Claudia Santos, Autor Em Revista Algomais - A Revista De Pernambuco - Página 99 De 141

Claudia Santos

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Como inovar em um ambiente de transformação digital? (por Bruno Queiroz)

As empresas devem ser capazes de se adaptar às mudanças e fazer com que a inovação seja o meio para o seu crescimento contínuo. Num ambiente de transformação digital, essa demanda é ainda mais latente, pois a tecnologia e a necessidade do cliente mudam com muita velocidade. Nesse sentido, existem vários caminhos para inovar. Uma maneira tradicional é criar uma equipe interna para implantar a inovação. A grande dificuldade enfrentada por esse modelo é o conflito de interesses. Para inovar, é preciso pensar de modo diferente, mudar conceitos, rever regras e quebrar paradigmas. Isso não é uma tarefa fácil. A resistência interna, normalmente simbolizada na desconfiança e na perda de status de membros da empresa, será sempre um obstáculo a ser vencido. Uma forma de evitar o conflito de interesses, é criar unidades apartadas da estrutura principal da empresa, com autonomia operacional e orçamento próprios para tocar as inovações. Esse modelo vem sendo muito adotado porque gera resultado mais rapidamente. Tanto que essa unidade, com muita frequência, acaba se tornando uma empresa independente e é preciso tomar cuidado para não entrar em choque com o negócio da sua criadora. Tem que haver uma sinergia estratégica para evitar o fogo amigo. A não ser que a estratégia seja a de substituição, quando o novo se torna mais promissor do que o antigo. Nesse caso, a transição precisa ser bem planejada para evitar perdas de receita e abertura de espaço para os concorrentes. Contudo, nos modelos de inovação por meio de equipe interna ou de unidade independente, as ideias estão limitadas a um grupo de pessoas. A depender da complexidade, do tamanho e da abrangência da inovação, esses modelos podem não ser os melhores. Um caminho, então, é compartilhar com o mercado as necessidades de inovação e realizar parcerias para resolvê-las. Tem sido cada vez mais comum a criação de concursos de inovação com foco em segmentos de mercado (bancário, agronegócio, saúde etc). Em um primeiro momento, pode parecer se expor demais. Por outro lado, o resultado é que a contribuição da comunidade é sempre maior do que a de um pequeno grupo. Empresas como Itaú, Bradesco e Braskem têm feito isso em parceria com aceleradoras de startups, que normalmente são adquiridas e incorporadas ao negócio principal ao longo do tempo. Por último, o caminho mais rápido de todos os modelos: aquisição de empresas que já inovaram e possuem um grande potencial de crescimento de mercado. Para isso, é preciso capital intenso, pois negócios com esses atrativos são muito valorizados. Grandes empresas - como Facebook (Instagram e Whatsapp), Google (Android e Youtube), Microsoft (Skype e Linkedin) - seguiram este caminho com muito sucesso. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e sócio|diretor da Cartello  

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Na conversão, a preferência é do pedestre! (por Francisco Cunha)

No dia 23 de setembro passado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completou 20 anos de promulgação. Apesar de ser o que poderíamos chamar de um “monumento ao carrocentrismo”, traz um conceito de grande importância, ainda que, infelizmente, muito pouco observado. No artigo 29, parágrafo segundo, diz expressamente: “em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. Sim! Todos os que estão no trânsito são responsáveis pela “incolumidade” do pedestre e, como decorrência deste postulado, na conversão (ao dobrar o veículo em mudança de direção, à direita ou à esquerda), sempre deve ser dada preferência de passagem, pelo motorista que está dobrando, ao pedestre que está atravessando e ao ciclista que está cruzando a rua transversal, exista ou não faixa de pedestres. A redação do parágrafo único do artigo 38 do CTB é claríssima: “Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas”. E isso também vale para as calçadas, inclusive no que diz respeito à saída de veículos dos lotes particulares. O artigo 36 do CTB é explícito: “O condutor que for ingressar numa via, procedente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando.” Simples assim, mas de raríssima observação. Há mais de 10 anos andando sistematicamente dentro da cidade do Recife, por infindáveis quilômetros de calçadas e atravessando milhares de ruas, dá para contar nos dedos das mãos as vezes em que esse princípio da prioridade ao pedestre foi observado voluntariamente comigo. Das vezes em que aconteceu, de fato, foi por imposição minha. Recentemente, participando de uma audiência pública na Câmara Municipal do Recife, convocada e presidida pelo vereador Jayme Asfora, ouvi dele a leitura de um requerimento ao plenário solicitando que o poder executivo municipal providenciasse a colocação de placas indicativas em locais de cruzamento no Recife com os dizeres: “Na conversão, a preferência ao pedestre é obrigatória. Artigo 38 do Código de Trânsito Brasileiro”. Soube que o requerimento foi aprovado e encaminhado à Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano municipal. Um pequeno grande passo civilizatório. Vamos cumprir!

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A escultura que virou tema de ficção (por Leonardo Dantas Silva)

O Instituto Ricardo Brennand completou, em setembro passado, 15 anos dentro de nossa paisagem, transformando-se em um dos museus mais consagrados da América do Sul. Criado pelo industrial pernambucano Ricardo Brennand, aquele centro cultural é em nossos dias o maior local de congraçamento de público devendo atingir, no ano do seus 15 anos, a invejável frequência de 2.550.000 visitantes neste quarto de século. Como todo museu do mundo, existem nele peças que causam maior impacto em seus visitantes, como a última escultura do artista italiano Antonio Frilli, A Mulher na Rede ou Doces Sonhos, adquirida em 2009. Esta obra de arte, que tanto agrada aos visitantes, veio a inspirar recentemente uma novela, escrita nos Estados Unidos e publicada no ano passado do escritor Gary Rinehart, Nude Sleeping in Hammock. O italiano Antonio Frilli, que em 1860 fundara o seu ateliê em Florença (Via del Fossi), foi um dedicado escultor de grandes estátuas em mármore de Carrara e alabastro, destinadas a famosos cemitérios, bem como para galerias conhecidas na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália. Em 1904, dois anos após a sua morte, seu filho Umberto apresentou na Louisiana Purchase Exposition em Saint Louis, Missouri a última obra do seu pai: “uma escultura que descrevia uma mulher nua em uma rede (Nude Sleeping in a Hammock) No mármore branco de Carrara, ganhou o Grande Prêmio e seis medalhas de ouro”. Já fazendo parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand, eis que uma nova faceta vem ao encontro à história da escultura da “Mulher na rede”, como é conhecida entre nós: um visitante a vendo em nosso acervo fez presente à Biblioteca do Instituto Brennand do catálogo original da Louisiana Purchase Exposition em St. Louis (1904), onde a escultura de Antonio Frilli foi pela primeira vez apresentada com o título de Sweet dreams (Doces sonhos); revelando assim um passado até então desconhecido. Voltando ao histórico da obra, consta ter ele esculpido-a em 1892, sob o título de Doces Sonhos, representando uma bela mulher em tamanho real dormindo despida numa rede. Em 1915 foi a escultura enviada de Florença para São Francisco da Califórnia, onde ficaria exposta na Panama Pacific Exhibition. Nesta exposição, foi a escultura adquirida para decoração de um jardim residencial em Piedemonte (Itália). Agora chega ao nosso conhecimento que, em 1998, após mudanças na posse da primitiva casa, o advogado e pianista John Hayden, juntamente com sua mulher Sarah tornaram-se seus novos proprietários, passando a denominá-la de Eva. O acontecimento veio inspirar a novela publicada em 2016, escrito por Gary Rinehart, Nude-Sleeping-Hammock (Nu dormindo numa rede), que coloca a obra de Antonio Frilli como o centro da trama ficcional dos diversos proprietário, a partir do seu surgimento, em 1892, e como a escultura afetou suas vidas. O autor da novela só não revela, talvez por total desconhecimento, que a “Eva” de sua novela, hoje repousa em terras da nossa Várzea do Capibaribe.

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Pathfinders (por Bruno Moury Fernandes)

Passamos uma semana navegando em um veleiro-catamarã pelo Mar Egeu. Nós e mais três casais. Não meu senhor, não estou “me amostrando”. Não minha senhora, não estou me exibindo. Também pensava ser passeio para ricos. Mas posso garantir que é totalmente acessível. O simples acesso à informação pode ser o elemento que falta para você realizar uma viagem de rico, sendo pobre. Pesquise! Pois deu-se exatamente comigo, lá pras bandas das ilhas gregas. E gostei. Foi bom ser rico por apenas uma semana, apesar da pobreza não ter me abandonado em momento algum. Estava à bordo de um iate movido a vinhos, risadas, peixes e vômitos. Pense num lugar bonito da gota serena! A água azul, mas de um azul que de tão azul nos abestalhava. As ilhas, de nomes bem complicados, uma mais linda que a outra. Paros, Folegandros, Milos, Mykonos, Kimolos. E pensei que para um galeguinho de água doce oriundo de Uruçu-Mirim aquele mar salgado, cristalino, tava de bom tamanho. Então levantei as mãos aos céus e agradeci: “Senhooooôr”. Acho que não rezei direito. Não me pergunte por qual motivo, mas imaginava que praquelas bandas o mar era calmo. Mas como todo mar, o de lá também é bipolar. E em dois dias a embarcação balançou bastante. Eu estava doido por uma aventura. Algo que me desse elementos para uma narrativa próxima a Hemingway, em O velho e o Mar. O mais próximo que aconteceu de perrengue, porém, foi uma das cordas que sustentava o bote ter arrebentado. Nada que um marinheiro experiente não pudesse ajeitar em cinco minutos. Fiquei imaginando ele caindo ao mar e nós, que nunca havíamos pilotado um bicho daqueles, à deriva diante da morte trágica do tripulante mais importante. Então ficaríamos perdidos por uma semana e suprimentos começariam a findar. E seríamos resgatados por um navio italiano que nos avistaria por acaso. Mas voltei à realidade daquela cena entediante de um marinheiro grego arrumando o bote na mais absoluta tranquilidade, enquanto assobiava melodias indefinidas. E fiquei com aquela decepcionante sensação de que tudo correria na mais absoluta tranquilidade até o final da nossa jornada. Infelizmente, decepção para minha mente criativa. As companhias foram ótimas. Tinha uma blogueira chic que ao final da odisseia estava toda descabelada, com o seu marido poliglota. Tinha um doutor que medicava remédio para enjoo e sua esposa que insistia em querer experimentar a comida de todos os outros. O nosso líder comandante e sua esposa fotógrafa. Além da minha esposa que não parava de falar. E bem alto. O engenheiro naval que nos guiava e sua mulher que cozinhava divinamente, ambos gregos. Uma semana convivendo com essas pessoas, dentro de um barco, navegando e trocando experiências humanas. Histórias e causos. Muitos causos. Em meio à imensidão da noite, olhar aquele céu imenso e estrelado e ser aquele pontinho no meio da imensidão, fez-me lembrar que não somos nada. Mas navegar com amigos é sensacional. Então logo voltei à realidade e me senti foda novamente. Justamente por tê-los em minhas vidas. Thank’s pathfinders! Oremos todos novamente: “Senhor, multiplicai os euros, ó Pai, tal qual fizeste com os pães, para que lá possamos retornar um dia”.

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Janelas no Oitão (por Joca Souza Leão)

A borboleta amarela, na crônica de Rubem Braga, voou para o oitão da Biblioteca Nacional. “Oitão, uma bonita palavra. Usa-se muito no Recife; lá, todo mundo diz: no oitão da igreja, no oitão do Teatro Santa Isabel... Aqui (no Rio) a gente diz do lado. Dá no mesmo, porém oitão é mais bonito.” E precisa mais? Se precisasse, eu diria, além de mais bonito, é mais preciso. Mas oitão também é o espaço entre duas casas. Nem todas têm oitão. Algumas são geminadas (parede-meia), coladas umas às outras, como a maioria das casas antigas do Recife e Olinda. Há casas com um oitão e casas com dois oitões. Sempre, o da direita, à direita de quem olha para a casa, mais largo, é passagem de carro para a garagem que fica no quintal. E também passagem para os visitantes que têm intimidade com o dono ou a dona da casa: “Ele entra pela porta da cozinha”. Os que não têm intimidade são, diz-se, de cerimônia. Se anunciam, batem palma ou tocam a campainha, e entram pela porta da frente. Até pouco tempo, pelo menos, era assim. Aqui (não sei se no resto do Nordeste) e em Portugal ainda se fala oitão. Não fala tanto, mas fala. Quem mora em apartamento, mesmo, não chama o espaço entre um edifício e outro de oitão. Chama de área. Mas, se for explicar a alguém onde fica a Rua Direita, ensinará, certamente, que fica no oitão da Igreja do Livramento. Ou não? Rio de Janeiro, inverno, anos 70. Peguei um táxi no Leme. “Botafogo, por favor.” Para facilitar a vida do motorista, um português de meia-idade, bigode eciano, vasto e levemente arqueado nas pontas, disse-lhe, além do endereço, uma referência: “Essa rua fica no oitão da Mesbla.” “És patrício, pá?” “Não. Pernambucano.” “Primeira vez que estou a ouvir um brasileiro a falar oitão, ó pá!” Bem, o fato é que a rua, meio escondida e pouco conhecida, foi facilmente localizada pelo portuga. Terraço do (belo) apartamento da escritora Dayse Mayer. Ivanildo Sampaio no seu vinho e eu no meu uisquinho de sempre. Paula Costa e Silva, portuguesa, professora de Direito e colega da anfitriã na Universidade de Lisboa, tomando um Porto Vintage. Na conversa, não lembro mais sobre o quê, falei oitão. “Não ouço a palavra oitão há anos” – disse Paula. “Algumas palavras, que ainda são usadas aqui, estão a cair em desuso em Portugal.” E citou algumas, das quais lembro de duas, além de oitão: alcatifa (que tá virando ou já virou carpete) e encarnado (o “encarnado, preto e branco” do meu tricolor; que para os alvirrubros e rubro-negros é vermelho). Por amostração, como dizem meus netos, recitei para Paula (ainda não disse que era bonita a rapariga, ó pá!) versos de Mauro Mota: Ó velhos chalés de 1830 / eterniza-se entre as paredes os ecos das vozes invisíveis / habitantes. / Mãos de sombras femininas abrem de leve janelas no oitão. P.S. Imperdível: Contos da Era das Canções e Outros Escritos, livro de Aluízio Falcão que será lançado em novembro. *Por Joca Souza Leão

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Rec’n’Play traz experiências digitais ao Recife Antigo

De 30 de novembro a 3 de dezembro o Bairro do Recife será palco de um grande evento que pretende unir a vocação para a inovação do Recife e as tradições culturais e artísticas da cidade, com o empreendedorismo, economia criativa e entretenimento. O Rec’n’Play terá sua programação realizada em vários polos do bairro (internos e externos) com atividades simultâneas. A organização é do Porto Digital e da Ampla Comunicação, em parceria com a Prefeitura do Recife, Governo de Pernambuco e Sebrae. O modelo do evento, segundo os organizadores, foi pensado para gerar conexões entre os participantes e a cidade. Estima-se um público de 30 mil pessoas. “Vamos fazer um conjunto de experiências digitais criativas em educação, negócios e entretenimento como um festival aberto e disperso pelo bairro do Recife”, explicou o presidente do conselho do Porto Digital Silvio Meira, durante a apresentação à imprensa do evento. O formato do Rec’n’Play difere ao dos eventos clássicos em que o público assiste a palestras. “Queremos criar um ambiente de interação orgânica, baseada em percursos pelo bairro que vão desenrolar trilhas de conhecimento com atividades simultâneas e sequenciais”, afirmou Meira. As trilhas vão abordar temas como Desenvolvimento de Games, e-Sports, Música, Fotografia, Design, Audiovisual, Cidades Inteligentes & Sustentabilidade, IoT, Robótica e Fabricação Digital e Tecnologias da Informação e Comunicação. Haverá oficinas, hackatons, shows, workshops de fotografia, atividades de empreendedorismo para gamers, entre outras ações. A programação completa está no site: http://recnplay.pe/. O objetivo é que o público tenha eventos distribuídos em quase 20 lugares distintos do bairro. Entre os locais que receberão atividades estão a Jump, Apolo Beer Café, Softex Recife, Paço do Frevo, Centro Cultural Correios, Paço Alfândega e ruas e praças do Recife Antigo. Para o prefeito Geraldo Julio, o evento vai colocar o Recife na rota do turismo tecnológico mundial. "A gente vai receber milhares de pessoas de outras cidades, de outros países, para tratar de inovação. E inovação é o DNA do Recife", afirmou. "Tenho certeza que o Rec'n' Play vai se transformar em um evento de caráter internacional, colocando cada vez mais o Recife no mundo da tecnologia e da inovação global", acrescentou o gestor. A perspectiva é que o projeto fomente, além dos polos de tecnologia da cidade, o turismo da capital. A meta é tornar a capital destino para quem procura um tipo muito específico de turismo, o da criatividade e tecnologia. Sete secretarias da Prefeitura do Recife estarão envolvidas na iniciativa, com mais de 50 atividades. De olho no potencial turístico do evento, o secretário de Turismo do Estado, Felipe Carreras, avalia que evento será destino certo para o nicho de turistas que buscam inovação. "Recife será capital do Brasil e do mundo da inovação e tecnologia durante esse período", afirmou. Ele prometeu ainda tentar viabilizar parcerias com companhias aéreas que atuam no Estado para facilitar a vinda de visitantes para o evento.

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A menina do olho verde vence festival na Itália (por Paulo Caldas)

Vencedor da versão 2017 do Festival Convivio (para diversas formas de expressão artística), na Itália, com o Premio Assoluto: o livro pernambucano A menina do olho verde, de Patrícia Tenório é tema do comentário de hoje. Uma onda de ternura é o que nos envolve ao ler este A menina do olho verde, livro de Patrícia Tenório - edição do autor, cujo conteúdo, em tom de fábula, mostra a história de Manoela uma menina que impressiona pela cor dos olhos. Os acontecimentos são narrados pelo fio condutor da singeleza de um texto que, embora nem sempre mantenha apego às filigranas das técnicas ficcionais, é mais que tudo cativante. A escrita de Patrícia é cálida, prenhe de ternura, surpreendente ao revelar pecados adultos de um mandatário concentrador das circunstâncias e das gentes, e do preconceito visto na aura de uma senhora de caridade. Na narrativa transpira beleza, especialmente nos cenários naturais que ela compõe e que predominam na ambiência das cenas; contemplando gorjeios de pássaros, zumbidos de abelhas e aroma de flores. No entanto, o texto ganha fôlego quando Manoela caminha pelas alamedas do encantado e do maravilhoso. Ali contracena com animais que falam, água de um rio que surge ao seu desejo e que sussurram melodias regidas por um maestro imaginário, que flutua numa simbiose de água e sons, cena plasticamente soberba. Patrícia Tenório compõe outras cenas de refinada beleza estética, quando mostra Manoela na fonte de um oásis ou ainda a do personagem Pedro colhendo no eco de um grito pedaços escritos de seu nome. O livro é especial em conteúdo e estética, editado em capa dura, guarda cortinas e demais detalhes de esmerado bom gosto. A menina do olho verde é para se ler e guardar. *Paulo Caldas é escritor

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Regulamentação ou proibição? (por Ivo Dantas)

Se você já utilizou alguma vez um aplicativo de transporte, provavelmente recebeu notificações e e-mails desses Apps ao longo dos últimos dias sobre um abaixo-assinado para evitar o encerramento das atividades de aplicativos de mobilidade. O comunicado do Uber, por exemplo, chega a pedir que o usuário assine o documento e o entregue impresso ao motorista na próxima vez que utilizar o serviço. Você deve estar se perguntando o motivo dessa iniciativa, não é mesmo? Pois bem, o movimento foi impulsionado pelo resultado de uma audiência pública que aconteceu na semana passada em que senadores presentes solicitaram a urgência na votação do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados 28/2017, que regulamenta os aplicativos de transporte individual. Esse documento, que foi aprovado em abril pelos deputados, estabelece diversas regras que deverão ser obedecidas pelos aplicativos. Entre outras coisas, as Prefeituras ficariam responsáveis por emitir licença de funcionamento e fiscalizarem a atuação dos mesmos. Com um passado marcado por derrotas nas esferas municipais – principalmente por um lobby dos taxistas junto ao poder público – o Uber, bem como seus concorrentes, decidiram adotar a estratégia de apelar para a pressão popular para que o projeto não passe pelo Senado. A bem da verdade, além da dificuldade de conseguir as licenças, os aplicativos têm receio da regulamentação da atividade quando o assunto são direitos trabalhistas. Com a nova lei, os Apps teriam que cadastrar os motoristas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), bem como lidar com a questão do vínculo empregatício, que vem levantando debates na Justiça do Trabalho. Intitulada “Juntos pela Mobilidade”, a campanha conta com a assinatura dos Apps Uber, 99 e Cabify. Em novo e-mail enviado nesta terça-feira, os aplicativos comemoram os resultados atingidos em menos de uma semana. “Hoje, terça-feira, os senadores receberam um projeto alternativo, e a votação do requerimento de urgência foi adiada. Porém, a alternativa é só o começo de um amplo debate, e esse adiamento dura pouco: a votação pode acontecer já nesta quarta-feira”. Ao leitor, deixo a reflexão: Para você, o projeto de lei vai melhorar os serviços, garantindo maior segurança a usuários e motoristas, ou demarcarão o fim dos aplicativos? *Ivo Dantas é jornalista

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Meninos também podem ser presidentes? (por Beatriz Braga)

*Por Beatriz Braga A Islândia é considerado o melhor lugar do mundo para ser mulher. Não coincidentemente, foi o primeiro país do planeta a eleger uma presidente, Vigdís Finnbogadóttir. Depois de algum tempo do seu governo, um garoto se aproximou da dirigente e perguntou “meninos também podem ser presidentes quando crescerem?”. Ouvi a história na palestra da empresária islandesa Halla Tomasdottir. A plateia ri, claro. A inocência do garoto que ainda não conhece o mundo é tragicômica, mas traz a beleza do nosso ecossistema perfeito. Aprendemos pelo exemplo. Lembrei do menino e da presidente ao ver a série Big Little Lies (HBO) - uma ótima dica para sua semana. Alerta spoiler! Em uma das várias histórias paralelas da trama, uma menina é agredida no colégio e as mães tentam descobrir quem é o pequeno ofensor. As suspeitas recaem sobre Ziggy, criado por uma mãe solteira, vítima de estupro. A herança biológica, aparentemente, estaria latente em uma criança meio “esquisita”. Ninguém desconfia dos filhos do casal perfeito da cidade, mãe e pai loiros, altos, belos e educados. Mas é justamente o casal de comercial que esconde a faceta do marido agressivo. Eles acreditam que mantêm a relação abusiva em segredo, porém um dos filhos começa a dar sinais de que ouvia (e aprendia) com a relação dos pais. A herança do hábito, pois, fala mais alto. O primeiro garoto, fruto do crime, é criado ao redor de compreensão, fala mansa e carinho. A mãe olha nos seus olhos e conversa com sinceridade. O filho da família “perfeita” cresce em volta dos gritos e dos ciúmes. Enxerga na coleguinha o que o pai vê na mãe: uma propriedade. Herança é coisa séria. Não necessariamente a que engordará nossas economias, mas aquela que fará de nós os humanos que somos. Na mais nova polêmica brasileira, eu volto a pensar no exemplo que damos às crianças. Um artista fazia uma performance envolvendo nudez no Museu de Arte Moderna de São Paulo e uma garota, acompanhada da mãe, pegou no seu pé. Chamaram o artista de pedófilo, acusaram-no de erotizar a infância. O problema do mundo não está na nudez. E muito menos na criança que interage com ela. Está na forma como a sociedade trata a natureza e nos traumas que passamos para nossos filhos. Erotizamos os nossos corpos e censuramos atitudes naturais desde pequenos. Nem todo nu é erótico. Tem o que é arte, aprendizado e beleza. Enquanto nos ocupamos de reprimir performances artísticas, o machismo real, bem vestido, destrói infâncias e dá péssimos exemplos à próxima geração. A polêmica do MAM é o eco do “fecha perna, menina” que passamos a vida escutando. Censuramos a arte, calamos nossos filhos e toleramos músicas que falam das “novinhas” na balada. Sejamos vigilantes, sempre, mas vamos escolher melhor nossas batalhas. Halla Tomasdottir tinha sete anos quando viu a primeira greve de mulheres na Islândia. Doze quando Vidgis assumiu o poder. Aos 47, inspirada pelo seus modelos da infância, candidatou-se à presidência. Não ganhou as eleições, ficou em segundo lugar, mas destaca como uma vitória o impacto de sua empreitada na filha adolescente. A autoconfiança, diz ela, foi transmitida pelas gerações. De alguma maneira, a filha de Halla, o pequeno agressor, Ziggy e a menina do MAM são histórias paralelas de erros e sucessos com nossas crianças. Que tal abraçarmos a missão de, todos os dias, prestarmos atenção ao que dizemos e fazemos perto delas? Menos censura, mais arte, mais amor e mais bons exemplos, para começar.

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Oito em cada dez brasileiros estouram seus pacotes de dados

Oito em cada dez brasileiros que possuem smartphone acabam estourando seus pacotes de dados antes do final do período programado para utilização. Essa é uma das conclusões da pesquisa Global Mobile Consumer Survey 2017, realizada pela Deloitte com 2.000 entrevistados no Brasil. O estudo destaca as características de uso intenso dos celulares, assim como a costumeira falta de planejamento de gastos dos consumidores. De acordo com o levantamento, mais da metade (51%) das pessoas consultadas que contratam serviço de dados para acessar a internet possuem pacotes limitados, menores que 3GB de capacidade, enquanto 20% dos participantes não sabem sequer qual é o tamanho do plano contratado com sua operadora. Diante do uso intenso, três de cada cinco brasileiros que responderam à pesquisa disseram que tentam reduzir ou limitar o uso de seus smartphones. Vinte e nove por cento afirmaram que desligam a conectividade de dados de seus aparelhos para economizar. Outros 28% desativam as notificações de áudio, enquanto que um percentual idêntico simplesmente desliga os aparelhos durante a noite. “O fenômeno da afinidade e do apego do brasileiro em relação às tecnologias móveis realmente merece estudo. Com os resultados da Global Mobile Consumer Survey 2017, constatamos que nossa sociedade vive mudanças de hábitos e costumes que têm transformado a maneira como as pessoas se comportam, como trabalham, estudam, se divertem e se relacionam. Para além das curiosas conclusões de nosso estudo, traçamos um importante retrato dos tempos atuais, das potencialidades e perspectivas que se abrem para o futuro”, afirma Marcia Ogawa, sócia-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicação da Deloitte no Brasil. A atual edição do estudo foi feita concomitantemente pela Deloitte em 22 países, incluindo o Brasil. A consulta foi feita por meio de questionários eletrônicos com mais de 40.000 pessoas, das quais 2.000 brasileiras, sobre seus hábitos de consumo de tecnologias móveis. Smartphone segue como “sonho de consumo” Apesar de 87% dos participantes da pesquisa terem revelado já possuir ou ter acesso a um smartphone – parcela sete pontos percentuais maior do que a registrada na edição do ano passado (80%) e dez pontos acima da apurada em 2015 (77%) –, esse tipo de aparelho continua sendo o principal “sonho de consumo” entre os brasileiros, como indicam os resultados do levantamento. Sessenta e dois por cento dos participantes afirmaram que o smartphone é o equipamento móvel mais citado entre aqueles que as pessoas pretendem adquirir no próximo ano (alta de três pontos percentuais ante os 59% de 2016). O segundo aparelho mais desejado é o notebook (com 31% de citações em 2017, pequeno recuo ante os 32% no ano passado), seguido pelo tablet (cujo interesse foi o que mais se retraiu em 12 meses, chegando a 28%, ante 32% do ano anterior). Brasileiros conectados em todos os momentos Mais uma vez, os brasileiros que foram consultados pela Global Mobile Consumer Survey 2017 deram mostras de seus hábitos excessivos na utilização dos smartphones. Quase metade (45%) dos jovens entre 18 e 24 anos disse que checa notificações de mídias sociais no meio da noite. Na média geral, entre os participantes de todas as idades, esse hábito noturno afeta 33% dos participantes. Fazendo a comparação com outros países, 22% dos jovens britânicos até 24 anos têm o costume de checar suas notificações de mídias sociais no meio da noite. Já na média geral de todos consultados na pesquisa do Reino Unido, esse percentual fica abaixo de um terço (10%) do demonstrado pelos brasileiros. Os jovens canadenses (24%) e os australianos (31%) também ficam atrás dos usuários do Brasil quando o assunto é mexer nos smartphones em plena madrugada. O uso excessivo dos smartphones é notadamente um fator de atrito entre muitos casais. De acordo com a pesquisa da Deloitte, 56% das pessoas que têm um relacionamento estável consideram que seu parceiro ou parceira utiliza demasiadamente seu celular. A opinião sobre excessos é ainda mais marcante entre os pais, já que 63% deles avaliam que seus filhos usam muito os smartphones. Porém, quando a questão é autocrítica, um percentual menor reconhece seus próprios excessos: exatamente metade (50%) dos participantes do estudo reconhecem hábitos exagerados no uso de seus aparelhos. Smartphone no trabalho Quase dois terços (64%) dos brasileiros participantes reconhecem utilizar com frequência seus aparelhos para uso pessoal em pleno horário de serviço. Apenas 4% afirmam nunca fazer esse uso e 31% o fazem eventualmente. No Reino Unido, metade (50%) dos britânicos consultados pelo estudo reconhece utilizar com frequência seus aparelhos para uso pessoal em pleno horário de serviço, enquanto que 10% afirmam nunca fazer esse uso e 40% o fazem eventualmente. Já no Canadá, o percentual daqueles que usam seus smartphones no serviço com finalidades pessoas é ainda mais baixo (46%). Somente 10% dizem nunca fazer esse uso e 44% usam esporadicamente. Também os australianos demonstram respeitar mais o ambiente de trabalho que os brasileiros, já que pouco menos da metade (48%) dos participantes tem esse hábito, 44% fazem uso eventual do celular no trabalho e 8% nunca recorrem a seu aparelho nesse ambiente. Na ponta oposta dessa equação, 48% dos brasileiros consultados afirmaram utilizar por razões profissionais seus smartphones com alguma frequência fora do horário de trabalho. Trinta e nove por cento agem assim eventualmente e 13% não utilizam essa ferramenta para fins de trabalho durante seus períodos de folga. Os britânicos evitam “levar trabalho para casa”. Apenas 19% deles disseram que consultam seus smartphones por razões profissionais com frequência fora do horário de trabalho, 34% agem assim eventualmente, enquanto que 47% nunca usam essa ferramenta em suas folgas. Canadenses (22%) e australianos (26%) também são mais reticentes a tratar sistematicamente de questões profissionais fora do ambiente de serviço. Quarenta por cento dos consultados no Canadá e 42% na Austrália levam eventualmente trabalho para casa com seus smartphones, enquanto que 37% e 32%, respectivamente, nunca fazem isso. Mensagens instantâneas no topo Os aplicativos (APPs) de troca de mensagens instantâneas são os mais utilizados pelos participantes da pesquisa da Deloitte, e quase totalidade deles (94%) confirmou usar esse tipo de

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