O Museu do Homem do Nordeste e o Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco De Andrade (Cehibra), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), prepararam uma programação especial para a Semana Santa. As exposições ‘Via Sacra’ e ‘A Via Sacra e a Arte Popular’, compostas por peças dos acervos da Instituição, que aludem à celebração católica no Nordeste com obras de nomes como Antonia Leão, Zé Caboco, Severino Vieira, Manoel Antonio, Mestre Noza e José Costa Leite. São poemas, cordéis, xilogravuras e peças moldadas em barro. Ao todo, as mostras terão cerca de 5 minutos cada de exibição em vídeo, com imagens e textos.
“A escolha do tema se deve aos motivos culturais tão claros, que são dados pelo fato de ser uma semana cheia de simbolismo numa região cristã em quase sua totalidade. Simbolismo ancorado na ressurreição, que representa a vitória final da alegria sobre a dor e da vida sobre a morte, a que se pode atribuir uma ênfase especial nestes tempos de tanto sofrimento coletivo e individual, em consequência de um ano de pandemia”, explica o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Mario Helio.
Via Sacra ou Via Crúcis é a sequência de acontecimentos que resultou na morte de Jesus. O foco é no caminho percorrido por Cristo até o Monte Calvário, onde foi crucificado. Esse é um percurso popular entre muitos fiéis, que reproduzem a peregrinação em Jerusalém. A Semana Santa se tornou um tema frequente em representações artísticas do catolicismo popular no Nordeste. Artistas da região utilizam técnicas em barro, madeira, cerâmica e metal para criar peças que representam essa identidade visual tão tradicional para a população dos nove estados nordestinos.
“Como há no acervo do Cehibra e do Museu do Homem do Nordeste exemplares importantes dessa temática, a iniciativa, ao mesmo tempo que celebra a esperança por meio da beleza da arte, valoriza e divulga o acervo da Fundação Joaquim Nabuco para que seja mais visitado e conhecido”, conta Mario Helio.
A exposição ‘Via Sacra’ baseia-se no trabalho escrito e iconográfico do paraibano de Sapé José Costa Leite, declarado Patrimônio Vivo de Pernambuco. A mostra é composta por poemas e gravuras do famoso cordelista e xilogravurista que adotou o município de Condado, na Mata Sul do estado, para viver.
A exposição ‘A Via Sacra e a Arte Popular’ reúne peças em cerâmica de Antônia Leão, Manoel Antônio, Severino Vieira e Zé Caboclo e um conjunto de xilogravuras de Mestre Noza. Composto por 14 gravuras da técnica de talhar estampas em madeira, o álbum xilográfico do Mestre Noza faz parte do acervo do Cehibra. “Temos que aproveitar todas as oportunidades para destacar e homenagear esses artistas da cultura nordestina” destaca a coordenadora do Cehibra, Albertina Malta.
Inocêncio da Costa Nick, o Mestre Noza, nasceu no ano de 1897, em Taquaritinga do Norte-PE. Aos 15 anos, migrou para Juazeiro do Norte-CE, onde se tornou um importante escultor e xilogravurista. Ele iniciou o trabalho de gravura fazendo rótulos para marcar de aguardente e, como escultor, criando imagens de santos e do Padre Cícero.
A coordenadora-geral do Muhne, Fernanda Cavalcanti, fala sobre a importância de abordar o tema durante a pandemia. “Após o duro caminho percorrido por todos nós durante o ano, exaltamos a felicidade completa da ressurreição de Jesus no Domingo da Páscoa, um dos períodos mais importantes para os cristãos. Celebremos um tempo novo, vida nova, fé e esperança com a alegria da renovação.”