2018: Como ser um político bom em Pernambuco? – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
Ninho de Palavras

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Bruno Moury Fernandes

2018: Como ser um político bom em Pernambuco?

Enquanto escrevo essas linhas no final do ano de 2017, caro político comum de Pernambuco, você já está aí no mês de janeiro de 2018, lendo esta coluna. Resolvi escrever-te daqui do passado para transmitir algumas dicas de como ser, ou continuar sendo, um político comum em nosso Estado. Especialmente em se tratando de ano eleitoral.

Primeiro, leia pouco. Leia quase nada. Na sociedade do cansaço, as pessoas não terão tempo para ouvir o que você teria a dizer, caso lessem alguma coisa. As pessoas são preguiçosas em debater e, ainda se tivessem tempo, chegariam atrasadas graças ao trânsito da Agamenon. Não ouça a população. Apenas finja, a cada quatro anos. Já estás no ano oficial do fingimento. A voz do povo é a voz de Deus, mas até Ele parece às vezes se esquecer.

Cerque-se de gente que necessite das suas vitórias. Darão a vida por você e farão de tudo para o manter no poder. Ou seja, não perca a relação de dependência da equipe para consigo. Mantenha distância regulamentar dos adversários e controle-se ao falar mal deles. Lembre-se: a roda gira. Fale mal na medida certa porque amanhã, em algum momento, vocês estarão juntos. Se puder, inaugure um partido para chamar de seu. Ter um partido é essencial para o futuro. “Quem manda na porra toda é a dona do cabaré,” já dizia Toinho, meu avô.

Se já nasceu espinhas na cara de Juninho, lance-o candidato a alguma coisa. Decore números e frases de efeito. Isso tem um valor essencial para angariar votos. As pessoas podem achar que você está realmente preocupado com os índices e que se apropriou do tamanho do problema. Mas, se preferir, pode trazer algo genérico, do tipo: “para resolver o problema da insegurança é preciso investir em inteligência policial”. Isso pega bem, vá por mim!

Tome caldinho nos mercados, distribua abraços, levante as criancinhas ao alto e encham as bichinhas de beijos. Olhe para as câmeras e faça o famoso “v” da vitória. Se puder, contrate um marqueteiro competente. Fale em mudanças. Diga que você representa a grande novidade. Fale de algum político comum do passado que seja bem avaliado pelo povo e diga que ele sempre foi seu guru. Os que não são, chame-os de traidores, especialmente se vocês já dividiram o mesmo palanque. Aproxime-se das mídias e blogueiros. Faça amizades nas redes sociais. Poste vídeos bacanas, de preferência com camisa de mangas arregaçadas e aquele capacete de engenheiro vistoriando obras que é para passar a ideia de homem trabalhador.

Compre votos. Compre muitos votos. O máximo que você conseguir. Seus adversários o farão e você não poderá sair atrás na corrida eleitoral. Enfim, se eleito for, dê uma entrevista no outro dia, pela manhã, na varanda da sua casa, dizendo que é hora de reunir todas as forças em prol do bem comum, aparar as arestas e seguir trabalhando por um Estado melhor. Assim que a jornalista sair pela porta, arrume as malas e vá direto para o Aeroporto Internacional dos Guararapes. Pegue o avião e vá para bem longe. Volte descansado e no discurso de posse chore emocionado, dizendo que é hora de olhar para o futuro que se inicia.

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