várias possibilidades”, constata o futurista Luiz Candreva, head de inovação e transformação digital do Hub São Paulo.
Candreva, que será palestrante do Cidade Algomais FPS, exemplifica esse novo momento com um artigo do Fórum Econômico Mundial que destacou o feito de um garoto de 16 anos: ele descobriu que perfurando uma semente de milho de uma determinada forma, faz com que a planta cresça mais forte, gere mais frutos, seja mais resistente a pragas e dure mais tempo.
Perguntaram ao garoto como fez essa descoberta e ele respondeu dizendo que assiste ao Youtube desde os 6 anos e leu muita coisa sobre esse tema na web. “Um moleque de 16 anos bateu todos os agrônomos do mundo que recebem financiamentos polpudos para pesquisas de desenvolvimento da melhoria do milho. Isso é característica dessa geração que tem acesso à informação e um modelo mental que gera esse desejo de protagonismo, de fazer a coisa acontecer”, analisa o futurista.

Instituições de ensino também precisam ficar alertas para a velocidade com que acontecem todas essas mudanças. Ao contrário de um tempo atrás, quando todo um processo ao longo do tempo levava a uma transformação, hoje ela acontece de forma instantânea, imediata e impactante. É a chamada disrupção, que atinge desde taxistas, com os aplicativos de compartilhamento de carros, a hotéis com a chegada do Airbnb.

Por isso, a educação, hoje, precisa levar o aluno a adaptar-se às constantes transformações. “Como diria Alvin Toffler, o grande lance do futuro é ensinar as pessoas a aprender e desaprender e aí elas podem se moldar de acordo com as mudanças que vêm pela frente”, ressalta Candreva. Atitude que, segundo Falbo, o próprio professor também deve se apropriar. E, também fazendo uma citação, desta vez, do sertanejo existencialista Riobaldo, personagem de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, reforça: “Mestre é aquele que, de repente, aprende”.

E essa grande quantidade de informações disponíveis na web acabou também por impactar o paciente que, hoje, chega ao consultório munido de muitos dados sobre seu estado de saúde. “A tendência é as pessoas escolherem junto com seu médico o que é melhor para elas”, estima Falbo.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Mas, em meio a essa profusão de dados, já não é mais possível a um profissional estar atualizado sobre todo o conhecimento relativo à sua área de trabalho. Há uma produção exponencial de informações, de artigos científicos, sendo impossível a um ser humano acompanhar. Mas todas essas informações podem ser acessadas a qualquer momento e lugar pelo smartphone.
Mais que isso: já existe inteligência artificial capaz de acumular toda essa informação e subsidiar o médico num laudo. É o que faz o sistema Watson, da IBM. Fala-se que, num futuro breve, o paciente entrará numa tomografia computadorizada e, ao sair, já terá o diagnóstico feito pela máquina.

Uma transformação ainda maior está em curso com a popularização dos wearables, as chamadas tecnologias vestíveis, dispositivos tecnológicos que podem ser utilizados pelas pessoas como vestuários. Hoje, por exemplo, existem relógios que monitoram índices como a taxa de glicemia e os batimentos cardíacos. “Mas, no futuro, o aparelho fornecerá informações de oximetria (volume de oxigênio transportado pelo sangue) e vai transmiti-las para o médico. Também vai monitorar a curva glicêmica, fornecer gráficos sobre a variação da glicemia no organismo e avisar o paciente quando deve tomar a insulina”, vislumbra Falbo. Acredita-se também que o médico, com o uso de óculos de realidade virtual, verá acima da cabeça do paciente seu prontuário, com todos os dados sobre sua saúde.

Engana-se, porém, quem pensa que essa quantidade de aparelhos e aplicativos tornará a medicina mais fria e desumana. Com as máquinas fornecendo todas essas informações, o profissional de saúde será dispensado de várias tarefas e poderá se dedicar com mais exclusividade para conversar e dar atenção ao paciente. Quem viver, verá.

*Por Cláudia Santos, editora da Revista Algomais

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