Segundo relatório preliminar da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado recentemente, o Brasil teve 2.331 casos de sarampo confirmados nos últimos 90 dias. Em Pernambuco, dos 45 casos notificados como suspeitos, cinco foram confirmados. Além de pneumonia bacteriana e complicações neurológicas, a saúde dos olhos também pode ser acometida pela doença, levar a baixa visão e evoluir para a cegueira.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode ser transmitida tanto por contato direto como por meio de partículas dispersas no ar. Além disso, pode ser propagada também para o bebê por meio da placenta, ainda na gravidez.
Segundo a médica oftalmologista Cecília Cavalcanti, quando o sarampo se apresenta de forma congênita, o bebê pode nascer com catarata, que é a opacidade total ou parcial do cristalino, além de outros problemas na visão. “O bebê que já nasce com a catarata é um bebê que não enxerga, podendo ser uma cegueira que talvez seja reversível. Na maioria das vezes, podemos observar também alterações no nervo óptico, além de retinopatia que pode cursar com vários achados associados, desde alteração de pigmentos até cicatrizes no fundo do olho e atenuação dos vasos”, alertou a médica que atende no Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE) e na Fundação Altino Ventura (FAV).
Já em casos de sarampo adquirido, o paciente que tem os olhos acometidos pode apresentar desde uma conjuntivite leve até uma ceratite – que é uma alteração na córnea mais grave –, podendo evoluir para uma ulcera corneana e até mesmo para cegueira.
A médica Cecília Cavalcanti alerta para a vacinação como a melhor forma de prevenção. “Antigamente, o sarampo era a doença que mais matava as crianças e se tornou extremamente rara, mas começou a retornar devido a várias pessoas não vacinarem seus filhos”, argumentou.
No caso de o paciente já ter a doença, a indicação é procurar um médico oftalmologista para ter o tratamento adequado e, de preferência, o quanto antes. “Quanto mais precoces o diagnóstico e tratamento, melhores serão os resultados e menores as chances de complicações. Os pacientes podem ser medicados com colírios e antibióticos para evitar uma infecção secundária da córnea e evitar uma úlcera mais grave. Já para as retinopatias mais graves, os pacientes podem precisar também de corticoide”, comentou a médica Cecília Cavalcanti.
Diante desse quadro, o Ministério da Saúde montou um esquema de acompanhamento diário do avanço da doença no País. A vacina tríplice viral – que protege de sarampo, rubéola e caxumba – pode ser encontrada em qualquer posto de saúde de forma gratuita.