Arquivos Artigos - Página 5 de 18 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Um exemplo perto de nós e viável para nosso povo

*Por Débora Almeida A minha experiência na Colômbia, conhecendo as cidades de Bogotá e Medellín, mostra a importância e o bom exemplo da gestão pública atuando na qualidade de vida das pessoas. Fica claro a existência da preocupação com a segurança, mas sem esquecer social. Um dos lemas mais falados por lá é que o “o melhor deve ser para os mais pobres” e que se não se consegue acabar com a pobreza os gestores devem focar em dar mais dignidade para as pessoas. Conhecemos uma série de iniciativas com que visam diminuir a violência e garantir uma vida melhor para as pessoas, chamou a atenção os complexos estruturados que são repletos de atividades culturais e esportivas, tudo isso integrado a um sistema de transporte público eficiente com teleféricos, BRTs, metrô e ônibus. Ficou claro, nas nossas reuniões com os gestores públicos colombianos, que a diminuição dos índices de violência é resultado dessas ações voltadas para o social, educação e segurança. Tudo isso gera uma sensação de pertencimento das pessoas e cuidam dos equipamentos instalados nas cidades. A insegurança pode ser combatida com o estímulo à convivência social, pois quanto maior o número de pessoas na rua, mais segura a cidade se torna. Por isso, uma das medidas de combate à violência adotadas na Colômbia foram, justamente, a criação de espaços de convivência e não o aumento do policiamento. Portanto, a pacificação se deu também por meio do urbanismo social, que propôs intervenções a fim de fomentar o convívio entre as pessoas e mudar a relação da população com a cidade. A partir disso, foi possível criar um ambiente seguro para todos os moradores de locais antes considerados violentos e perigosos. Graças às mudanças, Medellín é um exemplo dos resultados alcançados com o número de homicídios na cidade despencando com o passar dos anos. No início dos anos 1990, a taxa de homicídio era de 360 por 100 mil habitantes. Caindo para 160 por 100 mil habitantes em 2000 para 35,3 em 2005. Manteve-se nesse patamar nos três anos seguintes, mas em 2009 voltou a crescer, chegando a 94 mortes por 100 mil habitantes. Nos quatro anos seguintes, caiu novamente: 86 (em 2010), 69,6 (em 2011), 52 (em 2012) e 38 (em 2013). E seguiu reduzindo, com 14 mortes em 2020. Por trás das soluções implementadas nas favelas da cidade, há também importantes acordos com a população, com as empresas envolvidas e com o terceiro setor. Para definir esses pactos de convivência, de uso e de cidadania, todos esses atores são reunidos e, assim, dialogam e formalizam o comprometimento. Além disso, para lembrar os moradores desses pactos, frases relacionadas ficam expostas em diversos lugares da comunidade. Essa ação tem o intuito de provocar uma verdadeira transformação da cultura do local e, consequentemente, fomentar a transformação social. Ficou a lição que precisamos parar de olhar o mapa da cidade para aplicar políticas baseadas em áreas. É importante ver os indicadores por bairro e ouvir suas necessidades. É preciso reconhecer, valorizar e potencializar o que há em cada território. Quais são os bairros mais violentos? O que eles precisam? A transformação lá não foi só urbana, mas cultural. Qualificar o serviço público não é só uma questão estética, mas também ética. Ficamos muito felizes com que vimos e com as nossas conversas com a população. Na nossa bagagem de volta ao Brasil ficou que é possível atuar com foco nas pessoas, todos que interagiram comigo comentavam o espanto e a falta de conhecimento desta realidade. Tudo é possível se trabalharmos com força, foco e vontade. Vamos juntos mudar essa realidade. Por Debora Almeida, deputada estadual (PSDB) e duas vezes prefeita de São Bento do Una

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A importância dos contratos relacionados à propriedade intelectual

*Por Gustavo Escobar A propriedade intelectual (PI) é uma chave mestra da economia contemporânea, salvaguardando criações oriundas do engenho humano. Estas criações, protegidas por diversas legislações ao redor do mundo, incluem invenções (protegidas por patentes), marcas, designs industriais, segredos de negócio, direitos autorais (que protegem obras literárias, artísticas, musicais, cinematográficas e software) e direitos conexos (como os direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores de fonogramas e dos organismos de radiodifusão). A multiplicidade e diversidade de objetos protegidos por PI realça sua importância no cenário econômico e cultural global.  Neste cenário, os contratos emergem como ferramentas indispensáveis para garantir que os direitos associados à PI sejam devidamente tratados e respeitados, como a segurança jurídica - um contrato bem redigido proporciona estabilidade e clareza sobre os direitos e deveres de cada parte envolvida, reduzindo a ambiguidade e potenciais conflitos. Por exemplo, em acordos de coautoria para uma obra literária, um contrato específico pode determinar quem detém os direitos de adaptação cinematográfica, minimizando disputas futuras. Outro ponto é sobre transferência e licenciamento - os contratos permitem que os direitos de PI sejam transferidos ou licenciados. Considere o caso da indústria farmacêutica: uma empresa pode desenvolver uma nova droga e licenciá-la para produção e distribuição por outra empresa, recebendo royalties sobre as vendas. Isso facilita a entrada de produtos no mercado e a recuperação de investimentos em pesquisa. Já um ativo intangível bem protegido por contratos pode aumentar o valor de mercado de uma empresa. Por exemplo, marcas valiosas, como “Apple” ou “Coca-Cola”, são ativos que, respaldados por contratos de licenciamento, podem gerar receitas substanciais. Contratos de PI também podem estabelecer cláusulas de confidencialidade, protegendo informações vitais de serem divulgadas. Em setores como o de tecnologia, onde o segredo industrial é crucial, um contrato pode prevenir que inovações sejam copiadas ou vazadas antes do lançamento oficial. Acordos de PI, como parcerias de pesquisa entre universidades e empresas, incentivam a cooperação. Por exemplo, uma universidade pode descobrir uma nova tecnologia, enquanto uma empresa possui a infraestrutura para comercializá-la. Um contrato bem elaborado beneficia ambas as partes, garantindo a partilha equitativa dos lucros e a continuidade da pesquisa. Outro ponto muito importante é sobre adaptação a diferentes jurisdições. Dada a natureza global da economia, é comum que contratos de PI envolvam partes de diferentes países. Tais contratos devem considerar as particularidades legais de cada jurisdição. Por exemplo, o regime de patentes pode variar entre países, e um contrato internacional deve abordar essas nuances para evitar litígios. Dessa forma, em um mundo onde a inovação é rapidamente convertida em capital, garantir os direitos de propriedade intelectual através de contratos robustos é essencial. Tais documentos não apenas protegem criações, mas também facilitam a colaboração, a comercialização e a expansão de fronteiras, consolidando a propriedade intelectual como o coração pulsante da economia moderna. * Gustavo Escobar é Advogado especialista em Propriedade Intelectual, Direito Empresarial e Proteção de Dados, sócio da Escobar Advocacia.

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Palestina X Israel: duas narrativas e um conflito

*Por Tiago Lima A atual guerra entre a Palestina e Israel é um conflito complexo e de longa data que requer uma análise cuidadosa dos diversos aspectos envolvidos. Primeiramente, é fundamental ressaltar a importância da imparcialidade da imprensa, principalmente a ocidental, na cobertura desse conflito. A cobertura jornalística deve buscar apresentar os fatos de maneira equilibrada, sem viés, para que o público possa formar sua própria opinião. É crucial compreender que tanto a Palestina quanto Israel têm suas próprias narrativas e responsabilidades nesse conflito. A Palestina não deve ser automaticamente vista como a vilã, pois Israel também tem sua parcela de responsabilidade em ações que geram sofrimento para a população palestina. No entanto, é importante reconhecer que Israel é famosa por seu desenvolvimento de sistemas de defesa de última geração, o que lhe confere uma vantagem significativa em termos de poder de fogo em comparação com o Hamas. No sábado (07), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez declarações abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos cantos da faixa”. Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza não tem para onde correr. O Hamas, por sua vez, é um grupo extremista que detém o poder na Faixa de Gaza desde 2006 e busca a destruição do Estado de Israel. É fundamental ressaltar que a maioria dos integrantes do Hamas é de palestinos, mas isso não implica que todo palestino seja membro desse grupo. Confundir os palestinos com o Hamas é o equivalente a generalizar todos os afegãos como membros da Al-Qaeda. Os conflitos persistentes na região, apesar das interferências da comunidade internacional e das tentativas de manutenção da paz, abriram espaço para o fortalecimento do Hamas. Recentemente, lideranças do grupo anunciaram uma grande operação de retomada de território, lançando milhares de foguetes contra Israel, causando estragos em várias cidades. A terra que é frequentemente chamada de "Terra Santa" tem um valor espiritual significativo para várias religiões e é um ponto central para a identidade de muitos. No entanto, essa designação não garante a paz, e ambos os lados têm uma história de disputas territoriais e reivindicações legítimas. É importante destacar que a população palestina vive sob constante ameaça e ataques por parte de Israel, o que a impede de viver em paz. Nesse contexto, a mídia muitas vezes tende a retratar a Palestina como a vilã apenas quando ela revida, o que contribui para uma visão unilateral da situação. Não há um lado certo nesse conflito, mas é essencial mostrar os dois lados da moeda para uma compreensão completa. É importante que a comunidade internacional continue a buscar soluções diplomáticas para esse conflito de longa data, visando a segurança e a paz para ambas as partes envolvidas. A atual situação na região é um lembrete de que a paz no Oriente Médio é um desafio complexo e que requer esforços persistentes de todas as partes interessadas. Tiago Lima Carvalho é Bacharel em relações internacionais e Especialista em Direito Internacional

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Os rios que eu encontro vão seguindo comigo (por Bruno Bezerra)

Muitas pessoas costumam falar que o rio corta a cidade, quando na verdade, ele não corta a cidade. O que ocorre é que, ou cidade abraça ou a cidade sufoca o rio. E isso acontece pelo simples fato de que ele já estava naquele lugar bem antes da cidade. O Recife durante um bom tempo abraçou o rio Capibaribe. Entretanto, com um crescimento acelerado, o Recife passou a sufocar o Capibaribe. O mestre Ariano Suassuna certa vez escreveu: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Sem fugir da realidade, uma luz de esperança surgiu na margem esquerda do Capibaribe. Era o extraordinário Projeto Parque Capibaribe, que nasceu com o propósito de reintegrar o rio e a cidade do Recife. No primeiro momento, uma experiência que logo se mostrou exitosa, nascia o Jardim do Baobá, uma pequena área, uma espécie de degustação, com a incrível capacidade de mostrar todo o poder de transformação do projeto. Há pouco tempo, uma nova etapa do Parque Capibaribe começou a sair do papel, mais uma importante intervenção. Nascia assim o Parque das Graças, que transformou uma das áreas mais degradadas do trecho urbano do rio Capibaribe em um ambiente agradável, com a magia de reestabelecer a integração do rio com aquela parte da cidade. O Parque das Graças descortinou o Capibaribe e criou uma preciosa oportunidade para as pessoas encontrarem o rio. Isso me fez lembrar o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, que cravou em um poema Os rios que eu encontro vão seguindo comigo. Seguindo as pegadas poéticas de João Cabral, é fundamental engajar as escolas (públicas e privadas) com o projeto Parque Capibaribe, para criar novas oportunidades lúdicas de encontros, que possam semear e cultivar a sustentabilidade no coração dos alunos, mostrando a importância socioambiental de cuidar do rio, para que possamos, desde muito cedo, conectar as crianças com o rio, como afluentes límpidos que avivam o Capibaribe. Como resultado já no curto prazo, teremos de maneira perene e impactante, a garotada educando os adultos. O Capibaribe é, literalmente, o rio das capivaras. O projeto Parque Capibaribe deve ser também uma excelente oportunidade para que possamos discutir e melhorar a relação entre humanos e capivaras no Recife. Segundo alguns biólogos, preservar a vegetação nativa de margens de rios e cursos de água, deixar as gramas de praças e parques sempre baixas, para que não virem um atrativo para as capivaras, e a construção de muretas em áreas em que elas correm perigo são medidas apropriadas para o manejo na zona urbana. Além da colocação de placas, alertando a população sobre a presença das capivaras e orientando para não incomodar ou se aproximar dos animais. O projeto Parque Capibaribe precisa cumprir sua missão no Recife e crescer, ganhar musculatura para subir firme e forte da foz até a nascente do Capibaribe na serra do Jacarará, localizada no município de Poção, Agreste Pernambucano. Tudo com a mesma determinação de um peixe que sobe um rio no período da piracema para garantir a reprodução da espécie. O projeto Parque Capibaribe precisa seguir recuperando áreas degradadas e reintegrando o rio com todas as cidades banhadas por ele. Eu acredito que a essência do projeto Parque Capibaribe é criar oportunidades para que as pessoas encontrem o rio Capibaribe, criando assim um encantamento capaz de gerar uma sagrada simbiose com o poder de formar uma nova geração comprometida com o resgate do Capibaribe e com uma cidade melhor, mais humana e ambientalmente responsável. Bruno Bezerra É administrador de empresas, atual presidente da CDL Santa Cruz do Capibaribe-PE e coordenador do projeto socioambiental Bichos da Caatinga. Foto de abertura: Márcio Cabral de Moura

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Inteligência Artificial descobre traição! Reflexões sobre o Impacto da tecnologia

*Por Rafael Toscano Nos dias atuais, a tecnologia e a inteligência artificial (IA) têm se entrelaçado de maneira notável, redefinindo a maneira como vivemos e nos relacionamos. Uma história recente ilustra esse impacto de forma surpreendente: uma jovem utilizou IA para investigar uma possível traição em seu relacionamento, revelando não apenas uma mudança no panorama das relações pessoais, mas também ressaltando a influência crescente da IA em nossas vidas cotidianas. No centro dessa narrativa intrigante está a influenciadora digital Mia Dio, que suspeitava da infidelidade de seu parceiro. Em vez de recorrer aos métodos tradicionais de investigação, ela se voltou para a tecnologia e a IA para obter respostas. No artigo publicado no portal de notícias "UOL Tilt", datado de 9 de agosto de 2023, detalhes sobre o enredo se desdobram. Mia decidiu “clonar” a voz de seu namorado por IA, que aliás, custou só U$ 4 dólares, e mandou uma mensagem para um amigo dele insinuando um ato de traição. A isca foi certeira, o amigo confirmou a traição e o namorado foi pego! Se, antigamente, dependeríamos de nossa intuição, de conversas difíceis ou de contratar detetives particulares, hoje temos ao nosso dispor ferramentas poderosas que podem processar vastas quantidades de dados em questão de segundos, inclusive com a capacidade de aprender e reproduzir com precisão as complexas características da voz humana. Contudo, essa história também levanta importantes questionamentos éticos. Até que ponto é justificável invadir a privacidade de outra pessoa, mesmo que em busca da verdade? A linha entre o uso responsável da tecnologia e a violação dos direitos individuais é tênue, e a narrativa reflete o dilema crescente enfrentado por uma sociedade cada vez mais conectada digitalmente. Além disso, a história destaca como a IA está moldando a maneira como entendemos e interpretamos informações. Algoritmos de análise de sentimento podem identificar emoções em textos e mensagens, e isso tem implicações não apenas em investigações pessoais, mas também no mundo dos negócios e da política, por exemplo. Imagine uma IA analisando discursos de líderes políticos para avaliar o clima emocional do público ou avaliando a satisfação do cliente com base em avaliações online. A IA não apenas coleta dados, mas também os interpreta de maneiras que antes eram inimagináveis. Em última análise, a história acima nos leva a uma reflexão profunda sobre o papel da IA em nossas vidas e sociedade. Enquanto celebramos os avanços tecnológicos que tornam nossas vidas mais convenientes e eficientes, não podemos deixar de considerar os dilemas éticos e as mudanças nas dinâmicas interpessoais que essas tecnologias promovem. A IA está, sem dúvida, transformando nossas vidas de maneiras surpreendentes, mas é nossa responsabilidade avaliar constantemente como essas mudanças impactam nossa humanidade e os valores que consideramos essenciais para um futuro equilibrado e ético. Num mundo onde as ferramentas tecnológicas podem antecipar e mitigar conflitos, mas também podem contribuir para a erosão da confiança mútua. À medida que nos voltamos cada vez mais para algoritmos para obter respostas emocionais, corremos o risco de perder a conexão humana genuína que é essencial para os relacionamentos saudáveis. *Rafael Toscano é gestor financeiro, Engenheiro da Computação e Especialista em Direito Tributário, Gestão de Negócios. Gestor de Projetos Certificado, é Mestre em Engenharia da Computação e Doutorando em Engenharia com foco em Inteligência Artificial aplicada.

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Obituário: Twitter, 2006-2023 (por Gustavo Escobar)

O passarinho azul: entre revoluções e decisões questionáveis. Desde sua criação em 2006, o Twitter consolidou-se como uma das redes sociais mais icônicas do século XXI. A imagem do passarinho azul, mais do que um mero símbolo ou marca, tornou-se emblema de voz, resistência e comunicação rápida numa era digital. No entanto, desde que passou a estar sob a batuta de Elon Musk, essa ave, outrora majestosa, viu-se enredada em ventos turbulentos. Durante grande parte de sua existência, o Twitter foi uma praça pública de debates fervorosos, uma vanguarda de movimentos sociais e uma ferramenta poderosa nas mãos de ativistas, jornalistas e líderes globais. No entanto, com a entrada de Musk, esse cenário começou a mudar. Esperava-se de Musk, no mínimo, uma abordagem inovadora, como é típico de suas empreitadas. Contudo, suas intervenções polêmicas no Twitter distanciaram-se da essência que cativou milhões de usuários. As mudanças na política de uso e algoritmos foram apenas algumas das escolhas que desencadearam ondas de insatisfação. Por fim, a decisão de abandonar a marca "Twitter" (em favor de "X"), feriu de morte o passarinho. Sob o olhar de marketing ou da propriedade intelectual, abandonar uma marca tão simpática, valiosa e forte é algo muito arriscado, até mesmo reprovável, pode-se dizer. Isso se agrava quando a substituição se dá por uma nova marca fraca, formada apenas por uma letra “X”, algo extremamente desgastado e de difícil registro em vários países. Se essa decisão não for alguma cartada genial oculta, que vise outros intuitos não revelados, será desastroso. A plataforma vive agora uma fuga de assinantes, a ascensão de concorrentes e uma redução alarmante em seu valor de mercado. O espaço que antes simbolizava a liberdade de expressão e a interação autêntica passa por momentos de desconexão com suas raízes, ou melhor, seu ninho. Mas não podemos esquecer o impacto profundo e as revoluções que o Twitter fomentou ao longo de sua história. A plataforma abriu portas para que vozes, muitas vezes silenciadas, fossem ouvidas. Movimentos como o #MeToo, sobre assédio sexual, e as discussões acaloradas que transformaram a política e a sociedade nasceram e se fortaleceram sob suas asas. Ao refletir sobre esse legado lembramos das inúmeras campanhas e fatos históricos que primeiro viram a luz do dia na plataforma e, em seguida, reverberaram globalmente. A hashtag #BlackLivesMatter, por exemplo, começou como um simples tweet e transformou-se em um movimento global contra o racismo e a brutalidade policial. Catástrofes naturais, ataques terroristas e eventos mundiais frequentemente eram relatados primeiro por cidadãos no Twitter antes de serem captados pela mídia tradicional. A plataforma também desempenhou um papel crucial durante as eleições, com líderes e candidatos usando-a como ferramenta primária de comunicação. O Twitter não foi apenas uma rede social; foi, por muitos anos, o epicentro da disseminação de informação, conectando e informando o mundo em tempo real. Agora, ao nos despedirmos do passarinho azul e de sua marca original, é inevitável sentir uma mistura de gratidão, nostalgia e desapontamento. O legado do Twitter, embora agora ofuscado por decisões recentes, é inegável e permanecerá na memória digital de gerações. Adeus, Twitter. Em seu auge ou em sua queda, seus voos não serão esquecidos. *Gustavo Escobar é advogado, sócio da Escobar Advocacia.

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Inteligência artificial no Setor Público: rumo a um Estado ágil e eficiente

*Por Rafael Toscano Nos últimos anos, as revoluções da Indústria 4.0 têm desencadeado mudanças significativas em todos os aspectos da sociedade. Uma das maiores transformações é a adoção e a evolução da Inteligência Artificial (IA), que tem o potencial de revolucionar a forma como o setor público opera e como os governos servem seus cidadãos. A utilização de tecnologias disruptivas, como a IA, pode impulsionar a eficiência governamental, aprimorar a tomada de decisões e capacitar o Estado a oferecer serviços mais ágeis e personalizados. A IA como Aliada do Setor Público A Inteligência Artificial compreende uma série de técnicas e algoritmos que permitem que os sistemas computacionais simulem a inteligência humana e aprendam com dados, melhorando sua performance ao longo do tempo. No setor público, a IA pode ser aplicada em diversas áreas, como transporte, saúde, educação, segurança, administração pública e políticas públicas. A burocracia muitas vezes é apontada como um dos principais obstáculos à eficiência governamental. Processos demorados e complexos podem tornar a interação com o Estado uma experiência frustrante para os cidadãos. No entanto, com a IA, é possível automatizar e agilizar muitas dessas tarefas burocráticas. Chatbots e assistentes virtuais, por exemplo, podem fornecer respostas rápidas a perguntas comuns e orientar os cidadãos sobre procedimentos e serviços disponíveis. Além disso, a análise de dados pode ajudar os governos a identificar gargalos e pontos de ineficiência em seus processos, permitindo que sejam tomadas ações corretivas de forma mais ágil e precisa. Tomada de Decisões Baseada em Dados A tomada de decisões no setor público é frequentemente complexa e envolve um grande número de variáveis. Nesse contexto, a IA pode ser uma ferramenta poderosa para auxiliar os gestores públicos a tomarem decisões mais informadas e embasadas em dados. Ao analisar grandes volumes de informações, a IA pode identificar tendências, prever cenários futuros e ajudar a antecipar problemas. Isso pode ser especialmente útil em áreas como planejamento urbano, segurança pública e gestão de recursos, permitindo que o Estado adote medidas proativas para enfrentar desafios antes que eles se tornem crises. Serviços Públicos Mais Personalizados Cada cidadão é único, com necessidades e expectativas diferentes em relação ao governo. A IA possibilita a personalização de serviços públicos, tornando a experiência do usuário mais satisfatória e eficiente. Por exemplo, sistemas de recomendação podem sugerir programas sociais ou benefícios específicos para cada cidadão, com base em seu perfil e histórico. Isso evita que as pessoas tenham que procurar informações em diversas fontes, tornando o acesso aos serviços mais acessível e fácil. Desafios e Preocupações Embora a IA ofereça um enorme potencial para transformar o setor público, também há desafios e preocupações que devem ser abordados. A segurança dos dados é uma das principais questões, já que o Estado lida com informações sensíveis de milhões de cidadãos. É essencial garantir que as soluções de IA adotadas sejam seguras e estejam em conformidade com as regulamentações de proteção de dados. Outra preocupação é a possibilidade de viés nos algoritmos. Se os sistemas de IA forem treinados com dados que refletem preconceitos ou desigualdades existentes na sociedade, isso pode resultar em decisões discriminatórias ou injustas. É fundamental que os governos implementem mecanismos de auditoria e supervisão para garantir que a IA seja usada de forma ética e justa. Assim, a Inteligência Artificial tem o potencial de revolucionar o setor público, tornando-o mais ágil, eficiente e centrado no cidadão. Ao adotar tecnologias disruptivas como a IA, o Estado pode automatizar processos, melhorar a tomada de decisões e oferecer serviços mais personalizados e acessíveis. A colaboração entre setor público, sociedade civil e especialistas em tecnologia é fundamental para garantir que a IA seja utilizada de forma ética, responsável e em benefício de todos os cidadãos. O futuro do setor público está intimamente ligado à adoção de tecnologias disruptivas, e a IA certamente está no centro dessa transformação. Ao abraçar essa revolução tecnológica, os governos podem alcançar níveis inéditos de eficiência e melhorar significativamente a qualidade de vida dos cidadãos que servem. Rafael Toscano é gestor financeiro, Engenheiro da Computação e Especialista em Direito Tributário, Gestão de Negócios. Gestor de Projetos Certificado, é Mestre em Engenharia da Computação e Doutorando em Engenharia com foco em Inteligência Artificial aplicada.

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Do Recife para o mundo (por Isabella de Roldão)

Nos últimos anos, o Recife se consolidou como uma cidade global. Os 44 consulados instalados por aqui tornaram a nossa cidade a Capital da Diplomacia Consular do Norte e Nordeste, atraindo investimentos e parcerias internacionais. Cidade estratégica para essa projeção mundial, sete das 10 maiores economias globais possuem Consulados Gerais instalados na cidade: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália. Sem falar que ainda sediamos o Consulado Geral da Argentina em nossa cidade. Como coordenadora de Relações Internacionais da Prefeitura do Recife, tenho consciência da importância de continuar esse trabalho de internacionalizar o nosso município e torná-lo uma ponte para o mundo. Primeiro hub consular no Nordeste e o segundo do Brasil, o Recife também é um importante polo tecnológico e logístico, o que potencializa ainda mais esse protagonismo. Não à toa, o Consulado de Carreira de Portugal está retornando para a capital pernambucana. O trabalho desenvolvido na Prefeitura também está dando resultados. Estamos consolidando e fortalecendo a cooperação técnica entre Recife e Nantes, na França, que são cidades-irmãs há 20 anos. Nosso foco é promover, cada vez mais, parcerias, investimentos e ações bilaterais, além de possibilitar uma troca de conhecimento e políticas públicas entre as duas cidades. O Recife também está com as tratativas avançadas para se tornar cidade- irmã de Luján, na Argentina, com a articulação construída diretamente com o prefeito Leonardo Boto. Com esse novo irmanamento, haverá um intercâmbio de experiências eficaz em setores como Cultura, Desenvolvimento Social e o Turismo, principalmente o Turismo Religioso, uma vez que a história da cidade de Luján se mistura com a nossa. Em 1630 a imagem de Nossa Senhora de Luján, em terracota, foi feita em Pernambuco e enviada à Argentina, com intuito de restaurar a fé católica. A capital pernambucana também se tornou estratégica para as relações diplomáticas e internacionais porque é onde as sedes do Erene (Escritório de Representação no Nordeste do Itamaraty) e do Escritório do Nordeste da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) estão localizadas. O Recife também se diferencia por ter um dos principais aeroportos do Brasil e da América do Sul, considerado o quarto melhor do continente pelo World Airport Awards 2020. A cidade também tem conexão direta com os principais portos do mundo, através do Porto do Recife. Nossa multiculturalidade, aliada com o senso de pertencimento e acolhimento típico do recifense, nos fez ter essa amplitude internacional sem perder a própria identidade. Tudo isso garantiu o Selo Migracidades 2022 para o Recife. Concedido pela OIM (Organização Internacional pela Migração), vinculada à ONU, o selo atesta a boa política para migrantes em situação de vulnerabilidade social que chegam à nossa terra. Outro ponto que faz o Recife ter essa dimensão global é o compromisso da Prefeitura com a Agenda de Desenvolvimento Sustentável e das Mudanças Climáticas. Sabendo da urgência em debater o tema, o Recife se tornou o primeiro município brasileiro a reconhecer a emergência climática e a firmar o compromisso para reverter esses impactos ambientais. Afinal, vivemos numa das cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas no mundo, de acordo com o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da ONU. Inclusive, firmamos uma cooperação com a Holanda que permitirá a elaboração de estudos técnicos para mitigar efeitos de desastres naturais relacionados à elevação do nível do mar. Nosso objetivo, junto com a equipe de consultores do DRR (Dutch Risk Reduction Team), é propor estratégias e intervenções para controlar o risco de inundação e ter a gestão de bacias hidrográficas. Os desafios mundiais exigem ações locais eficazes! E são essas mudanças que estamos promovendo com o Plano Recife 500 anos, planejamento estratégico para o desenvolvimento da cidade até 2037, quando nos tornaremos a primeira capital brasileira a completar 500 anos. O objetivo geral do plano é tornar o Recife uma cidade-parque, inclusiva, conectada e sustentável, o que dialoga diretamente com o processo de internacionalização que está sendo desenvolvido até aqui. Queremos não somente transformar o Recife para as recifenses e os recifenses, o nosso povo, mas sim, tornar nossa cidade uma referência para o mundo. Como vice-prefeita, coordenadora de Relações Internacionais da Prefeitura e apaixonada pela nossa cidade, trabalho incansavelmente pelo desenvolvimento, valorização e internacionalização do Recife. Acredito muito na importância dessa transformação, afinal, vivemos numa sociedade conectada e que cada vez mais está integrada com as pautas do futuro. *Isabella de Roldão É vice-prefeita do Recife e coordenadora de Relações Internacionais da Prefeitura.

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Como fugir de pirâmides financeiras? (por João Echiburu)

Neste artigo vou compartilhar algumas dicas importantes para evitar cair em pirâmides financeiras. É fundamental entender como esses esquemas funcionam e estar atento para não cair em promessas falsas de altos rendimentos. Em geral, as pirâmides prometem aos investidores altos rendimentos (muito acima do mercado), distribuição periódica dos lucros com pouca (ou nenhuma) variação e sem que seja necessário assumir riscos elevados. No entanto, essas promessas costumam ser falsas e os “lucros” são nada mais nada menos do que a entrada de novos investidores no esquema. Junto com as promessas vem o personagem. O filme costuma se repetir na figura das pessoas que estão à frente das pirâmides: são pessoas que esbanjam riqueza através de carros esportivos, relógios caros, lanchas e viagens. Tudo sempre muito divulgado em redes sociais. O propósito é criar uma imagem de sucesso e conquistar mais investidores que estão buscando exatamente aquela vida. No início tudo parece funcionar conforme o prometido: investimento feito e altos retornos sendo pagos em conta mensalmente, por exemplo. E é exatamente nessa fase que os investidores se encorajam para colocar mais dinheiro e fazer o trabalho de divulgação gratuito. Algumas duram mais, outras menos, mas posso afirmar que o destino de toda pirâmide financeira é quebrar. É importante frisar: não estamos falando de projetos ou negócios que simplesmente não deram certo. O ponto aqui é alertar para empreitadas fraudulentas que já nasceram para dar errado. Mesmo com diversos casos similares ao longo de décadas, chama a atenção a quantidade de casos divulgados recentemente pela mídia de pirâmides com volumes relevantes chegando a centenas de milhões de reais, como foram os casos envolvendo jogadores de futebol com uma pirâmide no Acre e outra com maior presença em Campina Grande, mas que já atuava em boa parte do Brasil. Também há algo nesses casos recentes que me chamam a atenção: as atuais pirâmides não tentam sequer forjar um lastro econômico factível para explicar aos investidores. Há algumas décadas ocorreram fraudes similares com grupos “empresariais” prometendo altos rendimentos oriundos de atividade pecuária e, nesses casos, havia toda uma construção de um contexto econômico para justificar os lucros. No fim das contas também era fraude, mas o que vejo atualmente, na maior parte dos casos, são golpes cujo lastro são operações com criptomoedas. Essas operações, na verdade, jamais chegam a ocorrer. Servem apenas como pano de fundo para um enredo misterioso e distante do grande público, mas mesmo que alguém se proponha a fazer operações dessa natureza, jamais terá como garantir qualquer tipo de lucro e muito menos com frequência mensal de pagamentos em conta. Que fique claro: não estou fazendo uma crítica aqui a qualquer criptomoeda, mas sim ao artificio utilizado pelos fraudadores. Para evitar cair em golpes como esses, é importante seguir algumas dicas básicas: Pesquise sobre a empresa ou o investimento antes de colocar dinheiro neles. Verifique se a empresa está registrada nos órgãos reguladores, se há reclamações de outros investidores e se os rendimentos prometidos são condizentes com a realidade do mercado. Desconfie de promessas de altos rendimentos. Se for em pouco tempo pior ainda. Não se deixe levar por pressão de vendedores ou pessoas que tentam convencê-lo a investir o mais rápido possível. Tome decisões de investimento com calma e de forma consciente. Fique atento a promessas que utilizem operações com criptomoedas como lastro. Por ser um mercado muito volátil (altos e baixos), sempre haverá alguma criptomoeda em alta que o golpista utilizará como exemplo de operação realizada. Lembre-se de que, ao investir, é importante assumir riscos calculados e escolher opções de investimento que sejam adequadas ao seu perfil e aos seus objetivos financeiros. Evite se deixar levar por promessas mirabolantes e fique atento às fraudes financeiras que podem prejudicar seriamente suas finanças e sua saúde. João Echiburu, economista e sócio da Dapes Investimentos

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Transnordestina e Suape: uma ligação essencial

*Por Mauricio Oliveira de Andrade A Ferrovia Transnordestina concebida para ligar Eliseu Martins, no serrado piauiense, aos portos de Pecém, no Ceará, e de Suape, em Pernambuco, inicia em 2006 e se arrasta há 17 anos com obras atrasadas, sobrepreços e muitas controvérsias, culminadas com o aditivo assinado pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) com a TLSA (Transnordestina S.A.) no final de 2022, excluindo a meta de construir o ramal até Suape. Essa decisão dita técnica, embora contestada por muitos técnicos pela maior distância de Salgueiro a Pecém, baseou-se em relatório de consultoria contratada pela VALEC, que apesar da óbvia necessidade de ampla divulgação, permanece em sigilo. Consultas a publicações na imprensa do Ceará na época da decisão destacam como razões a liberação pelo Governo do Estado para a União de todas as terras desapropriadas, o licenciamento ambiental e o projeto executivo de todo o traçado da ferrovia totalmente solucionado, não havendo qualquer óbice para uma rápida execução das obras. Mesmo que essas razões tenham peso na decisão, uma ferrovia representa uma infraestrutura com vida útil e utilização no longo prazo que naturalmente requer decisões que considerem os benefícios e os custos de investimento e de operação e não apenas o tempo de construção. Em megaprojetos como a Transnordestina, além da complexidade da gestão por múltiplos agentes políticos e privados com interesses às vezes conflitantes ou concorrentes, há uma tendência à subestimação dos custos e dos prazos devidos a planejamentos não realistas, em que riscos econômicos e de engenharia são subavaliados e desprezados. A transparência do planejamento que envolve conhecimentos interdisciplinares é essencial para evitar esses problemas. Além disso, a vigilância política dos governantes locais dos passos do projeto deve ser extremamente atenta para evitar manobras que busquem soluções aparentemente mais rápidas, mas que não atingem as metas do projeto em termos de redução de custos de transportes e de propiciar o desenvolvimento regional integrado. A Transnordestina, como originalmente concebida, baseava-se no conceito de corredor econômico com metas de acelerar o desenvolvimento regional com redução de desigualdades pelo aumento da eficiência das cadeias de produção industrial, mineral e agrícola, decorrentes de melhores e mais econômicas condições de transporte para conectar oferta e demanda. Assim a integridade do projeto da Transnordestina com o corte do ramal de Suape atinge fortemente a economia pernambucana e nordestina ao alijar o principal complexo industrial-portuário do Nordeste em movimentação de granéis líquidos, de cabotagem e de contêineres de se beneficiar da integração logística por meio ferroviário. Não se concebe um Hub-Port desconectado de uma rede ferroviária de alcance nacional e regional e de um terminal multimodal de cargas. Condições adequadas de acessos rodoviários e ferroviários são essenciais para o desenvolvimento do Porto de Suape, que ainda tem muita capacidade de expansão revelada pelos diversos investimentos em projetos âncora em andamento. Sem esses acessos, ficará estrangulado e muito aquém do seu potencial. Apesar de todos esses problemas surgiu em 2022, a opção do Ramal de Suape vir a ser construído pela mineradora Bemisa, que detém direitos de exploração de minério de ferro no Piauí, com aporte privado da ordem de R$ 10 bilhões para a ferrovia e o terminal de granéis sólidos. Essa iniciativa, oportunizada por mudanças na legislação que permitem autorizações de ramais ferroviários, demonstra a atratividade e a viabilidade econômica de um ramal para Suape. No entanto, esse projeto ainda encontra muitas barreiras a superar, tanto de engenharia, pois ainda não dispõe de um projeto executivo, como de regulação econômica, pois há problemas a resolver de direito de passagem no trecho da concessão (TLSA), além da liberação dos trechos com execução parcial a leste de Salgueiro pela concessionária anterior. Desse contexto, fica a seguinte indagação: qual deve ser a estratégia de Pernambuco para superar esses obstáculos econômicos, políticos e legais para realizar conexão Salgueiro-Suape? Acho que a resposta deve ser, em primeiro lugar, tentar politicamente fazer o Governo Federal mudar a decisão anterior. Esse é um trabalho das representações políticas do executivo e legislativo, das entidades empresariais e profissionais, das universidades e das organizações sociais. No entanto, não basta fazer dessa reivindicação, apenas um discurso político, mas de convencimento das vantagens econômicas do ramal, com dados e estimativas de demanda de carga por setores econômicos e o potencial de geração de crescimento econômico e de sustentabilidade fiscal dos investimentos públicos. Decisões politicas precisam ser embasadas em razões técnicas e econômicas. No entanto, a manifestação de interesse da Bemisa deve ser também objeto de ações de superação de dificuldades técnicas e regulatórias. Nas duas situações, é fundamental o envolvimento do Governo de Pernambuco para agilizar as definições de traçado e as desapropriações que são indispensáveis para qualquer uma das soluções. O que fundamentalmente não se deve aceitar é a perda da oportunidade de inserir Pernambuco nas rotas logísticas principais do Brasil. *Por Mauricio Oliveira de Andrade, Professor Associado da UFPE e membro do CTP (Comitê Permanente) do Crea-PE

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