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Com orçamento recorde, Funcultura lança editais e iniciativa focada no Patrimônio

Governo de Pernambuco amplia verba para R$ 39 milhões e cria edital inédito para preservação cultural O Governo de Pernambuco deu início a uma nova etapa de incentivo à cultura no Estado com o lançamento dos editais 2024/2025 do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). Este ano, o programa atinge o maior orçamento de sua história: R$ 39 milhões, um aumento de 22% em relação aos R$ 32 milhões de 2023. Além disso, pela primeira vez, será lançado um edital exclusivo para o setor de Patrimônio Cultural, atendendo a uma antiga demanda de produtores culturais e especialistas. “Estamos aumentando os recursos que serão repassados para diversas linguagens culturais. Uma novidade deste ano é o lançamento de um edital específico para o Patrimônio, em reconhecimento à riqueza e diversidade de nossa cultura e história”, destacou a governadora Raquel Lyra. Os cinco editais (Audiovisual, Música, Microprojeto, Geral e Patrimônio) estarão disponíveis a partir desta quarta-feira (22) no Mapa Cultural de Pernambuco (www.mapacultural.pe.gov.br). As inscrições começam no dia 1º de abril e serão realizadas exclusivamente pela plataforma. Para participar, os produtores culturais precisam atualizar o Cadastro de Produtor Cultural (CPC) até o dia 17 de março e possuir um perfil de “agente” no sistema. Edital de Patrimônio: Preservação em FocoEntre os avanços desta edição, o lançamento do edital de Patrimônio Cultural é o grande destaque. Com um orçamento de R$ 3,5 milhões, o edital contempla dez categorias de incentivo, incluindo restauração de bens tombados, preservação de acervos museológicos, salvaguarda do patrimônio imaterial e capacitação profissional. As inscrições para este edital específico ocorrerão de 14 de abril a 13 de maio. “O Funcultura é uma ferramenta essencial para a valorização da cultura em Pernambuco. O novo edital reflete o compromisso do governo em preservar e difundir nosso patrimônio cultural, fortalecendo a cadeia produtiva do setor”, afirmou Renata Borba, presidente da Fundarpe. Investimento que Gera Emprego e RendaA ampliação do orçamento também é vista como uma oportunidade para impulsionar o setor cultural e gerar impacto econômico positivo. Segundo a secretária de Cultura do Estado, Cacau de Paula, o incremento nos recursos permitirá maior circulação de artistas, aumento de projetos aprovados e geração de empregos. “Nossa meta é dinamizar o setor cultural em todas as regiões do Estado, promovendo qualificação e formação de plateias, sempre de forma democrática”, reforçou. ServiçoPara informações completas sobre os editais e inscrições, acesse o Mapa Cultural de Pernambuco: www.mapacultural.pe.gov.br. Dúvidas podem ser esclarecidas na Fundarpe ou pelo e-mail disponível na plataforma.

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Frei Caneca: um herói esquecido pelo Brasil

Aos 200 anos de sua morte, o mártir permanece pouco lembrado no País e mesmo em Pernambuco, apesar da sua importância para a independência do Brasil *Por Rafael Dantas Há 200 anos, o Frei Caneca vivia seus últimos dias. Preso na capital pernambucana, o religioso e líder revolucionário, que participou dos dois maiores movimentos políticos da história de Pernambuco, seria executado pelos seus feitos e por suas ideias no dia 13 de janeiro de 1825. O grande pensador da Confederação do Equador e sobrevivente da Revolução Pernambucana de 1817 foi fuzilado, mas sua mensagem permaneceria viva. Ainda que até hoje não tenha o reconhecimento merecido, nem em Pernambuco, nem no Brasil. Mais que uma liderança política local, Frei Caneca é um dos grandes revolucionários do País. As repetidas amputações do território Pernambucano, que perdeu muito da sua extensão para a Bahia e para Alagoas, foram represálias aos movimentos da então província que balançaram o Reinado de Dom João VI em 1817 e o Império de Dom Pedro I em 1824. As rupturas com o poder central e a conclamação de outras províncias para a construção de um País com um sistema de governo mais sofisticado indicam a força desses movimentos. Mesmo com poucos meses de resistência, ambas as revoluções vividas por Frei Caneca foram marcadas por batalhas, com muitos mortos, articulações políticas intensas e mensagens em prol de uma ordem política muito avançada para a época. É por esses e outros motivos que muitos historiadores comparam a dimensão dada no País a Frei Caneca e a Tiradentes. Ambos terminaram mortos com as revoluções com as quais se envolveram. Mas enquanto o mineiro Joaquim José da Silva Xavier virou um mito nacional, com uma praça monumental em sua homenagem em Ouro Preto e registros fartos nos livros didáticos, as reverências ao pernambucano Joaquim da Silva Rabelo são muito mais tímidas, mesmo no Estado de Pernambuco. UM LÍDER POLÍTICO INTELECTUAL Frei Caneca não foi o presidente da Confederação do Equador, mas de longe é o mais reconhecido. Vindo de uma família humilde, que morava num local considerado periférico do Recife na época, ele era um intelectual. Com os ideais que aprendeu nos livros que teve acesso em seus estudos, com especial atenção ao período do Seminário de Olinda, o religioso contestou Dom Pedro I. “Mesmo jamais tendo saído da sua província natal, exceto pela temporada na Bahia, ele se tornou um dos homens mais cultos e um dos maiores pensadores políticos do País, além de notável poeta. Juntando-se a isso muita coragem, energia, carisma e capacidade de comunicação, afora um grande amor pelo povo brasileiro, reuniram-se nele os ingredientes para formar um líder político como jamais se vira antes por aqui”, escreveu sobre Frei Caneca em seu livro Pernambuco - Histórias e Personagens do jornalista Paulo Santos de Oliveira. Os principais embates que levaram a Confederação do Equador em 1824 eram relacionados ao autoritarismo de Pedro I. A centralização do poder nacional, ainda hoje questionada, estava no foco do problema naquele ano. Dom Pedro I havia indicado para governar Pernambuco Francisco Paes Barreto. Porém, os pernambucanos escolheram Manoel de Carvalho. Um ano antes, o monarca havia ainda dissolvido a Assembleia Constituinte e criado ele mesmo um projeto de constituição, também rejeitado por suas ideias centralistas e autoritárias. “A gente pode considerar o Caneca como um ideólogo. Parte das questões relacionadas com a ideologia do movimento de 1824 era sobre os enfrentamentos de entendimento do que seria pátria, cidadão e república. Ele fala muito sobre a federação. Ação política em direção à concentração de poderes na mão do Executivo – no caso, o imperador – fez com que o Frei Caneca rechaçasse todo esse modelo que considerava já ultrapassado diante dos novos momentos que se viviam, já depois da Revolução Francesa e de muitas revoluções liberais”, afirmou o historiador e professor da Unicap Flávio Cabral. ENFRENTAMENTO AO AUTORITARISMO Havia um conjunto de pensamentos defendidos por Frei Caneca que representava um verdadeiro terremoto no sistema escravista, centralizador e com forte influência lusitana do Brasil da época. E diante de um líder autoritário, como Dom Pedro I, ter um habilidoso intelectual em Pernambuco era um problema. Embora seja lembrado principalmente por 1824, Caneca já estava presente em 1817. O professor Flávio Cabral rejeita a ideia de que ele era apenas um mero estagiário nesse primeiro movimento, mas destaca uma atuação forte do jovem no primeiro levante contra a Coroa Portuguesa. “Eu encontrei uma documentação que afirmava que Frei Caneca distribuiu panfletos na hora da bênção da bandeira de Pernambuco, onde hoje é a Praça da República. Ele saiu pelo meio do povo entregando panfletos, falando sobre a nação, glorificando a pátria naquele momento histórico. Por sua atuação, ele foi preso após a revolução na Bahia e só foi sair em 1821 da cadeia”, afirmou o pesquisador, que lembrou ainda que o líder escreveu um Plano de Educação para Pernambuco durante o Governo de Gervásio Pires. “Era fabuloso! Na época, a educação no País não existia, mas ele chega a apresentar à Junta de Governo um plano interessantíssimo”. O próprio fato de ser um religioso enfrentando a maior autoridade do País por si já era um fato político revolucionário para o pesquisador Carlos André Silva de Moura, que é historiador e professor da Universidade de Pernambuco. “Todos os ideais do Frei Caneca foram revolucionários. Desde ser um padre que questionou o status quo daquele período à possibilidade de rompimento com o governo central. Imagine um padre, que tem toda uma tradição, uma necessidade de uma hierarquia, questionar o governo central! Isso no Século 19 era algo muito difícil”, salientou. Unir carisma, força política e intelectualidade não é uma tarefa fácil sequer no Século 21. Mas Frei Caneca conseguiu unir essas habilidades em pleno Século 19 – sendo religioso e político – com outra característica muito valorizada atualmente: a capacidade de comunicação. UM COMUNICADOR ACIMA DA MÉDIA Como religioso, Frei Caneca era um orador, que mesmo muito jovem foi professor de uma disciplina de retórica. Ele

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Megamurais no Recife: Galeria de arte a céu aberto

Além de embelezar o centro, o edital Megamurais favorece a revitalização da região e também contribui para a valorizar e dar oportunidades aos artistas urbanos *Por Rafael Dantas Que o Recife é um berço da arte, não é novidade para ninguém. O que surgiu como uma inovação em meio aos edifícios dos seus bairros centrais são os megamurais em homenagem às manifestações musicais locais, que começam a embelezar a cidade e a impulsionar a visibilidade do grafite recifense. A partir de um edital público, foram selecionados 24 projetos para dar mais cores ao cinza urbano da Boa Vista. A capital pernambucana foi escolhida há três anos pela Unesco como um dos destinos globais da música, unindo-se à Rede de Cidades Criativas. A iniciativa já ganhou as fachadas de nove prédios e até o final do ano outras construções receberão a criatividade e a assinatura dos artistas urbanos. O projeto dos megamurais no Recife, idealizado em 2021, tem como objetivo transformar a paisagem urbana da cidade por meio da arte. A iniciativa, coordenada pelo Gabinete de Inovação Urbana da Prefeitura do Recife, em parceira com o Recentro, busca revitalizar espaços públicos e criar uma verdadeira galeria de arte a céu aberto. A previsão é que, até o final do ano, o circuito tenha até três novas obras de grande escala. Além de embelezar o Centro da cidade, a secretária-executiva, Flaviana Gomes, ressalta o impacto positivo do projeto. “A arte tem esse poder de transformação, de atrair o turista e impactar a economia criativa, a cultura e o conhecimento.” Ela ressalta que a iniciativa também promove a inclusão social, pois muitos artistas envolvidos vêm de periferias e trazem suas histórias e forças para as criações que vão marcando a paisagem urbana dos recifenses. O esforço do Recife de investir nesses megamurais faz parte de uma tendência crescente de utilizar murais gigantes como uma forma de revitalização urbana em cidades ao redor do mundo, segundo o professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Thiago Soares. Essa prática visa a transformar áreas urbanas cinzentas e sem vida, marcadas pela predominância de concreto, em espaços vibrantes e visualmente atraentes. “A elaboração dos murais na cidade coloca o Recife dentro de um circuito um pouco mais global, que eu acho que no Brasil teve início em 2016, na ocasião dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando o grande muralista Eduardo Kobra pintou uma série de murais numa área que era muito árida no Rio de Janeiro.” O pesquisador avalia que a presença dessa arte em grande escala nas fachadas de prédios e em espaços públicos promove uma conexão mais profunda entre os cidadãos e a cidade. RECONHECIMENTO PARA A ARTE URBANA As telas gigantes estão mudando a concepção da cidade acerca do trabalho desses artistas urbanos. Essa é a percepção que eles relatam após executar os painéis. Uma maior compreensão da manifestação artística do grafite e, mesmo, mais oportunidades de trabalho são mencionados por todos. “Cada megamural entregue repercute na cena artística como um todo, não só dos coletivos artísticos. Reverbera para a classe”, ressalta Flaviana. Essa abordagem valoriza a arte urbana e fortalece os vínculos entre a cultura local e a população. Um dos nomes que teve a oportunidade de assinar um megamural na cidade foi Marquinhos ATG, nome artístico de José Marcos Santos. O projeto Recife Meu Amor, no Edifício Santa Apolônia, proporcionou um reconhecimento maior do seu trabalho no cenário artístico, abrindo portas para novas oportunidades. Ele consolidou parcerias importantes com empresas, como a Iquine, e ampliou seu portfólio com projetos de grande escala. “Meu maior projeto é levar minha arte para cada vez mais lugares, para mais longe”, diz Marquinhos, expondo o desejo de ampliar o alcance da sua arte. O trabalho de Marquinhos ATG, marcado por temas como o ser feminino e a religiosidade, já tem atravessado fronteiras. Seu talento e dedicação o levaram a realizar murais em diversas cidades do Brasil, como Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza. A participação no projeto dos Megamurais trouxe ainda mais legitimidade para a trajetória de Micaela Almeida. Ela tem observado um aumento no respeito pela arte urbana no Recife, que antes enfrentava preconceito. Ela é a autora do painel Naná Vasconcelos, Sinfonia e Batuques. A obra de Micaela Almeida preenche nada menos que 200 metros quadrados do Edifício Guiomar, que fica em frente ao Parque 13 de Maio e bem próximo da Faculdade de Direito do Recife. “Profissionalmente falando, é um trabalho que fica mais exposto, isso traz um reconhecimento da mídia e da população, legitimando minha trajetória. Além dessa legitimação profissional, vemos pessoas respeitando mais a arte em si, vendo a importância do impacto da arte na cidade.” A seleção para participar de um festival internacional com mulheres no Peru é uma das novidades na sua carreira após expor sua obra a um público tão amplo na capital pernambucana. Ela foi uma das poucas grafiteiras do Brasil selecionadas e a única do Nordeste. BOLHAS “FURADAS” E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL A participação de Nathê Ferreira no projeto dos Megamurais representou uma nova fase em sua carreira, trazendo uma maior dimensão ao seu trabalho. O painel Nossa Rainha já se Coroou, assinado por ela e por Fany Lima no Edifício Almirante Barroso, não apenas expandiu seu alcance artístico, mas também quebra barreiras, atingindo novos públicos. "O megamural furou bolhas, alcançando pessoas que nem sequer pensavam em grafite. Ele consegue atingir muito mais gente". Ela lembra que já teve prédios pintados em São Paulo, mas esse foi seu primeiro no Recife. Ela avalia que a experiência também contribuiu para o desenvolvimento de um mercado local para esse tipo de arte e de produção, um fenômeno que ainda estava em formação. O projeto está estimulando uma cadeia de prestadores de serviços para esse segmento, segundo Nathê. Além de seu impacto artístico, a grafiteira vê essa arte como uma ferramenta de transformação social e econômica. Ela, que nasceu e foi criada no subúrbio de Jaboatão

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100 anos de Abelardo da Hora: o artista da beleza e da denúncia social

Com obras espalhadas pelas ruas e praças do Recife, Abelardo da Hora é lembrado no seu centenário por suas criações, que revelam flagelos como a fome, mas também a beleza feminina. No seu legado, está ainda a generosidade em formar novos talentos e levar a arte para o povo. *Por Rafael Dantas Esculturas, gravuras, cerâmicas, tapeçarias e até brinquedos são algumas das tipologias da arte por onde as mãos do artista Abelardo da Hora deixou sua marca. A obra imensa está distribuída por muitas praças, ruas e galerias – não apenas da capital pernambucana. Peças que, neste ano do centenário do seu criador, merecem um novo olhar dos recifenses e de quem visita a cidade. A criatividade e a habilidade desenvolvida como autodidata – embora tenha estudado na Escola de Belas Artes do Recife – estiveram a serviço de muitas missões, mas as principais foram a denúncia contra a desigualdade social e as suas paixões pelas mulheres e pela cultura local. Um dos grandes diferenciais das obras de Abelardo da Hora é o fato de muitas delas estarem nas ruas. Os Monumentos ao Frevo, na Rua da Aurora, o Maracatu, ao lado do Forte das Cinco Pontas, e os Retirantes, no Parque Dona Lindu, são apenas algumas das tantas que embelezam a cidade. Além das esculturas, o artista deixou muitos painéis em cerâmica espalhados pelo Estado. Eles estão, por exemplo, nas fachadas dos centros de saúde construídos durante o Governo de Eduardo Campos, como nos hospitais Miguel Arraes, Dom Helder Câmara e Pelópidas da Silveira. Mesmo aos estudiosos e apreciadores da sua arte, não é fácil escolher as principais obras, muitas delas doadas para a cidade. Todas elas com mensagens que respondiam às questões da humanidade nunca resolvidas ou às necessidades do seu tempo. Pouco conhecidos por sua assinatura, por exemplo, são os brinquedos do Parque Treze de Maio. Em uma época que os escorregos eram de madeira e que se registrou a colocação de giletes para machucar as crianças, Abelardo desenhou brinquedos de concretos para garantir a segurança dos pequeninos. “Ele foi um dos precursores do Modernismo no Brasil com sua escultura. Foi responsável por movimentos culturais de maior destaque do nosso Estado e participante dos mais relevantes do nosso País, como a Sociedade de Arte Moderna, o Ateliê Coletivo e o Movimento de Cultura Popular. Há quem diga que também é um precursor do Manguebeat, com sua Coleção Meninos do Recife, que ilustrou a edição Europeia de Geografia da Fome, de Josué de Castro”, destacou Lenora da Hora, filha do artista e presidente do Instituto Abelardo da Hora. A inovação, uma das marcas de sua vasta trajetória, foi mencionada em uma declaração que Abelardo fez ao Diario de Pernambuco em março de 1948, pouco antes da sua primeira exposição. “Sou o primeiro escultor pernambucano a fazer, ultimamente, uma exposição no Recife. Além dessa nota inédita, creio revestir-se a exposição de um cunho renovador para a escultura no Brasil. (…) É bastante atual. Os temas das minhas esculturas são na sua maioria o retrato deste após-Guerra.” Uma das obras icônicas dessa exposição inaugural é A Fome e o Brado. INFLUÊNCIA NA CIDADE E NA CLASSE ARTÍSTICA Uma das grandes contribuições do artista para a cultura pernambucana foi nas políticas públicas. Além de ter ocupado cargos do alto escalão da gestão municipal em diferentes momentos, Abelardo foi idealizador da lei municipal que estabelece a obrigatoriedade das obras de arte nas edificações. O marco legal previa que as construções na capital pernambucana, a partir de mil metros quadrados, deveriam destinar 1% do valor bruto da construção para instalação de uma obra de arte. A peça deveria estar em sua fachada. Nos últimos anos de sua vida, Abelardo reclamou que a lei não funcionava a contento pois muitos arquitetos estavam a simplesmente reproduzir formas geométricas e chamar de escultura. Ele defendeu em entrevista ao Diario de Pernambuco, em 2013, que deveriam ser criados critérios para aprovar as obras. Independentemente das críticas à aplicação mais recente dessa legislação, a sua instituição, há mais de 80 anos, tornou o Recife uma galeria de esculturas a céu aberto. Essa obrigatoriedade abriu mercado para muitos artistas na cidade. “Tinha um sentimento de democratizar a cultura e a arte, como o fez ao criar nos anos 1960 as Praças de Cultura. Seu interesse era levá-las para a rua, para que não ficassem elitizadas, apenas, nos recintos fechados das galerias e dos museus, para que todos tivessem acesso. A lei serviu de inspiração para outras cidades brasileiras e até para fora do Brasil”, disse Lenora. Sua preocupação de levar a arte para a cidade – e também de garantir trabalho para a classe artística local – está apontada desde o início da sua carreira. Em 1948, ele apresentou na sua exposição inicial, além das esculturas, maquetes para túmulos e mausoléus. Na ocasião recomendou aos pernambucanos que procurassem artistas locais para fazer essas obras fúnebres. “Gostaria que todos os pernambucanos que mandam fazer túmulos e mausoléus no Rio e em São Paulo soubessem que essas obras são executadas quase sempre por nortistas que residem no sul. E toda essa gente bem que podia mandar fazer estas obras por artistas de sua província. Assim ajudariam os pobres escultores a viver na sua terra, trabalhando e estudando. E garanto que ninguém seria explorado ou roubado.” No campo educacional, alguns dos mais destacados nomes das artes plásticas de Pernambuco foram alunos de Abelardo da Hora. Gilvan Samico, Aluísio Magalhães, José Cláudio e Francisco Brenannd foram alguns dos integrantes desse time. “Ele foi mestre de uma geração de artistas pernambucanos que se destacou em todo o Brasil. Tinha interesse em fundar uma faculdade de arte, para ensinar muitos jovens, nos mesmos moldes da que já tinha sido criada anteriormente e desmontada pela ditadura”, contou Lenora da Hora. Além dos nomes mais conhecidos que passaram por seus ensinamentos, o artista foi um promotor de muitas oportunidades de formação artística na cidade, como docente, em vários lugares até como voluntário. Apesar de ter vivido

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O maior espetáculo natalino do Brasil chega ao Marco Zero em edição histórica

“Baile do Menino Deus” celebra 21 anos com Lia de Itamaracá, Maestro Spok e reflexões contemporâneas. Foto: Hans Manteuffel A magia do “Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal” retorna ao Marco Zero, no Recife, com uma edição especial que promete emocionar o público. O espetáculo, que será realizado nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, é o maior evento natalino do país inspirado na cultura brasileira. Transmitido ao vivo pelo YouTube, o auto de Natal une talentos como Lia de Itamaracá, os maestros Spok e Forró, além de uma grande equipe artística que apresenta uma releitura abrasileirada e inovadora do nascimento do Menino Jesus. Celebrando 21 anos de história no Marco Zero e reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, o “Baile” rompe com os tradicionais elementos importados e valoriza manifestações culturais brasileiras. Pastoris, maracatu, cavalo-marinho e cirandas ganham protagonismo no espetáculo, que já atrai mais de 70 mil espectadores anualmente. “Montar um espetáculo todos os anos em grande escala, ao ar livre, tudo executado ao vivo para milhares de pessoas nos enche de alegria. A 21ª edição será ainda mais surpreendente, trazendo cenas inusitadas que exaltam a força do teatro, da música e da dança com grande elenco”, destaca a diretora de produção, Carla Valença. Entre as novidades, o personagem José, interpretado pelo sanfoneiro paraibano Lucas Dan, terá fala pela primeira vez em 41 anos, declamando um poema de Manuel Bandeira. Lia de Itamaracá, chamada de “deusa e rainha da ciranda”, cantará a música da burrinha Zabilin, enquanto os maestros Spok e Forró fazem sua estreia no palco. “Estou muito feliz por participar do Baile, tão importante para a nossa cidade, o estado, o país”, elogia Spok. Serviço Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal📅 De 23 a 25 de dezembro, às 20h📍 Praça do Marco Zero, Recife🎥 Transmissão ao vivo no dia 25 pelo canal no YouTube: Baile do Menino Deus🎟 Acesso gratuito | Classificação livre⏳ Duração: 80 minutos♿ Acessibilidade: Espaço para cadeirantes, audiodescrição e intérprete em Libras

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Shows e espetáculos encerram a Ocupação Espaço O Poste 2024

Apresentações celebram a cultura afroindígena e marcam os 20 anos do grupo O Poste Soluções Luminosas. Na imagem, o artista Lêpe Correia (Foto: Erlânia Nascimento) A Ocupação Espaço O Poste 2024 encerra sua programação neste fim de semana com apresentações marcantes no Recife. Na sexta-feira (13), o espetáculo teatral “Se eu fosse Malcolm” será encenado às 19h, seguido no sábado (14), no mesmo horário, pelo show “Canto do Reencanto”, de Lepê Correia. O projeto, promovido pelo grupo O Poste Soluções Luminosas, celebra 20 anos do coletivo com foco na valorização da cultura afroindígena em Pernambuco. O espetáculo “Se eu fosse Malcolm” traz o ator Eron Villar e a DJ Vibra em uma performance decolonial que revisita a trajetória de Malcolm X, ícone da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Com cenas minimalistas e músicas pontuais, a peça propõe reflexões sobre identidade e resistência. A entrada custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), e os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria ou via Sympla. Já no sábado (14), Lepê Correia apresenta o show “Canto do Reencanto”, com entrada gratuita. A performance, que conta com produção de Afonjah e participação especial dos filhos do artista, explora as vivências e sabedoria de Lepê, acumuladas ao longo de uma trajetória iniciada na década de 1970. Além de músico, Lepê é Mestre em Literatura e Doutor em Educação, reconhecido como uma voz essencial para a negritude no Brasil. Desde maio, a Ocupação Espaço O Poste 2024 movimentou a cena cultural recifense com 28 eventos que exaltaram a arte e a história afroindígena, consolidando o grupo O Poste como referência regional e nacional em Teatro Negro. “Ao longo do ano, pudemos ver pessoas pretas e indígenas frequentando o Espaço O Poste e se vendo representadas nas mais diversas linguagens artísticas (...). Completamos 20 anos de luta e resistência na arte”, destaca Naná Sodré, uma das fundadoras do grupo. Serviço:Finalização da Ocupação Espaço O Poste 2024 Local: Espaço O Poste – Rua do Riachuelo, 641, Boa Vista, Recife/PE

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Escritora pernambucana Micheliny Verunschk é uma das vencedoras do Prêmio Oceanos 2024

Obras da pernambucana e do português Nuno Júdice exploram memória, tempo e questões sociais em celebração à literatura de língua portuguesa. Foto Renato Parada Na noite de ontem (5 de dezembro), a Sala Itaú Cultural revelou os vencedores do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa 2024. Micheliny Verunschk, com Caminhando com os mortos (Companhia das Letras, Brasil), levou o prêmio na categoria prosa, enquanto Nuno Júdice foi o vencedor em poesia com Uma colheita de silêncios (Dom Quixote, Portugal). Os livros foram escolhidos entre quase três mil inscritos, destacando-se pela profundidade e relevância de seus temas. Caminhando com os mortos, segundo volume da tetralogia do mato, de Micheliny Verunschk, aborda as consequências do fundamentalismo religioso, como preconceito e violência, enquanto explora o “mato” como símbolo de esperança. O romance reafirma o talento da autora pernambucana, já premiada com o Jabuti por O som do rugido da onça. Uma colheita de silêncios, de Nuno Júdice, reflete sobre o tempo e a memória com a melancolia característica do poeta, que faleceu este ano, após a inscrição de sua obra no Oceanos. A cerimônia também celebrou os dez finalistas, incluindo autores de Brasil, Portugal, Cabo Verde e Moçambique. Trechos de suas obras ganharam forma musical em apresentações de Romulo Fróes, Luiza Brina e Rodrigo Campos, conectando literatura e música. Segundo Selma Caetano, coordenadora do prêmio, a iniciativa busca incentivar a leitura no Brasil e unir esforços para mudar o cenário de um país com baixos índices de leitura. Os organizadores reforçaram a importância de parcerias para valorizar a literatura em língua portuguesa. Instituições como o Instituto Camões, o Museu da Língua Portuguesa e a UBE marcaram presença, enfatizando a necessidade de ações coletivas para promover o hábito da leitura. Para conhecer mais sobre o prêmio e as obras vencedoras, acesse o site oficial do Oceanos: www.itaucultural.org.br.

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27ª edição do Expectativa/Retrospectiva do Cinema da Fundação: um presente para os cinéfilos

Mostra histórica reúne 67 produções em 15 dias de programação nas três salas do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco De 5 a 19 de dezembro, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco oferece a edição 2025 da Expectativa/Retrospectiva, evento anual que chega à sua 27ª edição. O festival exibe 67 produções, um recorde na história da mostra, incluindo 52 longas-metragens — 25 inéditos e 27 reprises —, 5 curtas do projeto Eu não desisto de você e 10 videoclipes da sessão Música para Ver. As sessões acontecem nas salas do Derby, Museu e Porto, consolidando o compromisso da Fundação em entregar o melhor do cinema mundial. Um dos destaques é o retorno do Passaporte Expectativa/Retrospectiva, que garante acesso gratuito e ilimitado às 137 sessões do evento. Na estreia, dia 5/12, durante a exibição do filme Um Homem Diferente, três sortudos serão sorteados para receber o benefício. Este filme, dirigido por Aaron Shimberg e estrelado por Sebastian Stan, promete ser um dos grandes marcos da mostra, ao lado de obras como Misericórdia, de Alain Guiraudie, e O Intruso, de Bruce LaBruce, que trarão ao público provocações intensas e narrativas instigantes. Além de títulos que marcaram 2024, a programação adianta produções inéditas que prometem dominar as conversas cinematográficas em 2025. Misericórdia, eleito pela revista Cahiers du Cinéma como o melhor filme do ano, será exibido em 7/12 às 22h, seguido de O Intruso na sessão "À Meia-Noite te Levarei ao Cinema". Outro destaque é A Substância, um sucesso do ano, que retorna ao Recife para compor a seleção da mostra. Para os apaixonados por cinema, a programação completa está disponível no site oficial do evento, incluindo informações sobre horários e filmes em cartaz. Não perca a chance de mergulhar no que há de melhor no cinema contemporâneo, em um festival que celebra não apenas o passado, mas também o futuro das telonas. Serviço

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Fenearte 2025 celebra 25 anos com inscrições abertas para expositores

Feira Nacional de Negócios do Artesanato será realizada de 9 a 20 de julho de 2025, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda As inscrições para a 25ª edição da Fenearte, a maior feira de artesanato da América Latina, estão abertas até o dia 27 de dezembro. Artesãos de todo o Brasil, além de organizações, prefeituras e empreendedores internacionais, podem garantir participação pelo site www.fenearte.pe.gov.br. O evento, marcado para 9 a 20 de julho de 2025, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, reunirá cerca de 5 mil expositores em mais de 700 estandes. A feira inclui categorias como Artesanato Individual de Pernambuco, Prefeituras, Redes Solidárias e Sebraes, além de opções para alimentação e artesãos internacionais. Para quem deseja ocupar o estande coletivo do Programa do Artesanato de Pernambuco (PAPE), é obrigatória a Carteira do Artesão, emitida pelo SICAB. Segundo André Teixeira Filho, diretor-presidente da ADEPE, "a Fenearte 2025 já começou a ser planejada e construída, e é chegada a hora das inscrições das estrelas deste evento: as artesãs e os artesãos." A última edição, realizada em 2024, atraiu 320 mil visitantes e gerou R$ 108 milhões em negócios. O sucesso foi reforçado por uma taxa de aprovação de 98,6% do público e a presença de 22,5% de turistas entre os visitantes. Camila Bandeira, diretora da Fenearte, destaca: "Estamos trabalhando para que a 25ª Fenearte seja lembrada pelos negócios que serão gerados e pela celebração que ela significará, ao festejar 25 anos desta política pública que valoriza a nossa economia criativa, as nossas identidades, os nossos saberes." ServiçoInscrições: Até 27 de dezembro de 2024Site: www.fenearte.pe.gov.brEvento: 9 a 20 de julho de 2025Local: Centro de Convenções de Pernambuco, Olinda

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Exposição virtual “Mercantes” imortaliza figuras icônicas dos mercados do Recife

Projeto registra histórias de personagens dos mercados de São José, Boa Vista, Encruzilhada e Madalena   A forte conexão do Recife com seus mercados públicos é celebrada na exposição virtual “Mercantes”, que destaca os personagens que dão vida a esses espaços históricos. Realizada pela produtora Tempoo em parceria com o Estúdio Orra, o projeto inclui mercados como São José, da Boa Vista, Encruzilhada e Madalena, retratando suas figuras emblemáticas em fotografias e textos. Esses mercados, que vão do século 19 ao 20, continuam a desempenhar um papel importante como centros de comércio, socialização e cultura na cidade. A exposição é fruto de uma pesquisa teórico-prática conduzida por Ana Sofia Oliveira e Mateus Guedes, com o objetivo de preservar a memória e valorizar o trabalho das pessoas que compõem esses espaços. “Queríamos destacar esses personagens como parte essencial da história e identidade dos mercados”, explica Mateus Guedes. As fotos foram realizadas por profissionais e estudantes, apresentando perspectivas diversas sobre os retratados, acompanhadas por textos que contam suas histórias. Entre os personagens está Seu Zinaldo, do Mercado de São José, que planeja celebrar seu centenário no mesmo local onde comercializa peças de cama e bordados tradicionais. No Mercado da Encruzilhada, a trajetória de Seu José, um dos primeiros comerciantes da reinauguração em 1950, exemplifica a conexão familiar com o espaço, afetada recentemente por um incêndio. Já no Mercado da Madalena, figuras como Seu Fernando, do famoso Bar dos Cornos, e Temistocles Neto, pioneiro no comércio de peixes ornamentais, mostram a diversidade de histórias nos corredores. O Mercado da Boa Vista, conhecido por sua animação carnavalesca, também ganha destaque com personagens como Batatinha e Luzinete, que transformaram um frigorífico em bar há mais de 35 anos, e Dona Mariinha, que trocou a loja de miudezas por um bar graças a um prêmio na loteria. Essas narrativas refletem a importância cultural e histórica dos mercados para a cidade e seus frequentadores. Financiada pelo Sistema de Incentivo à Cultura do Recife (SIC 2023), a exposição “Mercantes” é um tributo àqueles que mantêm vivos os mercados públicos em um contexto de crescimento dos shoppings centers, reforçando o elo entre os cidadãos e sua cidade. Serviço Exposição fotográfica virtual “Mercantes” Disponível em: www.osmercantes.com.br

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