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Saúde

Pesquisadores desvendam como bactéria oportunista derrota competidoras

André Julião   – Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descreveu um sistema presente em uma espécie de bactéria oportunista, encontrada em ambientes hospitalares, capaz de injetar um coquetel de toxinas e eliminar completamente outras bactérias competidoras. A descoberta pode ajudar, futuramente, no desenvolvimento de novos compostos antimicrobianos. O estudo, apoiado pela FAPESP, foi publicado na PLOS Pathogens por pesquisadores do Instituto de Química e do Instituto de Ciências Biomédicas, ambos da USP. Os pesquisadores descobriram que a bactéria Stenotrophomonas maltophilia, ao competir com outros microrganismos por espaço e alimento, utiliza um sistema de secreção que produz um coquetel de toxinas para ser injetado nas rivais. Além disso, os pesquisadores caracterizaram uma das 12 proteínas que compõem o coquetel – Smlt3024 – e observaram que a molécula, sozinha, é capaz de diminuir consideravelmente o ritmo de replicação de outras bactérias. “Acreditamos que essas toxinas possam ser exploradas como uma forma de tratamento no futuro. Como antibióticos podem vir de outras bactérias, estamos explorando esse arsenal que as próprias bactérias usam para matar outras espécies”, disse Ethel Bayer-Santos, pesquisadora do ICB-USP. O trabalho é parte do seu projeto de pós-doutorado no IQ-USP, que teve apoio da FAPESP. Atualmente, a pesquisadora conta com Auxílio à Pesquisa na modalidade Apoio a Jovens Pesquisadores. “O sistema de secreção do tipo 4 [T4SS, na sigla em inglês], como é chamado, é um dos existentes em bactérias e serve para secretar proteínas e DNA em outras células ou no meio extracelular. Recentemente, mostramos que ele está presente em um patógeno de cítricos, a Xanthomonas citri. Agora, o encontramos nessa bactéria, que originalmente vive no solo, mas pode se tornar um patógeno oportunista em ambientes hospitalares”, disse Shaker Chuck Farah, professor do IQ-USP e coordenador do estudo. A pesquisa está vinculada a dois Projetos Temáticos financiados pela FAPESP: “Sinalização por c-di-GMP e o sistema de secreção de macromoléculas do tipo IV em Xanthomonas citri” e “Estrutura e função de sistemas de secreção bacterianas”. A descoberta do sistema no patógeno de cítricos havia sido publicada na Nature Communications. Em 2018, o grupo publicou um outro artigo, na Nature Microbiology, em que descreveu a estrutura atômica de grande parte do sistema de secreção usando a técnica de criomicroscopia eletrônica (Cryo-EM) – que permite observar a estrutura de biomoléculas de forma tridimensional no estado em que se encontram. Guerra bacteriana A competição entre microrganismos determina qual espécie vai dominar ou ser erradicada de um hábitat específico. Para diminuir a multiplicação das competidoras, ou mesmo matá-las, as bactérias têm à sua disposição variados mecanismos. Um deles é o T4SS, composto ainda de mais de 100 componentes, provenientes das 12 proteínas diferentes encontradas na superfície da célula. Os pesquisadores observaram que, associados a cada um dos sistemas de secreção encontrados em X. citri e S. maltophilia, além das toxinas há seus respectivos antídotos – estes, para proteger o próprio organismo produtor das toxinas. Quando próximas de uma outra espécie bacteriana, as detentoras desse sistema injetam o coquetel dentro da competidora apenas pelo contato ou usando uma pilus, estrutura semelhante a uma agulha. Para testar a ação do sistema, os pesquisadores realizaram uma série de experimentos de competição entre bactérias. Em um deles, foram colocadas em um mesmo meio exemplares de S. maltophilia e de Escherichia coli, espécie bastante usada em experimentos laboratoriais. As E. coli mal começavam a se multiplicar e as S. maltophilia se aproximavam e as eliminavam. O mesmo efeito foi observado contra Klebsiella pneumoniae, Salmonella Typhi e Pseudomonas aeruginosa, esta última conhecida por infectar pacientes com fibrose cística. Outro experimento consistiu em testar o efeito da Smlt3024 sozinha em outras bactérias. Exemplares de E. coli expressando a toxina no citoplasma não tiveram seu crescimento alterado. No entanto, quando tinham, além do gene Smlt3024, uma chamada sequência sinal – alguns aminoácidos que alteram a localização da proteína –, a toxina foi direcionada para o periplasma (região localizada entre as membranas interna e externa das bactérias), exatamente como faz o sistema original de S. maltophilia e X. citri. Nesse caso, a divisão celular das E. coli foi reduzida consideravelmente, mostrando o efeito da proteína. Apesar de ambas possuírem o mesmo sistema, S. maltophilia e X. citri expodem matar-se uma a outra usando o T4SS, conforme revelou outro experimento. Os estudos mostraram ainda que componentes essenciais de um sistema podem ser substituídos por seus homólogos do outro e que o T4SS de uma bactéria pode secretar as toxinas de outra. São evidências de que há semelhanças nas estruturas que podem ser estudadas futuramente na exploração de T4SS similares (homólogos) identificados em dezenas de outras espécies bacterianas. Novos estudos podem permitir que outros pesquisadores desenvolvam moléculas com efeito de inibir a ação desse sistema, o que poderia ser explorado em novos medicamentos. “Podemos fazer triagens de drogas que possam se ligar nesse sistema e inibir alguma etapa importante da transferência das toxinas de uma célula para outra. Isso poderia diminuir a sobrevivência dessas bactérias em alguns ambientes”, disse Farah. “A própria toxina poderia ser usada como um agente antimicrobiano, mas outros estudos precisam ser realizados para testar essa possibilidade”, disse Bayer-Santos. O estudo tem ainda três outros autores apoiados pela FAPESP, todos no IQ-USP. Bruno Yasui Matsuyama, pós-doutorando, Gabriel Umaji Oka, também pós-doutorando, e William Cenens, que realizou estágio de pós-doutorado até 2019. O artigo The opportunistic pathogen Stenotrophomonas maltophilia utilizes a type IV secretion system for interbacterial killing (doi: 10.1371/journal.ppat.1007651), de Ethel Bayer-Santos, William Cenens, Bruno Yasui Matsuyama, Gabriel Umaji Oka, Giancarlo Di Sessa, Izabel Del Valle Mininel, Tiago Lubiana Alves e Chuck Shaker Farah, está disponível em: www.journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1007651. |  Agência FAPESP

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Canabidiol para o tratamento da dor crônica: realidade mais próxima dos pacientes

Com a recente regulamentação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (Anvisa) para a comercialização do canabidiol para fins medicinais, uma nova janela de oportunidades se abre para pacientes de dor crônica, cujas terapias convencionais não fazem mais efeito. Envolto em polêmicas, o uso do canabidiol para o tratamento da dor crônica e outras doenças ainda gera muitas dúvidas por parte da população. Segundo o neurocirurgião e coordenador do Centro de Dor do Hospital 9 de Julho, Dr. Claudio Corrêa, o esclarecimento é importante, começando por desassociar a relação da droga ilícita com a medicação. “É preciso entender que os componentes extraídos da planta, e concentrados no medicamento para uso medicinal, excluem os princípios ativos da droga alucinógena. Dessa forma, são direcionados para fins específicos dentro de diferentes doenças e seus mecanismos de ação”, contextualiza o especialista. Dr. Claudio ainda explica que o uso deste novo elemento para cuidar de quadros dolorosos atua no sistema nervoso central, especialmente no complexo supressor da dor, mudando sua percepção pelo córtex – onde é estabelecido o processo de comunicação deste estímulo. Dentre os perfis de pessoas que se beneficiarão com o fármaco, estão pacientes de dor neuropática, como os diabéticos, oncológicos, de doenças reumatológicas como artrites e artroses, entre outros. Como ter acesso ao canabidiol para a dor crônica Embora a regulamentação do canabidiol pela Anvisa represente um avanço importante, a medicação ainda não será de fácil acesso, seja pelo custo, pelo volume de fabricantes ou distribuidores disponíveis no mercado para atender a demanda. A próxima etapa da regulamentação é permitir o cultivo da planta para a extração da substância, mas a Agência julga ser um passo que depende de uma fiscalização que o Brasil ainda não tem estrutura para atender. “Também é importante explicar que o medicamento atual só poderá ser comprada mediante prescrição médica”, pontua o neurocirurgião. Para saber mais sobre dor crônica, acesse o eBook: http://bit.ly/tudosobredor Dr. Claudio Corrêa Com mais de 30 anos de atuação profissional, Dr. Claudio Fernandes Corrêa possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou referência no Brasil e no exterior. É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes.

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Simpósio discute principais avanços na cirurgia metabólica e bariátrica robótica

Recife sedia, no dia 13 de dezembro, o II Simpósio de Cirurgia Metabólica, Bariátrica e Robótica de Pernambuco, no Hotel Luzeiros. Os principais nomes da especialidade no Brasil irão apresentar e debater os avanços no tratamento da obesidade e da cirurgia robótica. Entre os convidados para discutir os temas, estão os cirurgiões Marco Aurélio Santo e Alexandre Elias (SP), Caetano Marchesini (PR), Áureo Ludovico de Paula (GO), Álvaro Albano (BA) e Eduardo Pachú (PB). O evento é realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Capítulo Pernambuco, com apoio da Rede D’Or São Luiz e do Hospital Esperança Recife, que está próximo de atingir a marca de 1.000 cirurgias robóticas em cinco especialistas. A cirurgia metabólica bariátrica robótica é a segunda especialidade mais procurada, perdendo apenas para a urológica. As outras especialidades são cirurgias colorretais, torácicas e ginecológicas. A programação está dividida em cinco miniconferências e três módulos de discussão. Nas miniconferências, serão abordados os temas “Como se preparar frente à transformação digital na Medicina e na Cirurgia”, “Bases fisiopatológicas da cirurgia metabólica”, “Alterações do metabolismo ósseo e muscular no paciente obeso”, “Câncer e DRGE no Sleeve”, “Como migrar para a cirurgia robótica de maneira segura”, “O que avançamos com a cirurgia robótica?” Pela manhã, será realizado o módulo “Cirurgia Metabólica”, coordenado pelo dr. Marco Aurélio Santo (SP) e dr. Áureo Ludovico de Paula (GO), com moderação de dr. Guilherme da Conti (PE) e dr. Marconi Meira (PE). Dentro do módulo, serão abordados os temas “Como a cirurgia age no sistema metabólico”, “Resultados da cirurgia a longo prazo”, “Indicações além do IMC. Podemos considerar?” e “Quando associar o tratamento medicamentoso”. À tarde, serão apresentados dois módulos de debates. O primeiro abordará “Perda de Peso – O que fazer”, coordenado pelo dr. André Teixeira (EUA) e dr. Marco Aurélio Santo (GO) e moderado pelo dr. Joaquim Branco (PE). Nesse módulo, serão apresentados os temas “Devemos procurar sempre a perda de peso?”, “Quando e como associar tratamento medicamentoso para auxiliar e resgatar a perda de peso pós-operatória?”, “Quando operar e o que fazer no reganho?” e “O que esperar da cirurgia no reganho de peso?”. No almoço, serão discutidas técnicas e dúvidas com os especialistas sobre o dia a dia dos procedimentos bariátricos. A programação se encerra com o módulo “Aspectos cirúrgicos e endoscópicos”, coordenado pelo dr. André Teixeira (EUA) e dr. Eduardo Pachú (PB), com moderação de dr. Felipe Rolim (PE). Esse módulo trará os temas “Uso de antibióticos na cirurgia bariátrica”, “Tratamento endoscópico de fístula gástrica”, “Alternativas endoscópicas no tratamento do reganho de peso”, “A cirurgia bariátrica e o fígado”, “DRGE pós-sleeve: como prevenir e tratar”. “O evento deste ano está ainda melhor. Contaremos com mais palestrantes, com mesas com assuntos atuais, abordando assuntos de interesse comum, como tendências inovadoras de abordagem e tratamento. Será uma oportunidade para discutirmos vários aspectos da cirurgia metabólica e bariátrica robótica, em um encontro de excelência, contando com a presença dos melhores profissionais do País. Além da troca de experiência e conhecimento entre os profissionais presentes, quem também se beneficia com o evento são os pacientes, que irão receber a terapêutica desenvolvida por esses profissionais”, avalia o presidente da SBCBM – Capítulo Pernambuco, Flávio Kremer. A cirurgia robótica permite intervenções menos invasivas, com menor risco de hemorragias e infecções, menor dor pós-operatória e a possibilidade de uma recuperação mais rápida e o retorno mais cedo às atividades cotidianas e ao trabalho. “A cirurgia robótica tem contribuído bastante nos resultados da cirurgia bariátrica. Ela não só agrega muita tecnologia, como também aumenta a segurança do procedimento. O médico tem uma visão diferenciada, com movimentos mais precisos, e uma possibilidade de realizar suturas e movimentos de maneira muito mais precisa e adequada do que na videolaparacospia, que também é um procedimento seguro. Mas, sem dúvidas, a cirurgia robótica agregou tecnologia e segurança ao procedimento”, afirma o cirurgião bariátrico Álvaro Ferraz, da equipe de cirurgia robótica do Hospital Esperança Recife e coordenador científico do Simpósio. Entre as principais doenças ligadas à obesidade, estão problemas cardíacos, diabetes, colesterol alto, depressão, câncer e dermatites, além de incontinência urinária, apneia do sono e disfunção hormonal e erétil (nos homens), refluxo gástrico e doenças articulares. “Os pacientes, quando têm indicação de tratamento cirúrgico para a obesidade, são aqueles que apresentam a doença em grau moderado ou grave, ou seja, são aqueles pacientes que têm o índice de massa corpórea (IMC) acima de 35, associado ou não a outras doenças. Para esses pacientes, o tratamento cirúrgico é o mais recomendado”, acrescenta o cirurgião Álvaro Ferraz. Serviço II Simpósio de Cirurgia Metabólica, Bariátrica e Robótica de Pernambuco Data; 13 de dezembro, das 8h às 17h45 Local: Hotel Luzeiros (R. Barão de Santo Ângelo, 100 – Pina) Informações: http://www.sbcbmeventos.org.br/simposiopernambuco/

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Quero Impactar do Recife recebe R$ 3 milhões do Itaú

Primeira vaquinha virtual pública do mundo a viabilizar que o cidadão e empresas destinem parcela do Imposto de Renda a projetos sociais em várias áreas do Recife, o Quero Impactar recebeu nesta quarta-feira (04), R$ 3 milhões doados pelo Banco Itaú. Desse total, R$ 2,4 milhões serão destinados ao Hospital do Idoso do Recife. Os R$ 600 mil restantes vão para o Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e para o Instituto Materno Infantil de Pernambuco ( Imip ). Hoje também foi lançado o App Quero Impactar e apresentada a nova identidade visual da plataforma, que foi lançada pela Prefeitura do Recife em julho deste ano e atingiu a meta de R$ 5 milhões arrecadados em cinco meses. A Plataforma Quero Impactar visa engajar a sociedade para - junto com o poder público – promover mudanças e otimizar a vida da população através de doação a projetos sociais com impacto direto na vida das pessoas em situação de vulnerabilidade. “Isso pode ser feito por pessoas físicas e jurídicas com um clique no endereço eletrônico www.queroimpactar.com.br ou pelo celular. Juntos somos como abelhas”, falou o procurador geral do município, Rafael Figueiredo, numa referência à nova identidade visual e conceito do Quero Impactar que passa a ter uma abelha - símbolo da cooperação -, na logomarca. O procurador municipal também destacou que a PCR tem implantado projetos de mobilizadores que têm mudado o perfil da cidade na área social, a exemplo do Transforma Recife, do Quero Impactar e Porto Social, que em parceria com a Prefeitura capacita organizações da sociedade civil. Durante a manhã, a equipe do Plataforma também ofereceu um workshop para organizações do Recife, com a finalidade aprimorar os projetos e a captação de recursos. “Estamos realizando essa doação porque acreditamos nesse projeto, contribuindo dessa forma com o município e, especialmente, com as pessoas”, disse o representante do Itaú, Fernando Zivts. Os secretários municipais que respondem pelas áreas dos projetos sociais estavam presentes na solenidade: a secretária de Desenvolvimento Social, Juventude. Políticas Sobre Drogas e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna; de Saúde, Jailson Correia; de Meio Ambiente, José Neves; Executivo de Segurança Urbana, Paulo Moraes; de Esportes, Yane Marques, além do secretário de Finanças, Ricardo Dantas, do comandante da Guarda Muncipal, Marcílio Domingos e, representando as organizações, o gestor do Porto Social, Fábio Silva. Como funciona - A iniciativa consiste em um financiamento coletivo (crowdfuding ou vaquinha virtual) em que o cidadão e empresas poderão doar recursos financeiros por duas modalidades: por parte do Imposto de Renda (IR) e a fundo perdido (sem benefício fiscal) a iniciativas ligadas à cultura, esportes e políticas para crianças, idosos e pessoas com deficiência, sem que o contribuinte tenha qualquer gasto adicional, pois o recurso é parte do que já seria pago no IR. Dessa forma, é resolvido um problema histórico que é a desconfiança por parte do doador frente à ausência de projetos sérios e transparentes aptos a receber apoio. “É importante destacar a inovação da Prefeitura do Recife ao criar a única Vaquinha Virtual do Brasil que é 100% gratuita”, salientou o gestor da plataforma, Alexandre Nápoles, acrescentando que enquanto sites desse tipo ficam com 20% do que é arrecadado, o Quero Impactar não fica com qualquer percentual. Desde julho, a arrecadação do Quero Impactar foi destinada a 14 projetos sociais, beneficiando 11 entidades a exemplo do Lar Paulo de Tarso, Imip, Hospital do Câncer, Instituto Fé e Alegria, entre outras organizações sociais. Quero Impactar - A plataforma web de financiamento coletivo (crowdfuding ou vaquinha virtual) foi desenvolvida pela Prefeitura do Recife, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM), com a parceria da o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Comdica), o Conselho Municipal da Pessoa Idosa (Comdi), a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer (Seturel) e a Fundação de Cultura da Cidade do Recife. É originada da necessidade de se criar uma solução inovadora no financiamento dos projetos sociais na cidade do Recife, que lançou a primeira vaquinha virtual pública do Brasil, inovando justamente no fato de utilizar a tecnologia do financiamento coletivo aliada às leis de incentivo fiscais, federal ou estadual. Qualquer pessoa física ou jurídica no Brasil poderá doar para projetos de Recife. É só acessar o site www.queroimpactar.com.br conferir os projetos e doar. A plataforma “Quero Impactar” tem ainda como objetivos específicos: dar ampla visibilidade aos projetos sociais na cidade; sensibilizar e incentivar doações a esses projetos; facilitar o processo de doação, sendo online e totalmente transparente e gerar feedbacks aos doadores sobre as etapas do projeto social que foi impactado. Outro diferencial é que o Quero Impactar oferta apoio a quem insere projetos na plataforma, através do auxílio gratuito na captação de recursos e no desenvolvimento dos projetos. Também são realizados atendimentos pessoais e coletivos, além de oficinas técnicas, com o intuito de tirar dúvidas e ampliar a captação de recursos. Para obter benefícios fiscais, podem ser doados até 6% do imposto de renda das pessoas físicas que fizer a declaração completa. Desse percentual, 6% podem ir para qualquer uma das áreas de Cultura, Esporte, As pessoas Jurídicas podem deduzir até 1% do imposto de renda, no caso de empresas que são tributadas por lucro real. Se as doações das pessoas físicas forem realizadas dentro do ano de referência (até 31/12), elas poderão descontar até 6% do imposto devido na declaração. Essa declaração deve ser feita no modelo completo. No caso Doações realizadas entre os dias 01/01 a 30/04, as pessoas físicas podem descontar até 3% do imposto de renda devido na declaração (modelo completo). Vale observar que quem tem imposto a restituir também pode fazer a doação e ainda se beneficiar com o aumento do valor da restituição. O contribuinte receberá a restituição acrescida de igual porcentagem doada, corrigida pela taxa básica de juros (Selic). Há diversas modalidades de financiamento coletivo no mundo. Elas já são responsáveis por movimentar mais de US$ 65 bilhões, anualmente, na economia mundial, segundo pesquisa de 2014 da Crowdfunding PR, Social Media & Marketing Campaigns. Este mercado vem

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Análise genética de vetor da doença de Chagas pode levar a novas estratégias de prevenção

Maria Fernanda Ziegler, de Lyon  – A doença de Chagas é considerada um dos maiores problemas de saúde pública na América Latina. Segundo dados da organização sem fins lucrativos Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), vivem na região cerca de 6 milhões de pessoas infectadas, distribuídas em 21 países. Apenas 10% delas são diagnosticadas e só 1% recebe tratamento. No Brasil, o Ministério da Saúde estima a existência de pelo menos 1 milhão de infectados pelo protozoário Trypanosoma cruzi – causador da doença que, quando se torna crônica, pode levar à morte por insuficiência cardíaca. Mais de 90% dos casos se concentram nas regiões Norte e Nordeste. Com o objetivo de compreender os elementos envolvidos na cadeia de transmissão da doença de Chagas no semiárido brasileiro, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conduziram um estudo de campo no município potiguar de Marcelino Vieira, onde, em 2015, ocorreu um surto possivelmente causado por transmissão oral. Foram três mortes e 18 casos registrados, todos relacionados ao consumo de caldo de cana processado junto com o vetor do protozoário, no caso, o barbeiro (Triatoma brasiliensis), segundo o relato de pacientes. A pesquisa contou com apoio da FAPESP e foi apresentada durante o simpósio FAPESP Week France. “Na região do semiárido brasileiro, sobretudo onde ocorrem os surtos, é preciso ter uma compreensão mais precisa sobre os elementos envolvidos na cadeia ecoepidemiológica, pois o risco de infecção pode estar mudando. Fatores socioeconômicos, comportamentais e climáticos podem exercer influência crucial na biologia das espécies de vetores e de parasitas”, disse Carlos Eduardo de Almeida, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do projeto. O percevejo da espécie Triatoma brasiliensis – popularmente conhecido como barbeiro – é o principal vetor da doença de Chagas na região estudada. Em colaboração com cientistas franceses do Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS), Almeida tem trabalhado no sequenciamento do genoma e no estudo do transcriptoma (conjunto de genes expressos) de espécimes de T. brasiliensis capturados no local do surto. Por meio da análise de marcadores genéticos do tipo polimorfismo de nucleotídeo único (SNPs, na sigla em inglês), o grupo desenvolve estudos de genética de população para entender os processos de especiação e adaptação nesse grupo de insetos. O trabalho tem sido realizado no âmbito do Programa São Paulo Excellence Chair (SPEC). As análises indicam que os domicílios de Marcelino Vieira foram invadidos por populações silvestres e domésticas de T. brasiliensis, ambas com alta prevalência de infecção pelo T. cruzi. O cenário, segundo Almeida, é propício para a ocorrência de novos surtos. “Esses insetos não nascem infectados pelo parasita. Eles geralmente se contaminam ao picar algum animal e, assim, tornam-se aptos a transmitir a doença para os humanos”, explicou. Dados da pesquisa revelam que 52% dos barbeiros silvestres capturados e 71% dos insetos domésticos estavam infectados pelo protozoário. A alta prevalência da infecção nos espécimes silvestres e a ocorrência de duas linhagens parasitárias diferentes são fatores que, na avaliação do pesquisador, ameaçam os esforços de controle da doença. O estudo mostrou ainda que 68% dos 202 insetos analisados por meio de técnicas moleculares tinham se alimentado do sangue de preás (Galea spixii) e de mocós (Kerodon rupestris). Esse achado aponta os roedores como possíveis reservatórios do T. cruzi – função que anteriormente era atribuída somente aos gambás (Didelphis). Os resultados foram publicados na PLOS Neglected Tropical Diseases . Por meio de trabalhos de modelagem ecológica, os pesquisadores identificaram os ambientes que favorecem a infestação dos roedores nas proximidades das habitações humanas. “Esse conhecimento permite traçar uma estratégia de controle da doença de Chagas semelhante à usada contra a dengue: evitar a formação de criadouros do inseto vetor e dos roedores em reservatórios, como, por exemplo, amontoados de madeira e de tijolos”, disse Almeida. Nova espécie Os cientistas pretendem agora realizar exames sorológicos na população do Rio Grande do Norte para mensurar a real dimensão do surto. No entanto, uma das descobertas da pesquisa pode se tornar um complicador. O grupo encontrou, pela primeira vez na natureza, espécimes de T. brasiliensis infectados por parasitas Trypanosoma rangeli. “Esse protozoário não é patogênico e, portanto, não ameaça a saúde humana. Entretanto, pode causar reações cruzadas e resultados falso-positivos em exames sorológicos para a detecção da doença de Chagas”, disse. O fato, segundo o pesquisador, pode dificultar a avaliação da prevalência da população humana infectada pelo T. cruzi, informação essencial para o desenvolvimento de políticas públicas. O simpósio FAPESP Week France foi realizado entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france. Agência FAPESP

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Cientistas aliam nanotecnologia e produtos naturais para combater pragas agrícolas

Maria Fernanda Ziegler, de Paris – O Brasil é uma das grandes potências agrícolas do mundo e também um dos líderes no uso de agrotóxicos. Se por um lado os defensivos permitem controlar pragas e aumentar a produtividade, por outro, contaminam a água, o solo e os alimentos, afetando indiretamente a saúde humana. Em busca de alternativas mais sustentáveis, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Sorocaba têm apostado na combinação de nanotecnologia e produtos naturais. O tema foi abordado por Leonardo Fraceto, coordenador do Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da Unesp, em palestra apresentada na FAPESP Week France. “Existe uma demanda crescente por alimentos em todo o mundo e a nanotecnologia permite criar metodologias para aumentar a produção agrícola. Não me refiro a um aumento na área plantada e sim na eficiência produtiva”, disse Fraceto. Como explicou o pesquisador, o objetivo do grupo é pesquisar diferentes sistemas para encapsular agentes de controle de pragas, como agrotóxicos sintéticos ou inseticidas e repelentes de origem botânica. “Outra linha de pesquisa propõe o uso de agentes biológicos, como fungos e bactérias, encapsulados em micropartículas”, disse. No âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP, o grupo da Unesp estuda os mecanismos de ação e a toxicidade das metodologias desenvolvidas. De acordo com Fraceto, o uso de nanopartículas possibilita a entrega do composto ativo diretamente no local em que está a praga a ser combatida, reduzindo a quantidade de pesticida aplicada na lavoura, a toxicidade para a planta e, consequentemente, a contaminação ambiental. “A praga, por outro lado, recebe uma carga mais concentrada do ativo, o que permite diminuir o número de aplicações”, disse. O grupo desenvolveu, por exemplo, um sistema para encapsulamento da atrazina, um dos herbicidas mais vendidos no Brasil e já banido na União Europeia pela alta toxicidade. “Nos testes em laboratório, a formulação em nanopartículas poliméricas foi mais eficiente para o controle de pragas do que a convencional. Conseguimos reduzir a dosagem necessária de 3 quilos para 300 gramas por hectare. Nosso próximo passo será avaliar a formulação em estudos de campo”, disse o pesquisador. Em outro trabalho, publicado na revista Pest Management Science, os cientistas misturaram três diferentes compostos botânicos – geraniol (encontrado no gerânio, no limão e na citronela, por exemplo), eugenol (presente no óleo de cravo) e cinamaldeído (do óleo de canela) – em nanocápsulas poliméricas feitas de zeína, uma proteína do milho. “Somos uma equipe multidisciplinar e buscamos soluções satisfatórias tanto do ponto de vista ecológico como econômico. Elencamos algumas substâncias que julgamos interessantes para o manejo de pragas como a lagarta Helicoverpa [praga da soja], a lagarta-do-cartucho [do milho] e o ácaro-rajado [que ataca frutas, grãos e outras culturas], por exemplo”, disse. O simpósio FAPESP Week France foi realizado entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france. Por Agência FAPESP

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Como as esponjas e os fungos ajudam cientistas da USP a descobrirem novos medicamentos

Desde a antiguidade, substâncias encontradas nas plantas são utilizadas como fonte de tratamento contra uma série de sintomas e doenças. Porém, no começo do século XX, após a descoberta da penicilina (primeiro antibiótico da história) a partir de fungos, os olhares da comunidade científica começaram a se voltar para outros ambientes. Um deles, ainda inexplorado até hoje, é o fundo do mar, que reserva uma biodiversidade misteriosa. Com a criação de cursos de mergulho autônomo depois da Segunda Guerra Mundial, mergulhadores começaram a reportar casos de intoxicação e queimaduras ao tocarem em determinados animais, fatos que chamaram a atenção principalmente de bioquímicos, que passaram estudar o potencial das substâncias causadoras de tais efeitos. Mesmo após décadas de pesquisas, o meio aquático ainda segue desconhecido. Até por isso, ele nos permite vislumbrar diversas descobertas que poderiam ser feitas em caso de aumento no número estudos. Quem sabe não encontraríamos um novo composto eficaz contra alguma doença, por exemplo? É justamente com essa motivação que atuam os pesquisadores do Grupo de Química Orgânica de Sistemas Biológicos, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. “Nós estudamos organismos do mar, como esponjas, moluscos, fungos, briozoários e demais invertebrados em busca de substâncias interessantes para o desenvolvimento de fármacos”, explica Roberto Berlinck, professor do IQSC e coordenador do Grupo, fundado em 2000. Mas, afinal, com tantos animais disponíveis no oceano para serem estudados, por que escolher organismos invertebrados? “Os animais que têm pouca mobilidade, ou fixos no substrato marinho, estão mais suscetíveis a ataques de predadores, competição por espaço e infecções por microrganismos patogênicos. Eles tiveram que desenvolver mecanismos de defesa eficazes, como os espinhos, que seriam uma defesa física, e os venenos, vistos como uma proteção química. Por isso, eles são tão atraentes de serem estudados”, explica o docente. O trabalho é complexo e envolve uma série de etapas. Por meio de mergulhos, coletas e análises detalhadas em laboratório, os cientistas investigam a bioatividade de substâncias extraídas dos animais para testá-las em células doentes. Claro que para realizar todas essas tarefas, é preciso vencer o desafio geográfico. Apesar da grande logística necessária para que o grupo do interior de São Paulo se desloque para o litoral, isso não diminui o empenho dos pesquisadores: “A distância nunca atrapalhou, mas é óbvio que é preciso ter disposição para ir ao mar, coletar, montar uma equipe e traçar a melhor estratégia”, diz o professor, que mergulha desde 1994 para fazer coletas. Entre os destinos visitados pelo docente estão Fernando de Noronha (PE), São Sebastião (SP), Baía de Todos os Santos (BA) e Cabo Frio (RJ). Mesmo com tanta dedicação, a missão não seria possível não fosse a ajuda de diversos colaboradores. Ao todo, são dezenas de pesquisadores, entre professores e alunos, espalhados pelo Brasil que colaboram com os estudos da USP. Brecando células cancerígenas – Um dos trabalhos em andamento no Grupo do IQSC é o da pós-doutoranda Camila Crnkovic. Em sua pesquisa, ela estuda a produção das fomactinas, substâncias obtidas a partir do fungo Biatriospora sp., encontrado dentro da esponja marinha Dragmacidon reticulatum, no litoral de São Sebastião (SP). Entre outras funções, as fomactinas possuem ação anticâncer, inibindo o crescimento de células cancerígenas depois de tratamentos por quimioterapia ou radioterapia. Utilizando técnicas computacionais, Camila descobriu que o fungo estudado produz muito mais dessas substâncias do que se imaginava, sendo considerado uma verdadeira fábrica de fomactinas. “O trabalho agora é isolar e identificar todas essas moléculas para determinar quais são as mais promissoras”, afirma a cientista. Testes em laboratório com alguns desses compostos mostraram resultados positivos em células doentes. Formada em Farmácia, Camila sempre carregou o interesse em atuar nessa área de pesquisa: “O apelo de procurar novos medicamentos é muito motivante para mim. Quando você começa a estudar a química de produtos naturais, tem muita coisa diferente, cada organismo produz um tipo de substância, cada classe de molécula tem uma atividade biológica diferente que pode virar um fármaco. Tudo fica mais atraente por toda essa diversidade”, diz a pós-doutoranda, que realiza sua pesquisa em parceria com Leandro Oliveira, mestrando do IQSC e o mais novo integrante do grupo de pesquisa. Apesar do pouco tempo de casa, o jovem, que veio da cidade de Cássia, do sul do Estado de Minas Gerais, já se sente respaldado pela equipe: “Embora tudo ainda seja novo para mim, a experiência está sendo incrível. A pesquisa no IQSC é muito bem estruturada e o grupo totalmente acolhedor’, afirma. Moléculas promissoras no combate ao câncer também foram localizadas em esponjas coletadas na foz do Rio Amazonas, bioma descrito em 2016. Em meio à diversidade local, elas chamaram a atenção por serem abundantes, despertando em Vítor Feire, doutorando do IQSC, o interesse em estudá-las. Ele analisou um conjunto de moléculas extraídas da esponja Dictyonella e descobriu que as substâncias foram capazes de inibir in vitro a atividade de um complexo enzimático chamado de proteassoma, ação que fez com que elas adquirissem atividade anticâncer. Os resultados obtidos com o trabalho geraram o artigo científico publicado na Revista Journal of Natural Products . Mesmo com resultados promissores, o pesquisador segue estudando novas esponjas encontradas no Rio Amazonas a procura de compostos cada vez mais eficientes. Formado em Química Ambiental pela UNESP, Vítor diz que se interessou pela área para descobrir como podemos utilizar organismos da natureza a nosso favor. “Aqui no laboratório, temos a possibilidade de estudar organismos nunca antes explorados”, revela o jovem, que se sente gratificado em atuar nesse ramo da ciência: “Além de fazer o que eu gosto, estou mirando lá na frente para conseguir um remédio que poderá ser utilizado em algum tratamento, isso é muito recompensador”. Como encontrar a molécula ideal? Diante das centenas de milhares de substâncias produzidas pelos animais aquáticos, identificar moléculas promissoras não está entre as missões mais fáceis. Segundo o professor Berlinck, a cada 10 mil novas substâncias descobertas, apenas uma chega efetivamente ao mercado. “É um processo longo, que envolve muitos recursos, tanto financeiro como de pessoal. É um esforço humano

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73% dos brasileiros pensam frequentemente sobre sua saúde mental

O Brasil é o terceiro país que mais pensa sobre saúde mental, aponta a pesquisa Global Advisor “World Mental Health Day 2019” da Ipsos. Sete em cada dez brasileiros (73%) disseram que pensam sobre o seu próprio bem-estar mental com muita frequência. O resultado só é menor do que o da Colômbia (76%) e se iguala ao do México (73%). A Rússia (25%) é o país em que as pessoas estão menos preocupadas com a saúde mental. “O brasileiro mostra em nosso estudo uma preocupação maior que a esperada com sua saúde mental, em relação ao restante do mundo” afirma Fabrizio Rodrigues Maciel, Head de Healthcare na Ipsos. Já o bem-estar físico preocupa 75% dos brasileiros. O resultado coloca o Brasil como o 10º país que mais pensa sobre a questão. Colômbia (87%), México (86%) e África do Sul (85%) são os que mais se preocupam com a saúde física. O Brasil também é o segundo que menos concorda com a afirmação "doença mental é uma doença como qualquer outra", com 44% de concordância, à frente apenas do Japão com 41%. A Grã-Bretanha é o país que mais concorda com essa afirmação (76%). 69% dos entrevistados brasileiros acreditam que as saúdes mental e física são igualmente importantes, mas não enxergam que haja a mesma atenção do sistema de saúde para ambas. Para 36% dos brasileiros, o sistema prioriza a saúde física, outros 34% acham que a atenção é a mesma para os dois e apenas 13% acreditam que a prioridade é a saúde mental. “Existe consciência de que a saúde no Brasil é negligenciada pelas autoridades, e quando questionamos separadamente sobre saúde física e mental, fica evidenciado que a segunda está longe de ser prioridade para as instituições brasileiras, segundo a população” Entre os brasileiros, 71% concordam que é preciso ter uma atitude mais tolerante a respeito de pessoas com doenças mentais na nossa sociedade. O índice coincide com o de brasileiros que concordam que ver um profissional de saúde mental é um sinal de força. No entanto, com 20% das respostas em concordância, o Brasil é o quarto entre os países que mais acreditam que a maioria dos adultos diagnosticados com alguma doença mental pode melhorar com o tempo, sem ajuda médica. O índice é o mesmo para os que acreditam na afirmação quando o diagnóstico é para crianças. Segundo o estudo, 13% dos brasileiros concordam com a afirmação "o aumento dos gastos com serviços de saúde mental é um desperdício de dinheiro", o que coloca o país em quarto do ranking, atrás apenas de Índia (27%), Arábia Saudita (25%) e China (21%) e empatado com a Malásia.

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Dezembro Laranja alerta sobre câncer de pele nesse final de ano

O final de ano é marcado por altas temperaturas no litoral pernambucano, confraternizações na praia é uma excelente opção para quem busca relaxar e entrar em contato com a natureza. Porém, é importante lembrar que a exposição solar é um fator de risco para o câncer de pele, que atinge cerca de 200 milhões de brasileiros por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Em função disso, desde 2014 acontece o Dezembro Laranja, campanha que busca alertar acerca dos riscos associados a doença. “No caso dos brasileiros, o problema torna-se mais grave porque boa parte da população ainda não tem o hábito de passar filtro solar antes de se expor ao sol” explica Rosana Chagas, dermatologista da Real Derma. Os responsáveis pelas queimaduras do sol são os raios UVB, já aos raios UVA são atribuídos os sinais de envelhecimento das células presentes na epiderme. Ambos aumentam o risco do câncer de pele, dessa maneira, na hora de comprar o protetor solar é importante saber que o FPS (fator de proteção solar) está ligado à proteção contra os raios UVB e a proteção contra os raios UVA é um terço do FPS rotulado. Por isso, é indicado o uso de protetor solar com FPS mínimo de 30. “Muita gente não sabe passar a quantidade correta de protetor solar, recomendamos que o paciente use o equivalente a uma colher de sopa cheia em todo corpo, reaplicando a cada duas horas ou depois que entrar em contato com água”, explica Rosana Chagas. Existem também outras medidas fotoprotetoras, como evitar os horários de maior incidência solar (das 10h às 16h), utilizar chapéus de abas largas, óculos para sol com proteção UV e roupas que cubram boa parte do corpo. Além disso, os danos causados pelo sol são cumulativos, ou seja, com o passar da idade, maior a possibilidade de ocorrerem manchas e tumores malignos, o cuidado também precisa ser redobrado para quem já possui histórico da doença na família “Existem dois tipos de câncer de pele, o “melanoma”, com origem nas células produtoras de melanina e o “não melanoma”, responsável por 30% de todos os casos registrados no Brasil” ressalta Rosana, ela também explica a importância de visitar o dermatologista no caso de suspeita da doença, já que o diagnóstico precoce pode ter até 90% de chance de cura. Uma lesão indicativa de câncer tem algumas características, sendo elas: Aparência elevada e brilhante, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida e que sangra facilmente; Pinta preta ou castanha que muda de cor e textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho; Mancha ou ferida que não cicatriza e continua a crescer, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento. Ao perceber qualquer um desses sintomas, procure um médico especialista para confirmar diagnóstico e iniciar o tratamento.

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Pesquisadores criam minifígado por impressão 3D

A partir de células sanguíneas humanas, pesquisadores brasileiros conseguiram obter organoides hepáticos – ou minifígados – capazes de exercer as funções típicas do órgão, como produção de proteínas vitais, secreção e armazenamento de substâncias. A inovação permite a produção de tecido hepático no laboratório em apenas 90 dias e pode se tornar, no futuro, uma alternativa ao transplante de órgãos. No estudo, realizado no Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP na Universidade de São Paulo (USP) –, foram combinadas técnicas de bioengenharia, como reprogramação celular e produção de células-tronco pluripotentes, com a bioimpressão 3D. A estratégia permitiu que o tecido produzido pela impressora mantivesse as funções hepáticas por um período mais longo que o registrado em trabalhos anteriores de outros grupos. “Ainda existem etapas a serem alcançadas até obtermos um órgão completo, mas estamos em um caminho muito promissor. É possível que, em um futuro próximo, em vez de esperar por um transplante de órgão seja possível pegar a célula da própria pessoa e reprogramá-la para construir um novo fígado em laboratório. Outra vantagem importante é que, como são células do próprio paciente, a chance de rejeição seria, em teoria, zero”, disse Mayana Zatz, coordenadora do CEGH-CEL e coautora do artigo publicado na revista Biofabrication . A inovação do estudo está na forma de incluir as células na biotinta usada para formar o tecido na impressora 3D. “Em vez de imprimir células individualizadas, desenvolvemos uma maneira de agrupá-las antes da impressão. São esses ‘gruminhos’ de células, ou esferoides, que constituem o tecido e mantêm a sua funcionalidade por muito mais tempo”, explicou Ernesto Goulart, pós-doutorando do Instituto de Biociências da USP e primeiro autor do artigo. Desse modo, evita-se um problema comum à maioria das técnicas de bioimpressão de tecidos humanos: a perda paulatina do contato entre as células e, consequentemente, da funcionalidade do tecido. No estudo, a formação dos esferoides ocorre já no processo de diferenciação, quando as células pluripotentes são transformadas em células do tecido hepático (hepatócitos, células vasculares e mesenquimais). “Começamos o processo de diferenciação já com as células agrupadas. Elas são cultivadas em agitação e espontaneamente formam agrupamentos”, disse Goulart. Um fígado em 90 dias De acordo com os pesquisadores, o processo completo – desde a coleta do sangue do paciente até a obtenção do tecido funcional – demora aproximadamente 90 dias e pode ser dividido em três etapas: diferenciação, impressão e maturação. Inicialmente, os pesquisadores reprogramam as células sanguíneas para que regridam a um estágio de pluripotência característico de célula-tronco (células-tronco pluripotentes induzidas ou iPS, técnica que rendeu o Nobel de Medicina ao cientista japonês Shinya Yamanaka, em 2012). Em seguida, induzem a diferenciação em células hepáticas. Os esferoides são então misturados à biotinta, uma espécie de hidrogel, e impressos. As estruturas resultantes passam por um período de maturação em cultura que dura 18 dias. “A deposição dos esferoides durante a impressão ocorre em três eixos, algo necessário para o material ganhar volume e o tecido ter sustentação. Depois é feita uma reação de reticulação para que a impressão – que tem a consistência de um gel – enrijeça a ponto de ser manipulada ou até mesmo suturada”, disse Goulart. A maioria dos métodos disponíveis para impressão de tecidos vivos usa imersão e dispersão celular dentro de um hidrogel para recapitular o microambiente e a funcionalidade do tecido. No entanto, provou-se que, ao fazer a dispersão célula a célula, a tendência é que ocorra a perda de contato celular e de funcionalidade. “É um processo um pouco traumático para as células, que necessitam de um tempo para se acostumar com o ambiente e ganhar funcionalidade. Nessa etapa, elas ainda não são um tecido, pois estão dispersas, mas, como pudemos constatar, já têm a capacidade de desintoxicar o sangue e também de produzir e secretar albumina [proteína produzida exclusivamente pelo fígado], por exemplo”, disse Goulart à Agência FAPESP. No estudo, os pesquisadores desenvolveram os minifígados usando como matéria-prima células de sangue de três voluntários. Foram comparados marcadores relacionados à funcionalidade, como a manutenção de contato celular, produção e liberação de proteínas. “Os esferoides funcionam muito melhor do que os obtidos por dispersão célula a célula. Como previsto, durante a maturação, eles não tiveram os marcadores de função hepática reduzidos”, disse. Embora o estudo tenha se limitado à produção de fígados em miniatura, Goulart acredita ser possível a produção de órgãos inteiros no futuro, que poderiam ser transplantados. “Fizemos em uma escala mínima, mas com investimento e interesse é muito fácil de escalonar”, disse. O artigo 3D bioprinting of liver spheroids derived from human induced pluripotent stem cells sustain liver function and viability in vitro (doi: 10.1073/pnas.1904384116), de Ernesto Goulart, Luiz Carlos de Caires-Junior, Kayque Alves Telles-Silva, Bruno Henrique Silva Araujo, Silvana Aparecida Rocco, Mauricio Sforca, Irene Layane de Sousa, Gerson Shigeru Kobayashi, Camila Manso Musso, Amanda Faria Assoni, Danyllo Oliveira, Elia Caldini, Silvano Raia, Peter I Lelkes e Mayana Zatz, pode ser lido em iopscience.iop.org/article/10.1088/1758-5090/ab4a30. Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP

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