Arquivos Z_Destaque-principal - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Z_Destaque-principal

autismo pernambuco

Autismo em Pernambuco é caso de CPI

*Por Bruno Moury Fernandes Imagine um Estado que simplesmente ignora o sofrimento de milhares de crianças. Imagine mães que percorrem quilômetros em busca de uma avaliação médica. Imagine a frustração, o luto silencioso, o cansaço de uma batalha diária que poderia ser suavizada – não por milagres, mas por políticas públicas. Esse Estado tem nome: Pernambuco. O Tribunal de Contas do Estado escancarou a tragédia. Não é exagero, é diagnóstico técnico. Um relatório recente sobre os serviços públicos voltados ao TEA (Transtorno do Espectro Autista) revelou o que as famílias já sabiam – e sofriam na pele: a rede pública de saúde para pessoas com autismo está em colapso! Na verdade, ela nunca existiu. A radiografia é chocante: A esmagadora maioria dos municípios não oferece nem mesmo o básico – uma equipe mínima com psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. E mesmo quando existentes esses profissionais, apenas uma minoria é capacitada para lidar com TEA: 9,45% possuem capacitação para atender essa complexa demanda. Apenas 25 municípios realizaram treinamentos com os profissionais para aplicação do protocolo para detecção do autismo em crianças de 0 a 30 meses. Somente 15 municípios realizaram treinamento relacionado ao TEA direcionado aos pais. Dentre todos os municípios do Estado, 6 possuem equipamento de saúde exclusivo para o público autista. Mais de 45 mil pessoas estão na fila para diagnóstico. O Governo do Estado tinha orçamento de R$ 27 milhões para gastar com esse público em 2024, mas apenas R$ 70 mil foram investidos. Um escárnio! Um escândalo! Se fosse apenas descuido, já seria grave. Mas não. É omissão sistemática, institucional e persistente. A Secretaria Estadual de Saúde foi diversas vezes provocada. Recebeu relatórios, alertas, dados, recomendações. Nada fez. Ou melhor, fez o que o Estado brasileiro, infelizmente, faz tão bem: ignorou, engavetou, arrastou. Essa omissão não é técnica, é política. O desenvolvimento cerebral de uma criança autista não se congela até que a máquina pública funcione. E quando a política falha nesse grau, estamos diante de algo que ultrapassa a fronteira da incompetência. Estamos no território da negligência institucionalizada. Pernambuco precisa de uma CPI. Sim, uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa. Que convoque gestores, revele documentos, exponha as entranhas da negligência. Não para fazer espetáculo. Mas para produzir consequências. *Bruno Moury Fernandes é advogado

Autismo em Pernambuco é caso de CPI Read More »

Emanuele Cappellano Foto Leo Lara 2

“Queremos chegar a 100 sistemistas nos próximos anos”, afirma Emanuele Cappellano

Com o novo ciclo de investimento, a montadora projeta a ampliação da sua cadeia local de fornecedores O Polo Automotivo Stellantis em Goiana, Pernambuco, vive um momento de grande expansão estrutural e estratégica. Segundo Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, a empresa pretende ampliar significativamente o número de sistemistas locais, passando dos atuais 39 para 100 nos próximos anos. Essa expansão é parte do robusto ciclo de investimentos de R$ 13 bilhões, que reforça a importância da planta como um polo de inovação, geração de empregos e desenvolvimento socioeconômico na região. Como tem sido a implementação do novo ciclo de investimentos da empresa? Quais as principais novidades que ele tem promovido na empresa em Goiana? Com os R$ 13 bilhões em investimentos anunciados para o Polo Automotivo Stellantis Goiana (PE), a Stellantis avança em um novo ciclo estratégico, que contempla renovação do portfólio de produtos, desenvolvimento de tecnologias nacionais e expansão da cadeia local de fornecedores, com forte impacto em geração de empregos e inovação industrial. Recentemente, durante a comemoração dos 10 anos do Polo, foram confirmadas duas grandes novidades que integram esse novo ciclo: a chegada de uma nova marca ao portfólio da planta e o lançamento de seis novos modelos até 2030, incluindo o primeiro veículo equipado com a tecnologia Bio-Hybrid produzido em Goiana, a partir de 2026. Com isso, aceleramos rumo a um futuro promissor com novas marcas, produtos, e tecnologias híbridas. Além da geração de empregos, que é um impacto muito relevante para a sustentabilidade das cidades da região, como tem sido a relação da Stellantis com outros entes locais, como o poder público, organizações sociais ou mesmo empresas locais? A Stellantis mantém um relacionamento respeitoso e colaborativo com governos, organizações e empresas nas regiões nas regiões onde atua. Em Pernambuco, esse compromisso se concretiza por meio de parcerias institucionais voltadas ao desenvolvimento socioeconômico, à qualificação profissional, à inclusão produtiva e ao fortalecimento das cadeias locais. Além da geração direta e indireta de empregos, a companhia participa ativamente de iniciativas conjuntas com o poder público, como programas de formação técnica e apoio a políticas de desenvolvimento regional, contribuindo para o fortalecimento da indústria e para a criação de oportunidades sustentáveis. Também desenvolvemos ações de responsabilidade social em parceria com organizações locais, com foco em educação, cidadania, meio ambiente e empreendedorismo. Entre os projetos de destaque, estão: o Vem Pra Roda (Projeto de economia circular que transforma resíduos da indústria automotiva em produtos de moda sustentável. A iniciativa já reaproveitou cerca de 48 toneladas de materiais reutilizáveis do Polo Automotivo de Goiana), Programa de Biodiversidade de Goiana (Voltado à recuperação e conservação da Mata Atlântica, bioma nativo da região. O projeto acompanha toda a cadeia, desde a coleta de sementes até ações de educação ambiental, promovendo a preservação da fauna e flora locais junto às comunidades do entorno) e o Programa de Residência Tecnológica (Promove a capacitação de profissionais em áreas estratégicas da indústria automotiva em parceria com instituições de ensino e pesquisa). Em 2022, numa entrevista com Mateus Marchioro (plant manager da fábrica em Goiana), ele falou do plano de "passar dos 30 sistemistas que temos atualmente aqui para chegar a 50". Quantos sistemistas estão em Pernambuco atualmente? Além de gerar empregos diretos e indiretos, a fábrica da Stellantis em Goiana também estimulou a criação de um ecossistema automotivo na Zona da Mata Norte de Pernambuco, atraindo fornecedores e ampliando a cadeia produtiva. O número de fornecedores locais cresceu de 22, em 2015, para 39, em 2025, com a perspectiva de atingir 100 nos próximos anos. Esse crescimento demonstra o impacto estrutural da Stellantis no território e o compromisso com o desenvolvimento econômico regional de longo prazo. Marchioro apontou entre os desafios: "desenvolver as pessoas de dentro do polo e buscar fortalecer a nossa identidade como polo na região". Como é a política de desenvolvimento de pessoas da fábrica? Na Stellantis, o desenvolvimento das pessoas é um dos pilares centrais da nossa estratégia de longo prazo. Valorizamos nossos talentos internos e promovemos a formação contínua dos colaboradores, com foco na qualificação técnica, no crescimento profissional e na construção de uma cultura forte e integrada ao território onde atuamos. No Polo Automotivo de Goiana, temos o compromisso de fortalecer a identidade regional do time, promovendo o crescimento de profissionais locais. Esse compromisso se traduz em programas estruturados de capacitação, formação técnica, desenvolvimento de liderança, trilhas de carreira e incentivo à aprendizagem contínua, como o Rocket, que é um programa de aceleração de carreira para desenvolver futuros líderes da organização; o Plural Mentoring, que é um programa de mentoria interna para o compartilhamento de experiências, conhecimentos, orientações; e o Corporate Leadership Development Program, iniciativa global de desenvolvimento de liderança. Qual a produção da fábrica de Goiana em 2024 e qual a previsão para 2025? Em 2024, o Polo de Goiana produziu 233.513 veículos, consolidando-se como uma das unidades industriais mais produtivas e estratégicas da companhia na América do Sul. A expectativa para 2025 é superar esse volume, acompanhando o bom desempenho da fábrica no primeiro trimestre do ano. Entre janeiro e março, já foram produzidas 56.972 unidades, representando um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2024. Esse avanço reflete o impacto positivo do novo ciclo de investimentos e a maior demanda por modelos produzidos em Goiana. A perspectiva é de crescimento sustentado da produção ao longo do ano, alinhado à estratégia da Stellantis de atender aos mercados nacional e internacional com um portfólio competitivo e diversificado. Como estão as exportações? Com o novo ciclo de investimentos deve crescer? As exportações do Polo Automotivo Stellantis de Goiana seguem em ritmo crescente e refletem o fortalecimento da presença internacional da companhia. Em abril, a planta registrou seu maior volume mensal de embarques desde a inauguração, em 2015, com 7.194 unidades exportadas. No acumulado entre janeiro e abril de 2025, foram 17.479 veículos exportados, o que representa um aumento de 38,8% em relação ao mesmo período de 2024. Esse desempenho reforça não apenas

“Queremos chegar a 100 sistemistas nos próximos anos”, afirma Emanuele Cappellano Read More »

aprendizado ia

Educação e Aprendizado: A Revolução do Conhecimento com IA

Como a inteligência artificial está transformando o ensino, desafiando modelos tradicionais, levantando dilemas éticos e abrindo caminhos para uma educação mais inclusiva — ou mais desigual. *Por Rafael Toscano A inteligência artificial está mudando a maneira como aprendemos. E não se trata apenas de tecnologias novas em sala de aula, mas de uma transformação mais profunda: uma mudança na própria lógica do ensino. Em vez de um modelo único, centrado no professor como transmissor de conteúdo, começa a emergir um modelo adaptativo, centrado no aluno — um aprendizado sob medida, moldado por algoritmos que aprendem com o estudante. Sistemas de IA já conseguem identificar onde um aluno está com dificuldade, adaptar o conteúdo, mudar o ritmo e até sugerir novas abordagens de ensino. Essa personalização, que seria inviável para um único professor em uma sala cheia, torna-se possível com o apoio de plataformas inteligentes. O resultado? Um aprendizado mais eficiente, mais envolvente e mais respeitoso com as individualidades. Mas isso levanta uma pergunta importante: a quem pertence esse aprendizado? Quando a IA coleta dados sobre o desempenho dos alunos, seus hábitos de estudo, seus erros e acertos — como essas informações são usadas? A privacidade dos estudantes, especialmente de crianças e adolescentes, precisa ser tratada com o máximo cuidado. A promessa da personalização não pode se tornar uma ferramenta de vigilância. Além disso, há o risco de dependência tecnológica. Um aluno que só aprende com mediação algorítmica talvez tenha dificuldades em desenvolver habilidades que envolvem diálogo, escuta, improvisação — competências humanas que nascem do convívio. É fundamental lembrar que educar não é apenas transmitir informação, mas formar cidadãos, com senso crítico, empatia e capacidade de conviver com o diferente. A IA pode ser uma excelente aliada, desde que usada com responsabilidade. Pode corrigir automaticamente provas, gerar planos de aula, sugerir recursos pedagógicos e até simular experimentos complexos. Com isso, libera o professor para o que mais importa: o contato humano. O papel do educador, nesse novo cenário, não desaparece — ele se transforma. Ele deixa de ser apenas fonte de informação e passa a ser guia, curador, facilitador da aprendizagem. A IA também abre caminhos incríveis para a educação inclusiva. Alunos com deficiências visuais podem contar com softwares de leitura inteligente. Estudantes com dificuldades de aprendizagem podem ter conteúdos adaptados ao seu ritmo. E em comunidades remotas, tutores virtuais podem oferecer apoio que antes era impensável. A tecnologia, nesse contexto, é ponte — não barreira. Mas para que essas promessas se cumpram, é preciso enfrentar um problema estrutural: o acesso desigual à tecnologia. A revolução da IA na educação corre o risco de aprofundar desigualdades se apenas alguns puderem se beneficiar dela. É preciso garantir conectividade, equipamentos, formação de professores e políticas públicas que democratizem essas inovações. Outro ponto crítico é a formação ética dos próprios educadores. Professores precisam ser preparados não apenas para usar ferramentas de IA, mas para refletir sobre elas. Entender seus limites, seus impactos e seus potenciais. A alfabetização digital e ética passa a ser tão importante quanto ensinar matemática ou português. Há também um campo emergente e promissor: o uso da IA na pesquisa educacional. Com grandes volumes de dados, é possível entender melhor o que funciona no ensino, o que precisa ser melhorado, e como diferentes contextos influenciam o aprendizado. A IA pode nos ajudar a tomar decisões mais baseadas em evidências e menos em suposições. No entanto, é essencial manter o olhar humano. A empatia, a escuta ativa, o estímulo ao pensamento crítico — essas são qualidades que nenhuma IA, por mais avançada que seja, poderá replicar com a mesma intensidade. A educação, no fim das contas, é um encontro entre seres humanos. E é nesse encontro que o aprendizado mais profundo acontece. A inteligência artificial pode nos ajudar a ensinar melhor. Mas quem ensina a IA o que é importante ensinar? Quem define o que é essencial para o futuro de uma criança, de um jovem, de uma sociedade? Essas são perguntas que exigem mais do que programação. Exigem sabedoria, diálogo e compromisso com o humano. Por isso, a revolução do conhecimento que a IA traz não é apenas tecnológica. Ela é pedagógica. É filosófica. É política. E, acima de tudo, é uma oportunidade de reimaginar o papel da escola, do professor e do aluno no século XXI. *Rafael Toscano é escritor, pesquisador e professor na CESAR School, engenheiro na Companhia Brasileira de Trens Urbanos e ocupa o cargo de Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Negócios na Secretaria de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia (SECTI) da Prefeitura do Recife. Formado em Engenharia da Computação pela UFPE, é Mestre e Doutor pela Universidade de Pernambuco. **Esse Texto integra o livro IA Transformação das Humanidades

Educação e Aprendizado: A Revolução do Conhecimento com IA Read More »

desertificacao

Avanço da desertificação no Matopiba acende alerta sobre degradação ambiental no Nordeste

Estudo da Sudene revela que mais de 90% do território de alguns municípios já está severamente desertificado A desertificação avança de forma preocupante sobre áreas produtivas do Matopiba, especialmente nos estados do Piauí e da Bahia. Um levantamento inédito da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) identificou os 100 municípios nordestinos com maior percentual de solo severamente degradado. Em algumas localidades, mais de 90% do território já apresenta condições críticas, colocando em risco a segurança hídrica e os meios de subsistência da população. Diante desse cenário, a Sudene firmou uma nova parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC). O acordo tem como foco estruturar ações estratégicas voltadas ao desenvolvimento regional, à modernização da gestão pública e à atração de investimentos. A cooperação técnica permitirá que a Sudene utilize a experiência da ONU na execução de projetos com mais agilidade e eficácia. “Nosso objetivo é sempre a melhoria das condições de vida da população. A economia é um meio para alcançar esse fim, mas o foco é um desenvolvimento inclusivo, que ofereça oportunidades para todos”, afirmou Danilo Cabral, superintendente da Sudene. A parceria se insere em um esforço contínuo da instituição para fortalecer a governança regional e consolidar políticas públicas baseadas em evidências, como já demonstrado em projetos como o PRDNE e os estudos sobre polos produtivos da Região. Além do enfrentamento à desertificação, a nova fase da cooperação prevê a criação de plataformas integradas com dados econômicos, sociais e ambientais, além do fomento à inovação tecnológica e à inclusão socioprodutiva. Ações voltadas à segurança hídrica e alimentar, à transição energética e ao fortalecimento da bioeconomia também serão contempladas. O apoio a cooperativas e pequenos produtores é outro eixo estratégico da iniciativa. Uma das inovações do acordo é o modelo de captação de recursos junto a instituições privadas interessadas no desenvolvimento sustentável do Nordeste. Bancos, fundações e entidades poderão apoiar projetos por meio do PNUD, que será responsável pela gestão dos recursos. “Este acordo nos permite construir uma plataforma sólida para impulsionar a sustentabilidade na região”, destacou Claudio Providas, representante residente do PNUD Brasil.

Avanço da desertificação no Matopiba acende alerta sobre degradação ambiental no Nordeste Read More »

Gemini Generated mulheres

Liderança feminina em tempos de cuidado: a hora das mulheres

*Por Luciana Almeida No mundo pós-pandemia, algo profundo mudou: o ato de cuidar passou a ocupar um lugar central nas discussões sociais, políticas e organizacionais. Essa transformação, longe de ser apenas simbólica, tem se refletido diretamente nas exigências do mundo do trabalho. O aumento expressivo dos índices de adoecimento mental e do afastamento por questões emocionais nas empresas brasileiras é apenas um dos muitos sinais de que o cuidado – com as pessoas, com os vínculos, com o ambiente – tornou-se uma necessidade estratégica. Foi diante desse cenário que a socióloga Débora Diniz afirmou: “Chegou a hora das mulheres.” Mas o que exatamente ela quis dizer com isso? Historicamente, às mulheres foi atribuído o papel social do cuidado. Desde muito cedo, meninas são educadas para assumir responsabilidades emocionais e práticas dentro da família: cuidar dos irmãos, da casa, dos idosos, dos sentimentos dos outros. Esse padrão se estende ao ambiente profissional onde, não raramente, as mulheres são associadas a funções de apoio, escuta, acolhimento, organização e articulação – habilidades muitas vezes invisibilizadas, mas essenciais para a saúde de qualquer ambiente de trabalho. Dados recentes reforçam essa realidade: entre meninas de 14 a 21 anos, 84% já assumem algum tipo de responsabilidade de cuidado dentro da família (dados da ONG Plan International Brasil, 2023). Essas experiências geram impactos profundos. Ao longo da vida, essas mulheres desenvolvem competências emocionais e sociais que hoje são cada vez mais valorizadas dentro das organizações: sensibilidade, empatia, flexibilidade, construção de vínculos. Pesquisas apontam que, comparadas aos homens, mulheres tendem a priorizar mais o coletivo e o bem-estar do outro, enquanto os homens são educados a pensar em performance individual e resolução racional de problemas. Essa diferenciação – ainda que atravessada por estereótipos de gênero – não pode ser ignorada quando falamos de inteligência emocional, uma das habilidades mais desejadas no mercado de trabalho contemporâneo. Hoje, falar em saúde mental nas empresas vai além de oferecer planos com psicólogos, gincanas corporativas ou ergonomia. Nada disso será eficaz se os relacionamentos dentro das equipes estiverem adoecidos. E é aqui que o cuidado – historicamente desprezado como “habilidade feminina” – se revela essencial para o futuro do trabalho. Saber cuidar passou a ser uma competência de liderança. E as mulheres, por sua trajetória e socialização, chegam neste momento com uma bagagem poderosa, forjada em desafios muitas vezes invisíveis. Reconhecer e valorizar essa presença feminina em cargos de liderança é mais do que uma questão de equidade de gênero: é uma resposta inteligente a um novo tempo, quando resultados e relações caminham juntos. Se antes cuidar era visto como algo secundário, hoje é, sem dúvida, estratégico. E talvez por isso, como disse Débora Diniz, esta seja mesmo a hora das mulheres. *Luciana Almeida é consultora e sócia da TGI

Liderança feminina em tempos de cuidado: a hora das mulheres Read More »

ia ideologia

Ética e Responsabilidade: IA com Consciência Social

Entre vieses, decisões autônomas e privacidade, a ética surge como eixo essencial para guiar o desenvolvimento da inteligência artificial rumo ao bem comum. *Por Rafael Toscano Se a inteligência artificial já está ajudando a compor músicas e corrigir provas, o que acontece quando ela começa a tomar decisões que afetam diretamente a vida das pessoas? Quem responde quando um carro autônomo sofre um acidente? Quem é o responsável por um algoritmo que comete injustiças? É nesse ponto que a ética entra na conversa — não como um detalhe, mas como o coração da questão. A IA não é neutra. Por trás de cada algoritmo, há escolhas humanas: que dados usar, que objetivos priorizar, o que ignorar. Essas decisões, ainda que técnicas, têm consequências morais. Quando um sistema de reconhecimento facial funciona bem para algumas pessoas e mal para outras, estamos diante de um problema ético — não apenas estatístico. Um exemplo emblemático são os algoritmos de recrutamento. Empresas começaram a usar IA para selecionar currículos com base em padrões aprendidos a partir de contratações anteriores. O resultado? A máquina aprendeu a reproduzir preconceitos existentes, excluindo perfis femininos ou de minorias com base em correlações injustas. A IA não “quis” ser injusta — mas aprendeu com o que os humanos fizeram. Esse fenômeno é conhecido como viés algorítmico, e aparece em áreas sensíveis como justiça criminal, concessão de crédito, diagnóstico médico e concessão de benefícios sociais. Em todos esses casos, a IA pode reforçar desigualdades se não for cuidadosamente projetada, testada e supervisionada. Outro dilema ético diz respeito à privacidade. Para funcionar bem, sistemas de IA precisam de dados — muitos dados. Isso significa coletar informações sobre nossas conversas, preferências, localização e hábitos. Até onde vai esse monitoramento? E quem controla esse fluxo de dados? Vivemos em uma era em que assistentes virtuais escutam o tempo todo, e câmeras com IA monitoram ruas, lojas e até nossos lares. Proteger a privacidade individual tornou-se uma das grandes batalhas éticas do nosso tempo. Além do viés e da privacidade, há ainda uma questão de responsabilidade. Quem responde quando um sistema comete um erro? O desenvolvedor? A empresa? O próprio sistema? Como exigir prestação de contas de uma máquina que, tecnicamente, não possui intenção ou culpa? Para resolver isso, especialistas propõem modelos de “IA auditável”, em que todas as decisões possam ser rastreadas e explicadas — algo essencial quando vidas estão em jogo. Essas preocupações se intensificam quando falamos sobre autonomia das máquinas. Imagine um drone militar com capacidade de identificar e atacar alvos por conta própria. Ou um sistema de IA que decide quem deve receber um transplante de órgão. Em que momento uma máquina cruza a linha entre ferramenta e agente moral? A possibilidade da chamada “superinteligência” — IAs que ultrapassem nossa capacidade de controle — não é apenas ficção científica. É um alerta ético sobre os limites que não podemos ignorar. Mas nem tudo são riscos. A ética também nos mostra caminhos de esperança. Ela nos convida a usar a IA para promover a justiça, corrigir desigualdades, garantir acessibilidade, diagnosticar doenças com mais precisão e ampliar o acesso ao conhecimento. O desafio é garantir que esses benefícios sejam distribuídos de forma justa, sem deixar comunidades vulneráveis de fora. E aqui entra o papel das humanidades. Filósofos, sociólogos, juristas e educadores precisam estar envolvidos no desenvolvimento da IA. Não basta deixar essas decisões nas mãos de engenheiros e programadores. É preciso construir pontes entre técnica e reflexão, entre inovação e valores. A ética não é um freio para o progresso. Ela é o volante. Sem ela, corremos o risco de acelerar rumo ao desconhecido sem saber para onde vamos — ou quem deixamos para trás. Com ela, podemos guiar a IA de forma mais consciente, mais justa e mais humana. Este artigo não busca oferecer respostas definitivas, mas levantar perguntas urgentes: que tipo de mundo queremos construir com a ajuda das máquinas? Que valores queremos codificar em nossos algoritmos? E, acima de tudo, como garantir que, ao criarmos máquinas inteligentes, não percamos a nossa própria inteligência moral? A ética na IA não é um luxo. É uma necessidade. E quanto mais cedo compreendermos isso, maiores serão as chances de usarmos essa poderosa tecnologia para o bem comum. *Rafael Toscano é escritor, pesquisador e professor na CESAR School (PE) e engenheiro na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (DF). Atualmente, ocupa o cargo de Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Negócios na Secretaria de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia (SECTI) na Cidade do Recife e é Diretor de Admnistração, Finanças e Planejamento do Alumni CIn UFPE. Formado em Engenharia da Computação pela UFPE, é Mestre e Doutor pela Universidade de Pernambuco, MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral (MG) e MBA em Economia pela USP (SP). É especialista em Direito Tributário pela Universidade de Ipatinga (MG) e Gerente de Projetos certificado pelo PMI desde 2014. **Esse Texto integra o livro IA Transformação das Humanidades LEIA TAMBÉM Criatividade Algorítmica: quando a máquina cria com a gente Filosofia e IA: A Mente por Trás da Máquina

Ética e Responsabilidade: IA com Consciência Social Read More »

FW Asma Capa

De crises à superação: mulher que venceu a asma correu 6ª Maratona e inspira evento no Recife

Renata Passos tem 41 anos e é contadora. Desde os 3 meses de vida, foi diagnosticada com asma. Nos primeiros dias, ela começou a apresentar sinais gripais e a mãe dela foi percebendo um desconforto ao respirar.  Nos anos oitenta, ainda sem a tecnologia e os exames de hoje, ela não teve acesso a um tratamento específico para asma. Fez tratamento no Imip, no Hospital Barão de Lucena. Chegou a ter várias crises de asma, chegando a ficar roxa, sem conseguir respirar direito. Ainda pequena, quando soube que natação fazia bem para quem tem asma, tentou nadar. Mas teve alergia ao cloro, e no caso dela precisou sair da natação. Mas só começou um tratamento mais efetivo contra a asma, quando se tornou adulta, e começou a trabalhar e investir num plano de saúde. Em 2012, ingressou na corrida, mas ainda com dificuldades. Passou a fazer um tratamento mais efetivo com alergologista e pneumologista. E desde 2016 não teve mais crises de asma. “De lá para cá, tive um ou outro episódio de desconforto respiratório. Mas só em não precisar mais ser hospitalizada, me sinto uma vitoriosa!”, desabafa Renata. Ela percorreu sua primeira maratona (percurso de 42 quilômetros) em 2017, e não sentiu nenhum desconforto. Ao contrário, ela diz que, quando corre, a corrida expande os pulmões e os brônquios e eleva o nível respiratório para um patamar maior, dando uma sensação melhor. “Consegui ter uma vida extremamente saudável, aliando o esporte com um tratamento efetivo”. Acabou de concluir em Porto Alegre a sexta maratona de sua história. Pensando no bem que a atividade física pode fazer aos pacientes com asma, um grupo de médicos da Rede Ális se juntou para organizar o I Circuito Corrida e Caminhada Rede Ális, a RespirÁlis. Será no próximo domingo (15), com concentração às 6h no Paço Alfândega, Bairro do Recife. O evento vai antecipar as comemorações do Dia Nacional de Combate e Prevenção à Asma, comemorado no dia 21 de junho. Às 6h30, cerca de 2 mil participantes vão correr ou caminhar um percurso de 5, ou 10 km pelas ruas do Bairro do Recife. Um domingo de lazer e atividade física, além de uma ação social, porque parte do valor recolhido com os kits para participar da corrida será doado para o Instituto Padre Arlindo. Além da Rede Alis, o I Circuito Corrida e Caminhada conta com o apoio institucional da Associação Médica de Alergologia, Otorrinolaringologia, Cardiologia, Endocrinologia, Psiquiatria e Gastroenterologia. Os participantes vão ganhar medalhas e poderão receber orientações de médicos e fisioterapeutas com dicas sobre o combate à asma, doença que mata de 6 a 7 pessoas por dia no Brasil. A Rede Ális convidou dois atletas brasileiros como embaixadores da corrida: o nadador Gustavo Borges e o atleta campeão olímpico, Cesar Cielo, que também é asmático e usou o esporte como tratamento contra a asma. De acordo com o diretor da Rede Ális, o alergologista Waldemir Antunes, a ideia do Circuito RespirÁlis é quebrar o paradigma e reforçar que o paciente com asma pode e deve praticar atividades físicas e melhorar seu rendimento cardiorrespiratório. “A asma não tem cura, mas se tratada corretamente, com medicamentos corretos, o paciente pode ter uma vida normal praticando atividade física. Por isso, é tão importantes momentos como esse de promoção à saúde física e mental dos pernambucanos”, reforça Waldemir. @redealisbrasil @waldemir_antunes @renatarodrigues28 Câncer colorretal: exercícios aumentam a sobrevida dos pacientes Um estudo canadense apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), em Chicago/EUA, mostrou que um programa de exercícios aumentou a sobrevida livre da doença em pacientes com câncer colorretal ressacado, que haviam concluído as sessões de quimioterapia. O ensaio clínico envolveu 889 pacientes, que foram acompanhados de 2009 a 2024. Deste total, 445 pacientes realizaram um programa de exercícios de três anos e os demais receberam materiais de educação em saúde. Após cinco anos, a sobrevida livre de doença foi de 80,3% no grupo de exercícios – ante os 73,9% obtidos pelas pessoas que receberam o material educativo. Em oito anos, a sobrevida global foi de 90,3% no grupo de exercícios, acima dos 83,2% registrados no outro. “Com este estudo, o exercício físico sai de uma esfera de recomendação de estilo de vida para uma prescrição médica real, cujos ganhos em pacientes com câncer de cólon operados são comparáveis, inclusive, à quimioterapia”, concluiu o médico Daniel Musse, da Oncologia D’Or. @rededor_oficial Argila ajuda no desempenho físico? Especialista explica os benefícios do seu uso neste pré-inverno Pesquisador Urandir Fernandes cita os tipos de argila que podem melhorar a circulação sanguínea e a tonificação da pele do corpo nesta época do ano Dia 20 de junho marca o início do inverno no hemisfério sul e com isso, alguns cuidados com a pele devem ser relevados, para que além de firmar a hidratação possa ainda manter a circulação sanguínea e a tonificação da pele, para um aspecto fortalecido e resistente. Ao longo dos anos muitas pessoas se tornaram adeptas ao uso da argila, justamente pelos inúmeros benefícios e maneiras de usá-la que servem para todos os lugares do corpo, como rosto, axilas, virilhas e cabelo. A argila é uma substância mineral encontrada na natureza e é composta principalmente por partículas finas e silicatos de alumínio, podendo variar em óxidos de ferro e magnésio originando-se da decomposição de rochas como feldspato e mica, o que implica propriedades variáveis ao produto e diversas outras aplicações. A vermelha, por exemplo, é a mais indicada para peles maduras e sensíveis, estimulando o processo de renovação celular, ademais a regulação da microcirculação e iluminação da pele. A de Kimberlito, por exemplo, é extraída de jazidas do Mato Grosso do Sul e de vários outros estados, possuindo características revitalizantes auxiliando na firmeza e na elasticidade e ainda pode ser uma ótima escolha para amenizar dores durante o período menstrual ao ser espalhada pelo corpo, como também na redução de acnes devido às suas propriedades purificantes, anti-inflamatórias e cicatrizantes. “Após a extração, as argilas passam por um processo de

De crises à superação: mulher que venceu a asma correu 6ª Maratona e inspira evento no Recife Read More »

TANCREDO NEVES

Tancredo Neves: o melhor presidente que o Brasil não teve

Quarenta anos após sua morte, o político mineiro permanece como símbolo da transição democrática frustrada *Por Francisco Cunha Há uma espécie de entendimento socialmente compartilhado no Brasil de que o melhor presidente da história republicana foi Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o nosso JK. O que é perfeitamente compreensível, dadas as características pessoais do personagem (otimismo, alegria, obstinação, elegância, charme pessoal) somadas com as da época histórica em que governou: desenvolvimentismo, industrialização, “50 anos em 5”, Sudene, arquitetura brasileira “falando para o mundo”, construção de Brasília, campeonato mundial de futebol, Bossa Nova, Cinema Novo etc. Todavia, um outro personagem, mineiro como JK e seu companheiro de geração, que passou a vida política inteira se preparando e articulando para assumir a suprema magistratura nacional, estando eleito e a um passo da Presidência, foi abatido pela tragédia pessoal e morreu sem tomar posse do cargo por tanto tempo cobiçado. Falo de Tancredo de Almeida Neves que, em 21 de abril passado, completou 40 anos de falecido aos 75 anos de idade. Entrei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPE em 1976, em plena ditadura, e, desde então, acompanho atentamente a vida política nacional, participando do movimento estudantil e da sociedade civil da época pelo restabelecimento da democracia. E, desde lá, procurava quem poderia liderar a transição de um regime autoritário para um regime onde fossem reinstaladas as garantias democráticas. Nesta procura, desde cedo, comecei a prestar atenção em Tancredo, então deputado federal por Minas Gerais, depois de ter sido ministro da Justiça de Getúlio Vargas e primeiro-ministro do breve regime parlamentarista instalado após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Depois, Tancredo foi eleito senador e governador de Minas, tornando-se um dos líderes da luta pela redemocratização, inclusive do turbilhão em que se transformaram os movimentos Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, Diretas Já e Quero Votar para Presidente levando milhões de pessoas às ruas do País. Com a frustração dos movimentos pela eleição direta, Tancredo fez uma grande negociação com os políticos, a sociedade civil organizada e os militares, tornando-se candidato indireto à Presidência, concorrendo e ganhando no Colégio Eleitoral do Congresso Nacional contra o oponente Paulo Maluf, candidato das forças que apoiavam a ditadura. Acompanhei tudo isso atentamente, fazendo, inclusive, campanha ostensiva para Tancredo por acreditar ser ele o único líder político capaz de conduzir a transição pacífica da qual o País tanto precisava depois de mais de 20 anos de ditadura. Ele, inclusive, foi o único candidato a qualquer cargo eletivo, ainda que no caso indireto, que teve um adesivo em meu carro. Além disso, eu andava com o botton de Tancredo para todos os lugares, até no casamento (neste caso, por dentro do paletó, considerando que ainda estávamos em pleno regime autoritário) de um amigo que teve como padrinhos Maluf e o próprio Tancredo, sendo esta, talvez, a única vez em que estiveram num mesmo ambiente público durante a campanha eleitoral, já que não havia ainda debates entre candidatos a presidente. Assisti emocionado o seu discurso, logo após a vitória no Colégio Eleitoral: “Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la!” Então, qual não foi meu espanto quando, chegando em casa, na noite anterior à posse, vindo de uma comemoração antecipada, ligo a TV e vejo o noticiário dando conta de que o presidente eleito havia sido internado para uma operação de emergência. Depois da internação e do espanto, se sucederam a angústia e a tristeza no acompanhamento da via crucis de 38 dias pelas mãos de médicos incompetentes, hospitais e cirurgias. Até hoje, sou acometido de uma ponta de angústia quando ouço a música Coração de Estudante cantada por Milton Nascimento e transformada no hino do martírio e da morte de Tancredo. Minha maior frustração nessa história toda foi termos perdido a oportunidade do exercício da presidência de uma pessoa que teve uma trajetória política maiúscula e se preparou a vida inteira para ocupá-la como uma espécie de expoente de uma geração de grandes políticos da estirpe de Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Mário Covas, José Serra, Fernando Henrique Cardoso e outros de grande valor, impossíveis de comparar com os da atualidade. Penso que toda a geração daqueles que lutamos e torcemos pelo fim da ditadura e pela transição pacífica para a democracia perderam a chance de ter Tancredo como presidente no lugar de ter-se transformado no melhor presidente que o Brasil não teve. Uma grande frustração e a concordância com a frase que ele teria dito na UTI: “Eu não merecia isso”. Não merecia mesmo! Nem ele nem nós!  *Francisco Cunha é consultor e sócio da TGI

Tancredo Neves: o melhor presidente que o Brasil não teve Read More »

rio capibaribe limpo

Poluição dos rios e calor extremo lideram preocupações ambientais no Recife

Pesquisa revela percepção dos recifenses sobre impactos das mudanças climáticas na cidade A poluição dos rios e mares é o problema ambiental mais grave enfrentado pela população do Recife, segundo 43% dos moradores entrevistados pela pesquisa Viver nas Cidades: Meio Ambiente e Mudanças Climáticas 2025, realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis e pelo Ipec. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (3), aponta ainda que enchentes e alagamentos (33%) e a poluição do ar e sonora (ambas com 32%) também preocupam os recifenses. Quando questionados sobre os efeitos das mudanças climáticas, a maioria dos entrevistados na capital pernambucana apontou o calor excessivo como o principal impacto. “Para mais de metade das pessoas, o calor excessivo é a principal consequência”, revela o estudo. Em contraste, apenas 8% mencionaram as enchentes e 1% destacaram o deslizamento de terras como efeitos relevantes. A pesquisa também avaliou o papel das prefeituras no enfrentamento da crise climática. No Recife, 82% da população acredita que os governos municipais devem agir ativamente no combate às mudanças do clima. Entre as ações mais esperadas estão a redução do uso de combustíveis fósseis no transporte público, o aumento das áreas verdes, a reciclagem e a compostagem dos resíduos sólidos. O controle do desmatamento e da ocupação de áreas de manancial também foi destacado por 45% dos recifenses. O levantamento abrangeu 3.500 pessoas em dez capitais brasileiras, incluindo Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Apesar das diferenças regionais, o calor extremo foi citado como a principal consequência das mudanças climáticas em nove dessas cidades. A exceção foi Porto Alegre, onde as enchentes lideram as preocupações da população. A iniciativa tem cofinanciamento da União Europeia e faz parte de um programa voltado ao fortalecimento da sociedade civil e dos governos locais na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Poluição dos rios e calor extremo lideram preocupações ambientais no Recife Read More »

Luiz Soares

Futuro do Metrô do Recife: privatização revela impasses na política de transporte urbano

Decisão do Governo Federal frustra promessa de reestruturação feita por Lula. Foto: Wanderson Pontes O Governo Federal autorizou, na semana passada, a concessão do Metrô do Recife à iniciativa privada, o que provocou reação imediata do Sindicato dos Metroviários. A decisão contraria a promessa feita pelo presidente Lula de investir na recuperação da empresa, que enfrenta um processo acelerado de sucateamento desde sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização (PND), ainda no governo Bolsonaro. Ontem, o sindicato intensificou sua mobilização: pela manhã, o presidente da entidade, Luiz Soares, participou de um debate na Rádio Jornal, com críticas diretas a Lula e à governadora Raquel Lyra. Já no início da noite, uma assembleia da categoria aprovou o estado de greve e a criação de um Comitê Permanente de Diálogo com o Governo Federal. Rejeição à concessão e alerta ao preço da passagem Durante um discurso incisivo, Luiz Soares manifestou forte oposição à recente resolução do Governo Federal que viabiliza a concessão do metrô do Recife ao Estado, com posterior repasse à iniciativa privada. Para ele, a medida representa um “não ao povo pernambucano”, prejudicando não apenas a categoria dos metroviários, mas milhões de trabalhadores da Região Metropolitana que dependem do sistema ferroviário diariamente. Vai acontecer aqui o que aconteceu com o metrô de BH. Está sucateado e a tarifa saiu de R$ 4,30 para R$ 5,50. Vocês acham que aqui vai melhorar? O povo precisa saber isso. Não vai melhorar.” (Luiz Soares) Ele lembrou ainda a experiência da Supervia, no Rio de Janeiro, que foi privatizada no passado e possui a maior tarifa do País, de R$ 7,90, sem ter recuperado o sistema. Cobrança de coerência ao presidente Lula No discurso, o dirigente sindical cobrou do presidente Lula o cumprimento de promessas feitas em campanha, nas quais teria garantido que não privatizaria o sistema metroviário. Luiz Soares afirmou que se sente traído pela nova diretriz publicada no Diário Oficial da União no dia 22 de maio. “Lula, recupere o metrô e revogue essa resolução. Conceder ao governo do Estado é privatizar. E nós não vamos aceitar isso”. (Luiz Soares) Outdoors comparam Lula e Bolsonaro Durante a passagem do presidente Lula em Pernambuco, nesta semana, o Sindmetro intensificou a campanha contra a privatização do Metrô do Recife, questionando o compromisso do presidente Lula com o transporte público acessível. Em outdoors espalhados pelo interior do estado, o sindicato compara Lula a Bolsonaro, que privatizou o Metrô de Belo Horizonte. “O Presidente Lula esteve em Salgueiro, e colocamos um telão de LED na entrada com a mensagem: ‘Se Bolsonaro privatizou o metrô de BH, Lula, você vai privatizar o do Recife? Porque, se fizer, estará se igualando a Bolsonaro” (Luiz Soares) Audiência pública na Câmara dos Vereadores do Recife e articulação em Brasília Durante a assembleia, o presidente informou que no dia 9 de junho acontecerá uma audiência pública na Câmara dos Vereadores do Recife, convocada pela vereadora Cida Pedrosa, para discutir o futuro do Metrô do Recife. Luiz Soares criticou duramente a falta de abertura de diálogo com o Governo do Estado sobre o projeto de concessão do Metrô do Recife e prometeu intensificar a comunicação com o Governo Federal, especialmente com a Casa Civil e com a Secretaria-Geral da Presidência da República.

Futuro do Metrô do Recife: privatização revela impasses na política de transporte urbano Read More »