O finissage da exposição A Cidade, as ruínas e depois, que está em cartaz na Torre Malakoff, acontece nesta terça-feira (18), com obras deAndrei Thomaz, Daniel Escober e Marina Camargo. Os trabalhos dos jovens artistas estão expostos desde o início de setembro. Ainda como parte do projeto, realizado através do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Espaços Norte/Nordeste, serão realizados dois encontros, nos quais Andrei Thomaz e o curador Márcio Harum vão conversar com o público e com artistas pernambucanos. O primeiro ocorre nesta quinta (20), na Torre Malakoff, às 19h. O outro acontece em Olinda, nesta sexta (21), às 19h, no Atelier Mutirão de Cultura. A entrada é franca. A transformação das urbes e o momento particular vivido pelas cidades brasileiras após anos de crescimento econômico e décadas de processamento do legado modernista são as linhas gerais da exposição. O trio lança seu olhar sobre esses espaços que sofreram diversas transformações nos últimos anos (especulação imobiliária, caos na mobilidade, disputas de território...) e que, agora, sentem os efeitos da crise econômica. Essas questões não são novas para os artistas, os quais já vêm se debruçando, anteriormente, sobre guias de viagem, mapas urbanos diversos, arquivos de fotografias documentando as mudanças da paisagem urbana ao longo do tempo, mitos urbanísticos, instrumentos de orientação, publicidade no espaço urbano, a especulação imobiliária, as escolhas sobre o que revelar e o que ocultar na urbe. “São artistas que pensam e dialogam com o substrato urbano nas suas produções. Todos estão atentos a esse metabolismo das grandes cidades”, pontua Márcio Harum. Os três abordam o espaço, a paisagem ou a cidade a partir de um ponto onde não é muito possível distinguir realidade e ficção. “Penso que este seja um ponto comum muito eficiente e capaz de unir obras produzidas por processos totalmente artesanais a obras geradas por softwares de última geração, por exemplo”, destaca Daniel Escobar. Andrei Thomaz, Daniel Escobar e Marina Camargo também formaram-se na mesma escola – o Instituto de Artes da UFRGS. Eles têm Porto Alegre como referência, ainda que tenham vivido em outras cidades e tenham percursos artísticos marcadamente distintos. Atualmente, Andrei Thomaz vive em São Paulo, Daniel Escobar em Porto Alegre, e Marina Camargo entre Porto Alegre e Berlim. Segundo o curador, o pensamento que norteia a exposição é a metabolização dos espaços urbanos nas grandes metrópoles brasileiras. “É interessante notar como eles estão trabalhando essa questão da descaracterização da paisagem urbana que tem acontecido em São Paulo, no Recife, em Porto Alegre... É um pensamento sobre o urbano”, comenta Márcio Harum. Ao idealizarem esse novo projeto, o segundo do trio – que desenvolveu em 2010 um outro, intitulado _Lugares e Representações_ –, eles buscaram um espaço urbano novo, onde ainda não tivessem atuado e que estivesse fora do eixo habitual das mostras no país. “Nenhum de nós tinha muito contato com o Recife. Há muito tempo tive uma obra exposta numa coletiva no Museu Murillo La Greca, mas nossa produção pode ser considerada inédita na cidade”, diz Andrei Thomaz. “Para mim, há várias razões nessa escolha. Uma delas é por ser uma cidade que me parece ter um paralelo com Porto Alegre, não por semelhança, mas por serem duas cidades com uma vida cultural ativa e fora de um eixo da região sudeste”, complementa Marina Camargo. A exposição vai apresentar tanto obras individuais, como outras realizadas em parceria especialmente para o projeto. O trio, que prefere não ser visto como um coletivo, criou o aplicativo As ruínas e depois, uma espécie de guia sonoro da exposição e documentação visual da mesma, que estende sua abrangência para além do espaço expositivo. Os artistas Marina Camargo: sua formação se divide entre Porto Alegre (onde realizou graduação e mestrado em Artes Visuais), Barcelona e Munique, onde estudou como artista bolsista do DAAD. Em seu trabalho investiga as relações de representação das coisas ou fenômenos do mundo, seja através da relação direta com os lugares ou a partir referências encontradas. Entre os diversos prêmios e bolsas que recebeu, está a bolsa da Fundação Iberê Camargo para residência no Gasworks (Londres). Suas exposições individuais mais recentes foram Ensaio sobre uma ordem das coisas (2015), Goethe-Institut, Porto Alegre; Reflexo Distante (2013), Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre; O ar entre as coisas (2013). Andrei Thomaz: é artista visual e professor. Mestre em Artes Visuais pela ECA/USP e formado em Artes Plásticas pela UFRGS. Sua produção artística abrange diversas mídias, digitais e analógicas, envolvendo também várias colaborações com outros artistas, entre as quais encontram-se performances sonoras e instalações interativas. Entre os prêmios e editais pelos quais foi contemplado, encontram-se a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014; #1 C.LAB - Blau Projects, com curadoria de Douglas Negrisoli, 2014; Edital de Estímulo à Produção Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG 2012; Prêmio de Ocupação dos Espaços da Funarte 2010, junto com Daniel Escobar e Marina Camargo e outros. É sócio da produtora Mandelbrot, onde atua como programador e coordenador no desenvolvimento de projetos interativos. Vive e trabalha em São Paulo. Daniel Escobar: graduado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, a sua pesquisa aborda as paisagens do desejo criadas pelo consumo e pelo entretenimento, a partir da apropriação de objetos ou símbolo ordinários e cotidianos, próprios ao mundo urbano. Entre as mostras individuais recentes destacam-se A História Mais Curta, Celma Albuquerque Galeria de Arte (Belo Horizonte, 2015), A Nova Promessa, Zipper Galeria (São Paulo, 2014) e Seu Lugar é Aqui, seu Momento é Agora, Santander Cultural (Porto Alegre, 2014). Participou de exposições como: Depois do Futuro, Parque Lage (2016), Cidade Gráfica, Itaú Cultural (2014); Jenseits der Bibliothek, Frankfurt Book Fair (Frankfurt, 2013) e outras. Em 2012, realizou sua primeira exposição individual internacional na RH Gallery, em Nova York. Possui obras em acervos públicos e privados no Brasil e no exterior, incluindo Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Casa de Velázquez/Madrid, entre outros.