Arquivos Urbanismo - Página 14 de 93 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Suape investe em nova praça para a Comunidade da Vila Nova Tatuoca

A comunidade da Vila Nova Tatuoca, localizada no Cabo de Santo Agostinho, está prestes a receber uma nova praça repleta de recursos para o lazer e a prática de exercícios. Esse projeto, desenvolvido em colaboração com os moradores da região, visa beneficiar 75 famílias, proporcionando uma área pública revitalizada com brinquedos diversos, bancos em concreto, pista de cooper, equipamentos para exercícios, mesas de jogos e iluminação especial. Obras A responsabilidade pela requalificação desse espaço antes destinado ao entretenimento cabe ao Complexo de Suape. A iniciativa é o resultado de um amplo diálogo com os residentes locais, que acompanharam todo o processo de desenvolvimento do projeto. Além disso, eles terão participação ativa na gestão do espaço público, promovendo um maior senso de pertencimento à comunidade. A Vila Nova Tatuoca foi construída pela estatal portuária e entregue em 2014. As obras do "Parque Comunidade Vila Tatuoca" estão previstas para serem concluídas em seis meses, com o canteiro de obras sendo instalado em breve pela empresa vencedora da licitação, Guerra Construções Ltda. Para atender às demandas dos moradores, Suape está investindo R$ 859.976,48 na construção da nova área de lazer, que beneficiará diversas faixas etárias. O espaço abrange 1.400,12 metros quadrados. Diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot “Nossos colaboradores da área socioambiental realizaram várias reuniões com a comunidade e o projeto foi desenvolvido pela Diretoria de Infraestrutura a partir dessa escuta. Os moradores acompanharam todas as etapas do processo e participarão da gestão do espaço público, para fortalecer o sentimento de pertencismo entre eles. Será mais uma entrega de Suape com o intuito de melhorar a qualidade de vida nas comunidade do território”

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Um dos dias mais importantes de minha vida (por Francisco Cunha)

Foi o que tive oportunidade de dizer quando falei, na condição de presidente do Conselho de Administração da Aries – Agência Recife para Inovação e Estratégia, no lançamento do projeto Recentro na Rota do Futuro que será responsável pela formulação do planejamento estratégico de longo prazo para o Centro do Recife. Disse ainda que achava ser um dia muito importante para a cidade do Recife também. Afinal, nas últimas seis décadas, nossas trajetórias estiveram entrelaçadas. Estudei os antigos ginásio e colegial no Colégio de Aplicação da UFPE que ficava no Centro. Assisti todos os filmes da juventude nos cinemas do Centro (São Luiz, Trianon, Art Palácio, Moderno, Veneza, Parque, Astor e Ritz). Consultei médicos e dentistas, ganhei meus presentes, fiz minhas compras (antes da existência de qualquer shopping center na cidade), tomei minhas primeiras cervejas no Centro do Recife. Por ironia do destino, fui testemunha ocular cotidiana da plena decadência do Bairro do Recife pois trabalhei lá no início de minha vida profissional e, nos mais de 40 anos de carreira, presenciei também a sua recuperação, ao mesmo tempo em que via desolado a dolorosa decadência dos Bairros de Santo Antônio e São José. Hoje, todavia, não é despropositado dizer que o Bairro do Recife, depois de quatro décadas em processo de recuperação e de ter tido sua vocação redirecionada, já “passa por média” (com uma hipotética “nota 7”), enquanto Santo Antônio e São José estão no fundo do fundo do poço (com uma nota que, com muita benevolência, não passaria de 2 ou 3), como, aliás, se encontrava o Bairro do Recife 40 anos atrás. E digo isso com a experiência de ter dedicado metade de minha vida profissional (mais de 20 anos) à tentativa obstinada de recuperação de Santo Antônio e São José na condição de consultor da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife). Nesse tempo, pela CDL, tentamos de tudo até compreender que a coordenação dos esforços teria que vir do setor público, mais especificamente da Prefeitura do Recife, mais precisamente, ainda, do compromisso pessoal do prefeito. Afortunadamente para a cidade e para o seu centro histórico, o prefeito João Campos comprou a briga e colocou no seu programa de governo a recuperação do Centro do Recife. Então, criou o programa Recentro e o Gabinete do Centro com dois enfoques: um, de curto prazo; e, outro, de médio e longo prazos. Ou seja, estruturou a atenção do Poder Executivo Municipal às ações do dia a dia, sem perder de vista a essencialidade do médio/longo prazos com, pelo menos, um horizonte determinado que é o ano de 2037 quando o Recife será a primeira capital brasileira a completar 500 anos. Ambos os enfoques carecem de planejamento. Tanto o de curto prazo, de caráter operacional, que gosto de chamar de “farol baixo”, responsável por iluminar o que está logo à frente, quanto o de caráter tático e estratégico, que eu gosto de chamar de “farol alto”, responsável por iluminar o que está mais à frente. Os dois planejamentos são indispensáveis à ação consequente, um para evitar que caiamos nos “buracos” do caminho e, o outro, para evitar que atropelemos a “vaca” que resolveu atravessar a pista lá mais adiante. O planejamento de longo prazo tem também a importância fundamental de definir com clareza o que (o objetivo) se pretende atingir e contornar as dificuldades, bem como aproveitar as oportunidades para isto. Afinal, como já bem sabiam os romanos, “não há vento favorável para quem não sabe para aonde vai”. Então, com o planejamento operacional estruturado em relação ao Recentro, chegou a hora de estruturar também, o planejamento estratégico em relação ao Centro como um todo. Daí que, além da competente atuação operacional do Gabinete do Centro, a Aries, organização social que coordenou a elaboração do Plano Recife 500 Anos, foi convocada para coordenar também a elaboração do Plano Estratégico (a Rota de Futuro) do Centro que ora se inicia. Para isso, foram mobilizados dois dos mais competentes planejadores do Brasil: Sérgio Buarque (coordenador do Plano Recife 500 Anos) e Washington Fajardo (ex-secretário de planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro). Quis também o destino que este momento especial para a cidade me encontrasse presidente do Conselho de Administração da Aries e, por isso, a importância do dia do lançamento para minha vida. Afinal, não só pude presenciar a importância do ato como, também, fazer parte dele em condições de prestar uma contribuição direta, ainda que modesta. Vamos lá, então, desenhar a Rota do Futuro do Centro para com ela poder direcionar as ações capazes de fazer com que o Centro (em especial os Bairros de Santo Antônio e São José) possa, no horizonte do aniversário dos 500 Anos do Recife, ter revertido o seu processo de decadência, com sua vocação redirecionada e a sua recuperação como centro histórico de uma das regiões metropolitanas mais importantes do Brasil em pleno andamento. Isso é o que o Centro requer, o que a cidade precisa e o que nós, envolvidos no processo, temos a obrigação de fazer. Tudo isso aproveitando o raro "alinhamento astral" de vontades e condições favoráveis, em benefício desta cidade tão especial onde resolvemos viver nossas vidas e temos a obrigação de fazer o que estiver ao nosso alcance para deixá- la, para nossos sucessores, em estado melhor do que o atual. Daí, a vital importância do dia do lançamento da busca do desenho do longo prazo do Centro, para mim e para a cidade. No que depender de nós, essa Rota do Futuro será traçada da melhor forma que for possível.

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Qual o Centro do Recife que precisamos? Participe da pesquisa

Qual o Centro do Recife que precisamos? Essa é a provocação da Aries (Agência Recife para Inovação e Estratégia) para entender os anseios dos moradores da cidade sobre a região central da capital pernambucana. A organização está realizando uma pesquisa de percepção com o objetivo de orientar a reabilitação urbana, dinamização econômica, conservação ambiental e melhoria da qualidade de vida nos bairros centrais. Embora abrigue monumentos e prédios históricos, muita atividade comercial e tecnológica, o Centro viveu um drástico esvaziamento de moradias e passa por um avançado processo de degradação urbana. Um quebra-cabeça entre potenciais e desafios que precisa ser remontado com a participação popular e de olho nas tendências de sustentabilidade do mundo contemporâneo. A remontagem das peças que estão fragmentadas no território do Centro do Recife, na percepção dos especialistas, passa tanto por quem ainda resiste na região, a exemplo dos moradores ou profissionais, como pelos habitantes de toda a região metropolitana. Os incômodos e anseios são diferentes, para o comerciante, o universitário, o artista, mas alguns consensos apontam os caminhos de retomada. A necessidade de qualificar a segurança do Centro e a revitalização do espaço, atualmente degradado, são algumas das percepções comuns. Outros fatores que são quase unanimidade no processo de reconexão deste território são a necessidade de oferecer moradia e a promoção de uma revitalização integrada e duradoura da região. REPOVOAR O CENTRO O arquiteto e urbanista Washington Fajardo considera que o aspecto fundamental para revitalizar o Centro do Recife é repovoar com moradores “Nenhum processo de reabilitação urbana tem sustentabilidade se não tiver pessoas morando", assegura. Com o crescimento da capital, é nas outras cidades e nas periferias da Região Metropolitana do Recife onde a população foi encontrando suas moradias. Toda a economia imobiliária decorrente desse fenômeno criou uma conjuntura favorável para a expansão dos demais municípios e contribuiu para o esvaziamento da área central. A reversão desse cenário não é fácil, na análise de Fajardo. “É preciso estimular tanto a oferta (disponibilização de unidades habitacionais), como a demanda. É necessário dispor de opções para quem tem desejo [de morar na região central do Recife]. Mas para despertar esse desejo é preciso se sentir bem no Centro. Com uma sensação de segurança. Um bom parâmetro é olhar para as crianças. É um lugar onde você viveria com seus filhos?” A ausência de imóveis residenciais à disposição de moradores interessados é um dos motivos para a dificuldade de reocupação do Centro do Recife, segundo o presidente da CDL (Câmara de Diretores Lojistas), Fred Leal. Ele sugere que no processo de recuperar o Centro é preciso adotar medidas rápidas, além de pensar a governança e um plano integrado para a região. “A primeira consideração é que as medidas para revitalizar o Centro da cidade precisam ser implementadas de forma imediata, mas abrangendo também o médio e o longo prazos. Precisamos de um plano geral, abrangente, como o que a Aries está desenvolvendo, pois o Centro precisa ser ocupado com moradias para dar vida a outras melhorias. Esse retorno de moradores é fundamental para esse espaço”, afirmou o presidente da CDL Recife, Fred Leal. “Outra sugestão é que todas as entidades, sejam municipais, federais ou estaduais, retornem ao Centro, trazendo secretarias e autarquias para a região”. Nesse esforço para estimular moradias, Leal destaca a importância de evitar a favelização do Centro. Para o empresário, a retomada não pode ser apenas de imóveis de luxo, sendo necessário ofertar moradias acessíveis também. A Prefeitura do Recife divulgou a criação de uma parceria público-privada, na modalidade de concessão patrocinada, para a construção, manutenção e operação de quatro empreendimentos de habitação de aluguel social e dois empreendimentos habitacionais direcionados tanto à população de baixa renda quanto ao mercado popular, na cidade do Recife. Também há uma consulta pública online sobre a PPP Morar no Centro. A secretária-chefe do Gabinete do Centro do Recife, Ana Paula Vilaça, revela que após focar em ações de curto prazo, como a zeladoria, os incentivos fiscais e a promoção da cultura, material e imaterial, o gabinete está voltado para ações mais amplas e estratégicas. “Atualmente, está sendo elaborado o Recentro na Rota do Futuro - Plano do Centro do Recife de médio e longo prazos. Trata-se de uma ação que visa a formular prioridades estratégicas que promovam o desenvolvimento, combinando reabilitação urbana, dinamização econômica, conservação ambiental e patrimonial na região central da capital pernambucana, com foco nos bairros do Recife, São José e Santo Antônio”. CONHECER PARA CUIDAR Para recuperar a atenção e o cuidado dos recifenses pelo Centro, o consultor e presidente do Conselho de Administração da Aries, Francisco Cunha, defende que sejam adotadas ações para ampliar o conhecimento da população sobre esse território estratégico para a cidade. “Como se diz popularmente: 'quem ama cuida'. Todavia, para amar é preciso conhecer. Suspeito que exista pelo menos uma geração inteira que nunca pisou no Centro do Recife, em especial em Santo Antônio e São José. Pode até passar de bicicleta no domingo mas, pisar mesmo, nunca pisou. Como, então, preservar o desconhecido?” A escuta da população sobre esse território é um passo importante na análise do consultor. “O conhecimento que reputo indispensável pode e deve ser ampliado para aquele referenciado por pesquisas científicas e de opinião em cujo âmbito se inscreve a presente pesquisa. Afinal, quem não conhece, não gosta, nem cuida. Isso serve para os planos também”, afirmou Francisco Cunha. O conhecimento, que pode gerar desejo de ocupar ou morar, é um dos combustíveis para a reativação desse território. "Não tem como pensar em revitalizar, em restaurar, em reconfigurar o Centro do Recife, sem haver um desejo, uma vontade”, apontou o músico, pesquisador e ex-secretário de Cultura de Pernambuco Silvério Pessoa. “A gente pensa em revitalizar, reconfigurar, eu acho que até o termo correto seria humanizar o Centro. A tração para esse retorno ao Centro necessita de vontade política, inclusive buscando recursos do Governo Federal e de um diálogo amplo, participativo e frequente com a sociedade. Além das pesquisas da Aries e da consulta da

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Municípios no Vermelho: entenda os motivos da greve dos prefeitos

A crise crônica das finanças das prefeituras se tornou aguda no segundo semestre de 2023. O questionamento da divisão de recursos entre a União, estados e municípios é antiga e está nas raízes do almejado Pacto Federativo. Porém, no atual trimestre, um combinado de queda de arrecadação e aumento das obrigações orçamentárias levou os prefeitos a um movimento “grevista” por um socorro federal. Em Pernambuco, a Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) estima que 80% das cidades sobrevivem do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e ficaram em uma situação de maior fragilidade nos últimos meses. Entender a briga pelo orçamento nesse caso não é fácil. Existem diferentes fontes de receitas dos municípios, como o ISS (Imposto sobre Serviços), o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e uma parcela do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Porém, as pequenas cidades, de forma geral, dependem muito do FPM para realizar seus serviços. O fundo é composto por 22,5% da arrecadação líquida da União da soma do IR (Imposto de Renda) com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O resultado dessa sopa de letrinhas que deixou os prefeitos em pânico foi que houve uma redução das receitas vindas do IR das pessoas jurídicas, ao mesmo tempo em que aconteceu um aumento das restituições do Imposto de Renda. O resultado final é que houve uma diminuição da arrecadação da União e, consecutivamente, queda do repasse municipal. O impacto veio no início do segundo semestre. Os repasses do FPM são feitos três vezes ao mês. A queda do primeiro decêndio de julho foi de 32,4%, enquanto que nos meses de agosto e setembro, no mesmo período, foram respectivamente de 20,3% e 28,2%. “Se já temos um Pacto Federativo injusto aos municípios, perder cerca de 30% da receita prejudica muito os serviços que a gente presta para a população e a forma que temos de pagar os servidores. Somado a isso, tivemos queda de outras arrecadações, como o ICMS. Esses dois fatores fizeram com que muitas prefeituras se encontrassem em situação de calamidade”, destacou a presidente da Amupe e prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. O processo de desindustrialização do País, intensificado nos últimos anos, e as mudanças mais recentes nas regras do Imposto de Renda tiveram uma relação com essa queda das receitas, segundo o economista e professor da UPE (Universidade de Pernambuco), Sandro Prado. “Enquanto nos anos 1980 chegamos a ter em torno de 30% do PIB da indústria, no Governo Bolsonaro chegou a 11%. Tivemos uma queda percentual desse setor que fez com que o IPI murchasse. Essa desindustrialização é um processo longo, que teve um agravamento muito forte nos últimos anos. Além disso, houve uma restituição maior do Imposto de Renda. É uma luta importante para a população, mas traz um complicador que é a diminuição desse repasse nos meses de agosto e setembro, fazendo com que os municípios ficassem enlouquecidos”, afirmou Sandro Prado. A proximidade com as eleições municipais do próximo ano se tornou um agravante nesse cenário, pois cria dificuldade para a máquina pública das prefeituras, na análise do economista. CRESCIMENTO DAS DESPESAS NO RADAR Além da queda das receitas, outra queixa forte dos prefeitos, capitaneada no País pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), é o aumento de despesas obrigatórias, sem uma fonte definida. Em outras palavras, são leis que elevam, por exemplo, salários, sem que haja a indicação de quem pagará a conta e tudo vai acabar nos cofres municipais. O aumento do piso dos professores, por exemplo, entra nessa conta. “Temos visto e revisto o Pacto Federativo porque é muito injusto com os municípios. As demandas só chegam, mas contrapartida financeira não chega para fazermos o melhor, que é cuidar das pessoas. Temos um grave subfinanciamento na saúde, na educação e na assistência social. É preciso rever a distribuição desses recursos”, afirmou a presidente da Amupe. Ela destaca que o subfinanciamento dos serviços não é um problema recente, mas algo que já atravessa pelo menos uma década, com graves prejuízos aos cofres municipais. De acordo com o estudo recém-publicado pela CNM, 53% das pequenas cidades do País e 38% dos municípios de médio e grande porte estão com déficit – despesas maiores que as receitas. “No primeiro semestre de 2023, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos municípios, R$ 91 foram destinados para pagamento de pessoal e custeio da máquina pública”, afirmou o estudo Avaliação do cenário de crise nos municípios. A pesquisa foi realizada a partir de dados do Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro) e elaborada pela CNM. O economista Sandro Prado avalia que são justas as reivindicações das categorias profissionais e que deveriam haver outros pisos instituídos em lei. No entanto, vê com preocupação a ausência de comunicação entre os legisladores e o Poder Executivo na definição dos recursos. “Essa falta de diálogo entre os dirigentes municipais, estaduais e federais é uma coisa muito séria. Quando o Congresso aprova uma legislação que vai afetar 5.570 municípios é algo muito grave. Obviamente as categorias são merecedoras. Algumas mais fortes conseguem. O piso dos professores e dos profissionais de saúde aumenta as despesas do município. Deveria haver, por parte dos gestores, um remanejamento dos recursos para esse pagamento, mas muitos colocam isso como algo que ele não conseguiu pagar e algo que fez com que dificultasse ainda mais a sobrevivência desses municípios”, disse o economista. No primeiro semestre, os municípios de Pernambuco tiveram um aumento de despesas com pessoal na ordem de 7%, em comparação com o mesmo período de 2022. Os gastos de custeio avançaram em 23% e os investimentos subiram em 24% nos primeiros seis meses de 2023. Já a arrecadação no primeiro semestre registrou um aumento de 7% do FPM e uma queda de 4% do ICMS. Uma redução abrupta, no entanto, foi das execuções de emendas parlamentares, que alcançaram o patamar de 63% a menos que em 2022. Diante do baque do começo do segundo semestre, Márcia Conrado destacou que os prefeitos

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Novo pátio da Feira de Casa Amarela receberá R$ 6,6 milhões em obras

O prefeito João Campos fez uma visita às obras em andamento do novo pátio da Feira de Casa Amarela, localizada na Zona Norte. Essas melhorias abrangem uma nova cobertura, um reservatório de água, uma área designada para animais vivos, além da criação de novos quiosques para flores e outras melhorias. O projeto abrange uma área de 3,8 mil metros quadrados e tem como objetivo estimular os comerciantes da região a aumentarem a visibilidade de seus produtos. Além disso, a feira contará com instalações sanitárias e uma área de lavagem de mercadorias. O investimento total nas obras da Feira de Casa Amarela é de R$ 6,6 milhões, dos quais R$ 2,2 milhões provêm de convênio firmado entre a Prefeitura do Recife e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Este projeto faz parte de um amplo plano de reformas e requalificação em mercados e feiras públicas na cidade. Outros mercados e feiras, como Beberibe, Cais de Santa Rita, e Nova Descoberta, também passarão por intervenções semelhantes, totalizando um investimento de R$ 30 milhões no programa liderado pela Conviva - Feiras e Mercados. As melhorias incluem revisões nas coberturas, iluminação, estacionamentos, banheiros e outras instalações para proporcionar um ambiente mais confortável e eficiente para feirantes e visitantes. Durante a visita, o prefeito João Campos destacou a magnitude deste projeto, afirmando que é a maior obra de pátio de feira e mercado em toda a Zona Norte do Recife. Ele enfatizou que a nova cobertura será ainda maior do que o mercado de Casa Amarela.

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BAIRRO SAO JOSE Foto Marcos Pastich

Recife abre consulta pública sobre Morar no Centro, primeira PPP de Locação Social do País

Iniciativa oferecerá mais de mil unidades habitacionais nos bairros de Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga. Famílias com renda a partir de um salário mínimo terão a chance de serem contempladas. Com o objetivo de expandir as políticas habitacionais e promover a ocupação do centro da cidade por meio de moradias, a Prefeitura do Recife anunciou a consulta pública do edital da primeira Parceria Público-Privada (PPP) do Brasil voltada para a Locação Social, denominada PPP Morar no Centro. Esta iniciativa disponibilizará aproximadamente 1.128 unidades habitacionais nas áreas centrais dos bairros Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga, incluindo os dois primeiros dentro do Programa Recentro. O programa de locação social será direcionado a famílias com renda a partir de um salário mínimo (R$ 1.320,00) até o limite de três e meio salários mínimos. Além disso, o projeto é resultado de uma colaboração com o Governo Federal, envolvendo os Ministérios das Cidades e da Casa Civil, bem como a Caixa Econômica Federal (CEF). Uma parte significativa do projeto inclui a construção da sede da Orquestra Cidadã e de uma creche em um dos empreendimentos. Com o intuito de aprimorar a PPP Morar no Centro, a administração municipal deu início a uma consulta pública destinada a colher sugestões e contribuições da população. O objetivo é buscar o melhor modelo para a cidade no que diz respeito à concessão dos serviços de gestão, operação e manutenção das moradias. A consulta pública está disponível no link https://parcerias.recife.pe.gov.br/projetos/ppp-de-habitacao-social/ e está aberta à participação de todos os cidadãos. Além disso, em 29 de setembro, das 10h às 12h, a Prefeitura do Recife realizará uma audiência pública online para oferecer maior transparência ao processo. A iniciativa será implementada na modalidade de concessão patrocinada e abrangerá a implantação, manutenção e operação de quatro empreendimentos de locação social e dois empreendimentos habitacionais destinados à população de baixa renda e ao mercado popular. Isso incluirá tanto obras físicas como serviços de gestão de carteira, administração condominial, trabalho técnico social e desenvolvimento comunitário. A PPP terá uma duração de 25 anos, com um valor total de aluguel e condomínio que não excederá 15% a 25% da renda familiar dos beneficiários. Como contrapartida, a Prefeitura assumirá de 30% a 85% desse valor. O projeto compreende a renovação de edifícios existentes e a construção de novos, incorporando áreas comuns e espaços de lazer. Também está prevista a instalação de atividades comerciais e de serviços no térreo (fachada ativa). Os apartamentos variarão de studios a unidades de três dormitórios, destinados a pessoas com renda familiar de até R$ 4.400,00 para a locação social e indivíduos que se enquadrem na Faixa 3 do programa Minha Casa, Minha Vida para a aquisição. Além disso, os imóveis, que serão concluídos em média em três anos após a assinatura do contrato, serão entregues com eletrodomésticos básicos (fogão, geladeira e chuveiro) e mobiliário básico, com garantia de serviços de manutenção, limpeza e administração das áreas comuns, bem como atividades de capacitação para os beneficiários. A PPP tem como objetivo primordial reduzir o impacto financeiro nas famílias, evitando o excessivo comprometimento de sua renda com o aluguel, o que é um dos principais fatores que contribuem para o déficit habitacional no Brasil. Esse problema surge quando as famílias precisam destinar mais de 30% de sua renda para custear a moradia. O projeto contemplará moradores do Recife que estejam residindo na cidade por pelo menos 2 anos e tenham pelo menos um adulto na composição familiar. Além disso, serão priorizados chefes de família idosos, famílias lideradas por mulheres, famílias monoparentais, pessoas que vivem em áreas de risco, entre outros critérios estabelecidos.

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Todo dia pode ser um dia sem carro

Em artigo, o jornalista Du Dias explica a origem e as motivações do Dia Mundial Sem Carro, neste 22 de setembro. Um dos motivos é o clima, que dá sinais de fadiga (Do Mobilize Brasil) Era o ano de 1956 quando Israel, com o apoio da França e do Reino Unido, declarou guerra ao Egito, após o país que liga o nordeste da África ao Oriente Médio nacionalizar o Canal de Suez, importante rota de comércio da região. Foi assim que se iniciou a Guerra de Suez, que só foi encerrada após pressões de Estados Unidos, União Soviética e das Nações Unidas para a retirada de tropas invasoras. A esta altura, você deve estar se perguntando o que um conflito armado no final dos anos 1950 tem a ver com o Dia Mundial Sem Carro. Não foi a guerra propriamente dita, mas a crise de abastecimento de combustíveis em diversos países europeus, decorrente do conflito no canal de Suez, que levou, por exemplo, a Bélgica e a Holanda a racionar o uso de combustíveis e proibir a circulação de automóveis aos domingos. Naquela época, estes países também sofriam severamente com a poluição atmosférica e o aumento das mortes no trânsito, inclusive de crianças, causadas pela popularização do automóvel. O embrião do Dia Mundial Sem Carro estava nascendo e se reproduziria em países como a Dinamarca e a Suíça, que também restringiram o uso do carro durante a crise do petróleo de 1973. Estes eventos foram transformadores para alguns destes países, que a partir de uma medida emergencial para enfrentar uma crise econômica, revolucionaram para sempre seus padrões de mobilidade. As experiências de enfrentar as crises decorrentes da guerra, da escassez de petróleo e suas consequências a partir da restrição do uso do carro haviam sido relativamente bem sucedidas na Europa, mas a redução do uso de automóveis já vinha ganhando força nos Estados Unidos desde os anos 1950, quando moradores de Nova York protestavam contra a extensão da 5ª Avenida, uma das mais importantes da cidade. A vitória dos nova iorquinos nas manifestações contra a obra que cortaria um importante parque da cidade ao meio (a Washington Square Park), é frequentemente creditada à jornalista e urbanista Jane Jacobs, que naquela época já denunciava as consequências catastróficas para o meio urbano, do uso irrestrito dos veículos individuais motorizados. Bem antes disso, no início do século 20, cidades dos Estados Unidos realizaram intensas campanhas para evitar a entrada de automóveis em suas ruas, até então muito ocupadas por pessoas de todas as idades. A indústria reagiu: uma intensa campanha foi realizada para "organizar" o trânsito, limitar os espaços destinados aos "pedestres" e liberar a circulação dos carros. E assim, a vida nas cidades foi inteiramente transformada, conta Peter D. Norton, historiador da Universidade de Virginia e autor de Fighting Traffic: The Dawn of the Motor Age in the American City. Mas, no final do século, quando as cidades já estavam entupidas e intoxicadas de carros, os ensinamentos de Jane Jacobs, Jan Gehl e Jeff Speck, entre outros, ganhavam popularidade e conquistaram corações e mentes também no velho continente quando, em outubro de 1994, o economista Eric Britton fez um importante discurso durante evento sobre cidades acessíveis na Espanha, conclamando a sociedade a adotar medidas restritivas severas para o uso de automóveis. Nos anos seguintes ao chamamento de Britton, há registros de dias livres de carro promovidos extraoficialmente em cidades da Islândia, do Reino Unido e da França, entre outros. Em 1996, um grupo de ativistas holandeses começou uma campanha por dias livres de carro com abrangência nacional para aquele país. O grupo organizou mensalmente manifestações informais nas ruas, quando paravam os carros e ocupavam as vias com festas, pic-nics, brincadeiras para as crianças, manifestações artísticas e pinturas. Essa estratégia seria utilizada posteriormente em manifestações pacíficas no mundo todo, inclusive em São Paulo, quando movimentos sociais (o Mobilize estava lá!) pressionaram a prefeitura municipal para fechar a avenida Paulista para os carros aos domingos.   O que é o "dia sem carro"? O primeiro dia sem carro celebrado por um país oficial e nacionalmente, no entanto, se daria na Inglaterra, que foi seguida pela França, em 1997. Foi só a partir do ano 2000 que se estabeleceu o dia 22 de setembro como Dia Mundial Sem Carro, a partir de uma campanha que se estenderia oficialmente por todo o continente europeu. Hoje celebrado em cidades do mundo todo, o Dia Mundial Sem Carro é uma oportunidade de refletir sobre os prejuízos sociais, ambientais e econômicos da cultura do carro e seus impactos nos territórios. Cada cidade adota medidas distintas, sempre tentando conscientizar a população de que outras formas de deslocamento não são apenas possíveis, como também eficientes, baratas e sustentáveis. Há cidades que restringem o uso do carro em algumas vias, outras fazem campanhas de conscientização e em alguns casos, ampliam a oferta de transporte público e coletivo. Na cidade de São Paulo, são realizadas atividades de conscientização sobre o uso excessivo de automóveis no dia 22 de setembro desde o ano de 2003, com pedaladas/bicicletadas; interlocuções com o poder público municipal; fechamento de vias para os carros e atividades culturais, quase sempre promovidas por movimentos sociais ou decorrentes da pressão realizada por eles. A partir de 2010, os dias sem carro passaram a ser celebrados em diversos estados do Brasil. Mas, o carro é mesmo um vilão?Se analisado individualmente, o automóvel não parece ser um grande problema: ao contrário, a facilidade e o conforto de se deslocar em um carro são sedutoras; a crescente tecnologia e segurança para os usuários também não ficam atrás. E não podemos deixar de lembrar que a indústria automobilística também é responsável pela geração de milhões de empregos e de movimentar fortemente a economia. Mas então, porque os carros hoje são vistos como ameaças? A resposta tem a ver com o uso que se faz dos automóveis. Além das altas velocidades praticadas nas vias urbanas, provocando acidentes e mortes que poderiam ser evitados, os custos de implantação e manutenção de

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Ilha de Deus sedia a 2ª Conferência Livre de Mobilidade do Recife

Em comemoração ao Dia Mundial Sem Carro, acontece hoje (22) e amanhã (23) de setembro a segunda edição da II Colmob - Conferência Livre de Mobilidade do Recife. O evento nasce em 2016, através da articulação em rede dos diversos movimentos sociais da mobilidade urbana e do direito à cidade da Região Metropolitana do Recife (RMR). Visando fortalecer e ampliar a incidência política sobre mobilidade urbana e suas transversalidades a partir da mobilização das periferias do Grande Recife. A abertura da 2ªConferência Livre de Mobilidade do Recife, acontece hoje, às 19h, na sede da Ação Comunitária Caranguejo Uçá, na Ilha de Deus, e surge da necessidade de dialogar a mobilidade urbana de uma maneira ampla, participativa, tendo em vista, o esvaziamento dos espaços oficiais de participação, como as Conferências Municipais de Trânsito e Transporte, que desde 2007 não ocorrem em Recife. “É urgente pensar e propor soluções de mobilidade que dialoguem com toda a diversidade sociogeográfica da cidade, e que contemplem não apenas as áreas de planície, mas também os morros e os rios. Além disso, essa conferência é um espaço livre para a incidência política a fim de garantir o direito constitucional ao transporte e a mobilidade com as nossas especificidades locais de cada território”, afirma o coletivo de organização idealizadora da ação. A programação do evento conta com mostra de filmes, apresentações culturais e mesas de diálogos. No sábado (23), a primeira mesa debate a Conjuntura da Mobilidade Pernambucana e a segunda tem como tema: As utopias que não são utopias: questões da mobilidade que parecem impossíveis, mas já estão acontecendo”.  O bate-papo terá a contribuição de representantes das organizações Ameciclo, Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência de Pernambuco (FND), Movimento Passe Livre, Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, Sindicato dos Metroviários de Pernambuco - Sindmetro-PE, Rede Meu Recife, Observatório de Mobilidade de Salvador e Bigu Comunicativismo. Vale destacar, que toda a construção de propostas da 2ªConferência Livre, servirá de subsídio para as conferências que pautarão as discussões em torno da mobilidade urbana das eleições municipais de 2024.  A iniciativa é uma realização da Bigu Comunicativismo, Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife - Ameciclo, Ação Comunitária Caranguejo Uçá, Rede Meu Recife, Movimento Passe Livre - Pernambuco, INCITI - Núcleo de Pesquisas Urbanísticas da UFPE e Escola de Ativismo.

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Novo binário inaugurado em Santa Cruz do Capibaribe

Nesta quinta-feira (21), a governadora Raquel Lyra realizou uma visita ao Agreste pernambucano, onde presidiu a inauguração do novo binário de acesso viário ao polo atacadista de confecções no município de Santa Cruz do Capibaribe. Este projeto visa simplificar o transporte de mercadorias na região, promovendo maior eficiência logística. Durante a visita, a governadora também inspecionou as obras em andamento no mercado público local, as quais foram retomadas pelo governo estadual em abril deste ano. A nova via, com uma extensão de 2,8 quilômetros, recebeu um investimento de R$ 12 milhões do Governo do Estado e foi executada pela Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). Ela representa uma rota alternativa de acesso aos polos de confecções da região, incluindo o Calçadão Miguel Arraes de Alencar, o Moda Center Santa Cruz e o Altas Horas Outlet. “É uma alegria poder entregar o binário da moda de Santa Cruz do Capibaribe. Esta é uma conexão que permite o acesso por trás do Moda Center, interligando o outlet e permitindo que 18 mil veículos deixem de andar na PE-160 e possam entrar e sair do estacionamento, que também foi totalmente requalificado, garantindo o direito de ir e vir da população e o escoamento dessa mercadoria”, observou a governadora. Além da inauguração do binário, a governadora também anunciou melhorias para o Mercado Público de Santa Cruz, incluindo a instalação de cobertura para as bancas de vendas, visando aprimorar as condições de comercialização dos produtos no local.

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"A resolução da habitação e do saneamento pode aliviar a pressão ambiental do Rio Beberibe"

Edilson Junior, mestre em desenvolvimento e meio ambiente pela UFPE e doutor em geografia pela UFES, pesquisou o Rio Beberibe durante a sua dissertação Nas Trilhas da Floresta Urbana: Gestão ambiental e conflitos na Mata do Passarinho. Mais que uma questão natural, relacionada aos efeitos das mudanças climáticas, o cenário vivido na comunidade emblemática vizinha ao rio é um problema de ordem social. O pesquisador destaca que os indicadores sociais dos bairros que convivem com o Beberibe são comparáveis aos países mais pobres da África. Nesta entrevista concedida ao jornalista Rafael Dantas para a série 3 Rios, 3 Comunidades, 3 Desafios, Edilson Junior trata ainda dos possíveis caminhos para recuperação do Rio Beberibe e das comunidades do seu entorno, mas alerta para o agravamento da situação social nas últimas décadas, com o crescimento demográfico das comunidades ribeirinhas. (Fotos: Midiã Tavares, especial para a Algomais) Qual a relação entre o poder público, a comunidade que vive na região e o Rio Beberibe? A relação entre o poder público e a comunidade é de abandono; entre a comunidade e o rio é de desprezo; e entre o rio e o poder público é de serventia. Explico: se traçarmos um panorama com indicadores de renda, saúde e educação, que são utilizados no Índice de Desenvolvimento Humano, dentro de um município, veremos que os bairros que margeiam essa porção do Rio Beberibe estão historicamente atrelados a resultados similares aos de países africanos pobres. São décadas de desamparo, falta de equipamentos urbanos e oportunidades de trabalho. A desigualdade é muito violenta, o que torna secundária a pauta da conservação ambiental. A exemplo da Reserva de Floresta Urbana (FURB) Mata do Passarinho, que foi seu objeto de pesquisa, como se caracteriza a pressão ambiental nessa região? Ninguém vai pensar nos impactos ambientais de derrubar a mata para construir sua casa, de retirar lenha para poder cozinhar suas refeições, ou nos problemas de lançar esgoto e lixo diretamente no rio, enquanto o poder público não atende sequer as demandas sociais básicas. É uma situação triste, pois o Beberibe e as Reservas de Floresta Urbana que o margeiam são, de certa forma, patrimônios vivos da nossa terra e estão diariamente sofrendo com este tipo de ação. Portanto, por necessidade, a população faz uso desses recursos naturais e não há ação de conscientização que possa impedir isso. Apenas a resolução das demandas de habitação e saneamento, anulando a necessidade de fazer uso desses espaços naturais, pode aliviar a pressão ambiental do Beberibe e das FURBs. Há mais de uma década a região foi alvo do Prometrópole. Esse programa era voltado para a Bacia do Beberibe e inclusive retirou a população da Vila do Tetra, que fica entre a FURB e o Rio. Mas a área foi reocupada e não foi construído o habitacional. O que aconteceu para esse projeto não ser executado? O programa Prometrópole, que este ano completa duas décadas desde o grande aporte financeiro recebido do Banco Mundial, é um caso emblemático, tanto pelo seu escopo quanto pelo seu resultado. Em teoria, ele iria garantir uma transformação urbanística completa das margens do Beberibe, servindo de vitrine para Pernambuco numa época em que diversas organizações intergovernamentais, como as Nações Unidas, estavam financiando projetos de urbanização no Brasil. No entanto, o que tivemos foi a fragmentação do programa em obras sem a devida efetividade, pouco integradas entre si ou fora dos fundamentos de saneamento e combate à pobreza do programa. Isso é completamente diferente do que foi apresentado à população. Até hoje, os habitantes dos bairros contemplados pelo Prometrópole lembram do projeto com frustração. Muitas das áreas de lazer propostas não foram construídas, o quantitativo de habitações entregues ficou aquém da demanda, a pavimentação e o esgotamento sanitário das ruas se arrastaram além do necessário, e o abastecimento de água ainda é deficiente. Isso sem falar na rede de serviços públicos, que não foi ampliada como anunciado. Sobre a Vila do Tetra, pode-se dizer que a questão até triplicou de tamanho, tanto no quantitativo populacional quanto na área ocupada. Isso ocorreu porque, diante do atraso ou da inexistência das obras, novas frentes de ocupações foram se formando ao longo do Beberibe, a exemplo do terreno no antigo endereço da Rádio Olinda. Acredito que o Prometrópole sofreu muito pela visão engessada de um "kit de urbanização" que não atendia às especificidades do povo atendido e do espaço que habitavam. A população vive numa situação de extrema vulnerabilidade social e sem saneamento básico. Quais os possíveis caminhos para encontrar uma solução que seja satisfatória para a população e para o Rio Beberibe? Não há solução efetiva que não seja através de um grande projeto integrado entre urbanização e demais questões sociais. Em uma situação ideal, a realocação da população para moradias mais adequadas e a consequente proteção das margens seriam o melhor caminho. No entanto, isso tem um custo político e orçamental que pouquíssimas gestões municipais estão dispostas a enfrentar. Além disso, desde a Lei 14.285/2021, os municípios detêm competência para regularizar todas as ocupações urbanas nas margens dos rios, chancelando a transformação do que deveriam ser áreas de proteção em tecido urbano consolidado. É esse caminho que tem sido adotado, normatizando a precarização das margens dos rios. Dessa forma, temos o próprio poder público a "planejar" desastres, como os provocados por enchentes. O que fica claro é que qualquer projeto precisa contemplar as dimensões sociais e ambientais, pois não é possível pensar em recuperar um rio enquanto a população sofre necessidades mais urgentes como emprego e habitação. A história do Prometrópole mostra isso. A população se queixa da maior intensidade de eventos de enchentes nos últimos anos. Podemos inferir alguma relação com as mudanças climáticas e a maior intensidade de chuvas, num período mais curto de tempo? Não apenas as mudanças climáticas estão propiciando mais eventos hidrológicos extremos, mas também as características da suburbanização a partir do médio curso do Beberibe estão contribuindo para as situações de enchentes. Na verdade, as questões relacionadas a como produzimos a nossa cidade

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