Campanha alerta para riscos do sedentarismo, uma das principais causas evitáveis relacionadas à incidência de tumores; Dados do periódico científico Cadernos de Saúde Pública indicam que 72,5% das pessoas diagnosticadas com tumores no Brasil relataram não praticar atividades físicas Após dois anos de pandemia, foi possível perceber um aumento da taxa de sedentarismo, que pode impactar em diversos problemas de saúde, como dores pelo corpo, e até mesmo contribuir no aparecimento do câncer. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 47% dos brasileiros adultos não chegam a praticar os níveis de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto o periódico científico Cadernos de Saúde Pública indica que 72,5% das pessoas diagnosticadas com câncer no Brasil relataram possuir uma vida sedentária – e tal afirmação se mostrou mais evidente no recorte por gênero e idade, sendo mais comum entre as mulheres de 40 e 59 anos e em homens após os 60. Para Carlos Gil Ferreira, diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas, é possível que observemos um cenário de constante aumento do número de doenças oncológicas, agravado ainda a curto prazo em consequência dos efeitos da pandemia nos hábitos de vida da população. “Análises prévias já apontam que o isolamento social provocou uma piora na qualidade de vida dos brasileiros, sobretudo nos meses das fases mais agudas de restrições. Entre os relatos, o consumo mais frequente de bebida alcoólica e de alimentos processados e ultraprocessados, somados à dificuldade em realizar atividades físicas, provocaram mudanças na saúde dos brasileiros e teremos que lidar com os desafios para reverter os prejuízos causados”, aponta o especialista. Em linha com essa percepção, a partir de 8 de abril, data que marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer, o Grupo Oncoclínicas lança sua campanha de conscientização para alertar sobre a importância dos exercícios físicos na prevenção do câncer e na qualidade de vida da população geral e do paciente oncológico. Ao longo de todos mês serão realizadas ações de ativação, engajamento e fomento à disseminação de informações com respaldo de especialistas disponibilizadas nas páginas oficiais da Oncoclínicas nas mídias sociais e por meio do site https://www.grupooncoclinicas.com/movimentopelavida. “Campanhas de alerta sobre os malefícios do consumo de cigarros levaram a uma redução efetiva do tabagismo no país, fato que pode ser considerado uma das maiores conquistas da Oncologia nos últimos 20 anos para além dos avanços no desenvolvimento de novas medicações. Agora é o momento de redobrar nossos esforços para maximizar a disseminação de informações sobre os cuidados quando o assunto é sedentarismo e hábitos alimentares, em especial diante dos desafios adicionais que surgiram com consequência da pandemia”, reforça Carlos Gil . No Brasil, segundo uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 625 mil novos casos são diagnosticados todos os anos. No entanto, apesar da doença ocorrer em parte pelo aumento da expectativa de vida, há um volume considerável de diagnósticos ligados a fatores de risco evitáveis. “A falta de atividade física e dietas desbalanceadas, com baixo consumo de fibras e excesso de gorduras, podem estar relacionadas a 50% dos casos de câncer de endométrio, 37% de câncer de esôfago, 25% dos tumores malignos do cólon e 20% das ocorrências de câncer de mama, apenas para citar algumas estimativas trazidas por estudos feitos dentro e fora do país”, diz o oncologista. Sob a ótica global, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, sigla do inglês), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que nas duas últimas décadas o número total de novos casos de câncer quase dobrou, saltando de 10 milhões estimados em 2000 para 19.3 milhões em 2020. As projeções do relatório Globocan 2020, divulgado pela entidade, indicam ainda que nos próximos anos há uma tendência de elevação dos índices de detecção do câncer, chegando ao patamar de quase 50% a mais em 2040 em comparação ao cenário atual, quando o mundo deve então registrar algo em torno de 28.4 milhões de novos casos de câncer. O número de mortes por câncer, por sua vez, subiu de 6,2 milhões em 2000 para 10 milhões em 2020 – uma equação que aponta que a cada seis mortes no mundo uma acontece em decorrência do câncer. De olho no corpo Diferentes estudos científicos recentemente divulgados contribuem para reforçar o alerta sobre a importância de hábitos de vida pautados pelo equilíbrio alimentar e da movimentação do corpo como parte das medidas de saúde pública essenciais para frear a incidência do câncer no Brasil. Um deles, publicado em janeiro de 2022 na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”, aponta que de 1999 até 2019, o aumento do sedentarismo e do índice de obesidade entre a população, derivado em grande parte ao crescente consumo de alimentos ultraprocessados e da ingestão alcoólica (que subiu 41%), contribuiu na elevação dos fatores de risco oncológicos. O diretor médico do Grupo Oncococlínicas complementa ainda que se exercitar impacta em um menor risco de desenvolver neoplasias. “Quando somos fisicamente ativos, estudos mostram que é possível reduzir os riscos de, pelo menos, 13 tipos de câncer, como o de reto, bexiga, mama, sangue, entre outros”. A mudança provocada por ajustes simples de hábitos de vida é de fato efetiva, conforme sinaliza análise veiculada em outubro de 2021 na Medicine & Science in Sports & Exercise. Realizada nos Estados Unidos, a pesquisa indica que uma caminhada rápida, de 45 minutos ao dia – totalizando cinco horas de exercícios moderados por semana – podem efetivamente reduzir o risco de câncer, além de ter um impacto positivo na qualidade de vida da população geral, prevenindo ainda uma série de outras doenças. E esses são apenas alguns dos exemplos práticos que reforçam o papel protetivo do combate ao sedentarismo como ferramenta de redução de riscos de surgimento de tumores malignos. Como uma alternativa de melhorar o cenário, Carlos Gil reforça que a rotina deve ser mudada de forma gradual e com adaptações. “É importante encontrar atividades que realmente goste e começar por exercícios mais