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Leonardo Dantas Silva

A cidade dos sonhos de Ricardo Brennand (por Leonardo Dantas)

Em 27 de maio passado, o industrial Ricardo Coimbra de Almeida Brennand, completou 90 anos de existência, notabilizando-se não somente como um construtor de fábricas (19 projetadas e modernizadas), mas também como grande criador do Instituto Ricardo Brennand, a Cidade dos Sonhos, que hoje se destaca em um dos mais importantes museus do Brasil.

ricardo brennand3Tudo começa quando ele, ainda muito jovem, inicia a sua coleção de armas brancas. Durante toda a sua vida e em todas as suas viagens aos mais diferentes países, foi ele formando a sua própria coleção, reunindo espadas, facas, alabardas, lanças, escudos, punhais, adagas, armaduras (para cavalos e cavaleiros), balestras, elmos, arcabuzes, espingardas, mosquetes, carabinas, pistolas de duelo, milhares de canivetes, uma singular armadura para cachorro, quadros e esculturas de procedências diversas, além de curiosidades outras como as espadas de cerimonial do Rei Faruk I do Egito, estas últimas folheadas a ouro e cravejadas por brilhantes.

Antes da criação do instituto, armas brancas não só da Europa, mas do Oriente, como as procedentes da China, Japão, Índia (verdadeiras joias da cutelaria mongol), do Nepal, da Oceania, integravam um pandemônio de peças que se espalhava pelos diversos cômodos de sua residência em São João da Várzea.

No início do século 21, capitalizado com a venda de três fábricas de cimento do Grupo Brennand, Ricardo Brennand pensou em tornar realidade um antigo sonho: o de reunir no mesmo local todas as peças de sua monumental coleção.
Através de traços rabiscados com uma caneta vermelha, ele ia criando algo semelhante a um castelo medieval, como aqueles que despertaram a sua atenção quando de suas visitas ao Vale de Loire (Vallé de la Loire), na França. Desejava Ricardo Brennand tão somente um cenário medieval que servisse de fundo para exposição e guarda de suas peças centenárias.

Um castelo construído no estilo Tudor; o mesmo estilo que dominou a arquitetura inglesa entre 1585 a 1603, tão presente nos prédios das Universidades Cambridge e Oxford, que remonta aos primeiros tempos do neogótico. Não mais pensamentos ou hipóteses, mas um castelo medieval na Várzea do Capibaribe, com todas as suas nuances, particularidades e mistérios, que pudesse abrigar a sua incomparável coleção de armas brancas, grande parte delas verdadeiras joias da cutelaria universal.
A tarefa de transformar o sonho em realidade foi entregue à firma Augusto Reinaldo Arquitetura e Desenho, cujo titular entregou-se de corpo e alma à ideia. Para isso, viajou ele à Europa numa temporada de observação aos monumentos do Vale de Loire, bem como de outros recantos da França, a fim de adquirir restos de demolição de antigos castelos a serem aplicados na construção do novo Castelo de São João.

Concluída a sua viagem de observação, Augusto Reinaldo vai ao encontro de Ricardo Brennand, no Hotel Ritz de Paris, levando em mãos uma coletânea de fotografias documentando 23 castelos do Vale do Loire, com detalhes que ele gostaria de repetir no Castelo de São João; inclusive a portada de entrada esculpida em pedra, originária de um castelo francês.

*Artigo da coluna Arruando por Pernambuco, assinada pelo jornalista e historiador Leonardo Dantas

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