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Mercado financeiro projeta inflação de 6,9%

A projeção de instituições financeiras para a inflação este ano foi reduzida pela oitava semana consecutiva. Desta vez, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 6,98% para 6,94%. Para 2017, a projeção foi reduzida de 5,80% para 5,72%, no quarto ajuste consecutivo. Os números são do Boletim Focus, que é divulgado às segundas-feiras pelo Banco Central (BC). Ele traz projeções de instituições financeiras consultadas semanalmente sobre os principais indicadores da economia. Mesmo com as reduções, as estimativas estão acima do centro da meta de 4,5%. O limite superior da meta de inflação é 6,5%, este ano e 6%, em 2017. É função do Banco Centra fazer com que a inflação fique dentro da meta. Um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. O BC tem que encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. A projeção das instituições financeiras para a Selic, ao final de 2016, foi mantida em 13,25% ao ano. Para o fim de 2017, a expectativa passou de 12% para 11,75% ao ano. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano. Atividade econômica A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, foi alterada de 3,88% para 3,89%, na décima quinta piora consecutiva. Para 2017, a estimativa subiu de 0,30% para 0,40%, no segundo ajuste seguido. A estimativa para a queda da produção industrial passou de 5,80% para 5,83%, este ano. Para 2017, a projeção de crescimento foi ajustada de 0,54% para 0,50%. A projeção para a cotação do dólar passou de R$ 3,80 para R$ 3,72 ao fim deste ano, e de R$ 4 para R$ 3,91, no fim de 2017. (Agência Brasil)

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Em busca da orla perdida

O marzão, os coqueiros e guarda-sóis estendidos na areia compõem o cenário dos lugares paradisíacos ou das badaladas praias urbanas. No entanto, com o avanço do mar, uma série de áreas de banho no litoral brasileiro foram desaparecendo nos últimos anos. A Região Metropolitana do Recife viu parte dos seus cartões-postais serem tomados pelas águas, afetando o lazer e o turismo. Para reverter esse quadro, desde 2008 foi realizado pela UFPE um estudo de Monitoramento Ambiental Integrado (MAI) que indicou a necessidade de recuperação da faixa litorânea. Após obras em Jaboatão dos Guararapes e em Paulista, a expectativa da população é de ver Boa Viagem revitalizada em breve. Com um investimento em obras estimadas em R$ 66 milhões, a Prefeitura do Recife sinalizou em janeiro que busca verbas através do Governo Federal ou do Banco Mundial. Se a engorda da orla ficou em águas mornas por mais de cinco anos, foi em 2013 que os planos de revitalização começaram a sair do papel. Naquele ano, o então ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho chegou a falar em um “Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para prevenção contra o avanço do mar”. Mas, dos quatro municípios citados no estudo do MAI, apenas Jaboatão chegou a executar obras orientadas pelo projeto. Segundo a coordenadora do Gerenciamento Costeiro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Andrea Olinto, os projetos executivos de Recife, Olinda e Paulista foram entregues pela consultoria CB&I em janeiro de 2013. “Em função da crise financeira mundial tivemos problemas em captar recursos para executarmos os projetos”. Nos primeiros dias do ano, o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos da Prefeitura do Recife, Victor Vieira, indicou que aguardava a assinatura do convênio com o mesmo Ministério da Integração Nacional para realizar a licitação. Até agora as verbas não foram garantidas. A situação de Olinda é bem semelhante. “Com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, o estudo e um projeto executivo para a promoção dessas ações, respeitando as características de cada cidade, já estão prontos. Neste momento, estamos captando recursos para que as obras possam ser executadas”, afirmou em nota a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Olinda. De acordo com o professor do departamento de oceanografia da UFPE, Pedro Pereira, a engorda representaria uma recomposição do ambiente natural que deixou de existir. “O impacto ambiental desse projeto será mínimo. Muito menor que todas as obras que já foram feitas de contenção do mar. Além disso, traria de volta esse ambiente que perdemos ao longo do tempo. Uma recomposição como aconteceu em Jaboatão”. Atualmente, conter o avanço do mar no Recife custa caro para os cofres públicos. São R$ 1,8 milhão investidos por ano para manutenção do trecho em que foi colocado um enrocamento (aglomerado de pedras). Essa barreira é protegida por uma manta submersa que permite que a água do mar passe, mas impede o retorno da areia da praia para o oceano. “Em Boa Viagem esse trabalho de contenção começou com 300 metros e hoje cobre cerca de 4km. O enrocamento não vai acabar com o problema da região. É apenas um paliativo. Será mais agradável ter a areia, a praia de volta do que ter rochas”, avalia. AMPLIAÇÃO. Em sendo executado, o projeto de engorda da praia de Boa Viagem ampliará entre 20 a 40 metros da faixa de areia em cinco quilômetros da orla. O trecho previsto no projeto vai da Avenida Armindo Moura, já nas proximidades com a divisa com Jaboatão dos Guararapes, até a Rua Bruno Veloso. “A implementação desse projeto irá superar o histórico de onerosas e ineficazes obras pontuais já implantadas e vai garantir e restabelecer o potencial de aproximadamente 50km de praia, bem público de uso comum do povo pernambucano, ao longo dos municípios de Jaboatão, Recife, Olinda e Paulista”, indica a coordenadora Andrea Olinto. Ela destaca ainda que o projeto elaborado pelo Estado compreende a alimentação artificial da praia, através da deposição de areia proveniente de jazidas submarinas com características semelhantes às da areia nativa. “É uma prática internacional exitosa, que vem sendo utilizada em diversos países desde a década de 70”, afirma. EXPERIÊNCIAS. As obras de Jaboatão e de Paulista foram bem distintas, segundo os especialistas. Em Jaboatão, a engorda da praia ampliou a faixa de areia entre 30 e 40 metros num trecho de 5,8 quilômetros, seguindo as coordenadas do projeto elaborado pelo Governo do Estado. Abrangendo as praias de Piedade, Barra de Jangada e Candeias, a execução apresentou algumas falhas não previstas (como a fuga de areia em alguns trechos), mas é avaliado com êxito. Foram investidos R$ 41,5 milhões no projeto. Após as obras houve um aumento no número de banhistas e turistas nas praias do município. Em Jaboatão, algumas áreas que antigamente tinham desova de tartaruga, voltaram a receber esses animais. Só em abril do ano passado foi identificado o nascimento de 168 filhotes de tartarugas, na praia de Piedade. A funcionária pública Renata Leite mora em Candeias e viu toda a transformação que aconteceu na praia. “Melhorou 100%. Antes era um paredão de pedra e o mar avançando sobre os prédios. Agora virou praia de novo”, afirma. Foram feitas também intervenções na orla, como a construção do calçadão. Em Paulista os investimentos foram inferiores (na ordem de R$ 28 milhões), mas foi utilizada uma tecnologia muito distinta. Instalou-se uma barreira de concreto que leva o nome de bagwall, que consiste na colocação de sacos biodegradáveis preenchidos com concreto que dissipa a força das ondas. As obras realizaram a contenção do avanço do mar nas praias de Nossa Senhora do Ó, Conceição, Pau Amarelo e Janga. “Com relação a Paulista as obras que foram implementadas não correspondem às orientações para regeneração das praias elaborado pelo Estado. O projeto elaborado pela prefeitura de Paulista é mais uma obra de contenção em estrutura rígida”, diz Andrea Olinto. POPULAÇÃO. A diretora da Associação de Moradores do Pina, Boa Viagem e Setúbal, Maria Cristina Henriques, observa ainda com desconfiança as notícias de engorda da Praia de

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Recife sedia 20ª edição do Festival Nacional da Seresta

O Recife se prepara para se transformar na capital nacional da seresta. É que de 4 a 7 de maio, a cidade sedia a 20ª edição do Festival Nacional da Seresta, na Praça do Arsenal, Bairro do Recife. No palco nomes locais e nacionais prometem encher o bairro histórico de muito romantismo, tais como, Mozart, Augusto César, Trepidant’s, Adilson Ramos, Fernando Mendes, Gilliard, Agnaldo Timóteo e muito mais. Os shows começam diariamente às 20h. O festival conta com o patrocínio da Prefeitura do Recife. Este ano, uma novidade: Vanusa, a cantora que começou a aparecer já no final da Jovem Guarda e fez muito sucesso nos anos 70 como ícone das causas feministas e bastante paparicada pelo grupo LGBT. Vanusa está fazendo uma temporada de bastante sucesso no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, e vem cantar na primeira noite da Seresta. No repertório não podem faltar _“Pra nunca mais chorar”, “Mensagem”, “Manhãs de setembro”, “Eu sobrevivo” _e _“Paralelas”, _sucessos que marcaram a carreira de Vanusa. A programação do festival está dividida por dias temáticos: Noite da Jovem Guarda, Noite dos Anos 70, Noite do Bolero e Noite das Mães. Músicas que se eternizaram na memória do público, como _“Verdes campos da minha terra”, “Aquela nuvem”, “A desconhecida”, “Você não me ensinou a te esquecer”, “Sonhar contigo”, “Mar de rosas”, “Memórias”, “Sentimental demais”, _entre outras, ecoarão pela Praça do Arsenal nos quatro dias de seresta, convidando a platéia a dançar e relembrar bons momentos. A entrada é franca. Confira abaixo a programação: PROGRAMAÇÃO: Quarta-feira, 4 de maio: NOITE DA JOVEM GUARDA 20h00 – Mozart 21h00 – Roberto Carlos Cover 22h30 – Vanusa 24h00 – Almir (ex-Fevers) Quinta-feira, 5 de maio: NOITE DOS ANOS 70 20h00 – Augusto César 21h00 – Som da Terra (no Meio do Mundo) 22h30 – Fernando Mendes 24h00 – Gilliard Sexta-feira, 6 de maio: NOITE DO BOLERO 20h00 – Trepidant’s 21h00 – Altemar Dutra Jr 22h30 – Agnaldo Timóteo 24h00 – Adilson Ramos Sábado, 7 de maio: NOITE DAS MÃES 20h00 – Josildo canta Lupicínio 21h00 – Edilza canta Maysa 22h00 – Leonardo Sullivan 23h00 – Almir canta Capiba 24h00 – Los Cubanos

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Conselhos de John Stott para líderes cristãos

Que problemas jovens líderes cristãos enfrentam? John Stott destacou quatro: desânimo, falta de autodisciplina, conflitos de relacionamento e pouca experiência. Com coração pastoral e sabedoria reconhecida, o teólogo inglês, falecido em 2011, preocupou-se com isso e então refletiu, de forma bem prática, sobre os desafios inclusos na responsabilidade de liderança. Das palestras de Stott para jovens latino-americanos em Quito, em 1985, surgiu Desafios da Liderança Cristã [na época o título era “Desafios del Liderazgo Cristiano”].   Fora de catálogo em português há tempos, agora este precioso livro volta a ficar disponível, desta vez pela Editora Ultimato. Desafios da Liderança Cristã é nosso lançamento de maio. O leitor ainda poderá encontrar no livro depoimentos de dois líderes que foram discipulados por Stott, além de pensamentos do autor inglês sobre ministério, liderança e serviço selecionados pelos editores. Ficha técnica Título: Desafios da Liderança Cristã Autor: John Stott Páginas: 88 Formato: 14x21 Preço: R$ 28,90 -- Sobre o autor - Conhecido no mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista, John Stott é autor de mais de quarenta livros, incluindo A Missão Cristã no Mundo Moderno, A Bíblia Toda, O Ano Todo, Por Que Sou Cristão, O Discípulo Radical, Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos, Para Entender a Bíblia, As Controvérsias de Jesus e o campeão de vendas Cristianismo Básico. Stott foi pastor emérito da All Souls Church, em Londres, e fundador do London Institute for Contemporary Christianity. Foi indicado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo.

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Cultura Nordestina de casa nova

O Centro de Cultura Nordestina Letras e Artes está de endereço novo, no Poço da Panela. A casa ampla e ajardinada mantém as atividades para quem gosta de literatura, mas abriu a oportunidade para novos eventos nos quais até o público infantil é contemplado. A mudança ocorreu graças à parceria que Salete Rêgo Barros – que vem comandando o centro – fez com a psicóloga Krystiane Nunes. “Ela tem um olhar muito voltado para as artes e agora está dividindo a organização comigo, o que tem permitido abrir novas frentes de trabalho”, comemora Salete. Krystiane está animada com a nova função e pretende ampliar ainda mais a proposta do centro de trabalhar a literatura fazendo uma conexão com diversos tipos de arte. “Queremos estimular o olhar para várias formas de expressão artística.” Para quem não conhece, o Centro de Cultura Nordestina Letras e Artes é caracterizado por esse mix de eventos artísticos. Nele funciona uma livraria, uma lanchonete onde se vende delícias da gastronomia pernambucana e uma editora. No local também são realizados vários cursos. A concepção do espaço foi construída aos poucos por Salete. Tudo começou, há cerca de 20 anos, quando sua mãe, a escritora Ivanete Rêgo Barros, publicou um livro por uma editora com tiragem de 8.500 exemplares para ser vendido em todo o País. Como pagamento, ela recebeu um pequeno percentual das vendas. “O valor pago me revoltou, não precisava ser tão baixo”. Foi com esse sentimento de indignação que ela decidiu produzir, por conta própria, no seu computador um outro livro de sua mãe. Foram 50 exemplares. “No lançamento as pessoas ficaram interessadas em lançar seus livros da mesma forma. Pioneiramente, comecei, sem querer, a produzir obras em pequenas tiragens”, ressalta Salete, que de arquiteta passou a militar na área cultural. Surgia assim a Novo Estilo Edições do Autor. “Comecei sem pretensão trabalhando em casa. Fazia 50, 100, 500 exemplares", conta. Até que há quatro anos ela montou a editora no antigo endereço das Graças, onde também criou uma pequena livraria com os títulos que edita e também obras publicadas por outras editoras. A Novo Estilo Edições do Autor diagrama, edita e faz a impressão dos livros e já lançou mais de 400 títulos. Mas ao contrário das editoras tradicionais, o escritor paga pelos serviços, é o dono da sua produção e ele mesmo comercializa. Logo Salete percebeu que seus clientes precisavam de um para local fazer o lançamento e a venda dos livros. Surge então a livraria, na qual as obras são vendidas por consignação e 25% ficam para o espaço. No desenvolvimento do seu trabalho, Salete também notou que seus clientes necessitavam de um certo aperfeiçoamento, por isso, passou a promover cursos para capacitar os escritores. “Oferecemos o curso de Atualização da Língua Portuguesa, com a escritora Ana Maria César, além da Oficina de Criação Literária, com Raimundo Carrero”, informa Salete. Outro destaque é o Laboratório de Expressão Poética e Oratória, com Bernadete Bruto. As capacitações também visam estimular a criatividade trabalhando com imagens: são oferecidos curso de desenho ministrado por Cavani Rosas e de fotografia, com Rinaldo Mafra. O centro também promove sessões de filmes de arte. O espaço oferece ainda o curso de música, com a pianista Fabiana Guimarães, que também coordena o Grupo de Estudos Intuição e Arquétipos no Processo Criativo. Para integrar ainda mais os frequentadores do local, é realizado um sarau literomusical uma vez por mês, com apresentação de músicas e declamação de poesias. “É um espaço de convivência”, resume Salete. SÁBADO. A conquista nova casa, mais espaçosa, garantiu a realização de outros eventos. Uma das novidades é o Café com Cordel, que acontece todos os sábados a partir das 8h. “Oferecemos um café regional e o cordelista Ismael Gaião convida outros cordelistas para recitar”, informa Salete. Logo depois é a vez da garotada se deliciar com a contação de história comandada por Vera Nóbrega. No quintal cheio de esculturas e plantas, as crianças encenam os contos, como se fosse um teatro. Também vão acontecer debates literários coordenados por Edgar Mendes Nunes, nos quais um escritores pernambucano terá sua obra debatida por dois dois especialistas com pontos de vista diferentes. Outra novidade é o Curso de Fotografia no Celular, ministrado por Rinaldo Mafra. “Ele ensina a utilizar os recursos do celular que a gente desconhece, mas que ajuda na qualidade da foto”, explica Krystine. E para os que curtem um pé de serra, na última terça-feira do mês acontece o Forrozando, comandado por Nerynho do Forró.

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Diversidade é pouco entendida nas empresas

Impulsionada pelas políticas de inclusão, pela força de movimentos como o feminista, negro e LGBT, além da mobilidade de profissionais tanto nas diversas regiões quanto entre países, a diversidade também chegou ao mundo corporativo. E as organizações só têm a ganhar, seja melhorando seu clima organizacional e até a sua imagem, seja conquistando um ambiente propício à inovação. Mas empresas pernambucanas ainda não atentaram para essa realidade, como mostra recente edição da sondagem Termômetro ÁgilisRH. A começar pelo conceito de diversidade, que não é bem compreendido. Tanto que a definição que teve o maior percentual de respostas na pesquisa foi “ter na equipe pessoas com formações e história profissional diversas”. Na verdade, o termo engloba indivíduos de diferentes idades, etnia/raça, credo, gênero, local de origem, orientações sexuais, necessidades específicas, estilo e até o passado pessoal. “A dificuldade em lidar com esse tema é um reflexo de como é complexo para a sociedade conviver com as diferenças”, salienta Carolina Holanda, sócia da ÁgilisRH, consultoria que realizou a pesquisa. Para mudar esse contexto, segundo a especialista, torna-se necessária a decisão do gestor para implantar uma política de gestão voltada para a inclusão. “A diversidade só começa a ser de fato instalada, quando ela é um valor da organização. Isso dificilmente parte da equipe, mas ter uma política de gestão da diversidade pode ser um diferencial para as organizações"”, adverte Eline Nascimento, também sócia da ÁgilisRH e coordenadora da pesquisa. A sondagem, porém, mostrou que dos 159 entrevistados, apenas 10,1% adotam políticas específicas. Por isso foram constatadas várias lacunas na gestão das empresas para promover a inclusão dos diferentes. Um exemplo é o fato de que apenas 5,7% dos entrevistados oferecerem apoio para a adaptação de funcionários oriundos de outras regiões ou nações. Quanto ao gênero, 30,8% afirmaram estabelecer remuneração equitativa para funcionários de ambos os sexos com a mesma competência. A realidade em todo o mundo mostra que essa equidade está longe de ser estabelecida. “O estudo Women at Work da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que as oportunidades e a remuneração ainda são menores para as trabalhadoras , revela Eline. A pesquisa da OIT projeta também que no ritmo em que essa equiparação evolui serão necessários 70 anos para eliminar as diferenças de renumeração entre homens e mulheres. OBRIGAÇÃO. Os resultados da sondagem não surpreendeu a profissional de RH Simone Borba. Muitas empresas, segunda ela, concebem a diversidade apenas em relação às pessoas com necessidades específicas. Isso ocorre devido à Lei 8213, que define cotas para a admissão desses indivíduos nas organizações. “Essa não é uma demanda da empresa, é um assunto pouco discutido, mesmo nos grupos de RH. E a contratação de pessoas com deficiência é encarada como uma imposição”, constata. Uma realidade conhecida por Manuel Aguiar, que é cego e vivenciou dificuldades no trabalho. Hoje ele atua como consultor para ajudar as empresas a realizar programas de acessibilidade e inclusão. A indisposição dos gestores em contratar pessoas com necessidades específicas, diz Aguiar, baseia-se na ideia de que elas não são capacitadas para assumir um cargo. “Isso é meia verdade”, refuta. “O site do MEC informa um imenso número de pessoas com necessidades específicas com graduação, mestrado e doutorado”. Essa é uma das razões que levou Aguiar a usar o termo “pessoas com necessidades específicas” e não “com deficiência”. “No dicionário um deficiente é um inválido, um incapaz”, justifica. A capacitação desses trabalhadores é outro problema, já que na visão empresarial vigente, essa é uma responsabilidade exclusiva do governo, por isso não se propõem a capacitar. "O resultado desse cenário é que existem 350 mil pessoas com necessidades específicas no mercado de trabalho no País, o que representa apenas um terço do total de 1,2 milhão de vagas reservadas de pela lei de “cotas” para esses trabalhadores", revela Aguiar. E quando finalmente a pessoa com necessidade específica consegue um emprego tem que enfrentar outros obstáculos. É comum, segundo Aguiar, elas realizarem funções que estão abaixo da sua capacidade. Isso ocorre, muitas vezes, porque a empresa não investe nas chamadas tecnologias assistivas, que ampliam as habilidades funcionais desses funcionários. Um exemplo são softwares que permitem a cegos o uso de computadores. Outra barreira está no ambiente de trabalho que não é adaptado. “Um cadeirante tem que ter rampas na entrada da empresa, no ambulatório, no refeitório, no no centro de treinamento, etc. Há empresas que fazem apenas a adequação da baia onde o funcionário trabalha”, exemplifica Aguiar. Existe, portanto, muito desconhecimento por parte das empresas sobre a diversidade. Mas elas têm muito a ganhar se trabalharem o assunto. “Quando se sentem bem, os funcionários dão o melhor de si, o compromisso é maior onde sentem que são respeitados”, ressalta Simone. Há benefícios também para o clima organizacional, que se torna mais cooperativo e para o estímulo à inovação, já que a coexistência de pessoas diferentes pode gerar ideias criativas no trabalho. Sem falar nas vantagens para a imagem da empresa como uma organização sustentável que respeita as diferenças. “Isso proporciona uma maior identificação do consumidor com a marca”, garante Carolina. Um dado interesse mostrado pelo Termômetro Ágilis RH é que os entrevistados conhecem na teoria esses benefícios. Basta então partirem para a prática.

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Visita ao Jardim do Baobá (Abril/2016)

Na última semana de março tive a grande satisfação de participar do lançamento da pedra fundamental do Parque Capibaribe no seu “marco zero” que é o Jardim do Baobá em Ponte D’Uchoa, por trás do Restaurante PapaCapim. Um fim de tarde agradável, num lugar fantástico, dando início físico (com a ordem de serviço para começo da obra de qualificação do local) ao parque que tem o poder de transformar para sempre a cidade ao promover o seu reencontro com o Rio Capibaribe e, com isso, uma revolução urbanística radical no Recife. Trata-se de uma importante vitória de um movimento que começou em 2012 com o projeto O Recife de que Precisamos do Observatório do Recife, apoiado editorialmente pela Revista Algomais. Uma das cinco proposições do projeto para o Recife, apresentadas a todos os candidatos a prefeito e incorporadas pelo prefeito eleito Geraldo Julio no seu programa de governo, foi a recuperação do Capibaribe e a transformação de suas margens num parque de 15 km de extensão (da Várzea ao centro da cidade). As outras proposições foram, pela ordem: (1) retomada do controle urbano; (2) retomada do planejamento de longo prazo; (3) destravamento da mobilidade; (4) recuperação do centro da cidade. Uma vez adotado o projeto do rio pela nova administração municipal, o passo seguinte foi a celebração de um convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente e a Universidade Federal de Pernambuco por intermédio do InCiti (Instituto de Pesquisa e Inovação para as Cidades). Depois que o grupo de pesquisa transdisciplinar começou a trabalhar, descobriu-se o enorme potencial de regeneração urbanística que o Capibaribe tem para a cidade do Recife. Um verdadeiro “ovo de Colombo” capaz até de, em 20 anos, transformar a nossa capital numa cidade-parque. Parabéns ao prefeito Geraldo Julio que compreendeu a importância do projeto e o patrocina, à secretária de Meio Ambiente Cida Pedrosa e a Romero Pereira, secretário-adjunto, que tocam bravamente o convênio pela prefeitura, aos arquitetos e urbanistas Circe Monteiro, Luiz Viera e Roberto Montezuma, professores da UFPE e coordenadores técnicos, além da abnegada equipe do Parque Capibaribe. Mais do que isso, parabéns ao Recife que ganha um projeto redentor. Falta agora o cidadão recifense conhecer o parque visitando o nascente Jardim do Baobá. Vamos lá!

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O pernambucano que alegrou o RJ (Abril/2016)

Nenhuma empresa, ou país, ou cidade, ou pessoa, nada, enfim, se desenvolve enclausurada em si mesma. Pernambuco, por exemplo, tem muito dos seus feitos lastreados em mulheres e homens vindos de outros Estados, que aqui se fixaram. É a troca de saberes com que todos ganham. É como ensina o provérbio chinês: “Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com um pão, e, ao se encontrarem, trocam os pães, cada um vai embora com um pão. Já se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com uma ideia, e, ao se encontrarem, trocam as ideias, cada um vai embora com duas ideias”. Pernambuco, pois, tanto quanto recebeu também já deu ao Brasil mulheres e homens excepcionais, e Pedro Ernesto foi um deles. Tenha o prazer de conhecer esse pernambucano especial. Nascido no Recife, estudou medicina no Rio de Janeiro, então a capital do Brasil, onde se fez, além de grande cirurgião, um político admirado. Tanto, aliás, que foi prefeito do Rio de Janeiro duas vezes, a primeira de setembro de 1931 a outubro de 1934, e a seguinte de abril de 1935 a abril de 1936. Chegou a ser cotado para a presidência da República, mas antes de postular o cargo foi preso, por motivos que você conhecerá mais adiante. Como prefeito, foi considerado um dos maiores benfeitores das escolas de samba, mas não suponha que, nascido no compasso do frevo, haja ele vivido na cadência do samba. Ele marcou seu governo por atenção especial à saúde e à educação. Combateu o elitismo do ensino da época, democratizando-o com a construção de dezenas de escolas, e concluiu as obras dos hospitais Getúlio Vargas, Carlos Chagas e Miguel Couto. Sua vida, contudo, tão plena de sucesso, também enfrentou atribulações. Em 1922, conspirou contra o governo federal, embora sem participação direta no levante do Forte de Copacabana, que deflagrou as revoltas tenentistas. Em 1924, participou de novas articulações contra o governo federal, chegando a ser preso por alguns dias. Em 1930, participou ativamente da deposição do presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes, candidato eleito naquela disputa. No início de 1933, participou da fundação do Partido Autonomista do Distrito Federal, cujo principal ponto programático era a luta pela autonomia política da cidade do Rio de Janeiro, a capital da República. No ano seguinte, obtida ampla vitória nas eleições para a Câmara Municipal carioca, elegeu-se prefeito do Rio de Janeiro, o primeiro governante eleito da história da cidade, ainda que de forma indireta. Em 1935, aproximou-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização antifascista e anti-imperialista, que reunia comunistas, socialistas e tenentes de esquerda. Em julho daquele ano, Pedro Ernesto protestou energicamente contra o fechamento da Aliança, decretado pelo governo federal, e denunciou a articulação de um golpe pelas forças conservadoras. Foi acusado de ter participado das conspirações levadas a cabo por setores da ANL, que levaram à deflagração, em novembro daquele ano, de insurreições armadas em Natal, Recife e Rio de Janeiro. Conquanto haja, efetivamente, sido assediado para participar da revolta pelo líder comunista Luís Carlos Prestes, principal líder do movimento, seu papel naqueles acontecimentos jamais ficou esclarecido. Em abril do ano seguinte, foi preso e afastado da prefeitura carioca, permanecendo confinado por mais de um ano, vindo a ser solto, em setembro de 1937, quando foi alvo de entusiásticas manifestações populares. Naquela ocasião, pronunciou inflamado discurso contra o governo federal e declarou seu apoio integral à candidatura à Presidência do governador paulista Armando de Sales Oliveira. As eleições, no entanto, não se realizaram, em virtude do golpe de estado decretado por Getúlio Vargas, em novembro de 1937, parindo a ditadura do Estado Novo. Revolucionário em 1922, 1926 e 1930, Pedro Ernesto era apelidado de "Mãe dos Tenentes", pelo respeito e admiração que nutriam por ele, além de ser seu médico. Pois foi exatamente por imposição dos tenentes, que Getúlio Vargas nomeou Pedro Ernesto prefeito-interventor do então Distrito Federal e, com a força conquistada por uma administração popular e humanista, ele fundou o Partido Autonomista, vencedor das eleições municipais de 3 de maio de 1935, obtendo a esmagadora maioria de 18 dos 20 vereadores eleitos. Com base na legislação da época, então, como vereador mais votado, Pedro Ernesto foi aclamado prefeito, dando continuidade à sua gestão. Ocorre que o frutuoso trabalho do prefeito multiplicou a sua popularidade, que já era significativa, levando-a a um patamar assustador para os adversários políticos, não só os grupos de direita. Os de esquerda, igualmente viam naquele pernambucano uma força política crescendo nacionalmente, capaz de, como tal, se tornar um forte concorrente à preferência das urnas. Caso isso ocorresse, seriam prejudicados os planos que visavam à manutenção de Getúlio Vargas no poder. Além do mais, Pedro Ernesto era um inovador, inclusive na formação da sua imagem. Para incutir na população o conceito do “médico bondoso”, ele utilizava – um avanço naquela época -- o rádio, meio efetivo para atingir especialmente os analfabetos, que votavam, mas não tinham como ler e compreender a propaganda veiculada nos jornais. Outro indicador da criatividade de Pedro Ernesto foi a PRD5. Antes mesmo de Getúlio Vargas criar a Hora do Brasil em 1934, ele já se valia de uma emissora educacional da Secretaria de Instrução Pública, para veicular notícias sobre os serviços oferecidos pela prefeitura. A emissora se tornou um veículo de divulgação do nome de Pedro Ernesto durante sua campanha nas eleições municipais de 1934, demonstrando que o prefeito era um homem de visão privilegiada, inclusive na propaganda política. Em síntese, Pedro Ernesto foi, sobretudo, um lutador, um homem que arrostou as intempéries que a vida oferece. Por sua administração eminentemente popular e pelo combate ao fascismo dos países do Eixo (a Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini), por exemplo, sofreu cruenta campanha anticomunista, embora ele não se considerasse como tal. Assim, além de ser preso, em 1936, foi afastado da prefeitura e teve cassada sua patente de coronel-médico da reserva do Exército. Foi absolvido pelo Supremo Tribunal Militar, em 13

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Meu primeiro encontro com Florbela (abril/2016)

Lisboa, tarde fria de janeiro de 2014. Após alguns imperiais no Ramiro, seguimos a pé, sem destino, rumo às ruas do Chiado. Na companhia de dois amigos que, após poucos minutos de caminhada, cansados, sentaram num café para apreciar um charuto. Em frente, uma livraria. Deixei-os lá entregues ao prazer do tabaco e entrei ali, onde dentro de instantes - ela e eu - nos conheceríamos. Mexi e baguncei tudo o que via pela frente. Não havia orado pelo encontro. Nenhuma reza especial havia feito. Mas dei sorte. Ou seria destino? Bati o olho numa estante lá no fundo da livraria. Pareciam livros fora do circuito. Foi místico. Vi uma coisinha sem cor, meio bege, meio apagada, magrinha, sem graça, sem atrativo. Era ele, o livro. Era (d)ela: Florbela Espanca. Quando li seu nome na capa sabia que já tinha ouvido falar, mas não sabia quando, onde e como. Envergonha-me, hoje, isso. O fato é que não a conhecia, seja superficialmente, seja profundamente. Aquele era realmente nosso primeiro encontro. Danei-me a folhear. Sentei-me ao chão. Fiquei boquiaberto com o que lia. Estava golpeado. Não acreditava. O poder daquela poesia densa, amarga, triste, erótica e egocêntrica, nocauteou-me. Não conseguia parar de ler. Como uma mulher pode ter escrito tudo isso no início do século passado? Florbela me atingiu como um raio. Tudo o que escreveu fez com a alma. Emociona-me a cada encontro. Conheço sua obra há apenas dois anos. Ainda estou a conhecer, na verdade. Sua vida conturbada talvez tenha sido o motor de tanta crueldade nas palavras. Escrevia sem autopiedade. Numa sociedade patriarcal foi corajosa e à frente do seu tempo. Amo Florbela. Às vezes quero encontrá-la, beijá-la, abraçá-la. Nosso primeiro encontro foi inesquecível. Tenho pena, raiva, amor, curiosidade e tesão pela flor, que é bela, e que espanca minha alma com tanto sentimento. Farei uma visita ao seu túmulo este mês, na Vila Viçosa, Portugal, onde nasceu e foi enterrada. Eis uma das várias obras-primas da poetisa alentejana: Fanatismo Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida. Meus olhos andam cegos de te ver. Não és sequer razão do meu viver Pois que tu és já toda a minha vida! Não vejo nada assim enlouquecida. Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida!… “Tudo no mundo é frágil, tudo passa. Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros: “Ah! podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

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Águas subterrâneas do Recife sob ameaça

Em 30 anos, os poços usados para abastecimento da maioria dos prédios de Boa Viagem devem estar salinizados. Essa é a revelação de um estudo realizado pelo Projeto Coqueiral, tocado por 40 pesquisadores de sete instituições, que apontou o mau uso das águas subterrâneas da capital pernambucana. Num cenário de um prazo mais distante, considerando as mudanças climáticas em curso, essa pesquisa indicou que o nível do mar da orla recifense subirá em 80 centímetros – colocando toda a orla debaixo d´água – e o volume de chuvas na região deve cair em 20%, além de uma elevação da temperatura de até 3°C. De acordo com o professor Ricardo Hirata, do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (Cepas-USP) do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, o Recife é uma das cidades do País com maior concentração de poços artesianos ou tubulares. Seriam em torno de 12 a 14 mil. Como esse cenário é antigo, vários outros estudos já indicavam esse uso excessivo das águas subterrâneas. No entanto, com acesso a novas tecnologias disponíveis, os especialistas fizeram novas descobertas sobre a situação dos aquíferos da cidade. As novidades nesse panorama se deram pelas dificuldades de abastecimento da cidade. “Devido a uma série de problemas de falta d'água no Recife, no final da década de 90 houve uma explosão de perfuração de novos poços. Milhares. Sobretudo na região mais capitalizada, na área sul. Esse é um território que tem um tipo de geologia em que a camada produtora de água não é muito espessa, que é adequada para atender condomínios e prédios”, explica. Diferente disso, na zona norte, o aquífero é mais profundo. Aconteceu que o mau uso dos poços terminou por salinizar essas águas muito rapidamente. Isso ocorreu porque a área mais superficial do aquífero foi perdida porque a água do mar começou a entrar nela. Então houve investimentos para buscar água em poços mais profundos, entre 70, 100 ou até 150 metros. Hoje há milhares de poços nessa situação, segundo a pesquisa. O estudo identificou que esse aquífero mais profundo, apesar da perfuração desordenada, permanece sem contaminação. “Existem várias camadas de argila que tem capacidade de protegê-lo”, diz Hirata. Se essa é uma boa notícia, o alerta fica para o futuro. Não muito distante, por sinal. Se forem mantidas as extrações de água de hoje na linha de costa esses poços serão salinizados e a água ficará salgada em 20 ou 30 anos. “Milhares de poços foram perfurados sem respeito aos critérios técnicos e sem controle por parte da administração pública. Não me refiro apenas a poços de pouca profundidade nos bairros pobres, mas também a poços tubulares de mais de 100 metros, em condomínios ricos como os dos bairros de Boa Viagem e Pina. Em consequência disso, os aquíferos encontram-se agora seriamente ameaçados, com intrusão de água do mar. Se persistir o ritmo atual de bombeamento, os aquíferos poderão estar irremediavelmente perdidos por volta de 2035”, prosseguiu o pesquisador. Hirata indica que a solução estaria por uma melhor gestão do controle das águas subterrâneas. No entanto, como esse fenômeno aconteceu na ilegalidade, esse gerenciamento por parte do poder público foi dificultado nos últimos anos. FUTURO. Usando tecnologias mais avançadas para estudar o clima e as águas da Região Metropolitana do Recife, a pequisa realizou algumas projeções para o Grande Recife. “No ano de 2100 o nível do mar subirá em cerca de 80 cm, com isso toda a orla atualmente estaria debaixo d'água. Além disso, irá chover menos, com isso teremos períodos secos mais repetitivos”, apontou Ricardo Hirata. O estudo é realizado no âmbito de um acordo mantido pela Fundação de Amparo à Pesquisa em São Paulo (Fapesp) com a Fundação de Amparo à Pesquisa de Pernambuco (Facepe) e a Agence Nationale de la Recherche (ANR), da França. O Projeto Coqueiral teve início em 2012 e foi realizado por pesquisadores do Brasil e da França, que alia a proteção ambiental ao planejamento de gestão das águas subterrâneas. Com um investimento de mais de R$ 4 milhões, a análise foi coordenada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, e pelo Bureau de Recherches Géologiques et Minières (BRGM), na França. A pesquisa contou, também, com a colaboração da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e das universidades francesas Lille 3 e Rennes 1, além da parceria privada da Géo-Hyd, empresa de gestão de recursos naturais e sistemas de informação. (Por Rafael Dantas)

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