Arquivos Cultura e história - Página 61 de 361 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Cultura e história

Caixa Cultural Recife divulga programação de julho, com atividades gratuitas

A Caixa Cultural Recife preparou uma programação diversificada para as férias de julho, com atrações para os públicos de todas as idades. Com oficinas, apresentações culturais e educativas que contemplam diferentes linguagens artísticas, o espaço oferece opções gratuitas, presenciais e online, para aproveitar o mês com arte e conhecimento. Para as crianças e seus responsáveis, a oficina "Brincando em Família" proporciona atividades ao longo de julho, estimulando a criatividade e promovendo habilidades socioculturais e motoras. As dinâmicas interativas, jogos e brincadeiras compartilhadas entre crianças e cuidadores têm como inspiração as vivências infantis dos anos 1990 e início dos anos 2000, buscando unir gerações. Hoje (7), a oficina "Jogos de Corpo" oferecerá atividades como elástico, pula corda, bambolê, amarelinha e vai e vem. No dia 14, a oficina "Brincando com Arte" focará na criatividade artística, com produções de origami, desenho e pintura. Encerrando o ciclo, no dia 21, a atividade "Jogos de Tabuleiro" trará dinâmicas educativas, como jogos de cartas "Caixa de Histórias", jogo de tabuleiro "A Cidade, o Porto e o Tempo", damas, pega-vareta e blocos de montar. As inscrições prévias são necessárias e podem ser feitas no site da Caixa Cultural. Além das oficinas, haverá espetáculos de música e artes cênicas. A Cia Caixinha de Música apresenta "O que tem na Caixinha" nos dias 8 e 9, mesclando música e brincadeiras para estimular a socialização das crianças e despertar seu interesse pela arte. O teatro e a arte da oralidade ganham destaque com Agrinez Melo. Ela apresenta o espetáculo "Histórias Bordadas em Mim" nos dias 15 e 22, utilizando suas memórias de forma poética e intimista para abordar temas como ancestralidade e empoderamento. Nos dias 16 e 23, celebra a força das culturas afro-brasileiras com "Helô em Busca do Baobá Sagrado", baseado na tradição da contação de histórias. Entre os dias 27 e 30, haverá a Oficina "A DO LE TA: corpo, movimento, brincadeira", ministrada por Jhanaina Gomes, explorando teatro, performance, improviso e dança com viés terapêutico. Além das atividades presenciais, a CAIXA Cultural oferece opções online. No dia 12, a oficina "Brinquedos com materiais descartáveis" enfatiza a importância do reúso na brincadeira e na arte. No dia 19, haverá a oficina "Desenho com giz de cera" para o público infantil e a conversa "Arte Pop: Conceitos e caminhos" para participantes a partir dos 18 anos. Encerrando as atividades virtuais, no dia 26, será realizada a oficina "Bordado em fotografia". A exposição "Reciclos - Criando Novas Perspectivas" na Galeria 1 da CAIXA Cultural Recife apresenta obras de arte interativas criadas com materiais recicláveis, enfatizando a importância do consumo consciente e da educação ambiental. A mostra fica em cartaz até o dia 03 de setembro e conta com um painel em homenagem a catadores de várias partes do país. Serviço: CAIXA Cultural Recife Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife Horários: de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h Informações: Site CAIXA Cultural Bilheteria: (81) 3425-1915 Entrada gratuita Acesso para pessoas com deficiência

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Enquanto Godot nao vem Foto Quorpo Fotografico

Recife tem maratona teatral para crianças neste final de semana

O 19º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco terá 4 espetáculos neste final de semana: "Pluft, o Fantasminha", "As Três Porquinhas e o Lobo Blau", "Enquanto Godot Não Vem" e "Quatro Luas". Diversão e cultura garantidas para toda a família. A sessão de sábado, dia 8, de "Quatro Luas" no Teatro de Santa Isabel, às 16h30, terá acessibilidade para pessoas surdas (Libras). O tema deste ano é "Brincadeira para Todo Mundo", escolhido pela equipe curatorial formada por Marcondes Lima, Ruy Aguiar e Williams Sant'Anna, com inspiração nos ensinamentos de Marco Camarotti, referência brasileira no teatro para a infância e juventude. Foram selecionados espetáculos que abrangem fábulas e contos de fadas conhecidos universalmente, emocionando todas as gerações, incluindo textos contemporâneos e adaptações regionais. O 19º FTCPE é uma realização de Edivane Batista e Ruy Aguiar, da Métron Produções, em parceria com grupos e coletivos teatrais de Pernambuco. A bonequeira Fátima Caio, que dedicou 35 anos ao teatro para a infância e juventude junto ao grupo Mão Molenga Teatro de Bonecos, é homenageada (in memoriam) nesta edição. Confira a programação: "Pluft, o Fantasminha", versão da Cênicas Cia. de Repertório no Teatro Barreto Júnior; "As Três Porquinhas e o Lobo Blau", com o Núcleo de Artistas Independentes no Teatro do Parque; "Enquanto Godot Não Vem", da Cia 2 em Cena no Teatro Luiz Mendonça; "Quatro Luas", de Claudio Lira e O BANDO coletivo de teatro no Teatro de Santa Isabel. Com exceção de "Pluft", às 16h, as apresentações serão às 16h30. Os ingressos antecipados estão à venda no Sympla, através do site do Festival: https://www.teatroparacrianca.com.br.

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cinema teatro

Lei Paulo Gustavo: Pernambuco recebe R$ 100,1 mi para cultura

O Governo de Pernambuco receberá um investimento de R$ 100,1 milhões destinados ao setor cultural do estado. O valor faz parte da Lei Paulo Gustavo (LPG) e será aplicado por meio de editais e ações da gestão estadual. O objetivo desse aporte é fortalecer a cadeia produtiva cultural e enfrentar os desafios causados pela pandemia. Os recursos serão liberados seguindo diretrizes de descentralização e acessibilidade, por meio de editais de fomento, premiações e incentivos. A Secretaria de Cultura já está preparando os editais, que serão lançados em agosto. Com esse aporte, o orçamento da cultura de Pernambuco será ampliado para R$ 215,5 milhões, permitindo investimentos em projetos e equipamentos culturais em todo o estado. A lei também contempla ações afirmativas para grupos sub-representados na cultura. “Tenho certeza que há muitos projetos, muitas iniciativas legais aguardando esta oportunidade, que chega para todos: o artista erudito, o artista pop, o da cultura popular, o da periferia, do audiovisual e de todas as linguagens. É importante reforçar e convocar a todos para fazer o cadastro ou atualizar seus dados no Mapa Cultural de Pernambuco, para fazer a submissão de propostas à LPG”, destaca o secretário de Cultura, Silvério Pessoa. Uma das principais norteadoras da atual gestão, a cultura periférica terá um edital específico, em alinhamento com as diretrizes da regulamentação da Lei Paulo Gustavo. (Foto: Rafa Medeiros)

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Clara Moreira Clarissa Diniz e Fefa Lins

Galeria Amparo recebe exposição Vértice, com curadoria de Clarissa Diniz

Na foto: Clara Moreira, Clarissa Diniz e Fefa Lins A Galeria Amparo 60 abriu a exposição Vértice, de Clara Moreira e Fefa Lins, com curadoria de Clarissa Diniz. A mostra fica em cartaz até agosto e celebra as aproximações, diálogos e distanciamentos entre os trabalhos dos dois artistas, nomes de destaque da cena figurativa brasileira contemporânea. Ao propor apresentar o trabalho de artistas do seu casting em conjunto a galeria aproveita também para comemorar os seus 25 anos de trajetória, completados em 2023. “Neste ano tão importante para a Amparo 60, pensamos num calendário de exposições que dialogassem com nossa trajetória. Estamos apresentando esse percurso nas feiras que estamos participando, e, na galeria, estamos convidando artistas do nosso casting para comemorar junto com a gente. E celebrar a produção de Fefa e Clara, artista de um nova geração, nesse momento especial nos pareceu bastante pertinente”, explica a galerista Lúcia Costa Santos.  Tanto Clara como Fefa encontram na pintura e no desenho seu principal suporte de criação, e, nos últimos anos, vêm colecionando coincidências. “Durante a SP-Arte do ano passado, começamos a perceber alguns encontros entre os nossos trabalhos. As obras que estávamos apresentando lá eram autorretratos, com o corpo em destaque, o posicionamento das cabeças bem similares. Os desenhos apresentados juntos chamavam a atenção, fortaleciam um ao outro, ainda que tivessem vida própria”, lembra Clara Moreira. Pouco depois dessa edição da feira, ambos foram indicados ao Prêmio Pipa daquele ano.   Nos bastidores, na intimidade, os artistas também tinham grande aproximação num diálogo fecundo, no qual falavam de tintas, papéis, pincéis, misturas, histórias de ateliê e conversas sobre o fazer artístico. “Queríamos mostrar esses diálogos, botar em evidência essas coincidências, mostrar as diferenças. Trocar figurinhas, mostrar esse encontro tão antigo”, conta Fefa. A ideia ganhou ainda mais força este ano, quando Clara e Fefa tiveram, durante a mesma SP-Arte, obras adquiridas para compor o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. O duo vai apresentar 14 trabalhos, muitos deles inéditos. “Fefa e Clara compartilham interesses pelo retrato enquanto gênero (ambos se filiam a dimensões canônicas do desenho e da pintura, tensionando-as) e pelos gêneros (no sentido da identidade de gênero) implicados nas políticas de representação. Acredito que, assim, inscrevem suas vizinhanças a uma história da arte que é amplamente clássica, eurocentrada, branca e masculinista desde uma torção: a de protagonizar o corpo da mulher, o corpo transgênero, a experiência da maternidade. O fazem também ao investigar a tradição da alegoria e da fabulação na arte, mas não anseiam transformar suas obras em janelas do poder tal como têm feito as alegorias históricas (especialmente produzidas pela igreja, pelas monarquias e pelo Estado). Acredito que fazem uso dessa tradição alegórica e retratística para colocar em primeiro plano a dimensão cotidiana e quase invisível da vida e da subjetividade, que encontram um imaginário (que adquirem corpo, imagem, carnalidade) em suas obras, fazendo com que aspectos de suas vidas íntimas possam habitar o espaço público e, dessa forma, transformá-lo na mesma medida em que ele é ocupado por suas perspectivas”, reflete a curadora. A exposição também vai fazer parte do Circuito Fenearte, que acontece entre  5 e 16 de julho, no Centro de Convenções. Nesta edição, a feira vai promover um circuito com translado para levar o público para outros equipamentos culturais na cidade.

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Programação intensa para o Centro de Convenções em julho

Julho promete movimentar o Pernambuco Centro de Convenções, que começa com a 23ª edição da Fenearte, maior feira de artesanato da América Latina. O evento começa hoje (5) e segue até o dia 16, trazendo mais de cinco mil expositores e esperando receber cerca de 300 mil visitantes. Em seguida, de 26 a 30, o local sediará a segunda edição da Expo Bebê e Gestante, com entrada gratuita e foco nos públicos gestante e infantil, oferecendo diversos produtos a preços especiais. O Teatro Guararapes também estará agitado com uma programação variada. No dia 15 de julho, a Orquestra Petrobras Sinfônica, sob a regência do maestro Tobias Volkmann, emocionará o público com o concerto "Bohemian Rhapsody", apresentando os clássicos da banda inglesa Queen, como "Love of my life", "Under pressure" e "We are the champions". Em 16 de julho, o concerto infantil "Mundo Bita Sinfônico" promete encantar os pequenos em duas sessões, às 15h e 18h, com a presença do personagem Bita e de Chaps Melo, idealizador do Mundo Bita. No dia 21 de julho, o cantor Tiago Iorc levará sua turnê "Daramô" para o Recife, prometendo um show memorável com canções do álbum e sucessos como "Saudade boa" e "Amei te ver". O teatro também reserva espaço para apresentações infantis, como "Gato Galáctico" no dia 22, e para o humorista Zé Lezin, comemorando 40 anos de carreira em um show inédito com histórias e causos engraçados. Serviço: Evento: FENEARTE Data: 5 a 16/07/2023 Horário: 14h às 22h (seg a sexta) 10h às 22h (sáb e dom) Ingressos: segunda a quinta-feira – R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia); sexta, sábado e domingo – R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia) ; à venda na bilheteria da Fenearte; Centro de Artesanato de Pernambuco, shoppings Boa Vista, Plaza, Recife, RioMar e Tacaruna. Evento: ORQUESTRA PETROBRÁS SINFÔNICA E CONVIDADO ESPECIAL: CHAPS MELLO (MUNDO BITA) Datas: 15 e 16/07/2023 Locais: Teatro Guararapes Chico Science Bohemian Rhapsody (15/07): 20h Mundo Bita Sinfônico (16/07): 15h e às 18h Valores de ingressos Bohemian Rhapsody: A partir de R$ 40 (meia-entrada) e R$ 80 (inteira); à venda na Sympla Valores de ingressos Mundo Bita Sinfônico: A partir de R$ 5 (meia-entrada) e R$ 10 (inteira); à venda na Sympla Evento: SHOW COM TIAGO IORC Data: 21/07/2023 Local: Teatro Guararapes Chico Science Horário: 21h Ingressos: a partir de R$ 60 (meia-entrada) e R$ 120 (inteira); à venda na Sympla Evento: GATO GALÁCTICO Data: 22/07/2023 Local: Teatro Guararapes Chico Science Horário: 17h Ingressos: a partir de R$ 50 (meia-entrada) e R$ 100 (inteira); à venda no Ingresso Digital Evento: ZÉ LEZIN 40 ANOS DE HUMOR Data: 22/07/2023 Local: Teatro Guararapes Chico Science Horário: 21h Ingressos: a partir de R$ 40 (meia-entrada) e R$ 80 (inteira); à venda na Sympla Evento: EXPO BEBÊ E GESTANTE (2° EDIÇÃO) Data: 26 a 30/07/2023 Horário: 14h às 22h Gratuito. Evento: SIMESPE 2023 Data: 28 a 30/07/2023 Locais: Salas Multifuncionais, Áreas de Exposição (Setor A / Setor B e Setor C) e Teatro Guararapes Chico Science. Horário: 28/07 – 18h às 22h e 29 a 30/07 – 8h às 19h Ingressos: R$ 160; à venda na Sympla

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Daniela Nader Marcio Markmam e Catarina Lucrecia A

Lançamento da Cepe conta história de 15 artesãos de Pernambuco

Durante três meses, os jornalistas Catarina Lucrécia, Daniela Nader e Márcio Markman percorreram quase três mil quilômetros, explorando desde o litoral até o Sertão, em busca de renomados artistas populares. O resultado dessa jornada é o segundo volume do livro "Feira de Sonhos: Artesanato pernambucano", que apresenta a história de 15 mestres e mestras habilidosos, capazes de transformar couro, fibra, barro e madeira em peças únicas. Ao longo das 224 páginas dessa publicação, que faz parte do catálogo da Cepe Editora, os autores mergulham no rico universo social, cultural e de resistência dos artesãos. Além disso, eles destacam a importância da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) como uma plataforma fundamental para ampliar a visibilidade do trabalho dos artistas e abrir oportunidades no mundo dos negócios e do empreendedorismo. O livro será lançado pela Cepe no próximo dia 8 de julho, às 18h, durante a Fenearte. Dos mestres e mestras que integram o livro, seis moram na Região Metropolitana do Recife (RMR), um reside na Mata Norte, três no Agreste e cinco no Sertão. “Quando a gente decidiu contar a história dos mestres, a intenção era fazer com que as pessoas enxergassem muito além das lindas peças e embarcassem em uma viagem pelo riquíssimo universo da cultura popular pernambucana. E que também tivessem um olhar mais apurado para a vida desses artistas em todos os aspectos, além de mostrar que a arte tem um papel fundamental na transformação social de um povo, de um país, quando é trabalhada como uma forte política pública”, explicam Catarina Lucrécia Araújo e Márcio Markman, que assinam os textos, e Daniela Nader, autora das mais de 300 fotografias da obra. O primeiro volume de Feira de Sonhos, com o perfil de 11 mestres e mestras do artesanato, foi lançado em 2022 pela Cepe Editora.

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calabar

Calabar, o grande desertor

*Por Leonardo Dantas Silva Durante a Guerra Holandesa (1630-1654), do lado das forças da resistência, comandadas pelo general Matias de Albuquerque, são constantes as deserções e atos de traição, como se vislumbra da leitura das Memórias Diárias, escritas pelo próprio donatário, Duarte de Albuquerque Coelho, irmão do general comandante. De todos esses fatos, o que mais causou impacto, foi o episódio da deserção do mulato Domingos Fernandes Calabar, em 20 de abril de 1632. Tal acontecimento é atribuído pelos cronistas da Guerra Brasílica como a principal causa da perda da capitania de Pernambuco para as forças de ocupação holandesas. Com a sua ajuda e orientação foram tomadas as vilas de Igarassu (1632), Rio Formoso (1633), Itamaracá (1633), Rio Grande do Norte (1633) e Nazaré do Cabo (1634). Pouco se sabe dos seus motivos em trair os portugueses, passando-se de armas e bagagem para o lado dos holandeses. Dos relatos e documentos de então informam apenas que era ele filho da negra Ângela Álvares com um português de nome desconhecido, nascido em 1609, na vila alagoana de Porto Calvo, que tomou parte ativa na guerra desde o seu primeiro momento. Fora ele ferido, em 14 de março de 1630, quando na defesa do Arraial do Bom Jesus, estando processado por alguns crimes pela justiça do Rei de Espanha. Fora ele citado no diário de um seu contemporâneo, o oficial inglês Cuthbert Pudsey, que entre 1629 e 1640 esteve a serviço da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil. "Por esse tempo veio até nós um português chamado Domingos Fernandes [Calabar], que por haver estuprado uma mulher na região de Camaragibe, e para que depois ela não contasse quem havia feito isto, cortou-lhe a língua da boca. Vivera como renegado por cerca de dois anos entre os portugueses. Então, tendo vindo servir aos holandeses, foi feito capitão. Graças a seus conselhos e meios molestamos muitíssimo o país, sendo ele um sujeito intrépido e político, sabedor de todas as picadas e caminhos através de toda a terra, jactando-se de nada mais fazer senão dano aos portugueses. Sendo ele mesmo um mulato, isto é, com um pai português e uma mãe negra. Desta espécie achamos muitos sujeitos intrépidos. Graças aos seus conhecimentos da região e do aprendizado rápido da língua holandesa, Calabar logo cativou as autoridades militares e administrativas neerlandesas, gozando das simpatias e recebendo carinho e atenções por parte dos mais grados. Convivia ele com as figuras mais representativas de sua época e, para um mestiço do seu tempo, tal tratamento contribuiria para massagear de sobremaneira o seu ego de mulato e o animava na conquista de novos postos em sua carreira militar, na qual veio a atingir o posto de capitão com o soldo de sargento-mor. Seria este, quem sabe, talvez o principal motivo que o fez grato aos superiores holandeses, quando a sua condição de mulato, filho de pai desconhecido, o impediria de receber tais honrarias e simpatias por parte dos senhores da terra e da oficialidade portuguesa. Seu prestígio social junto aos novos aliados tornou-se patente quando do batizado do seu filho com Ana Cardosa, na igreja reformada do Recife. Segundo anotações no Livro Batismal 1633 -1654, conservado no Arquivo Municipal de Amsterdã (Gementes Archief Amsterdam), sob o nº 379/211, estiveram presentes ao batizado do menino Domingos Fernandes Filho, em 20 de setembro de 1634, o alto conselheiro Servatius Carpentier (também médico e senhor do engenho Três Paus), o coronel alemão Sigmund von Schkoppe, o coronel polonês Chrestofle d’Artischau Arciszewski e uma senhora da alta sociedade do Recife não identificada. O fato vem demonstrar a importância social de que gozava o mestiço Domingos Fernandes Calabar quando, em simples solenidade familiar, reúne um represente do alto Conselho e os dois principais chefes do Estado Maior do Brasil Holandês. Outro gesto de consideração do governo do Brasil Holandês para com a memória de Calabar, se dá quando do pedido de sua viúva em favor dos seus três filhos órfãos, em data de 13 de abril de 1636. Na ocasião, “considerando os grandes serviços feitos à Companhia pelo seu falecido esposo”, o Conselho Político concedeu uma pensão de 8 florins por mês a cada uma das crianças, segundo informa José Antônio Gonsalves de Mello in Tempo dos flamengos. Após a derrota das tropas que defendiam o Arraial do Bom Jesus, Matias de Albuquerque, que se encontrava em Nazaré do Cabo, inicia sua marcha em direção à Bahia. No caminho, ao passar pela povoação de Porto Calvo, no atual território de Alagoas, comandando um pequeno exército de 140 homens, resolve tomar aquele baluarte até então em mãos dos holandeses. Para isso contou com a colaboração de Sebastião Souto, que fez o chefe holandês, major Alexandre Picard, crer na vantagem numérica das forças da resistência. Porto Calvo vem a se render em 19 de julho de 1635. Nos termos da rendição uma das condições impostas por Matias de Albuquerque ao major holandês que comandava uma tropa de pouco mais de 360 homens, seria a entrega de Domingos Fernandes Calabar e do judeu Manuel de Castro, este último servindo aos holandeses nas funções de almoxarife da povoação. Foi Manuel de Castro de imediato condenado pelo Auditor Geral “que o mandou enforcar em um cajueiro”, ficando Calabar para o dia seguinte. Entregue Calabar às forças de Matias de Albuquerque, seu julgamento sumário e sua execução passam a ser descritos com cores fortes e detalhes minuciosos pelo frei Calado, encarregado pelo general de acompanhá-lo nos seus últimos momentos. Prisioneiro Calabar, foi ele submetido a um julgamento sumário, em 22 de julho de 1635, sendo condenado à morte por garroteamento pelo general Matias de Albuquerque na ocasião representando a pessoa do próprio rei, “pois era seu general naquela guerra”, sendo acusado o prisioneiro de “muitos males, agravos, extorsões que havia feito”. Após a sentença foi o condenado assistido pelo frei Manuel Calado que o ouviu em confissão e com ele ficou conversando, “das oito da manhã ao meio-dia”, ocasião em que relacionou os nomes dos seus credores, bem como

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Mestre Zuza Tracunhaem 50 anos

Mestre Zuza celebra 50 anos de carreira com exposição na Fenearte

Exposição “Mestre Zuza 50 anos: do artesanato figurativo ao utilitário” estreia nesta quarta-feira, 5, no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, a partir das 16h (Foto: Salatiel Cicero) A exposição "Mestre Zuza 50 anos: do artesanato figurativo ao utilitário" será inaugurada nesta quarta-feira, 5, no Pavilhão do Centro de Convenções em Olinda, como parte da 23ª edição da Fenearte. O renomado ceramista José Edvaldo Batista, conhecido como Mestre Zuza, apresentará suas principais obras feitas à mão, em uma mostra que ficará em exibição até 16 de julho. A exposição celebra seu legado de 50 anos de carreira, destacando sua contribuição para a arte popular nordestina e sua habilidade de unir beleza e funcionalidade em suas criações. Mestre Zuza, considerado um dos maiores artistas populares do Brasil, é reconhecido por seu trabalho com o barro e sua abordagem única na confecção de peças figurativas e utilitárias. Sua cerâmica, caracterizada por características indígenas, traços pernambucanos e uma estética contemporânea, preserva a arte primitiva e incorpora elementos do barroco. A exposição também destaca as conhecidas "beatas", figuras retratando rezadeiras da Zona da Mata pernambucana, e as esculturas xipófagas, que trazem imagens conectadas à cabeça. Além disso, Mestre Zuza vem transmitindo seus conhecimentos para a nova geração, como seu neto Pablo Maycon de Melo Batista, que também participará da Fenearte com suas próprias criações. A obra de Mestre Zuza representa a riqueza e a diversidade da cultura nordestina e continua a encantar admiradores dentro e fora do Brasil. Serviço O quê: Mestre Zuza, de Tracunhaém, comemora 50 anos de carreira com exposição na Fenearte Quando: Quarta-feira, 05 de julho Onde: Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda Horário: 16h

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Camila Bandeira: "Vamos tornar a Fenearte um atrativo turístico"

Diretora-executiva da feira, Camila Bandeira, fala das novidades desta edição do evento, como a realização de atividades em 50 espaços do Recife e de Olinda que dialogam com o artesanato. O objetivo é atrair turistas para as cidades. Também anuncia a realização de um estudo que vai fornecer um diagnóstico do setor. Q uem visitar a 23ª edição da Fenearte este ano, vai poder não só conhecer e adquirir as peças de mais de cinco mil artesãos que vão expor seus trabalhos no Centro de Convenções, mas também participar de uma ampla programação paralela que acontece em cerca de 50 espaços localizados no Recife e em Olinda. As atividades compõem o Circuito Fenearte e vão acontecer em galerias, museus e restaurantes. Entre as atrações estão a Feira de Arte Contemporânea, que acontece no Cais do Sertão, a mostra Tapeçaria Timbi: Bordando as obras do mestre J. Borges no Mercado Eufrásio Barbosa e a Cozinha Fenearte, iniciativa em parceria com o Instituto César Santos, com a participação de 10 restaurantes que vão apresentar um cardápio especial no período do evento. “O público que gosta do artesanato também gosta de gastronomia, de moda, de artes visuais, de artes plásticas. Então, estamos ampliando esse diálogo com essas outras linguagens e para outros equipamentos”, explica Camila Bandeira diretora-executiva da feira. O intuito da inovação, segundo Camila, é transformar a Fenearte numa atração turística. A feira – que este ano acontece de 5 a 16 de julho – é considerada a maior da América Latina, tem investimento de R$ 8 milhões e a expectativa de movimentação financeira superior a R$ 40 milhões. Apesar desses números superlativos, o evento não conta com muitos visitantes de outros Estados e Camila acredita que a Fenearte tem o potencial para estimular o turismo no Recife e em Olinda. A inspiração vem da Fuorisalone, famosa feira de design de Milão que oferece atrativos no entorno do salão onde acontece o evento e que atrai visitantes de outras localidades para a cidade italiana. Camila Bandeira, que também é diretora-geral de promoção da Economia Criativa da Adepe (Agência de Desenvolvimento de Pernambuco) conta, nesta entrevista a Cláudia Santos, as novidades da Fenearte, fala do estudo sobre o setor de artesanato que será iniciado durante o evento e ressalta a importância dos loiceiros (artesão que fazem peças utilitárias de barro), que são homenageados desta edição da feira. Por que, nesta edição, a programação da Fenearte será realizada em outros espaços, além do Centro de Convenções? Identificamos algumas questões que nos levaram para essa tomada de decisão. A primeira delas é que a Fenearte, por si só, apesar de todo potencial, não é ainda um atrativo turístico. São poucos turistas que vêm de fora de Pernambuco para a feira. Olhando para isso, começamos a pensar como que a gente conseguiria dar esse caráter e fomentar mais o turismo. Daí, surgiu a ideia do Circuito Fenearte, no qual estamos expandindo a feira para outros espaços, para atividades relacionadas com artesanato, mas com conexão com outras linguagens. O público que gosta do artesanato também gosta de gastronomia, de moda, de artes visuais, de artes plásticas. Então, estamos ampliando esse diálogo com essas outras linguagens e para outros equipamentos. Acreditamos que , desta forma, vamos tornar a Fenearte um atrativo turístico. A feira, com a comercialização dos trabalhos dos artesãos continua sendo realizada no Centro de Convenções, não haverá nenhum ponto de venda fora dele, mas vamos oferecer uma programação paralela para colocar o artesanato em diálogo com outras linguagens e com isso incentivar o turismo. Que tipo de atrações o visitante vai conhecer nesses outros espaços? A gente vai ter o circuito gastronômico. Alguns chefs, que estarão na Fenearte, inclusive com a aula-show que é oferecida na feira, estarão também nos seus restaurantes, em seus espaços, ativando com prato especial, com horário estendido, com a sinalização de que ali também faz parte do Circuito Fenearte. Além de restaurantes, museus, equipamentos culturais, galerias de arte, espaços de economia criativa das cidades do Recife e de Olinda estarão com programação específica nesse período em que a feira é realizada. Alguns começando antes, outros estendendo até um pouco mais, mas cerca de 50 espaços serão ativados pela Fenearte, provocados para pensarem em programações específicas. Essa iniciativa foi inspirada na feira Fuorisalone, de Milão, onde surgiram essas ativações orgânicas que iam acontecendo ali ao redor do salão principal do evento, segundo eu soube – porque não fui lá ainda – hoje essas atividades paralelas têm tanto poder atrativo quanto o salão. A economia da cidade vive atualmente a partir do que acontece no seu entorno, nas galerias, nos outros equipamentos que são ocupados. Nesta edição, a feira homenageia os loiceiros. Qual a importância deles para o artesanato e para a identidade cultural de Pernambuco? Esse saber tradicional da loiça é milenar, vem dos povos originários, muitas vezes as pessoas nem sabem, mas a própria arte figurativa vem da arte utilitária de pegar o barro da terra e fazer objetos como uma panela. A partir daí, vai-se modificando ao longo do tempo, através das tradições, até chegar no que a gente tem hoje como arte figurativa, arte expressiva, arte contemporânea. Por isso a ideia de homenagear esse saber tão antigo, tão milenar, da raiz de onde vem, por exemplo, Vitalino e Maria Amélia, que são dois artistas renomados por trabalhar com cerâmica. Os pais de ambos eram loiceiros, eles começaram a ter esse contato com o barro e com a cerâmica ao fazerem objetos utilitários. Então, a ideia é homenagear todos esses mestres e mestras que estão espalhados pelo Estado todo. Nessa edição vocês vão realizar um estudo sobre o setor. Qual o objetivo dessa pesquisa e quando os resultados serão concluídos? O objetivo é a gente ter um panorama, um diagnóstico profundo sobre a cadeia do artesanato que vai nos dar subsídios para entender essa cadeia e podermos traçar as estratégias mais adequadas e estruturantes para esse setor. O estudo tem quatro pilares: mercado (olhar para o artesanato a

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Guilherme Calado lança single “Ballet Solitário”, entre o jazz contemporâneo e a valsa

Expoente da nova cena independente de jazz que surge no Recife, o pianista e compositor Guilherme Calado lança nas plataformas de música o single “Balett Solitário”, canção que faz uma simbiose entre o jazz e a valsa. O single é uma prévia do seu primeiro EP Trajetos, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre deste ano.  “Podemos descrever Ballet Solitário como uma valsa, mas não uma valsa jazz tradicional, uma valsa construída com uma harmonia moderna, polirritmia”, afirma o músico. Calado explica que a harmonia da canção constrói um clima de reflexão e meditação natural em quem ouve. “Talvez até um pouco melancólica, dependendo da perspectiva”, brinca o pianista.  O músico está nos preparativos finais de Trajetos, disco formado por cinco músicas que dialogam com o jazz brasileiro e o jazz contemporâneo, nele é possível ver ritmos típicos daqui como baião, maracatu e também valsas e ballads como no Jazz mais tradicional, “Porém tudo isso sob um viés contemporâneo das harmonias e melodias trabalhadas nas músicas”, assegura.  A banda que acompanha o músico no single é formada por Henrique Albino, no clarinete e clarone, Filipe de Lima tocando baixo elétrico e Silva Barros na bateria. Todos são músicos formados pelo Conservatório Pernambucano de Música e se conheceram estudando no espaço. A gravação de Ballet Solitário ocorreu com todos os músicos tocando ao vivo, simultaneamente, no estúdio como acontece nas jams sessions. O single teve masterização e mixagem de Vinicius Aquino.  “Eu quis gravar já ao vivo porque o jazz tem muito da improvisação e do diálogo de um músico com o outro que interage respondendo uma outra coisa. Temos a estrutura já criada, sólida da música, mas os improvisos estão sempre presentes em como você quer interpretar aquele momento”, detalhou o músico que também divide a direção musical do projeto com Henrique Albino. “É um trabalho muito coletivo, todo o mundo ficava muito à vontade para dar sugestão no processo”, concluiu.    SERVIÇO  "Ballet Solitário" de Guilherme CaladoTodas as plataformas de música - https://tratore.ffm.to/GuilhermeCalado?fbclid=PAAaY4KktaWkuRt7KCKxUCajLjdyAEws90HOP2s9ckMsEsaEoxZmM5_xkeYUQ_aem_AeVHiEn3_OWIGvLVBCr4N2BFaNIYgo9ai8eSxm5O_3e5NZvyDECOtQFqD9USqSG6jNk 

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