Arquivos Cultura E História - Página 115 De 366 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

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O inhame da Costa

Ingredientes, receitas, e comidas em âmbito cultural, social e litúrgico, identificam as matrizes africanas, trazem memórias ancestrais, sabedoria e identidades de povos e de civilizações. Destaque para as tradições do golfo do Benin, também conhecido como Costa, “costa dos escravos”, “costa da malagueta”, “costa dos grãos”, “costa do ouro”. Nela estão os Iorubá/Nagô, co-formadores dos patrimônios culturais do Nordeste, em especial, de Pernambuco. O inhame, raiz tuberosa, da família das Aráceas, está integrado ao imaginário da criação do mundo para o povo Iorubá, e às tradições religiosas dos Iorubá/Nagô no Brasil. .A designação inhame, ainda hoje, é dada às diversas espécies dos géneros Dioscorea, Colocasia, Alocasia e Xanthosoma. O inhame, ou “inhame branco”, é chamado em Pernambuco de “inhame da Costa” e “cará-inhame São Tomé”, o que preserva a sua identidade de procedência africana, no que se pode entender por “terroir”. O inhame é base para diferentes cardápios, consagradamente de matriz africana, e de consumo litúrgico nas comunidades de terreiro. Ao mesmo tempo, o inhame é uma base alimentar do cotidiano, juntamente com a macaxeira, a farinha de mandioca, o jerimum; entre os demais ingredientes que dão identidade à mesa regional. Por representar a fertilidade, o inhame integra vários pratos dedicados a diferentes orixás. O orixá Ogum, também agricultor e caçador, gosta do inhame assado e coberto com azeite de dendê; ou ainda o inhame cru. As bolas feitas com a massa do inhame apenas cozido na água, e insosso, é um complemento para receitas de caças, peixes e legumes. Essas bolas também podem ser condimentadas com pimentas, dendê, e outros temperos. O amalá é um pirão feito de farinha de inhame, segundo as receitas tradicionais iorubá; que também pode ser feito com o inhame cozido e amassado, e complementado com um guisado de quiabos, azeite de dendê, carne, pimenta e outros temperos. Esse guisado, em Pernambuco, chama-se begueri, comida ritual do orixá Xangô. Outro prato do cardápio litúrgico é o “peté” ou “ipeté” é feito com o inhame cozido, acrescido de camarões, cebola e azeite de dendê, sendo comida ritual do orixá Oxum.Inhame cozido na água e sal, feijões cozidos no azeite de dendê, milho branco cozido, pedaços de coco seco, carne temperada de aves, formam uma comida ritual dos orixás gêmeos – ibejis. _ Isso me traz a lembrança de um cântico especial para oferecimento dessa comida:“Epo mbe, ewà mbe, isu mbe”(tem azeite de dendê, tem feijão, tem inhame)Muitos outros pratos são criados a partir do inhame para a cozinha ritual e para a cozinha do cotidiano nas casas, nas feiras, nos mercados, nos restaurantes. O inhame é rico em ferro, cálcio, fósforo, vitaminas do complexo B.O maior produtor de inhame no mundo é a Nigéria, país da África Ocidental, onde se encontram os Iorubá/Nagô.Contudo, o inhame abrasileirou-se e integra as nossas receitas, compõe o nosso paladar. É uma escolha cultural, uma forma de marcar identidade à mesa. RAUL LODY.

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Exposição "Tereza Costa Rêgo - Sem concessões" chega à Galeria Marco Zero

Obras da artista plástica pernambucana serão exibidas, de forma gratuita, a partir de hoje (1º de abril) e segue até o fim do mês, com horário especial no primeiro fim de semana Em homenagem à obra madura e à dimensão tríplice da trajetória da artista plástica pernambucana, a Galeria Marco Zero tem a honra de apresentar a exposição “Tereza Costa Rêgo - Sem concessões”, sob a curadoria de Denise Mattar. Com acesso gratuito, a mostra inédita abre para visitação do público a partir de hoje (1º), e fica em exibição até o final do mês de abril, com o horário especial no sábado (02) e domingo (03) das 10h às 17h. A Galeria Marco Zero fica localizada na Av. Domingos Ferreira, nº 3393, bairro de Boa Viagem. Aclamada pela imprensa, intelectuais, políticos e público de sua terra natal, Pernambuco, Tereza Costa Rêgo faleceu, em 2020, aos 91 anos, com o status de uma lenda; alcançando essa unanimidade sem fazer concessões. Sua obra é indissociável de sua vida longa e intensa, plena de lances dramáticos, de renúncia e rebeldia, paixão e dor. Entre os destaques desta nova mostra, estão As Mulheres de Tejucupapo”, seu último painel, a emblemática série “7 Luas de Sangue”, que percorre episódios marcantes da história brasileira, e “Apocalipse”, uma obra síntese de sua produção, uma serpente ancestral, dentro da qual se desenrola a batalha da existência humana. O público ainda terá a oportunidade de conferir trabalhos potentes, que exaltam as figuras femininas de Tereza, donas de seus corpos, livres e fortes. Denise Mattar, curadora da exposição, ressalta a importância de reunir essas obras, que há tantos anos não eram exibidas por tanto tempo. A curadora explica que escolheu fazer um recorte pontuado nos trabalhos que considera mais maduros de Tereza, que ousou tratar abertamente de temas árduos e o quanto isso faz com que suas obras continuem atemporais. “Ao contrário de tantos artistas que produzem o melhor na sua juventude, Tereza envelheceu como um vinho raro, e seus aromas e sabores foram se tornando cada vez mais complexos, sutis e intrigantes. A sua pintura é forte e visceral, permeada de uma sensualidade perturbadora. Mas também retrata pontos duros do nosso povo, como toda a questão negra e a dizimação dos índios, tudo isso de maneira contundente” aponta Denise. Sua última grande pintura, “As Mulheres de Tejucupapo”, tem 8 metros de comprimento por 2,2 metros de altura e consumiu 3 anos de preparação da artista, que a finalizou com 88 anos. A obra reconta uma história de heroísmo feminino, de audácia e de luta pela terra. “Essa criação é uma ode às mulheres: à sua coragem, inteligência e independência. É tempo de compartilhar Tereza Costa Rêgo, de mostrar sua arte para o mundo”, completa Mattar. LEGADO - Joana Rozowykwiat, neta de Tereza Costa Rêgo, fez questão de ressaltar a relevância da exposição, da reunião das obras de arte de sua avó na época em que que estamos vivendo em relação à luta da liberdade feminina. Com muito orgulho ela refere-se às obras como arte composta de beleza e de coragem. “Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, uma das principais artistas plásticas daqui do nosso estado, e seu legado é uma obra que continua provocando encantamento e reflexão em todos que tem contato com ela e isso precisa ser preservado, visto e debatido”, aponta Joana. Serviço Exposição “Tereza Costa Rêgo - Sem concessões” - Denise Mattar Galeria Marco Zero – Avenida Domingos Ferreira, nº 3393, Boa Viagem Abertura: 01/04 às 17h | Visitação 01/04 até 30/04 Horário - seg à sex | 10h-19h | sáb (02) e dom (03) |10h-17h | demais fins de semana 10h-17h Acesso gratuito

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Caminhada "Recife que te quero ver" acontece neste domingo

Neste domingo (dia 3) acontecerá o Passeio Fotográfico Recife que te quero ver, com concentração a partir de 14h, na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. O passeio contará com a participação de 5 conhecedores de várias histórias da capital pernambucana como guias nessa imersão afetiva pela cidade. O arquiteto e consultor Francisco Cunha será um dos guias. Ele tem uma trajetória de anos promovendo passeios a pé pela cidade, durante suas Caminhadas Domingueiras. O passeio será conduzido também por Cláudio Marinho, Jadion Helena, Quinha do Tamborete, Thiago Chagas e Letícia Lins. Ex-Secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Cláudio Marinho será o primeiro a falar, no Boulevard da Rio Branco. Ele destacará o Porto Digital, do qual foi um dos idealizadores. Produtora cultural, Jadion Helena contará sua relação com a Ponte Duarte Coelho. Figura popular, que anda todo o centro do Recife vendendo seus bancos de madeira reciclada, Quinha do Tamborete será ouvida na Ponte da Boa Vista. Chef e dono de restaurante, Thiago das Chagas falará no Pátio de São Pedro, onde Francisco Cunha também descreve estilos, história e importância arquitetônica do logradouro, primeiro arquitetônico a ser tombado pelo Iphan em Pernambuco. Por fim, Letícia Lins, titular do #OxeRecife, vai falar não só sobre a importância do Cinema São Luiz para a cidade, mas sobretudo como aquele patrimônio foi fundamental para a descoberta da magia do cinema em sua vida. A atividade faz parte do Projeto Cultural Recife que te quero ver, que já lançou o fotopoema sobre a cidade, reunindo 52 paisagens do centro, através das quais desfilam o Rio Capibaribe, os barcos, as icônicas ruas, o casario antigo que resta, os espigões, as pontes, as pessoas que por elas passam. Sejam pescadores, populares, religiosas com seus hábitos brancos. As imagens do fotopoema são de Hans Von Manteufell. Nascido na Alemanha, ele presta homenagem à cidade que o acolheu há duas décadas com o projeto. Confira o vídeo abaixo.

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A tradicional familia brasileira Katu filme

Mostra Orobó de Cinema seleciona 44 filmes que podem ser conferidos na internet a partir do dia 4

A Mostra Orobó de Cinema acontece de 04 a 10 de abril e tem programação presencial e online A curadoria da Orocine divulga os filmes que serão exibidos dentro da programação da 3ª Mostra Orobó de Cinema. Foram 349 inscritos e 44 estarão disponíveis gratuitamente no site https://mostraorocine.com.br/ entre os dias 04 e 10 de abril. Eles estão distribuídos entre seis mostras competitivas e quem está em casa pode escolher o Melhor Filme pelo Júri Popular, votando entre uma das produções da Mostra Força Interior. A equipe de curadoria contou 04 participantes. Alexandre Soares, Mery Lemos, Yanara Galvão e Rafael Buda (este úúltimo participou apenas da Mostra Serra Verde). Para Yanara Galvão, foi um desafio o processo de seleção. “Os curtas-metragens selecionados, tocaram-nos através dos gestos políticos inscritos em suas imagens, suas potências estéticas e seus diferentes modos de produção. Uma produção expressiva, atravessada por pautas contemporâneas urgentes e marcada por imaginários sensíveis, com respeito às diferenças e à diversidade, por detrás e à frente das câmeras. Em tempos difíceis para o cinema e a cultura em geral, a força documental predominou, tensionada pelo real”, explicou a curadora. Cada uma das seis mostras competitivas da Orocine aborda um tema específico. A Mostra FORÇA INTERIOR terá filmes pernambucanos com temáticas livres, preferencialmente que expressem as culturas locais das regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão. A Mostra LUAR DO SERTÃO vai reunir filmes que foram produzidos nos estados da Região Nordeste do Brasil, com exceção de Pernambuco. NA CONTRAMÃO serão filmes com temáticas urbanas dos grandes centros e das capitais brasileiras, mas que tragam mensagens e diálogos com o interior pernambucano ou com a zona rural. SERRA VERDE é uma mostra que vai ter trabalhos brasileiros abordando questões ambientais e de sustentabilidade. O público infanto-juvenil será contemplado com a Mostra BRINCADEIRAS DE RODA. E ainda tem a ACESSIBILIDADE que vai reunir obras que contenham recursos para serem exibidos para pessoas surdas e ensurdecidas, como também para pessoas com deficiência visual. SERVIÇO 3ª Orocine – Mostra Orobó de Cinema De 04 a 10 de abril de 2022

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Existe uma barqueira no Capibaribe

* Paulo Caldas “Hen, hen! que pena, tão bonitinho e vai ser padre”. Frases assim, lidas neste “A barqueira do Capibaribe”, flutuam pela atmosfera de um Recife ora bucólico, no desfrutar da águas do Beberibe, nas alegrias de sabores e cheiros vividos nos quintais, nas idas e vindas em bondes sonolentos, ora cidade cativa das nuvens de neon e das teias de chaminés, armas desse monstro chamado progresso, a destruir no Burgo Maurício as criaturas encantadas, os casarões assombrados das paredes que falam, os becos esquisitos nascidos dos santos bairros ilhados. Enfim, coisas vivenciadas pelos cinco sentidos de Renato, menino-rapaz, bento e irreverente, e mais tarde pelo viajado homem Gilvando Rios, herdeiro cioso de incontáveis lembranças aqui resgatadas dos escaninhos da memória. “A barqueira do Capibaribe reúne crônicas e contos gentis, nascidos da verve admirável do autor, tem o projeto interior assinado por Bel Caldas, a capa de Ricardo Rios Falcão Lacerda e produção editorial da Fac Form Gráfica. Os exemplares podem ser adquiridos nas Livrarias Imperatriz do Shopping Recife e Ideia Fixa, na Praça do Parnamirim. *Paulo Caldas é escritor

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FILIG 2022 literatura

6ª edição do Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns começa nesta sexta-feira

Com o tema “Muito Além das Fadas, o FLIG terá bate-papos, oficinas, exposição, seminário e apresentação cultural a partir do dia 1º de abril Começa nesta sexta-feira (1º/04) a culminância da 6ª edição do Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns (FILIG). Até o domingo (03/04), o público poderá participar de apresentações culturais, ações formativas e conversas com autores, escritores e ilustradores convidados para falar sobre “Muito Além das Fadas”, tema deste ano, e os contos maravilhoso. “Foi uma realização diferente neste ano, com formato adaptado à nova realidade, mas que conseguiu cumprir mais um pouco de seu objetivo, que é transformar Garanhuns em uma cidade leitora”, comenta Pietra Costa, diretora da Ferreira Costa, empresa idealizadora do FILIG junto com a Proa Cultural. Nesta sexta edição, o Festival já realizou em março caravanas de leituras em escolas do município e seminários com escritoras. Foram mais de 1,4 mil pessoas impactadas com as iniciativas. Os três dias de culminância contarão com espetáculo teatral, quatro Bate-papos e três Ateliês de Criação. Na sexta-feira (1º), no CPC Sesc, as atividades presenciais começam com o espetáculo “Mundo – Em Busca do Coração da Terra”, da Tropa do Balacobaco, grupo teatral de Arcoverde, às 10h30. A partir das 13h30, será realizado o terceiro Seminário FILIG de Leituras, com a autora Heloísa Prieto (SP) falando sobre “O Tempo da Voz”. Em seguida, às 16h45, Marcilene Pereira media bate-papo com os autores pernambucanos Erica Montenegro e Thiago Corrêa Ramos, este de Garanhuns. Ainda no CPC, o público pode conferir a 3ª edição da ILUSTRImagem, com o tema “Lobo, mau?”. A exposição reúne oito ilustrações de artistas brasileiros. O espetáculo e o bate-papo terão transmissão ao vivo pelo site do festival (http://filigfestival.com). No sábado (2), apenas em formato virtual, o FILIG terá dois Bate-papos com Autores: às 8h15, com Marina Colasanti (RJ) e Rosangela Lima (PE) e mediação de Monaliza Rios; e às 10h30, com Roger Mello (RJ) e Ágatha Kretli (PT), mediado por Carolina Mafra de Sá. Às 14h30, o ilustrador Nelson Cruz (MG) realiza o Ateliê de Criação: “Diante do Livro Ilustrado”. No domingo (3), às 8h15, tem Aline Abreu (SP) e o Ateliê de Criação “Desconstruindo Chapeuzinho”; às 10h30, “Princesas, príncipes e fadas: ainda existe lugar para essas personagens nos dias de hoje?”, é o tema do Ateliê de Criação de Gislayne Avelar Matos (MG). Às 14h30, a escritora indiana Rina Singh é a convidada do Bate-papo com Autora com mediação de Carolina Mafra de Sá. “Estamos muito felizes com o que estamos percebendo de apropriação das pessoas da cidade pelo projeto e a importância dele para o calendário literário e para a formação de leitores, de todas as idades”, avalia Camila Bandeira, diretora da Proa Cultural. Todas as atividades são gratuitas e as inscrições, limitadas, podem ser realizadas no www.filigfestival.com. Durante o preenchimento, é possível escolher e marcar as atividades de interesse.

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Jurema! Magia popular presente entre nós

No restaurante Sabores Ibéricos, do português Jaime Alves, fui apresentado à jornalista Luciana Araújo, da revista de variedades Jurema, ela própria juremeira, que me fez lembrar dos meus tempos de pesquisador no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), onde encontrei notícia dessa seita popular que cultua elementos das matas, reino dos caboclos (espíritos de ancestrais indígenas brasileiros) do Século 18. Segundo se depreende do processo nº 6238, do Cartório da Inquisição, o capitão-mor dos índios da povoação de São Miguel dos Barreiros (Pernambuco), Francisco Pessoa, é acusado da prática de feitiçaria pela utilização da jurema nos rituais de pajelança. Em carta, datada de 15 de janeiro de 1782, o vigário de Sirinhaém, padre Antônio Teixeira Lima, narra à Mesa do Santo Ofício, que o dito capitão-mor é dado à prática de feitiçaria, com utilização da raiz de jurema nos seus rituais de pajelança: “No lugar chamado Camaleão costumavam se reunir o capitão- -mor dos índios, e outros índios, filhos e parentes, soldados da povoação de São Miguel dos Barreiros” para prática de feitiçaria. Todas as noites “cozinhavam uma imagem de Cristo em água de raiz de jurema” e, depois que bebiam daquela infusão, punham a imagem no chão e começavam a saltar e dançar ao seu redor. Terminada a cerimônia tal imagem era enrolada em “folhas de pacavira” (bananeira) e permanecia no fumeiro da casa do dito capitão-mor. No mesmo processo são denunciados os filhos do capitão-mor, Pascoal, Manuel e Domingos Pessoa, os alferes Antônio Bezerra e Manuel João, todos índios, moradores nas matas do Sítio Camaleão, distante dez léguas da povoação dos Barreiros. Acrescenta a testemunha Pedro Roca Barreto que “as pessoas bebem muita jurema e que depois de beberem caem como mortos e os que não têm bebido são os que fazem as danças e cantigas”. O fato foi denunciado ao governador de Pernambuco, José César de Menezes, por carta datada de 28 de novembro de 1782, na qual se pedia a prisão dos implicados; o que nunca veio a ser consumado. Hoje, longe das perseguições do passado, esse culto encontra- -se presente em grande parte da população; a feitiçaria da jurema combina elementos da magia branca europeia com elementos negros, ameríndios e cristãos; liderado por um mestre que defuma os assistentes com seu cachimbo, é a quem se recorre para resolver problemas diversos. No Carnaval, particularmente em nossos caboclinhos, a presença do culto indígena é mais frequente. O misticismo, combinado com o medo do desconhecido, está presente no inconsciente coletivo dos que fazem a grande festa e têm na pajelança a religião dos seus antepassados. Uma boa parte dos que integram as agremiações carnavalescas são seguidores do candomblé e da umbanda, havendo outros que cultuam a linha da jurema; o catimbó como é popularmente conhecida, em que os “senhores mestres” e os caboclos são invocados com a utilização de “pequenos apitos, do maracá, da jurema e do cachimbo”.

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Fundaj e Porto Digital celebram memória do manguebeat com documentário inédito

Manguebit, de Jura Capela, será exibido na próxima quinta-feira (31), no Cinema do Porto Ainda inédito no circuito, o documentário Manguebit, que gira em torno do célebre movimento cultural que mudou a paisagem musical do Brasil nos 1990, ganha uma pré-estreia exclusiva no coração da cidade que lançou suas principais figuras. Na próxima quinta-feira (31), o longa, dirigido por Jura Capela, será exibido no Cinema do Porto, em uma parceria entre a Fundação Joaquim Nabuco e o Porto Digital. A ação vem para celebrar tanto o movimento quanto a memória de Chico Science, que completaria 56 anos neste mês. Após a sessão, marcada para 18h40, um grande time de importantes nomes do manguebeat se reunirá para um bate-papo no cinema. A conversa contará com Fred Zero Quatro, fundador da Mundo Livre S/A e autor do manifesto “Caranguejos com Cérebro”, texto considerado um dos pontos de partida do mangue beat; Dengue, baixista da Nação Zumbi; Paulo André Pires, produtor do Abril Pro Rock e empresário da Chico Science e Nação Zumbi nos anos 90; e a jornalista Débora Nascimento, que cobriu a cena cultural pernambucana na efervescência do mangue. O filme reconstrói o que foi o manguebeat a partir de conversas de figuras emblemáticas do período, que ajudaram a recolocar Pernambuco como grande polo de reinvenção musical do país. O documentário ainda reverbera a influência do movimento na geração de artistas que vieram depois e que tiveram o gênero musical como influência nos seus trabalhos. A exibição faz parte de uma série de iniciativas de celebração do movimento que a Fundaj vem realizando e também reforça a parceria com o Porto Digital na promoção de eventos conjuntos. No último Carnaval, por exemplo, Chico Science foi escolhido como homenageado da instituição. No mesmo mês, o programa Sonora Coletiva, do multiHlab, trouxe Fred Zero Quatro para uma conversa sobre os 30 anos da cena mangue. ServiçoExibição do documentário Manguebit e bate-papoDia 31/03, a partir das 18h40Cinema do Porto – Cais do Apolo 222, 16º andar, Bairro do RecifeIngressos antecipados pelo Sympla: R$ 10 (inteira) R$ 5 (meia)

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Escritora Nélida Piñon realiza palestra sobre cultura ibero-americana a convite da Fundaj

A premiada autora conversa sobre suas vivências culturais nos países ibero-americanos a partir de suas origens brasileiras e espanholas. Será dia 30, às 17, pelo YouTube da Fundaj (Da Fundaj) Para além de relações comerciais e políticas, as trocas culturais na chamada Ibero-América, que compreende todos os países do continente falantes do espanhol e do português, sempre foram intensas durante os séculos. Para celebrar esses longevos intercâmbios, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) trará Nélida Piñon, escritora e professora hispano-brasileira integrante da Academia Brasileira de Letras, para ministrar a palestra “Nossas Américas”. Realizada no próximo dia 30, às 17h, a conversa será exibida no canal do YouTube da Fundaj. Proporcionará um mergulho da escritora nas vivências culturais dos países hispânicos e lusófonos da América desde suas civilizações antigas ao fazer literário atual. “Nélida Piñon é uma de nossas escritoras mais celebradas e premiadas, tanto no Brasil, como no mundo hispânico. Como seu sobrenome indica, ela tem sua origem espanhola, ao mesmo tempo em que é brasileira. Ao propormos pensar o mundo ibero-americano, é impossível deixar ela de lado nessa discussão”, destaca o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos. Segundo o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio, a escritora trará uma conversa informal não só sobre sua obra, mas um registro memorialístico completo sobre suas vivências dessa Iberoamérica. “Sua palestra vem em um momento que a Fundaj celebra essas conexões, em especial com o lançamento do livro “Iberotropicalismo- A Hispanidade, os Orientes e Ocidentes na obra de Gilberto Freyre” e de nossa exposição com documentos da Universidade de Coimbra”, relata. As origens hispânicas de Nélida vêm da região da Galícia, terra-natal de seus pais. Se formou em jornalismo pela PUC-Rio e, no ínicio dos anos 1960, começou sua celebrada carreira na literatura, com o romance “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”. Sua trajetória é repleta de importantes prêmios, como o Jabuti, o APCA e o Príncipe das Astúrias, que já foi concedido para nomes como Amos Oz, Leonard Cohen e Philip Roth. Desde 1989, é integrante da Academia Brasileira de Letras, ocupando a quinta cadeira e também, nos anos 1990, se tornando a primeira presidenta da instituição. “Desde o início da minha formação, me dei conta que o mundo era vasto, sobretudo com o que herdei da cultura brasileira e espanhola, algo que permitiu entender que eu poderia ir além delas. Desde então, sempre amei esse conceito das Américas, tanto a portuguesa, como a espanhola e passei a estudar esses horizontes, em especial, na literatura”, explica Nélida. Ela conta que achava “estranhíssimo” o brasileiro não conhecer o mundo hispano-americano. “Lembro de ter conhecido um argentino que ficou maravilhado comigo porque eu era uma das poucas brasileiras que conhecia Borges, algo que mudou quando veio o boom desses autores”, comenta, acrescentando que falará da trajetória de escritora a partir dessa relação com a América, das grandes civilizações prévias aos meus laços profissionais e de amizade com autores como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa.

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Exposicao 10 anos Acervo RecorDanca Espaco Cultural dos Correios

RecorDança lança novo site com acervo da dança pernambucana

Na quarta-feira, 30 de março, às 18h, o coletivo pernambucano Acervo RecorDança, por meio do projeto Reconectando a própria história, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020, lançará seu novo site com o acervo que inclui recortes não lineares sobre a dança pernambucana. A plataforma disponibilizará documentos, reportagens, podcasts, vídeos, entrevistas, programas, fotos, pesquisas, reflexões e informações das diferentes etapas dos 18 anos do acervo, no endereço: www.acervorecordanca.com. Voltado à produção de conhecimento e à preservação e difusão da memória da dança em Pernambuco, o RecorDança é conduzido por sete pesquisadoras da área: Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer, Liana Gesteira, Roberta Ramos, Taína Veríssimo e Valéria Vicente. O novo site conecta a fase inicial do coletivo, de catalogação, organização de documentos e dados históricos, com as etapas posteriores de produção de conteúdos e ações de difusão, como a realização de documentários, podcasts, exposições, publicações, seminários e mostras de videodanças. A plataforma foi desenvolvida a partir de um sistema rizomático, o qual conecta todo o conteúdo do acervo. Os materiais mais antigos, que antes eram acessados de forma isolada, serão conectados aos novos conteúdos através de hipertextos que permitem uma navegação mais fluida e intuitiva, de acordo com o caminho traçado por cada visitante. O site também poderá ser acessado por celular, democratizando os canais de comunicação, além de oferecer ferramentas de acessibilidade para pessoas com baixa visão e daltonismo, através de recursos de alto contraste e dimensão das fontes. Para as pesquisadoras, o trabalho com a memória é, entre outras coisas, uma ação de construção de consciências: de si, do seu entorno, do seu tempo histórico, do seu fazer, de toda uma rede. Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer, Liana Gesteira, Roberta Ramos, Taína Veríssimo e Valéria Vicente observam que o trabalho do Acervo RecorDança agrega tanto fazedores de dança em Pernambuco quanto as pessoas envolvidas neste processo. Elas ressaltam, ainda, que a ação marca de forma positiva e contundente a posição das danças pernambucanas no cenário estadual e nacional, com todas as suas diversidades, divergências, complexidades e polifonias. Trajetória O Acervo RecorDança iniciou suas atividades em 2003, a partir de um projeto de pesquisa e documentação. O objetivo era de catalogar, difundir e entrelaçar as mais plurais narrativas de sujeitos diversos da dança pernambucana, coexistentes em um mesmo período de tempo, ao contrário da ideia tradicional de que a história deve ser contada com base em fatos cronológicos e únicos. Na época, o lançamento do acervo mobilizou vários artistas da dança do estado, na doação de materiais e concessão de entrevistas, bem como resultou em uma maior visibilidade para a classe artística. O projeto mais recente do coletivo foi o lançamento, em março de 2021, da terceira temporada do podcast Histórias ao pé do ouvido (HPO). O tema escolhido foi Narrativas Femininas e o produto foi inteiramente construído por mulheres da dança de Pernambuco. Nessa edição, o podcast contou com um grupo de estudos constituído a partir de um chamamento público, com entrevistas e criação de cinco episódios inéditos, além de um ensaio por escrito e a doação do material criado para instituições culturais e educativas de Recife. O projeto teve incentivo do Funcultura - Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura.

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