*Por Aline Pitt
O sars-coV-2 está causando grandes estragos na saúde pública e economia mundial. Diante do grande desespero causado pela pandemia, uma vacina tornou-se a esperança de quem anseia a volta às atividades rotineiras. Vários grupos de pesquisa vêm divulgando excelentes evidências científicas relacionadas a uma possível vacina, levando muitos a acreditarem que em breve estarão disponíveis. Mas seria razoável acreditar numa produção de vacina tão rápida que poria fim à pandemia atual?
As várias etapas de produção de vacinas são caras, difíceis e demoradas, com uma média de tempo de 15 anos, embora algumas tenham sido produzidas em tempo recorde de até 5 anos (ebola). A primeira etapa é descobrir a molécula que será utilizada para estimular o nosso sistema imunológico, o que pode ser realizado com proteínas do vírus ou o próprio vírus atenuado (vírus manipulado artificialmente em laboratório que não consegue mais causar a doença), e fazer testes que comprovem a segurança e eficácia para ativar o sistema imune em animais de laboratório de pequeno porte, e posteriormente médio porte (Pesquisa básica e ensaios pré-clínicos in vitro/in vivo).
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Alguns grupos têm divulgado excelentes resultados desta primeira fase pelo fato de o vírus pertencer a uma família de vírus que já vinha sendo estudada exaustivamente graças a outras epidemias, como MERS e SARS, e alguns antígenos possíveis de serem utilizados já conhecidos. Após concluída essa etapa, são necessários testes clínicos, que passam por três fases, onde primeiro temos um grupo pequeno (20 a 100 indivíduos testados) para comprovar o estímulo do sistema imunológico em humanos, após isso, até 300 indivíduos são testados para avaliar doses e reações adversas e, em seguida, são feitos estudos avançados com até 10 mil indivíduos, para desenvolver a marca, bula e obtenção de registro sanitário da vacina que finalmente é liberada para a produção em larga escala e disponibilização para a população.
Sendo assim, apesar de termos perspectivas animadoras e algumas vantagens que agilizam as pesquisas para produção da vacina ao novo coronavírus, não seria razoável apostar no desenvolvimento tão “rápido” de uma vacina que resultaria no fim do surto atual da doença. Pois, mesmo que se esteja à frente quando comparado ao tempo normal de produção, a vacina contra a COVID-19 ainda levará algum tempo para sua efetiva elaboração e utilização. Logo, é necessário que a população colabore com os órgãos sanitários nas estratégias epidemiológicas vigentes de isolamento social para que os estragos não sejam ainda maiores.
*Aline Pitt – Doutora em ciências Biológicas e professora do Centro universitário UNIFBV nos cursos de Biomedicina e Estética e cosmética – Aline.Oliveira@unifbv.edu.br