1ª Feira da Poesia do Pajeú começa amanhã (18)

São José do Egito ganha feira literária dedicada a poetas, glosadores, repentistas. A 1ª Feira da Poesia do Pajeú é promovida pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e será realizada no período de 18 a 20 de julho, na Rua João Pessoa, Centro da Cidade. O objetivo do evento é difundir a produção cultural do Sertão do Pajeú. “Queremos contribuir para fortalecer essa expressão cultural pernambucana e estimular a produção dos poetas”, diz o presidente da Cepe, Ricardo Leitão. Oficinas de xilogravura e estêncil, mesas de glosa, contação de histórias, atrações musicais, mesas de bate-papo, exposição e lançamento de livro fazem parte da programação da feira que conta com o apoio da prefeitura de São José do Egito e de outros municípios da região. “Essa feira é uma grande oportunidade de eternizar a poesia do Pajeú, que já possui reconhecimento nacional e internacional, e incentivar ainda mais a produção da poesia”, acrescenta o secretário de Cultura de São José do Egito, Henrique Marinho. O investimento total da feira é de R$ 150 mil.

Situada a 400 quilômetros do Recife, São José do Egito é conhecida como capital nordestina da poesia. Mas os 17 municípios que compõem o Sertão do Pajeú não ficam atrás em termos de riqueza e vastidão de produção poética. Da região são conhecidos nomes como o egipciano Lourival Batista Patriota (1915-1992), e os homenageados da feira Manoel Filó (1930 – 2005), natural de Afogados da ingazeira, e Dedé Monteiro, nascido em Tabira e Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2016.

Ao final de cada uma das três noites do evento, seis poetas participarão de mesas de glosa (composição poética em dez versos construída de improviso a partir de um mote). O conteúdo das mesas será transcrito e transformado em livro a ser publicado pela Cepe, com lançamento previsto para janeiro de 2020, durante a Festa de Louro, para celebrar os 105 anos do poeta Lourival Batista, conhecido como Louro do Pajeú, o “rei do trocadilho”.

As mulheres poetas do Pajeú: Isabelly Moreira (São José do Egito), Mariane Alves e Jéssica Caetano (Triunfo), Sara Cristóvão (Tabira) terão seu lugar de fala garantido em mesa mediada pelas jornalistas da revista Continente, da Cepe Editora. Elas, aliás, estão cada vez mais presentes nas mesas de glosa e desafios de repente, ao lado dos homens. Os aboiadores Paulo Barba e Jairinho Aboiador farão apresentação tocando as toadas típicas do Sertão para tanger o gado.

Para incentivar o registro da produção poética – que vai além da popular e também inclui outros segmentos como a poesia livre e o haikai -, a Cepe fará uma roda de diálogo com o ex-presidente do conselho editorial da Cepe e atual Superintendente de Marketing da empresa pública, Tarcísio Pereira, esclarecendo os caminhos para a publicação na editora. Em São José do Egito, por exemplo, só há um xilogravurista, o também cordelista, poeta e artista visual Arlindo Lopes. As publicações em livro e cordel são realizadas por artistas de fora da região, ou ilustradas por fotografias e outras técnicas.

“Nossa proposta é também estimular a formação de novos xilogravuristas, com publicação anual da produção do conteúdo da feira”, adianta Leitão. Para tanto será criado um conselho editorial sobre a poesia popular do Pajeú que definirá anualmente três publicações sobre poesia e outras dez em literatura de cordel.

A feira abre com a exposição Pelos Sertões, do artista paraibano radicado no Piauí Marcos Pê, conhecido pelos quadros figurativos de poetas. Ao lado dos desenhos impressos em madeira o artista coloca poesias dos glosadores e cantadores.

Haverá roda de diálogos para debater a poesia na educação. Em São José do Egito, é Lei Municipal ensinar poesia popular nas escolas. Na programação, os diálogos com os poetas Antônio José de Lima e Antônio Marinho mostrarão que a poesia está diretamente ligada à história da cidade.

Reza a lenda que basta beber a água do Rio Pajeú para virar poeta, visto que há séculos foi enterrada uma viola dentro do rio. Mas a história conta que o baião de viola chegou ao Pajeú na época da colonização portuguesa e traz influência dos mouros e muçulmanos. Conta-se que as chamadas Rodas de Glosas tiveram como palco as mesas de bares e botecos ocupadas pelos boêmios, sem nenhuma organização prévia.

Durante a feira será lançado ainda o livro de poesias vencedoras do Concurso de Poesia Popular de São José do Egito – Poesias Premiadas – Volume 1, que selecionou poesias nas categorias Quadras, Sextilhas, Sete linhas, Décimas e Décimas com mote. O dinheiro arrecadado com a venda da publicação financiará o custeio da próxima edição do concurso.

As crianças também têm espaço reservado na programação, com apresentação do Recital Infância Rimada. Trata-se de um grupo de crianças de Tabira que recebe semanalmente oficina de poesia coordenada pelo poeta Zé Carlos do Pajeú. Já a contação de histórias do livro Uma Festa na Floresta (Cepe Editora), de Lêda Sellaro, ficará a cargo da cordelista Suzana Moraes; e Dianimal (Cepe Editora) será contada e cantada pelo próprio autor, Alexandre Revoredo.

Além da 1ª Feira da Poesia Popular do Pajeú, que será anual, a Cepe também traz em seu calendário fixo de feiras a cargo de sua realização a Feira da Literatura Infantil (Flitin), e ainda pretende acrescentar este ano uma feira universitária.

PERFIL DOS HOMENAGEADOS

Dedé Monteiro

José Rufino da Costa Neto nasceu no dia 13 de setembro de 1949, no sítio Barro Branco, no município de Tabira. Sua relação com a poesia popular remete à infância, profundamente influenciada pelo pai, Antônio Rufino da Costa, que gostava de cantar cordéis enquanto trabalhava no roçado e, anos depois, em sua banca de frutas na feira de Tabira. Escreveu o primeiro poema aos 15 anos de idade, uma homenagem à mãe, Olivia Pires da Costa Monteiro, e não parou mais sua produção literária. Publicou quatro livros ao longo da vida: Retratos do Pajeú (1984), Mais um baú de retalhos (1995), Fim de feira (2006) e Meu quarto baú de rimas (2010).

Considerado o Papa da Poesia, é um dos mais importantes divulgadores da poesia popular e, nas últimas décadas, tem participado de eventos e projetos literários com o objetivo de difundir a linguagem da poesia popular de cordel como elemento na formação cultural do povo nordestino. Professor aposentado, Dedé Monteiro integra a Associação de Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA).

“Explicar a poesia/ Ninguém consegue explicar./ Faz a tristeza morrer/ E o sonho ressuscitar.”

Manoel Filó

Manoel Filomeno de Menezes, mais conhecido como Manoel Filó, nasceu em 13 de outubro de 1930,na Fazenda Tabuado, município de Afogados da Ingazeira – PE. Com dois anos de idade mudou-se para Mundo Novo, município de São José do Egito, no qual viveu até os 18 anos de idade. Faleceu aos 74 anos, em 21 de agosto de 2005 na cidade de São José do Egito. Aos 20 anos mudou-se para São Paulo, onde trabalhou de camelô, cobrador de ônibus, vendedor e desenvolveu-se como comerciante.

É considerado um dos maiores poetas populares, tanto pelo dom do improviso quanto pela criatividade e sensibilidade poética ao retratar as paisagens e acontecimentos do Sertão. Não fez profissão da cantoria, no entanto não se negou a cantar quando solicitado pelos companheiros, e nunca lhe faltava um violeiro à disposição.

PROGRAMAÇÃO DA FEIRA DE POESIA POPULAR DO PAJEÚ

18/07 (quinta-feira)

14h – Oficina de xilogravura sustentável e oficina de estêncil

16h – Abertura da exposição Pelos Sertões, do artista Marcos Pê

16h – Acolhida Banda de Pífano Riacho do Meio

17h – Diálogo Os caminhos da poesia na região do Pajeú, com Antônio José de Lima e Antônio Marinho

18h – Mesa Literatura e Educação: propostas, concepções e experiências, com Alessandra Ramalho, Aparecida Izídio e Eduarda Simone

19h – Recital infantil da Ingazeira, com Ingrid Laís, Islany Maria e Jayne Marília

19h15 – Recital Infância Rimada

19h45 – Aboio com Paulo Barba e Jairinho Aboiador

20h – Mesa de Glosa com Alexandre Morais (Afogados da Ingazeira), Gislândio Araújo (Brejinho), Lima Jr. (Tuparetama), Lucas Rafael (São José do Egito), Milene Augusto (Solidão), Zé Carlos do Pajeú (Tabira)

21h30 – Abertura: Em Canto e Poesia (Participação: Tonfil)

19/07 (sexta-feira)

8h – Oficina de xilogravura e oficina de estêncil

16h – Contação de histórias sobre o livro Dianimal (Cepe Editora) com Alexandre Revoredo

17h – Bate-papo sobre o Conselho Editorial da Cepe com Tarcísio Pereira

18h – Mesa da Revista Continente (Cepe) sobre Mulheres poetas do Pajeú

19h – O escritor Homero Fonseca declama A chegada de Bibiu no céu

19h – Apresentação da dupla de violeiros Adelmo Aguiar e Denilson Nunes

20h – Mesa de Glosa com Anderson Brito (Tabira), Francisca Araújo (Iguaracy), Genildo Santana (Tabira), Lenelson Piocó (Itapetim), Wellington Rocha (Afogados da Ingazeira), Tiago Gomes (Afogados da Ingazeira)

21h30 – Forró Rimado A Cristaleira

20/07 (sábado)

8h – Oficina de estêncil

16h – Contação de histórias do livro Uma festa na floresta (Cepe Editora), com Suzana Moraes

17h – Palestra Xucuru: a raiz-forte da poesia do Vale do Pajeú, com Lindoaldo Campos

18h – Mesa Manoel Filó: o poeta de todos os lugares, com Ciro Filó, Ricardo Moura e Jorge Filó

19h30 – Lançamento do livro Concurso de Poesia Popular de São José do Egito – Poesias Premiadas – Volume 1

20h – Mesa de Glosa com Aldo Neves (Tuparetama), Elenilda Amaral (Afogados da Ingazeira), Erivoneide Amaral (Afogados da Ingazeira), Henrique Brandão (Serra Talhada), Zé Adalberto (Itapetim), Zezé Neto (São José do Egito)

21h30 – As Severinas

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