Thales Castro avalia o cenário das Eleições 2022 em Pernambuco – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Thales Castro avalia o cenário das Eleições 2022 em Pernambuco

O cientista político e professor da Unicap Thales Castro foi um dos entrevistados da edição 187.2 da Revista Algomais sobre o cenário das eleições 2022 em Pernambuco. Nesta entrevista concedida ao jornalista Rafael Dantas, ele avalia quem são os principais cabos eleitorais no Estado no próximo ano e aponta os temas que deverão ocupar o debate político local.

Quais são as principais forças políticas que devem disputar o governo de Pernambuco em 2022? Devemos ter múltiplas forças de esquerda e direita como nas eleições do Recife em 2018 ou um cenário com menos candidaturas?

Sobre esse primeiro momento de pré-candidaturas, a cultura política pernambucana recente se estrutura através muitos nomes. Esses nomes surgem no sentido de verificação da sua viabilidade. Então é uma forma inclusive de testar, em termos de recepção dessas candidaturas no processo de formação de coligações. No campo das eleições majoritárias há nomes que surgem como meteoros, mas também rapidamente desaparecem. Após as convenções partidárias, porém, eu antevejo uma eleição com menos nomes. No campo da esquerda temos o PSB liderando essa grande coalizão, referendada por Lula, mas que ao mesmo tempo ela está ambivalente através dessa força nordestina que é a do Ciro Gomes, que tenta emplacar uma terceira via. Isso fratura o eleitorado local. Ceará e Pernambuco são Estados importante aqui da região e Ciro Gomes é um um grande nome desse cenário político que pode fraturar a esquerda.  No âmbito da direita, da centro direita, Alberto Feitosa e a própria Delegada Patrícia Domingos são nomes que trazem um recall do eleitorado. É claro que isso é muito mutável. Não podemos esquecer também o nome da deputada Clarissa Tércio, que tem já de algum tempo determinado o seu campo de atuação, resvalando um pouco da agenda nacional. Esses são os nomes que a esquerda e a direita trazem em uma eleição mais coesa, de um cenário eleitoral diferenciado. Estamos na reta final da pandemia, com avanço da cobertura vacinal, recuperação lenta e gradativa dos segmentos socioeconômicos e recuperação do emprego. Esse é o cenário bem diferente de 2018, que respirava o antipetismo como frente quase única de competitividade eleitoral.

Na sua opinião quais as principais forças e fragilidades da situação e das oposições em 2022 em Pernambuco?

Eu acho que a grande força da esquerda é ter naturalmente o ex-presidente Lula, um grande líder popular, carismático, originário do estado de Pernambuco, levantando a bandeira da esquerda. Embora, repito, é uma bandeira que pode vir a ser um pouco ambivalente, em razão da força de Ciro Gomes, como sendo alternativa. Só que isso é apenas uma interpretação intuitiva, pois não sei se teremos uma terceira via. No cenário da cultura política brasileira não sei se teremos. De qualquer sorte, eu acho que a principal força da esquerda é justamente ter o ex-presidente voltando à cena. Qual é a fragilização das forças da esquerda? Justamente o sentimento do antipetismo, rejeição ainda muito muito estruturada nos principais centros urbanos aqui do estado de Pernambuco. A outra fragilização é ter bola dividida no sentido do próprio Ciro Gomes tentando abocanhar parte dessa tendência.

Que temas você apostaria que devem ocupar um papel relevante nas eleições em Pernambuco no próximo ano?

Os temas, as pautas, as agendas que certamente devem estar presentes tanto na esquerda quanto na direita são quase que uníssonos. A recuperação do emprego é certamente um tema comum e transversal. A diferença é como a direita e a esquerda apresentarão receituários para recuperação do emprego. Então, Pernambuco tem índices bem acima da média nacional de desemprego. Isso cresceu na pandemia. Então eu acho que a recuperação do emprego é o grande combustível para as agendas políticas e para as plataformas eleitorais. Aliado a essa temática econômica do emprego, nós temos a recuperação da própria atividade econômica, porque uma coisa é praticamente vinculada a outra. Na semana passada o Governo do Estado, atento a essa agenda, lançou um grande programa nacional de retomada estadual. A leitura que o Palácio do Campo das Princess faz está corretíssima. O outro tema também transversal preponderante será em relação a segurança pública, além de temas da agenda social, leia-se: moradia, educação, investimentos na infraestrutura médico-hospitalar. E o último tema, que não é um tema setorial, mas é muito simbólico e ideológico, digamos assim, que compõe o quadro político doutrinário. Eu me refiro especificamente sobre a relação do Governo Estadual com o Governo Federal. Como que se posiciona o candidato ou a candidata diante da agenda federal, nessa perspectiva conservadora, nacionalista, bolsonarista.

Lula e Bolsonaro serão “cabos eleitorais” importantes para a eleição local? A eleição de presidente influencia muito na escolha do governador ou não?

Sim, são os dois grandes cabos eleitorais. Bolsonaro é o Presidente da República, tem o poder de caneta, o poder de agenda, o poder da máquina. Ele chega em Pernambuco com um secto, inclusive com ministros que deverão ter apetite político em 2022, como é o caso do Gilson Machado, ministro do turismo. Então, ele é um cabo eleitoral fortíssimo. Veja a motociata dele em Toritama, Caruaru. Aquilo ali foi uma manifestação impressionante, a gente ainda está impactado com relação às manifestações maiúsculas do 7 de setembro. Por outro lado Lula é uma figura carismática das forças de esquerda, das bandeiras de esquerda, não todas necessariamente, mas de muitas. Presidente duas vezes, fez a sua sucessora lá em 2010. São dois cabos eleitorais maiúsculos nessa corrida eleitoral que vai tender, sim, a bipolaridade. Há uma tendência, sim, a hiperpolarização de uma sociedade já muito fragmentada e fraturada.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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