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Wanderley Andrade

Cinema Argentino na Netflix (por Wanderley Andrade)

Duas indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, uma estatueta na bagagem. Esse é o saldo em menos de sete anos do cinema argentino. Em 2010, o filme "O Segredo dos Seu Olhos" levou o prêmio. Em 2015, "Relatos Selvagens" foi indicado. E se voltarmos um pouco mais na história, veremos que nossos vizinhos levaram em 1985 outra estatueta. O ganhador da vez fora o longa "História Oficial". Alguns nomes do cinema argentino se destacam, como os diretores Juan José Campanella, Daniel Burman e Pablo Trapero e atores como Ricardo Darín e Norma Aleandro (indicada ao Oscar em 1985). E nossos hermanos continuam produzindo bons filmes. Se você ainda não assistiu a algum, uma boa opção seria recorrer aos serviços de streaming. Para facilitar sua busca, indico aqui duas produções que encontrei na Netflix. Agora é só pegar a pipoca! Elefante Branco (2012) Dirigido por Pablo Trapero, diretor argentino indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes por Leonera (2008) e ganhador do Leão de Ouro de melhor diretor no Festival de Veneza por O Clã (2014), Elefante Branco trata de assuntos bem comuns aos brasileiros, como o crescimento desordenado das favelas, o tráfico de drogas e o consequente aumento da violência. No filme, Elefante Branco é o nome de um prédio construído na década de 30, projetado para ser um dos maiores hospitais da América Latina. Após passar por problemas, como o golpe de 55 na Argentina, a obra fora abandonada, transformando-se em moradia para dezenas de famílias e abrigo para viciados. Nesse cenário está o padre Julián, interpretado por Ricardo Darín. Sua influência na comunidade não se resume às celebrações das missas e batizados. Com a ajuda da assistente social Luciana (Martina Gusmán) auxilia os moradores em questões ligadas à falta de moradia e problemas relacionados às drogas. Até que Julián descobre que sua saúde não vai bem e terá que procurar alguém para o substituir. É quando entra na história o padre francês Nicolás, interpretado pelo ator belga Jérémie Renier. Nicolás traz consigo o trauma de quase ter morrido num massacre durante um trabalho missionário no Amazonas e de ter perdido vários amigos. A ida à Argentina representará não apenas um recomeço, mas também oportunidade para apagar o remorso por não ter feito algo que evitasse essas mortes. Elefante Branco tem um bom roteiro, com protagonistas complexos, bem construídos. Destaco a boa atuação de Jérémie Renier, que consegue imprimir na tela todo o drama interior vivido por Nicolás. Seu personagem precisará enfrentar, além dos traumas do passado recente, o conflito entre o celibato e sua paixão por Luciana. Tese Sobre um Homicídio (2013) Mais um filme com Ricardo Darín. Desta vez um thriller. O ator interpreta o professor de Direito Criminal Roberto Bermudez. Sua rotina começa a mudar quando uma mulher é encontrada morta na faculdade em que leciona. As circunstâncias e detalhes relacionados ao homicídio levam Roberto a crer que o autor do crime seria um de seus melhores alunos, Gonzalo, vivido por Alberto Ammann. A trama é ancorada na busca (meio paranóica) de Roberto por provas de que Gonzalo é realmente o culpado. Para isso, aproxima-se de Laura, irmã da vítima, interpretada pela bela atriz Calu Rivero. O diretor Hernán Golfrid consegue conduzir a história muito bem, sustentando o suspense até os minutos finais, a ponto de levar o espectador a suspeitar de todos, inclusive do próprio Roberto. Difícil não falar da boa atuação de Ricardo Darín, que mostra no filme por que é considerado um dos principais atores do cinema argentino. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema (7wanderley@gmail.com)

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King Kong volta à tela grande (por Wanderley Andrade)

A onda de remakes e reboots não para em Hollywood, ainda que seja difícil prever se essas produções conseguirão levar multidões às salas de cinema. Basta olhar para um passado não muito distante: longas como O Vingador do Futuro (2012) e Ben-Hur (2016), releituras de filmes que foram sucesso de público e crítica, fracassaram nas bilheterias. No final de 2016, o site The Hollywood Reporter publicou uma matéria com as produções de menor público no ano. Ben-Hur encabeçou a lista, com um prejuízo de quase US$ 120 milhões. Este ano, mais remakes e reboots chegarão aos cinemas. O primeiro estreia nesta quinta: Kong: A Ilha da Caveira. Diferente dos filmes citados logo no início, o longa chega com potencial para conquistar grandes plateias. Trazer algo novo a um universo que já foi exaustivamente explorado, sem dúvida é um grande desafio. Para compor a equipe de roteiristas foi escalado Derek Connolly, responsável pelo sucesso de bilheteria Jurassic World (2015). O elenco é formado por grandes nomes como Tom Hiddleston, Brie Larson, John Goodman, John C. Reilly e Samuel L. Jackson. A direção praticamente “caiu no colo” de Jordan Vogt – Roberts, diretor dono de, até então, inexpressivo currículo. O filme tem como pano de fundo histórico o fim da Guerra do Vietnã. Lembra muito clássicos de guerra, como Apocalipse Now (1979) e Platoon (1986). Na história, um grupo de cientistas escoltado por militares seguirá para uma misteriosa ilha do Pacífico ainda não registrada nos mapas. John Goodman interpreta o cientista Bill Randa, responsável por convencer o senado americano a liberar a expedição. Ele convoca para a empreitada o ex-agente das forças especiais da Austrália, James Conrad (Tom Hiddleston), e a fotojornalista Mason Weaver, encarnada pela atriz ganhadora do Oscar Brie Larson. Para a surpresa de todos (ou quase todos) a ilha é habitada por estranhas criaturas gigantes, entre elas, o próprio Kong. A trama simples ganha força com as intensas e bem dirigidas cenas de ação. Cenas fortes como a do ataque de Kong a helicópteros militares, filmada do interior de uma das aeronaves bem no momento em que é esmagada pela fera. Os bons efeitos especiais produzidos pela Industrial Light & Magic (divisão da Lucasfilm que traz na bagagem filmes como Star Wars, Jurassic Park, Indiana Jones e Star Trek) aliados à competente edição de som dão ao espectador a sensação de imersão no filme. A trilha sonora também se destaca, com músicas de artistas como o David Bowie e da banda Black Sabbath. Apesar do cast ser composto por grandes nomes do cinema na atualidade, em Kong: A Ilha da Caveira, poucos conseguem se destacar tanto quanto o próprio Kong e as outras criaturas da ilha. Na verdade, a trama pouco exige dos atores, que trazem apenas atuações burocráticas, com exceção de Samuel L. Jackson, que está muito bem como o Tenente Coronel Packard, responsável por liderar os militares na expedição. Kong x Godzilla A Warner e a Legendary Pictures confirmaram recentemente o encontro entre Kong e Godzilla. O crossover está previsto para acontecer em 2020. Kong: A Ilha da Caveira traz uma cena pós-créditos que revelará um pouco do que virá no futuro. A cena terá ligação com o segundo filme de Godzilla, que chegará aos cinemas em 2019. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema

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