Arquivos Bruno Queiroz Ferreira - Página 5 de 6 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Bruno Queiroz Ferreira

Os empregos e os algorítimos

Cerca de 65% das crianças que estão na escola hoje irão trabalhar em funções que atualmente não existem. É a principal conclusão de um estudo divulgado em janeiro deste ano pelo Fórum Econômico Mundial sobre os impactos da Transformação Digital. Outro estudo, “O Futuro do Emprego”, da Universidade de Oxford, realizado em 702 ocupações do mercado americano, diz que 47% das profissões devem ser automatizadas nos próximos 20 anos. Mesmo que não estejamos percebendo, mais assustador é saber que essas previsões já estão acontecendo em escalas e tempos diferentes em cada país. Entre as profissões mais ameaçadas estão as que podem ser feitas de modo mais barato e eficiente do que a mão-de-obra humana. Corretor, vendedor, secretária, porteiro, árbitro, motorista, fiscal, operadores e quase todas aquelas funções “meio” estão sendo as mais afetadas num primeiro momento. Num segundo momento, nem mesmo as profissões intelectuais estarão imunes ao processo de transformação mais rápido e intenso da história da humanidade. A inteligência artificial – em especial a deep learning, que é capaz de aprender e tomar decisões por conta própria – já pode redigir, por exemplo, peças jurídicas e até mesmo notícias. Portanto, grande parte dos jornalistas e advogados podem ser substituídos por algorítimos no futuro. Por outro lado, a transformação digital deve valorizar algumas profissões, mas quem não quiser ser substituído por um robô no futuro, como diz o jornalista Marcelo Tas, precisa deixar de agir como um robô. Nesse sentido, dois grandes tipos de profissionais se destacarão: aqueles ligados à criação e ao desenvolvimento de novas tecnologia e aqueles que vão cuidar das consequências da presença da tecnologia em nossas vidas. No primeiro grupo, estão os analistas de sistemas e engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento de robôs e computadores com inteligência artificial e na integração de aparelhos e máquinas com a internet. Pesquisadores terão um grande campo de trabalho estudando novas formas de geração e retenção de energia para fazer toda essa tecnologia funcionar. Outro exemplo é o avanço na medicina preventiva, principalmente para as doenças sem cura, que já está criando muitas oportunidades na genética. No segundo grupo, o aumento da incidência de transtornos causados pelo uso intensivo da tecnologia, o apoio para mudança mais frequente de carreira e a formação de profissionais adaptados às novas demandas digitais são alguns exemplos de novas áreas de atuação que estão surgindo para psiquiatras, psicólogos e educadores. Os legisladores terão também muito trabalho para regular novos tipos de relações comerciais, criar impostos transnacionais e punir novos tipos de crimes, como aqueles que serão causados pelos carros autônomos, por exemplo. A conclusão que se pode chegar é a de que trabalho não vai faltar, mas é necessário estar preparado. Afinal, a história mostra que não são os fortes que sobrevivem, mas os que se adaptam mais rapidamente às mudanças. Uma nova forma de educação dos jovens e a “reeducação” contínua dos adultos parecem ser as chaves desse futuro que está sendo desenhado a cada dia mais rapidamente.

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Telefone fixo, rádio, carteira e chave perderão suas funções em breve

A transformação digital vem cada vez mais afetando nossas atividades. Mas nem sempre percebemos a velocidade desse impacto. Produtos e serviços que usávamos regularmente há poucos anos estão sendo fortemente afetados. Levando em conta a classe social e a faixa etária dos seus consumidores, alguns deles vão perder totalmente a sua função e outros tendem a ser reduzidos a um mercado mínimo. Vejam essa lista que preparei com alguns exemplos: 1.Rádio – Fortemente impactado pela função de rádio do smartphone e pela digitalização do sinal, os “radinhos de pilha”, como eram conhecidos, estão desaparecendo até dos estádios de futebol. Em 2014, a produção tinha caído 81,13%, em relação aos anos anteriores. Tende a se transformar em peça de museu. 2.Câmera digitais – Com a evolução do smartphone, cada vez menos se vê câmeras fotográficas digitais, nem mesmo com turistas. Para se ter uma ideia, em 2017 a fabricação desse equipamento se reduziu a 1/6 do que era em 2010. A tendência é que esse mercado fique restrito aos fotógrafos profissionais, com os modelos DSLR. 3.Telefone fixo – A rápida popularização das mensagens, como o Whatsapp, tem diminuído o uso dos telefones de uma maneira geral, inclusive o móvel. Em 2017, houve redução de 1.144.657 linhas fixas no Brasil, maior parte no mercado residencial. Dois sinais claros dessa tendência: sucateamento dos orelhões e recuperação judicial da OI com dívida de R$ 65 bilhões. Tende a continuar existindo apenas no mercado corporativo. 4.Carteira – Com a implantação das versões digitais dos documentos (habilitação, título de eleitor e CPF já oferecem essa opção), a necessidade do uso de carteira será cada vez menor daqui pra frente. A restrição da aceitação de cédulas, como nos ônibus, e a digitalização dos cartões de crédito e débito reforçam ainda mais essa tendência. O smartphone vai reunir recursos de identificação e pagamento ao mesmo tempo. 5.Chave – A biometria - que permite o uso da impressão, da íris e da voz para a autorização de entrada e ligação de aparelhos – já é comum nas empresas. O baixo custo dessa tecnologia já está chegando também aos modelos para residências. Não dá para decretar o fim ainda, pois a base instalada é gigantesca, mas o uso de chaves metálicas será cada vez menor. 6.Jornal impresso – Não dá para competir com a velocidade das notícias na internet. Somente em 2016 os jornais brasileiros perderam 124 mil assinantes, sobretudo entre as gerações mais novas. O anunciante também tem fugido dos jornais e preferido as mídias digitais, que são mais baratas e geram mais retorno. A tendência que jornais existam apenas nos meios digitais. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e diretor da Cartello

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A transformação digital e o telefone

A transformação digital está mudando rapidamente o modo como usamos o telefone. Cada vez menos usamos o recurso de transmissão simultânea da voz de um ponto ao outro: a famosa ligação. A popularidade do Whatsapp e das mensagens diretas das redes sociais provam isso. Outro fato que comprova essa tendência é o quase desaparecimento dos telefones públicos e a grande diminuição da quantidade de telefones fixos residenciais. Essa mudança de comportamento vem também afetando fortemente as empresas. Se antes bastava oferecer o atendimento presencial e o conhecido 0800, os Serviços de Atendimento ao Cliente precisam mudar rapidamente. O cliente conectado não só demanda uma maior diversidade de canais como também vem preferindo o autoatendimento, aquele no qual não é necessária a interação diretamente com pessoas. Nesse sentido, algumas tendências devem ser consideradas: 1. Redes Sociais – Pelo grande tempo gasto nesses canais, o atendimento pelas redes sociais é um movimento quase que natural. Uma mensagem pelo Facebook ou pelo Instagram pode resolver problemas simples, como um esclarecimento de uma dúvida, uma consulta de preço, um pedido de uma pizza. Mais fácil para o cliente e bem mais barato para a empresa, que não precisa de um grande aparato tecnológico, como centrais telefônicas. 2. Chatbots – É um tipo de inteligência artificial que consegue interpretar mensagens de texto e dar a resposta que o cliente precisa sem intervenção humana. O mais famoso é o Watson, da IBM, que é capaz de reduzir call centers ao mínimo de atendentes. Os bancos, como Bradesco e Itaú, têm investido nesse tipo de tecnologia para as demandas mais recorrentes dos clientes. Os atendentes têm sido usados apenas em casos complexos. Melhora a qualidade do atendimento e reduz custo com pessoal. 3. IOT – É a internet das coisas, que permite que objetos se comuniquem e interajam diretamente com a internet. Nessa modalidade, o atendimento não exige nem a participação do cliente nem a do atendente. Ideal para detectar e antecipar demandas, tais como a reposição de itens da despensa das nossas casas, a indicação da oficina mais próxima e mais barata para revisão dos nossos carros, entre outras possibilidades.

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A transformação digital e os carros particulares

Nos próximos 20 anos, a indústria automobilística vai passar por duas grandes transformações digitais que impactarão diretamente no modo como usaremos os carros. A primeira grande transformação é no modelo de impulsionamento, que passará a ser predominantemente por motores elétricos. Inclusive, já estamos vivendo essa transformação com a atual oferta de vários modelos elétricos e com o anúncio da proibição da fabricação de modelos à gasolina e diesel, a partir de 2040, em países como França e Inglaterra. Em Londres, já partir de 2019, será proibida a circulação de carros movidos a combustível fóssil pelo centro da cidade. O carro elétrico não é novidade. Protótipos já existem há mais de 30 anos. Mas foi o avanço da digitalização dos últimos anos que vem tornando o produto cada vez mais viável economicamente. E, para otimizar melhor o uso da eletricidade das baterias, os carros atuais são praticamente softwares sobre rodas. Quase tudo hoje no carro é controlado digitalmente. Essa tecnologia embarcada tem sido o grande pilar da segunda grande transformação que passará a indústria automobilística nos próximos anos: os veículos autônomos. Nas ruas da Califórnia, carros e ônibus autônomos já são realidade em projetos do Google e do Uber, por exemplo. Mas por que essa seria uma grande transformação? Porque vai causar dois grandes impactos: no uso e na produção dos veículos. A necessidade por um carro particular, para uso exclusivo, será cada vez menor, pois a tecnologia vai permitir que um carro autônomo seja usado de forma privada e coletiva. Em vez de estar parado, que chega a 90% do tempo ao longo de um dia, o carro autônomo poderá, por exemplo, prestar serviço para outras pessoas. Em virtude disso, haverá uma menor demanda por carros particulares, diminuindo também a exigência de tantos modelos e suas variações de design, cores, acabamento, potência etc. A grande consequência será o fechamento de fábricas que atuam no segmento dos modelos mais vendidos. Esse movimento não deve afetar, no entanto, as marcas de modelos de luxo, que primam pela exclusividade.

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Os 3 pilares da transformação digital

Muito se fala em transformação digital e dos seus impactos, mas como ela acontece de fato dentro da empresa? O primeiro passo é encarar a mudança da tecnologia como algo que fará parte das nossas vidas cada vez mais intensamente daqui pra frente. O segundo passo é ter um diagnóstico correto da realidade do mercado na qual a empresa se situa e um modelo de negócios compatível com a transformação digital. O planejamento não deve ser de longo prazo, pois as mudanças são constantes. Por último, para implantar a transformação digital, é preciso atuar fortemente em três pilares básicos: produto, processos e pessoas. 1. Produto – Para se ter um produto adequado ao mundo digital, é preciso entender a mudança de comportamento dos consumidores, que estão preferindo abrir mão da posse de bens para aproveitar o que eles podem proporcionar. É o conceito da desmaterialização. Educação à Distância (EAD), compartilhamento de veículos e comércio eletrônico são bons exemplos dessa nova realidade. Esse é o grande desafio que o desenvolvimento dos produtos tem que enfrentar daqui pra frente. Nesse sentido, mesmo que o produto seja físico, é necessário para a sua sobrevivência ter integrações digitais. Além disso, a tecnologia precisa ser fortemente incorporada à experiência do cliente. 2. Processos – Para que o produto seja transformado, é preciso rever também os processos, não só de desenvolvimento, mas principalmente de vendas, pós-venda e comunicação. Em vendas, é preciso simplificar a vida do cliente, permitindo que ele faça a aquisição de maneira fácil e rápida. Em pós-venda, vale também o princípio da simplificação, mas principalmente oferecer opções de canais de atendimento, permitindo que o cliente escolha o que for mais conveniente. Um bom exemplo é o cartão de crédito Nubank, que digitalizou todos os processos voltados para o cliente: da solicitação e aprovação pela internet, passando pelo atendimento online, até o pagamento que dispensou a fatura impressa. Contudo, a grande mudança está na comunicação. Dependendo do tipo de produto, a comunicação analógica pode ainda dar resultado, mas o foco principal deve estar na comunicação digital. Conhecer o cliente a fundo, a partir de dados sobre seus hábitos, deve ser o principal investimento no marketing para realizar uma comunicação personalizada, gastando menos e aumentando a precisão do retorno. 3. Pessoas – Um dos principais pilares da transformação digital é a equipe. É preciso ter um time de profissionais comprometidos com a mudança de pensamento e de atitude e que deve estar preparada para se adaptar aos novos processos e desenvolver e melhorar os produtos. Normalmente, essas equipes são compostas por membros mais jovens. Como principais características, essas equipes são enxutas, com autonomia operacional, horizontalizadas e multidisciplinares. Além disso, é essencial também a integração de setores e a implantação de decisões baseadas em dados e não apenas no “feeling” e na experiência.

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Como inovar em um ambiente de transformação digital? (por Bruno Queiroz)

As empresas devem ser capazes de se adaptar às mudanças e fazer com que a inovação seja o meio para o seu crescimento contínuo. Num ambiente de transformação digital, essa demanda é ainda mais latente, pois a tecnologia e a necessidade do cliente mudam com muita velocidade. Nesse sentido, existem vários caminhos para inovar. Uma maneira tradicional é criar uma equipe interna para implantar a inovação. A grande dificuldade enfrentada por esse modelo é o conflito de interesses. Para inovar, é preciso pensar de modo diferente, mudar conceitos, rever regras e quebrar paradigmas. Isso não é uma tarefa fácil. A resistência interna, normalmente simbolizada na desconfiança e na perda de status de membros da empresa, será sempre um obstáculo a ser vencido. Uma forma de evitar o conflito de interesses, é criar unidades apartadas da estrutura principal da empresa, com autonomia operacional e orçamento próprios para tocar as inovações. Esse modelo vem sendo muito adotado porque gera resultado mais rapidamente. Tanto que essa unidade, com muita frequência, acaba se tornando uma empresa independente e é preciso tomar cuidado para não entrar em choque com o negócio da sua criadora. Tem que haver uma sinergia estratégica para evitar o fogo amigo. A não ser que a estratégia seja a de substituição, quando o novo se torna mais promissor do que o antigo. Nesse caso, a transição precisa ser bem planejada para evitar perdas de receita e abertura de espaço para os concorrentes. Contudo, nos modelos de inovação por meio de equipe interna ou de unidade independente, as ideias estão limitadas a um grupo de pessoas. A depender da complexidade, do tamanho e da abrangência da inovação, esses modelos podem não ser os melhores. Um caminho, então, é compartilhar com o mercado as necessidades de inovação e realizar parcerias para resolvê-las. Tem sido cada vez mais comum a criação de concursos de inovação com foco em segmentos de mercado (bancário, agronegócio, saúde etc). Em um primeiro momento, pode parecer se expor demais. Por outro lado, o resultado é que a contribuição da comunidade é sempre maior do que a de um pequeno grupo. Empresas como Itaú, Bradesco e Braskem têm feito isso em parceria com aceleradoras de startups, que normalmente são adquiridas e incorporadas ao negócio principal ao longo do tempo. Por último, o caminho mais rápido de todos os modelos: aquisição de empresas que já inovaram e possuem um grande potencial de crescimento de mercado. Para isso, é preciso capital intenso, pois negócios com esses atrativos são muito valorizados. Grandes empresas - como Facebook (Instagram e Whatsapp), Google (Android e Youtube), Microsoft (Skype e Linkedin) - seguiram este caminho com muito sucesso. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e sócio|diretor da Cartello  

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Transformação digital: 6 modelos de negócios mais adotados (por Bruno Queiroz)

A transformação digital vem mudando os mercados com muita velocidade, mas nem sempre é fácil entender como funciona na prática. Para facilitar esse entendimento, preparamos um guia dos modelos de negócios mais usados atualmente no mundo digital: 1. Grátis - Como o próprio nome diz, o cliente não precisa pagar. Contudo, as informações pessoais dos usuários servem de base para a oferta de anúncios publicitários. É o modelo mais usado na internet atualmente. É o preferido dos buscadores (Google) e das redes sociais (Facebook, Instagram). 2. Assinatura - O modelo oferece produtos e serviços por meio de um pagamento mensal. Normalmente, possui diversos tipos de planos que vão dando acesso às funcionalidades avançadas. A tendência é que esse seja o modelo de maior crescimento por ser bastante lucrativo. Serviços de streaming de vídeo (Netflix) são os que mais usam a assinatura. 3. Freemium - É a união do modelo grátis com o modelo de assinatura. Funcionalidades básicas são oferecidas gratuitamente. Funcionalidades avançadas são cobradas. Esse modelo permite receita com assinatura mensal, venda de dados e de publicidade. É usado, por exemplo, pelos serviços de áudio (Spotify) e compartilhamento de arquivos (iCloud). 4. Demanda - Só paga quando usa. Operado da maneira correta, é um dos modelos mais disruptivos, por entregar normalmente um serviço inovador por um preço baixo. É também um dos que oferecem maior risco, devido à imprevisibilidade entre demanda e oferta. O Uber é a empresa que tornou esse modelo mais conhecido. 5. Marketplace - É uma plataforma que serve como vitrine e estabelece um contato direto entre vendedores e compradores, facilitando as transações e lucrando por meio de comissões em cada venda. O Mercado Livre é a empresa que mais simboliza esse tipo de modelo, que vem sendo adotado também por lojas de e-commerce, como Americanas.com. 6. Compartilhamento - Nesse modelo, uma parte oferece algo de sua propriedade durante tempo limitado à outra parte, que também é conhecida como economia compartilhada. O Airbnb, que permite o aluguel de quartos em casas e apartamentos, é a empresa símbolo desse modelo. Atualmente, é o mais novo e mais inovador dos modelos. 7. Ecossistema - Normalmente, é caracterizado por um sistema principal, que possui vários outros pequenos sistemas, como os aplicativos. Este é o modelo usado pelo Google, pela Microsoft e pela Apple, que criaram uma grande variedade de produtos e serviços interligados à sua rede, como o Android, o Windows e o IOS. É o mais antigo dos modelos e continua sendo muito lucrativo, mas também muito criticado por gerar uma “dependência” nos seus usuários.

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Transformação digital: você sabe com quem está falando? (por Bruno Queiroz)

Para entender melhor a transformação digital, é preciso analisar a evolução do comportamento das gerações e suas relações com o trabalho, com o consumo e com a tecnologia. Saber identificar e respeitar as diferenças é o primeiro passo para se comunicar adequadamente com os três perfis mais comuns de novos consumidores: estrangeiros, visitantes e nativos. Os estrangeiros, formados pelos Baby Boomers (acima de 55 anos) e a parte mais velha da Geração X (de 35 a 54 anos), são aqueles que nasceram bem antes da internet. Foram formados vendo televisão e lendo jornais e revistas. Valorizam os empregos de carreira e buscam um padrão de vida estável. Preferem se comunicar por voz do que por texto e valorizam as relações presenciais, o que influencia diretamente na decisão da compra em lojas físicas e no consumo de produtos analógicos. Usam a internet? Sim. Mas de maneira secundária. Basicamente, esse grupo dá a sustentação (ainda) necessária para a sobrevivência dos meios de comunicação e produtos não digitais. Os visitantes são aqueles que vivenciaram a transição do mundo analógico para o mundo digital. Estão no meio do caminho. Possuem alguns dos valores dos estrangeiros, mas já estão incorporados à vida digital. Esse grupo é formado basicamente pela parte mais nova da Geração X (de 35 a 54 anos) e pela Geração Y ou Milleniuns (de 25 a 34 anos). Foram formados tendo acesso à TV a cabo, aos videogames e aos computadores. Estão sempre conectados na internet, compartilhando suas atividades pelas redes sociais. O celular é um companheiro inseparável. Devido ao excesso de informações que recebem, os visitantes são movidos a desafios e trocam de emprego com mais facilidade. São mais ansiosos que as gerações anteriores e estão sempre em busca de novas tecnologias. Os nativos são aqueles que não conhecem o mundo sem o computador e sem a internet. Possuem celular desde criança e são a primeira geração 100% digital. Formados pela Geração Z (de 15 a 24 anos), privilegiam as relações virtuais e, por isso, têm necessidade extrema de interação e exposição de opinião. Antes do “bom dia” perguntam logo a “senha do wifi”. Os nativos são demasiadamente ansiosos. Não só trocam de emprego com muita facilidade, como vão trocar de carreira algumas vezes ao longo da vida profissional. Concentram o consumo pelo comércio eletrônico e são ao mesmo tempo produtores e consumidores de conteúdo, os chamados “prosumers”. Dão preferência ao uso de serviços em contrapartida à posse de produtos, sendo a base da economia compartilhada no futuro. Apesar da classificação que vimos acima, a tendência é que, com o aumento do nível de digitalização das nossas atividades diárias, as diferenças nos hábitos de consumo e no uso da tecnologia entre os perfis tendem a ser cada vez mais imperceptíveis. O que vai fazer a grande diferença é o grau de intensidade. Por isso, é preciso estar atento aos detalhes para se comunicar da melhor forma possível com os novos consumidores. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e sócio|diretor da Cartello

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Transformação digital: a desmaterialização das empresas e de seus produtos (por Bruno Queiroz)

Por estar ligada diretamente ao rápido e intenso avanço dos smartphones e da internet presentes em nossas vidas, somos levados a crer que a transformação digital é apenas uma mudança tecnológica. Contudo, a transformação digital é, antes de tudo, um fenômeno sociológico e econômico. No centro disso, está a mudança de comportamento dos consumidores, que estão preferindo abrir mão da posse de bens para aproveitar o que eles podem proporcionar. É o conceito da desmaterialização. Em outras palavras: usar no lugar de ter; menos produto e mais serviços; menos patrimônio e mais usufruto. Há vários exemplos da desmaterialização já em funcionamento: Educação à Distância (EAD), arquivamento em nuvem (cloud computing), trabalho compartilhado (coworking), compartilhamento de veículos. “Compartilhar é o novo possuir”, diz a propaganda da Mercedes-Benz sobre o seu sistema de aluguel de automóveis na Alemanha. Outro exemplo de desmaterialização é o comércio eletrônico, que vem impactando fortemente o comércio tradicional. Um estudo do Banco Credit Suisse, por exemplo, prevê que 25% dos shoppings nos Estados Unidos fecharão até o ano de 2022 por falta de clientes. É o reflexo da “economia do sofá”, de onde o consumidor pode suprir suas principais necessidades sem sair de casa. O que fazer, então, diante dessa nova realidade de mercado? Esse é o grande desafio que as empresas e seus produtos têm que enfrentar daqui pra frente. Um desafio permanente, já que a tecnologia muda a cada dia e cria novas formas de desmaterialização, atingindo mais mercados. “Queixar-se da internet e lamentar a morte dos antigos modelos de negócio não ajudará em nada. Queixar-se não é uma estratégia. Você precisa trabalhar com o mundo que existe e não como gostaria que ele fosse”. O conselho de Jeff Bezos, fundador da Amazon.com, é um bom exemplo de mudança de atitude para encontrar caminhos de enfrentamento da desmaterialização. Outro caminho é o foco total no cliente. Colocar o cliente no centro da estratégia é construir uma saída pela qual o meio passará a ser secundário ou complementar. Seja pela internet ou presencialmente, o cliente no centro da estratégia continuará sendo cliente, gerando receita e garantindo a continuidade do negócio. Portanto, é preciso entender que o carro vai continuar existindo. As escolas, os locais de trabalho e as lojas de rua também. O que vai mudar é a forma de relacionamento com o cliente. Mas um cuidado é essencial na abordagem de adaptação à realidade da desmaterialização. Como ela só é possível porque a tecnologia avançou e vem avançando cada vez mais, não existe futuro do negócio se a tecnologia não for fortemente incorporada. *Por Bruno Queiroz, presidente da Abradi

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A transformação digital pode mudar até o modo de governar (Por Bruno Queiroz)

Em meio à conturbada cena política vivida atualmente no Brasil, com problemas graves de corrupção e uma grande necessidade por reformas, o processo de transformação digital, resultante da combinação do uso do smartphone com a internet, vem impactando não só as empresas, mas também os governos e, sobretudo, a vida dos cidadãos. Parece que filas, autenticações, carimbos e assinaturas vão ficando cada vez mais no passado. Grandes exemplos já são conhecidos, como a declaração de imposto de renda e a escolha das vagas para uma universidade federal, entre outras ações. Nesse sentido, o grande avanço da tecnologia pode vir a transformar até regimes de governo, como a democracia. Costumeiramente caracterizada pela representatividade, na qual os cidadãos escolhem representantes (vereadores, deputados, senadores) para legislar, o aplicativo Mudamos (www.mudamos.org), idealizado por um ex-juiz e lançado em março deste ano, está se propondo a colocar em prática o modelo de democracia direta, pela qual o cidadão pode requerer sem intermediários o aperfeiçoamento e a criação de leis. Pensado para usar o recurso do Projeto de Iniciativa Popular, previsto desde a Constituição de 1988, que permite a apresentação de projeto de lei diretamente pelos cidadãos, o aplicativo resolveu um dos grandes empecilhos para transformar o projeto em realidade: a exigência de 1% de assinaturas dos eleitores, cerca de 1,4 milhão atualmente. Além da dificuldade de coletar as assinaturas no papel, ainda havia o problema da verificação da autenticidade. Para ser um ideia do tamanho do problema, desde que a constituição foi promulgada há 29 anos, apenas quatro projetos foram apresentados nesse período e todos eles precisaram ser apadrinhados por um deputado federal para ter prosseguimento, desfigurando a proposta original da lei. Atualmente, menos de dois meses após o lançamento do Mudamos, o aplicativo já possui três projetos na fase de captação das assinaturas para serem apresentados à Câmara dos Deputados: pelo fim da compra de apoio político, reforma política  e segurança pública. O Mudamos usa a mesma tecnologia adotada pelos bancos (blockchain) que possibilita auditar a veracidade das informações do cidadão. Isso resolveu a alegação da Câmara dos Deputados de que não tinha condições técnicas de checar todas as assinaturas para dar andamento ao projeto. Seguindo essa tendência, o próximo passo da tecnologia é permitir um maior nível de interação entre o eleitor e o governo. Um exemplo é dispensar a urna eletrônica e usar o smartphone em plebiscitos, referendos e, até mesmo, nas eleições gerais (num futuro breve) para os representantes municipais, estaduais e federais, assim como para os cargos executivos: prefeito, governador e presidente. Além de simplificar a vida do eleitor, haveria uma grande redução de despesas para o governo.

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