Futuro de Temer nas mãos do parlamento
O Governo Temer nasceu com uma série de críticas por conta da falta de diversidade de gênero e raças em seu ministério. Nenhuma mulher e todos brancos. No entanto, com exceção da equipe econômica (que teve uma sensível aprovação do mercado por sua composição técnica), a escolha dos integrantes do time ministerial atendeu as indicações dos grandes partidos que formam a base da sua gestão no Congresso Nacional. Como a ala feminina e dos negros não são fortes dentro dos seus partidos, eles ficaram de fora da representatividade. Nessa escolha, aparentemente, Temer foi um condutor de um navio que tinha muitas mãos para conduzir. Só o chamado centrão é composto por 12 partidos com representação na Câmara: PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL. Além desses, outras legendas tem grande influência no novo governo, como o DEM e o PSDB. Apesar da notoriedade do poder executivo aos olhos da população, é do legislativo que sairão as decisões que irão sustentar ou não o governo. Isso não se trata de que a gestão seja eficiente ou não, mas que ela funcione. A primeira votação da Câmara dos Vereadores abordará a meta fiscal para o ano de 2016. No início da próxima semana o presidente interino enviará ao Congresso uma proposta que irá sugerir um rombo nas contas públicas superior aos R$ 96,6 bilhões (previstos por Dilma em março). Se o projeto não for aprovado, além de uma paralisia na máquina pública, Temer poderá tal qual Dilma Rousseff não cumprir a legislação fiscal. A princípio sera falado que o rombo seria em torno de R$ 120 bilhões. Esse estimativa subiu para R$ 160 bilhões e hoje (19) o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) falou em números que se aproximam dos R$ 200 bilhões. Na próxima terça a medida deverá ser votada. A tendência é de aprovação. Não faz sentido que o mesmo corpo parlamentar que aprovou o impeachment com uma vasta margem jogue contra o governo ainda no seu primeiro mês. Mas esse fato é apenas uma ilustração de quão submisso o poder executivo está do legislativo. Com a falta de esclarecimento político da população, a tendência de eleger um parlamento com tendência política diferente do poder executivo é uma realidade. Fato que tem se repetido em vários pleitos eleitorais. A reforma política seria a solução? O problema é quem a fará. Se a força de criar a lei ou revisá-la está nas mãos de quem manda no jogo nesse momento, dificilmente algo inovador pode trazer novos ares para a política brasileira. Enquanto isso, Temer ou qualquer outro terá que jogar com as regras postas. Que são no mínimo desconfortáveis, mesmo para quem está dentro do partido com a maior bancada do País.
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