Saúde - Página: 19 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Saúde

Pesquisa investiga como trauma pode ser transmitido entre gerações

Maria Fernanda Ziegler  – É sabido que situações adversas ocorridas na infância, como negligência ou violência física, psíquica e sexual, podem ter reflexos negativos na saúde mental durante a vida adulta. Estudos também demonstraram que esses efeitos negativos podem ser transmitidos para gerações futuras, mesmo que os descendentes não tenham vivenciado tais experiências. O chamado trauma intergeracional foi observado pela primeira vez em descendentes de sobreviventes dos campos de concentração. Agora, os mecanismos de transmissão envolvidos serão investigados em uma pesquisa com 580 gestantes em situação de vulnerabilidade na cidade de Guarulhos (SP). O estudo, apoiado pela FAPESP e pelos National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, é conduzido por pesquisadores da Columbia University e da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Embora alguns estudos tenham demostrado a influência de eventos adversos ocorridos na infância da gestante sobre o desenvolvimento cerebral de sua prole, pouco se sabe ainda sobre os mecanismos envolvidos no processo. Nosso estudo é o primeiro a analisar as alterações placentárias e o neurodesenvolvimento do bebê por meio de análises genéticas, imagens de ressonância magnética neonatal e avaliações cognitivas”, disse Andrea Parolin Jackowski, professora da Unifesp e coordenadora do projeto no Brasil. Transmissão via placenta Segundo Jackowski as hipóteses predominantes relacionam a transmissão intergeracional de trauma a altos níveis de marcadores inflamatórios ou de cortisol – o hormônio do estresse – durante a gestação. Tal condição resultaria em alterações epigenéticas (modificações bioquímicas nas células que controlam a ativação ou silenciamento de genes) que são transmitidas para os bebês. De alguma forma, as substâncias pró-inflamatórias e o cortisol produzidos durante a gravidez de mulheres que sofreram traumas na infância ativa ou silencia genes ligados a problemas de saúde mental – como depressão, déficit de atenção e outros. “Isso é transmitido para o feto via placenta, que é o meio de comunicação entre a mãe e o feto. São essas alterações epigenéticas placentárias que alteram o desenvolvimento cerebral do feto”, disse. Prevenção Além de entender o mecanismo de transmissão do trauma intergeracional, o projeto tem o objetivo de identificar formas possíveis de prevenir problemas de saúde mental nos filhos de mulheres com esse histórico. “Podemos identificar quais comportamentos são alterados por esses mecanismos e pensar em formas de prevenção, possivelmente a ser adotada durante a gestação”, disse. O estudo vai avaliar 580 grávidas atendidas em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) de Guarulhos. O grupo será divido em dois: um composto por 290 mulheres que sofreram eventos adversos na infância e o outro por aquelas que não vivenciaram tais problemas. Além da análise genômica e epigenômica da placenta e de amostras de sangue (para ver marcadores de inflamação) e de cabelo (nível de cortisol) das mães e dos bebês, o estudo também vai acompanhar o neurodesenvolvimento do controle cognitivo dos bebês por 24 meses após o nascimento. A associação entre o trauma materno e o desenvolvimento do bebê será observada por meio de imagens de ressonância magnética de crânio dos neonatos e avaliações comportamentais de controle cognitivo aos 12 e 24 meses. “Sabe-se que as mães com histórico de experiências adversas na infância têm risco aumentado de gerar filhos que logo após o nascimento apresentam alteração em alguns circuitos cerebrais responsáveis pelo controle cognitivo. Aos 24 meses é possível identificar essas alterações no desenvolvimento. Por volta dos cinco ou seis anos, essas crianças apresentam risco aumentado de desenvolver comportamentos impulsivos”, disse. Jackowski destaca que, embora existam estudos em andamento focados no desenvolvimento infantil, inclusive na Columbia University, nenhum deles conseguiu tão a fundo as vias que relacionam experiências adversas na infância, inflamação, placenta e cérebro. “Só foi possível realizar esse estudo no Brasil porque infelizmente existe uma população vulnerável a vários tipos de violência e, felizmente, existe o SUS. Desse modo, conseguimos coletar informações detalhadas e de qualidade em uma população de baixa renda e em contexto propício para a realização de futuras intervenções que venham a quebrar esse ciclo de impacto da violência tão cedo quanto possível”, disse. O projeto é o desdobramento de um estudo-piloto realizado também em três UBS e uma maternidade em São Paulo com 40 grávidas e seus bebês. “Nossa ideia é, no futuro, prolongar o estudo com as 580 grávidas e acompanhar as crianças até a idade escolar”, disse. Agência FAPESP

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Recife ganha nova unidade de transplante de coração

Com mais de mil transplantes de fígado já realizados, o Hospital Jayme da Fonte (HJF), no Recife, passa a realizar um novo procedimento: transplantes de coração. O primeiro foi realizado com sucesso, posicionando o HJF como mais um centro hospitalar a realizar este tipo de cirurgia em Pernambuco, abrindo espaço para a redução da lista de espera de transplantes, que até o fim de 2019 era de 15 pessoas. “Poder contar com a estrutura do Jayme da Fonte para realizar transplantes de coração no Estado é muito positivo para todos, tanto para a nossa equipe como para os pacientes. Nossa expectativa é realizar um transplante por mês”, afirma o cirurgião cardiovascular e coordenador do serviço de transplante de coração do HJF, Fernando Figueira, que também comanda o serviço no IMIP, líder na realização do procedimento em Pernambuco, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). O primeiro transplante de coração do Hospital Jayme de da Fonte foi realizado em 18 de dezembro. No dia de Natal, graças ao sucesso do procedimento, o transplantado, um funcionário público, de 62 anos, natural do interior da Bahia, pode celebrar a data com a família em um quarto no hospital. O paciente teve alta na sexta-feira (10.01), mas deve ficar no Recife pelos próximos meses para acompanhamento médico. O paciente veio para o Recife realizar o procedimento, depois de ficar mais de dois meses internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com um quadro de insuficiência cardíaca grave. “Diante da situação do paciente, pensamos que poderia ser uma cirurgia mais complicada, mas foi bastante tranquila. Tudo ocorreu dentro do esperado para o transplante”, comenta o cardiologista clínico da equipe, Rodrigo Carneiro. A cirurgia durou cerca de quatro horas. “Sem um trabalho em equipe um transplante não é sustentável. Nesse caso, além do suporte assistencial, contamos com a expertise administrativa e estrutural do Jayme da Fonte. Essa experiência só reforça o Jayme como referência em Pernambuco”, conclui Fernando Figueira. HOSPITAL JAYME DA FONTE - Com mais de 60 anos, o Hospital Jayme da Fonte é referência no atendimento médico-hospitalar na Região Metropolitana do Recife, com serviços de urgência e emergência, em clínica geral, cirurgia, cardiologia, ortopedia e traumatologia, além da área de transplante hepático. Com desafio permanente da excelência dos serviços, acredita que seu trabalho vai além de cuidar de vidas. Sob a coordenação do médico Cláudio Lacerda e equipe, a unidade já realizou mais de mil transplantes de fígado, destacando-se como hospital de referência no país nessa área.

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Saliva permite predizer taxa de gordura corporal em jovens

Elton Alisson  – Além de facilitar a mastigação e a deglutição, umedecer a boca e proteger contra bactérias, a saliva pode ajudar a detectar precocemente o risco de desenvolver doenças associadas ao excesso de gordura corporal. Ao medir a concentração de ácido úrico na saliva de adolescentes, pesquisadores das universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos jovens. Dessa forma, identificaram adolescentes com porcentual de gordura acima do ideal, ainda que sem sintomas de doenças crônicas relacionadas à obesidade. Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, foram publicados na revista Nutrition Research. O objetivo da pesquisa foi identificar na saliva biomarcadores confiáveis que se correlacionem com os encontrados no sangue, de modo a viabilizar o desenvolvimento de testes rápidos para monitorar o estado de saúde principalmente de crianças. “A ideia é possibilitar a ampliação do uso da saliva como amostra biológica alternativa para análises clínicas. Tem a vantagem de poder ser coletada várias vezes, assim como a urina, de forma não invasiva e indolor”, disse à Agência FAPESP Paula Midori Castelo, professora da Unifesp, campus de Diadema, e coordenadora do projeto. Segundo a pesquisadora, o nível de ácido úrico salivar se mostrou um bom preditivo da concentração de gordura corporal mesmo em adolescentes considerados saudáveis. Contudo, a relação entre esses dois fatores ainda não é bem compreendida e deverá ser mais bem estudada em estudos futuros. Produto final da degradação das purinas, bases nitrogenadas constituintes do DNA e do RNA, o ácido úrico acumula-se no sangue e, em proporções muito menores, na saliva. Apesar de desempenhar função antioxidante, a concentração elevada do composto no sangue e na saliva pela desregulação na degradação das purinas pode predispor à hipertensão, inflamação e doenças cardiovasculares. Métodos Além do ácido úrico, foram dosadas na saliva de 248 adolescentes – 129 meninos e 119 meninas – as concentrações de diversos compostos, entre eles colesterol e vitamina D. Os jovens, com idade entre 14 e 17 anos e estudantes de escolas públicas de Piracicaba, no interior paulista, responderam previamente a um questionário sobre o histórico médico e foram submetidos a uma avaliação odontológica a fim de identificar e excluir os que apresentavam cárie ou doença periodontal (inflamação da gengiva). “Esses fatores influenciariam parâmetros da saliva, como o pH [índice de acidez] e a composição eletrolítica e bioquímica. A cárie e a doença periodontal estão relacionadas com a secreção de substâncias que podem alterar a composição do fluido”, explicou Castelo. Os adolescentes aptos a participar do estudo foram submetidos a uma avaliação antropométrica, que incluiu medidas de altura, peso, porcentagem de gordura corporal e massa muscular esquelética por impedância biolétrica – um aparelho que mede a gordura corporal por meio de uma corrente elétrica de baixa intensidade. As amostras de saliva foram coletadas em domicílio, após um jejum de 12 horas, por meio de um dispositivo chamado salivete – uma espécie de tubo coletor feito de plástico. A concentração de ácido úrico e dos outros compostos foi medida com um equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, na sigla em inglês). Esse método de separação de compostos químicos em solução permite identificar e quantificar cada componente presente na mistura. As análises estatísticas dos dados indicaram que os adolescentes que apresentaram concentrações mais elevadas de ácido úrico na saliva também possuíam maior porcentagem de gordura corporal. Por meio da aplicação de um modelo de análise de regressão linear – que avalia a relação entre variáveis –, os pesquisadores também conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos adolescentes a partir da concentração de ácido úrico na saliva. “A concentração salivar desse composto mostrou-se um bom indicador para detectar o acúmulo de gordura corporal, mesmo em adolescentes que não estavam em tratamento para doenças crônicas, e pode dar origem a um método não invasivo e preciso para monitorar e identificar precocemente alterações no estado nutricional”, disse Castelo. O artigo Salivary uric acid is a predictive marker of body fat percentage in adolescentes (DOI: 10.1016/j.nutres.2019.11.007), de Darlle Santos Araújo, Kelly Guedes de Oliveira Scudine, Aline Pedroni Pereira, Maria Beatriz Duarte Gavião, Edimar Cristiano Pereira, Fernando Luiz Affonso Fonseca e Paula Midori Castelo, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0271531719307304?via%3Dihub. Agência FAPESP

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Mutirão de Saúde do Chegando Junto realiza mais de 200 ultrassons neste sábado (18)

A Prefeitura do Recife promoverá, neste sábado (18), o primeiro Mutirão de Saúde do Programa Chegando Junto deste ano. Sairão da fila de espera para exames de ultrassonografia 235 pacientes que aguardavam pelo procedimento. Os exames serão feitos na RC Diagnósticos, clínica que faz parte da rede complementar da Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife e fica localizada na Encruzilhada, Zona Norte da cidade. Desde junho, quando o Programa Chegando Junto foi lançado, foram ofertadas mais de 12 mil vagas em consultas com especialistas, exames e pequenas cirurgias, e foram realizados mais de seis atendimentos por causa da abstinência, que chega a 45%. O acesso dos recifenses ao mutirão é através de agendamento via Sistema de Regulação, para os usuários que estão com sua solicitação pendente no sistema. Todas as 235 pessoas agendadas para este sábado receberam uma ligação e mensagem de texto informando da vaga para atendimento, confirmando a disponibilidade de comparecimento na data. Por isso, é importante que os dados cadastrais estejam atualizados na unidade de saúde de referência para que a equipe da Sesau consiga o contato com o usuário e possa garantir sua participação no mutirão. CHEGANDO JUNTO - Lançado em junho, o Programa Chegando Junto reúne uma série de ações de assistência à população e apoio à geração de renda em prol da população que vive nas áreas mais vulneráveis da cidade. Uma das iniciativas são as Frentes de Trabalho Miguel Arraes, que pagam diárias a quem colabora com os mutirões de retirada de entulhos (bens inservíveis) no entorno de unidades de saúde, por exemplo. Desde agosto, a Prefeitura do Recife já pagou mais de 800 diárias, totalizando mais de R$ 40 mil. Já foram realizados também minicursos de formação com foco no empreendedorismo e na geração de renda, como corte de cabelo, manutenção de bicicleta e artesanato, incluindo a entrega de kits com o material necessário para início das atividades. Também começaram a ser sorteados mensalmente 100 kits com bicicleta e smartphone com pacote de dados para que os beneficiados aumentem sua renda prestando serviços para os diversos aplicativos de entrega a domicílio disponíveis no mercado.

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No mês de conscientização sobre Saúde Mental, especialistas falam das demências

“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente”. A reflexão é da personagem central do livro Para Sempre Alice, uma renomada neuro-linguista que, ironicamente, descobre e passa a conviver com a Doença de Alzheimer. Assim como a personagem, cerca de 1,2 milhões de pessoas, a maioria com 60 anos ou mais, vivem com demências no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). No mês marcado pela conscientização sobre a Saúde Mental, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) alerta para a importância das demências, doenças neuro-degenerativas, de curso crônico, irreversível, que causam a diminuição progressiva das funções cognitivas, alterações de comportamento e perda da capacidade funcional. Segundo a psicóloga especialista em Gerontologia, Eloisa Adler, a longevidade é um desafio do século XXI. Doenças como o câncer e as demências têm maior prevalência com o avançar da idade. “Uma pessoa acometida por uma demência perde progressivamente a sua autonomia, ou seja, a capacidade de fazer suas próprias escolhas e tomar decisões”. O médico geriatra Paulo Canineu detalha que os primeiros sintomas geralmente são de alterações da memória recente. “Também pode haver mudanças de comportamento, ansiedade e depressão, evoluindo lentamente para perda de nexo, incontinências fecal e urinária e imobilidade física, que pode levar a pessoa a ficar acamada”, diz. “A autonomia, um referencial fundamental da Bioética contemporânea, como um princípio lapidar da liberdade de escolhas, é comprometida precocemente na devastadora Doença de Alzheimer”, acrescenta a médica geriatra Claudia Burlá. Família e atendimento especializado De acordo com Canineu, tratar uma pessoa que teve infarto, por exemplo, é diferente de tratar outra com uma demência, como a Doença de Alzheimer, a mais frequente entre elas. “Enquanto a primeira depois de um ano pode melhorar, fazendo uma reabilitação e melhorando os hábitos, a segunda, terá uma evolução progressiva por mais precoce que seja o diagnóstico e o início do tratamento”, explica. Nesse momento a presença e o envolvimento da família são essenciais, enfatiza Burlá: “Os familiares têm responsabilidade de proteger e cuidar da pessoa idosa com diagnóstico de algum tipo de demência”. De acordo com a especialista, além disso, não adianta apenas prescrever remédios, mas realizar um trabalho integrado, multi-interdisciplinar de reabilitação cognitiva e suporte familiar. Adler e Burlá complementam que a abordagem integrada geronto-geriátrica é a base para a maximização da autonomia e otimização funcional da pessoa idosa nos diferentes cenários do processo do envelhecimento.

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Pé diabético no verão: caminhada na praia requer proteção

No verão, caminhar pela praia é uma das atividades mais prazerosas para se fazer ao ar livre. Mas para quem é portador de diabetes, o ato pode trazer sérias implicações, se alguns cuidados não forem tomados. Um dos problemas mais graves nos diabéticos é a neuropatia que diminuiu ou elimina a sensibilidade protetora e deixa-os propensos a desenvolver lesões decorrentes de trauma ou contato com superfícies muito quentes, como a areia da praia. “As bolhas decorrentes de uma simples caminhada na praia são comuns em pacientes diabéticos e, frequentemente, evoluem com lesões sérias mais profundas, que se não forem bem conduzidas, podem terminar em infecção e, eventualmente, na amputação do pé”, explica o presidente da ABTPé, Dr. José Antônio Veiga Sanhudo. O número de brasileiros portadores de diabetes mellitus aumentou mais de 60% nos últimos 10 anos, estimando-se que hoje a doença afete quase 9% da população geral e 27% das pessoas com mais de 65 anos de idade. Dados do Ministério da Saúde, referentes aos meses de janeiro a julho de 2019, dão conta de que, no período, foram realizadas 9.019 cirurgias de amputações de membros no SUS (Sistema Único de Saúde), em decorrência do diabetes. A enfermidade apresenta dois impactos à saúde dos pés: fluxo sanguíneo reduzido para membros inferiores e neuropatia periférica - danos nos nervos, sendo essa consequência apontada como causadora da típica redução de sensibilidade nas pernas e nos pés. “Com a perda da sensibilidade, os machucados, normalmente, não são sentidos. Então, é indispensável o uso de calçado quando for à praia e evitar andar, especialmente, sobre a areia quente ou pedras. O mesmo serve para piscina, nunca andar descalço em superfícies que podem estar superaquecidas”, ressalta o Dr. Sanhudo. “É importante, inclusive, o uso de uma proteção mesmo dentro da água, como sapatos próprios para desportos náuticos ou meias de surfista”, completa o especialista. Evitando problemas Além das recomendações mencionadas por Dr. Sanhudo, outras ações devem ser executadas para prevenir problemas e manter a saúde do pé diabético: - Diariamente, examine os pés em um ambiente bem iluminado ou peça a ajuda de alguém para verificar a existência de frieiras, cortes, calos, rachaduras, feridas ou alterações de cor. Mediante qualquer observação diferente, procure um médico imediatamente. -Mantenha os pés sempre limpos e, antes de banhá-los, teste a temperatura da água com o seu cotovelo para evitar queimaduras. - Ao enxugar os pés, a toalha deve ser macia e, ainda sim, não a esfregue na pele. - Mantenha a pele hidratada para evitar rachaduras, mas seque bem entre os dedos e ao redor das unhas para evitar macerações. - Use meias sem costura, de algodão ou lã e evite sintéticos, como nylon. Dê preferência por meias brancas, pois facilitam a identificação de sangramentos ou drenagem de secreção. - Antes de cortar as unhas, é preciso lavá-las e secá-las bem. Para cortar, usar um alicate apropriado ou uma tesoura de ponta arredondada. O corte deve ser quadrado, com as laterais levemente arredondadas e sem tirar a cutícula. Recomenda-se evitar idas a manicures ou pedicures, dando preferência a um profissional especializado, como o podólogo, o qual deve ser avisado do diabetes. - O ideal é não cortar os calos, nem usar lixas. - Os calçados ideais são os fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos, que ofereçam firmeza. Para as mulheres, recomenda-se os sapatos com saltos quadrados, que tenham, no máximo, 3 cm de altura. Também é importante não utilizar calçados novos por mais de uma hora por dia, até que estejam macios.

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Estudo contesta uso de maconha no tratamento da dependência de cocaína

Maria Fernanda Ziegler – Pesquisa brasileira publicada na revista Drug and Alcohol Dependence contesta o uso recreativo de maconha como estratégia de redução de danos para dependentes de crack e cocaína em reabilitação. Dados do artigo indicam que o consumo da erva piorou o quadro clínico dos pacientes em vez de amenizar, como esperado, a ansiedade e a fissura pela droga aspirada ou fumada em pedra (crack). O estudo acompanhou um grupo de dependentes por seis meses após a alta da internação voluntária de um mês no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). Os pesquisadores do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA) e do Laboratório de Neuroimagem dos Transtornos Neuropsiquiátricos (LIM-21) da Faculdade de Medicina da USP constataram que a maconha prejudica as chamadas funções executivas do sistema nervoso central, relacionadas, entre outras atividades, com a capacidade de controlar impulsos. “Nosso objetivo é garantir que políticas públicas para usuários de drogas sejam baseadas em evidências científicas. Quando as políticas de redução de danos foram implementadas no Brasil, para usuários de cocaína e crack, não havia comprovação de que seriam benéficas. Os resultados deste estudo descartam completamente essa estratégia para dependentes de cocaína”, disse Paulo Jannuzzi Cunha, autor do artigo. O professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do LIM-21 foi bolsista de pós-doutorado da FAPESP. Foram incluídos na pesquisa 123 voluntários divididos em três grupos: dependentes de cocaína que fizeram uso recreativo da maconha (63 pessoas), dependentes de cocaína que não consumiram a erva (24) e grupo controle (36), composto por voluntários saudáveis e sem histórico de uso de drogas. Um mês após receberem alta, 77% dos dependentes de cocaína que fumaram maconha mantiveram a abstinência. Já entre aqueles que não fizeram uso de maconha, 70% não tiveram recaídas. Mas três meses após a internação a situação se inverteu e a estratégia de redução de danos mostrou-se pouco efetiva. Entre os que não fumaram maconha, 44% permaneceram sem recaídas, enquanto só 35% dos que fizeram uso recreativo da maconha mantiveram-se abstinentes. Ao fim dos seis meses de acompanhamento, permaneceram sem recaídas 24% e 19% dos voluntários, respectivamente, mostrando que os pacientes que usavam maconha acabaram recaindo mais no longo prazo. “Os resultados desbancam a hipótese de que o uso recreativo de maconha evitaria recaídas e ajudaria na recuperação de dependentes de cocaína. Um quarto daqueles que não fumaram maconha conseguiu controlar o impulso de usar cocaína, enquanto só um quinto não teve recaída entre os que supostamente se beneficiariam da estratégia de redução de danos. O uso pregresso de maconha não traz melhoras de prognóstico no longo prazo, o estudo até sugere o contrário”, disse o psiquiatra Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, primeiro autor do artigo. Prejuízo cognitivo De acordo com os resultados, os dois grupos de dependentes de cocaína em reabilitação apresentaram déficits neurocognitivos importantes em tarefas que incluíam memória operacional, velocidade de processamento, controle inibitório, flexibilidade mental e tomada de decisão, quando comparados ao grupo controle. Porém, aqueles que fizeram uso recreativo de maconha apresentaram resultados ainda piores em relação às chamadas funções executivas – relacionadas à capacidade de sustentar a atenção em determinados contextos, memorizar informações e elaborar ou planejar comportamentos mais complexos. Também apresentaram lentidão no processamento mental e maior dificuldade para frear impulsos. Durante todo o projeto foram realizados testes cognitivos e exames de neuroimagem. Os voluntários também fizeram exames de urina para verificar o eventual uso de drogas. “Um dos limitadores do nosso estudo foi a impossibilidade de analisar o tipo de maconha usada pelos voluntários. Era a droga que eles consumiam em casa ou no seu contexto social”, disse Cunha. Um preparado de maconha é composto por pelo menos 80 tipos diferentes de canabinoides. Dois deles têm maior relevância: o THC, associado aos efeitos de relaxamento da droga, à dependência e a danos neurológicos; e o canabidiol, que poderia modular os efeitos do THC. “Nosso trabalho não envolveu uma avaliação específica dos possíveis efeitos do canabidiol, que pode até ter potencial terapêutico, mas se apresenta em proporção muito menor na maconha fumada e é muito difícil de ser extraído puro da Cannabis”, disse. Dados do artigo também indicam que, quanto mais precoce foi o uso de maconha e cocaína na vida dos dependentes, maiores as chances de recaída durante a reabilitação por cocaína. “Trabalhos anteriores demonstraram que a precocidade prejudica o neurodesenvolvimento e a organização de importantes redes neurais no cérebro. Portanto, a exposição precoce à maconha teria um prognóstico pior não só em relação à própria maconha, como também a outras substâncias”, disse Oliveira Júnior. “Esse dado é preditivo e sugere o impacto negativo da maconha e da cocaína no processo de maturação cerebral e na caracterização de um pior prognóstico da doença”, disse Oliveira Júnior. Redução de danos O uso de substâncias como a metadona (narcótico do grupo dos opioides) tem sido considerado uma estratégia de redução de danos eficaz na reabilitação de dependentes de heroína e outras drogas injetáveis, atingindo, desde os anos 1990, determinado sucesso em diferentes países. Com base nos resultados com dependentes de heroína, trabalhos anteriores não controlados vinham sustentando a hipótese de que o uso recreativo da maconha poderia ser também uma estratégia eficaz na redução da fissura em dependentes de cocaína e crack. “Isso resultou, inclusive, na implementação de organizações na área de redução de danos e políticas públicas que indicavam o uso da maconha fumada como estratégia para redução da ansiedade e fissura pelo uso de cocaína. Nosso estudo contradiz esse tipo de estratégia”, disse Oliveira Júnior. Cunha explica que a diferença de resultados na política de redução de danos entre usuários de heroína e cocaína ou crack se dá pelas peculiaridades de cada droga. “A abstinência por heroína traz sintomas corporais, fisiológicos e biológicos muito rapidamente. Se o usuário fica sem um opioide, começa a suar frio, passar mal, pode ter convulsões e problemas físicos graves”, disse. O pesquisador afirma que uma estratégia farmacológica

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Conjuntivite tóxica é uma das doenças oculares mais comuns do verão

Durante o verão, o uso frequente de protetor solar e bronzeador aumenta a incidência de conjuntivite tóxica. Outro agravante da doença tem sido o uso de repelentes contra insetos. Em contato com os olhos, estes produtos químicos causam inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a pálpebra e a superfície do olho. Pode ocorrer em apenas um olho ou nos dois e o tratamento normalmente consiste em suspender a substância sensibilizadora. “A conjuntivite tóxica causa lacrimejamento aquoso e transparente e não costuma durar muitos dias, com exceção de agentes contaminadores muito fortes que estendem o período da doença”, explica o oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugenio. Além de lacrimejamento, a conjuntivite tóxica costuma deixar os olhos vermelhos e com sensação de areia, o que causar coceira ou dor. O médico recomenda utilizar protetores solares oftalmologicamente testados, que vão proteger a área dos olhos sem causar inflamação. Já os protetores solares comuns, bronzeadores e repelentes devem ser aplicados no rosto evitando a região dos olhos, sem excessos. Quanto aos produtos em spray, devem ser borrifados primeiramente na palma da mão e não diretamente no rosto. Após a aplicação, é importante lavar as mãos e, de tempos em tempos, enxugar o suor ao redor dos olhos com lenço de papel. Caso o produto químico penetre os olhos, o primeiro passo a ser tomado é interromper o uso da substância e lavar bem os olhos com água corrente ou filtrada. A remoção do agente causador costuma ser suficiente para sanar o problema. O uso de lágrimas artificiais, preferencialmente sem conservantes, ajuda a aliviar o incômodo. A patologia também pode ser causada por drogas, como antivirais e anti-glaucomatosos, colírio medicamentoso, produtos de limpeza, poluentes industriais ou fumaça de cigarro, sabão, sabonetes, spray, maquiagens, cloro e tintas para cabelo.

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Carnaval acende alerta para o uso do preservativo e a prevenção do HPV

O carnaval é uma eventualidade cheio de surpresas boas. Festas, momentos de lazer, diversão, folia e algumas paqueras. Essas situações são motivo de grande preocupação dos órgãos de saúde E pode trazer uma outra surpresa nada agradável: a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Em oportunidades como o carnaval AS pessoas acabam se esquecendo da prevenção durante o ato sexual e contraem doenças como o HPV. Dados do Ministério da Saúde divulgados em dezembro de 2017 certificaram que 54,6% dos jovens brasileiros entre 15 e 25 anos têm prevalência de HPV. Essa estatística foi concluída a partir de um estudo feito com 5.812 mulheres e 1.774 homens, que foram entrevistados e fizeram exames nas 26 capitais e no Distrito Federal. “O HPV é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo Papilomavírus humano. Trata-se de um vírus que atinge a pele e alguns tecidos com a possibilidade de causar verrugas e outros tipos de lesão. O nome HPV é uma sigla em inglês para a palavra Papiloma Virus Humano e existem mais de 200 tipos, sendo que cada um deles pode causar lesões em diferentes partes do corpo. O contágio pode acontecer a partir de uma única exposição e a forma mais comum para a transmissão é a relação sexual”, esclarece a ginecologista Raquel Martins Soares, sócia da clínica Femminile Ginecologia. Uma das práticas que mais levam ao contágio do HPV é a falta de camisinha durante uma relação sexual. Esse comportamento tão criticado pela comunidade médica é mais comum ao longo do período de carnaval. “Com a chegada do carnaval, as pessoas tendem a esquecer da camisinha. Esse hábito não é nada saudável. Principalmente para as mulheres porque em determinados casos, quando o vírus acomete a mucosa do útero, ele é capaz de provocar até mesmo um câncer de colo de útero”, explica a ginecologista. Os sintomas vão além das verrugas e podem ser notados tanto na genitália quanto em outras partes do corpo. A aparição pode ter início a partir dos dois primeiros meses após o contágio, mas também pode jamais surgir – o que não torna o vírus inativo no organismo e também não o desqualifica para a contaminação de terceiros. No caso da mulher, uma opção de exame que detecta o vírus é o Papanicolau. “O Papilomavírus humano é sorrateiro. Em 95%, o paciente está infectado e o vírus não SE manifesta. Mesmo assim, caso essa pessoa infectada tenha relações sexuais sem camisinha, a probabilidade de contaminação é muito grande. Por isso entramos numa série de cuidados preventivos que devem ser respeitados tanto no carnaval quanto em qualquer outra época do ano”, comenta Dra. Raquel. Além do uso do preservativo, existem outras formas de prevenção. Uma delas é a vacina, que está disponível de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. Apesar de ser um método preventivo de combater a doença, a vacina não serve como tratamento e a imunização não impede em totalidade que a ação cancerígena do vírus. Por isso é importante, mesmo com a vacinação, que o paciente continue usando preservativo durante as relações sexuais. “O HPV não tem cura definitiva. O que podemos fazer é controlá-lo. Já o tratamento depende de alguns fatores como a idade do paciente, o tipo do vírus, a extensão da lesão ou verruga, a localização das mesmas e também do quanto o paciente foi acometido. Podemos recorrer à métodos que envolvem desde ácidos até o tratamento com laser. Se for o caso de um câncer de colo de útero decorrente do HPV, o tratamento é cirúrgico e pode haver a retirada do colo. Em casos mais graves, até mesmo o útero e as estruturas adjacentes podem ser retiradas!, conclui Dra. Raquel. Vacinação do HPV em jovens mineiros Em Minas Gerais, o HPV já é diagnosticado como um problema logo ao analisar os gráficos de vacinação. Segundo informações de um boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) divulgado em dezembro de 2017, a meta é de que 80% das meninas entre 9 e 15 anos sejam vacinadas contra a doença, porém, a média de vacinação é de apenas 54,29% do público. Por outro lado, o quadro é ainda mais complicado para os meninos. A meta da SES/MG também é de 80%, mas apenas 26,95% do público está vacinado.

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