FGV IBRE: Brasil precisa crescer 5,7% para esta não ser a pior década dos últimos 120 anos
Marcel Balassiano – pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBRE No Blog do Ibre, escrevi o artigo “PIB recua média anual de 1,2% por ano no período Dilma II/ Temer, queda sem precedentes em 120 anos”, comparando as taxas médias reais de crescimento do PIB por mandatos presidenciais (FHC I, FHC II, Lula I, Lula II, Dilma I e Dilma II / Temer), lembrando que a média desses últimos 24 anos (seis quadriênios presidenciais) foi de um crescimento de 2,3% ao ano, bem acima do recuo médio de 1,2% ao ano no último quadriênio. No artigo, também há o gráfico com a média móvel de quatro anos das taxas reais de crescimento do PIB desde 1904, segundo a série histórica do Ipeadata, sendo esses últimos anos o pior momento da economia brasileira nos últimos 120 anos. Isso só reforça o argumento de que esse desempenho bastante negativo no último quadriênio, que resultou na pior recessão da história do Brasil, foi fruto de erros de política econômica com a “Nova Matriz Econômica”, já que essa crise foi sem precedentes na história brasileira, e com comparações internacionais. No artigo “Desempenho da economia brasileira em comparação com o resto do mundo”, também no Blog do Ibre, tratei dessas comparações internacionais, concluindo que tanto em 2015 quanto em 2016, mais de 90% dos países apresentaram um crescimento real do PIB maior do que o Brasil. Agora, a análise será feita por décadas, conforme o Gráfico 1. Muito provavelmente essa década (2011-20) será (está sendo) a pior década em termos de crescimento econômico dos últimos 120 anos, pior até que a década de 1980, chamada de “década perdida”, que apresentou um crescimento médio de 1,6% ao ano. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia fez uma Nota Informativa “Comparando o crescimento do PIB nas décadas de 1980 e atual”. Por enquanto, a média de crescimento do PIB brasileiro nos anos 2011-18 foi de 0,6%. Se considerarmos a mediana das expectativas de mercado da Focus para os anos de 2019 e 2020 (2,01% e 2,80%, respectivamente), a média da década será de 0,9%, quase a metade de crescimento da “década perdida”. Para a década atual não ser a pior década em termos de crescimento econômico, e conseguir ser “melhor” (ou “menos pior”) do que a década de 1980, o PIB brasileiro teria que crescer, em termos reais, 5,7% tanto em 2019, quanto em 2020, o que parece bastante improvável. Então, podemos concluir que os anos 2011-20 foram mais “perdidos” do que a chamada “década perdida” dos anos 1980.