Arquivos Cultura E História - Página 176 De 367 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Escola Pernambucana de Circo lança a campanha “Circo em frente de casa”

A Escola Pernambucana de Circo (EPC), localizada no bairro da Macaxeira, zona Norte do Recife, está com as suas atividades suspensas devido à pandemia do novo coronavírus. Porém, a escola lançou na plataforma Benfeitoria, a campanha “Circo em frente de casa”, que consiste em uma série com 30 apresentações de palhaços da trupe da escola, a Trupe Circus, para comunidades da zona Norte do Recife. Os artistas circenses farão esquetes artísticas e de conscientização, abordando, de forma educativa e lúdica, as formas de prevenção e de higiene para evitar o contágio do vírus. Sem aglomerações, respeitando as distâncias e usando os protocolos de segurança recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os artistas vão ensinar a forma correta de lavar as mãos, usar as máscaras, usar o álcool gel e fazer a limpeza da casa. Para tal, eles vão usar os elementos da arte circense como malabares, bola de equilíbrio e apresentações com palhaços, levando informação e entretenimento às famílias. O público poderá assistir às apresentações das suas janelas, varandas e terraços. Durante a ação, ainda serão distribuídos kits de higienização para as famílias. ESCOLA PERNAMBUCANA DE CIRCO – A Escola Pernambucana de Circo (EPC) é a única escola em todo o Estado de Pernambuco voltada ao ensino da arte circense para crianças e jovens das comunidades do Recife e Região Metropolitana. Possui 24 anos de atuação com a pedagogia do circo social, e atende a mais de 140 crianças, adolescentes e jovens. Há mais de 15 anos, a EPC formou um grupo profissional, a Trupe Circus, que atualmente possui 30 artistas circenses e tem mais de dez espetáculos em seu repertório. As apresentações de espetáculos, oficinas pedagógicas, eventos corporativos, e recepção de festas são serviços que mantêm mais de 40% da manutenção com as despesas com a sede e com a folha de pagamento dos funcionários. O valor restante vem dos editais das quais a escola participa e que estão suspensos no momento. Vale ressaltar que a EPC não recebe nenhum apoio de órgãos públicos ou privados e que a ajuda a essa categoria é de importante valor para toda a classe artística.   Para doações para a campanha “Circo em frente de casa”, o link é: https://benfeitoria.com/escolapernambucanadecirco

Escola Pernambucana de Circo lança a campanha “Circo em frente de casa” Read More »

Projeto prevê shows virtuais para contemplar artistas locais no São João do Recife

A vereadora Aline Mariano (PP) teve aprovada uma indicação de sua autoria e também deu entrada em um projeto de lei (PLO 70-2020) que pretende minimizar os efeitos da crise imposta pelo coronavírus aos artistas locais. De acordo com Aline Mariano, é preciso garantir que os recursos do orçamento da cultura para o período junino sejam usados na contratação de shows virtuais. Como contrapartida, essas lives vão servir para arrecadar alimentos, materiais de limpeza e de higiene pessoal a serem distribuídos entre as comunidades mais carentes do Recife. “Os artistas com inserção nacional encontraram um jeito lucrativo de enfrentar essa crise econômica imposta pela pandemia da Covid-19. Os grandes nomes da música do país fazem lives, garantem boas receitas e ainda conseguem ajudar pessoas e instituições. Não é o caso dos cantores e músicos que não tem a mesma inserção. Muitos artistas locais se apresentam na noite de bares e restaurantes da cidade e tiram o sustento dessa atividade. O poder público precisa garantir essas apresentações e foi nesse sentido que busquei dar entrada nesse projeto e também indicar ao prefeito Geraldo Julio que cumpra o que prevê a Lei Liberato. Temos o exemplo de Campina Grande que vai fazer o São João de forma virtual e Caruaru também já estuda esse mesmo formato para contemplar os artistas”, explicou a vereadora. A indicação foi aprovada nesta segunda-feira (11) em sessão virtual da Câmara do Recife. O projeto de lei está tramitando nas comissões e já conta com o apoio dos vereadores da casa.

Projeto prevê shows virtuais para contemplar artistas locais no São João do Recife Read More »

Crítica literária: Marcados

*Paulo Caldas Na concepção da trama, no perfil dos personagens, no cotidiano vivido em cenários próprios dos dias de agora, nasceu o recado de Zuleide Lima. Neste "Marcados", o conteúdo satisfaz inclusive ao público pós-adolescente, nutrido no mundo das noites televisivas, gente que projeta seus anseios na figura do adulto jovem bem sucedido, aqui interpretado em costumes e preferências por Alice e Léo. No texto (produção editorial independente), a autora imprime um tanto de pressa, dada a ousadia natural de uma primeira viagem pelo mundo da literatura. Tal detalhe, no entanto, passa desapercebido por leitores apenas leitores. O enredo, com viés shakespeariano, envolve o mistério ou lenda (espécie de maldição) dos marcados, pessoas que nascem com a morte designada na pele. A atmosfera é de dúvidas e medos que pairam sobre os protagonistas, envolvidos entre uma paixão proibida e a esperança de que o amor vença o destino. Formas de aquisição do “Marcados”: e-book disponível na Amazon. O livro físico na Livraria Imperatriz do shopping Recife e com a autora via direct Instagram @zuleide_lima (São dois underline no meio e fim). O valor do livro físico: R$ 30,00 e do e-book R$ 5,91, mais R$ 5,00 se houver postagem dos Correios. *Paulo Caldas é escritor

Crítica literária: Marcados Read More »

07 dicas de quadrinhos em financiamento coletivo

*Por Eduardo Martins Quando estamos folheando um quadrinho que acabamos de receber, dificilmente a gente para pra pensar quanto custou para produzi-lo. Na maioria das vezes, mais de 80% de cada livro feito é dividido em impressão, produção editorial e distribuição.  Portanto, é necessário produzir em uma escala maior, para que o financiamento seja mais vantajoso para quem faz. No final das contas, para pequenas ou médias editoras e para artistas independentes as plataformas online de financiamento coletivo se tornam uma opção viável para publicar quadrinhos. No modelo “É tudo ou nada”, as campanhas precisam atingir o valor mínimo e só assim começar a produção em escala de um novo quadrinho sem riscos com o “encalhe”, que abarrotam depósitos e se tornam prejuízo para as editoras. Desde 2006, a editora Figura, quando lançou seu primeiro quadrinho nesse modelo - Sharaz-de, do autor Sergio Toppi, continua ainda hoje com projetos iniciados através de campanhas de crowdfunding. Já a estreante no mercado, a editora Graphite lançou recentemente em janeiro de 2020, o quadrinho Brad Barron e já engatou uma nova campanha com outra obra italiana, Nathan Never. Artistas independentes também utilizam as famosas “vaquinhas online” para produzir em menor escala suas obras. Para muitos, começar a carreira com um lançamento em uma editora maior é quase uma missão impossível. Além disso, as campanhas possibilitam ao leitor uma experiência nova, onde ele se sente parte do processo. Camisas, chaveiros, adesivos, desenhos originais exclusivos e o seu nome nos agradecimentos impresso no quadrinho são algumas das estratégias para conseguir bater a meta. Eu separei 07 quadrinhos que ainda estão com campanhas ativas via plataforma de financiamento coletivo. Todas com um acabamento, aparentemente, impecáveis. Se liga! Nathan Never (Vol. 1) por Graphite Editora Nas palavras do próprio tradutor da obra para português, Paulo Guanaes: “Em 2020, a Graphite Editora traz de volta ao Brasil a humanidade de Nathan Never, um misto de anti-herói cínico e descontraído, que não possui enxertos biônicos ou poderes extra-sensoriais, mas, não se engane, que se confunde com a antiga figura do herói impecável e destemido, lutando por justiça na megalópole onde atua.” Torpedo 1936 (Vol. 1) + Kraken por Figura Editora A Figura Editora lança em uma mesma campanha, dois grandes quadrinhos do talentoso desenhista espanhol Jordi Bernet. TORPEDO 1936 (vol. 1), quadrinho no melhor estilo gangsters, com roteiro de Enrique Sánchez Abulí. E KRAKEN, clássico cult do quadrinho espanhol, com roteiro de Antonio Segura. Nessa campanha de pré-venda, descontos que variam de 40% (no combo com duração de 36 horas) à 30%. Shanghai Devil (Vol. 1) por Red Dragon Publisher Em sua série original italiana, publicada entre outubro de 2011 e março de 2013, Shanghai Devil teve 18 edições que serão compiladas em 4 volumes pela Red Dragon. Shanghai Devil é uma série em quadrinhos escrita por Gianfranco Manfredi, publicada na Itália pela Sergio Bonelli Editore. Uma chance dos fãs da editora conhecer novos títulos. Os gatos de Ulthar por Editora Diário Macabro O desenhista de quadrinhos Leander Moura criou uma adaptação de Os Gatos de Ulthar, do cultuado escritor de terror H.P. Lovecraft, obra que comemora 100 anos em 2020. Sombrio e carregado no nanquim preto, o quadrinho é uma bela aposta para quem gosta do gênero terror. Shogum dos Mortos - As Sete Faces do Horror por Editora Draco Shogum dos Mortos é uma série de quadrinhos ambientada em um Japão feudal infestado de samurais mortos-vivos, criada e escrita pelo mineiro Daniel Werneck. “As histórias de Shogum dos Mortos - As Sete Faces do Horror apresentam a origem de um samurai negro que parece ser o mais maligno de todos os guerreiros do general desmorto!”, segundo a página do projeto no Catarse. O Poderoso Maximus Premium por Editora Universo Fantástico Imagina um super-herói ao melhor estilo Superman, um professor de Literatura que adquiri seus poderes através do “Medalhão do Sol” e depois disso é capaz de voar, disparar rajadas energéticas. Com a força descomunal e sobre-humana, eis que surge O Poderoso Maximus, um super-herói brasileiro criado por Alan Yango. Além dele, o quadrinho conta com uma equipe de talentosos desenhistas paraenses. Esse é o primeiro quadrinho da editora Universo Fantástico. Sobre a Gibitown – Parafraseando Chico Science, a cidade do mangue ergueu uma nova e assim surgiu a Cidade do Gibi. O assunto aqui é quadrinhos. Marvel, DC, Image, editoras nacionais, quadrinhos independentes. Do clássico ao contemporâneo, vamos trazer o que existe de melhor no universo da nona arte em Pernambuco, no Brasil e ao redor do mundo. Sem distinção. A coluna é escrita pelo empresário e jornalista pernambucano Eduardo Martins.  Para envio de materiais, sugestões e críticas, mande e-mail para edmartins@gmail.com

07 dicas de quadrinhos em financiamento coletivo Read More »

Teatro Santa Isabel celebra 170 anos com programação virtual

Casa secular, que testemunhou e emoldurou alguns dos mais importantes capítulos da história do Recife, o Teatro Santa Isabel completa 170 anos neste mês de maio, convidando os recifenses para uma celebração virtual. Com as portas fechadas e o atendimento ao público interrompido pela pandemia, um dos mais nobres e antigos espaços cênicos da capital pernambucana promoverá uma extensa programação de debates e apresentações musicais, que serão transmitidas ao vivo nas redes sociais do equipamento, único palco possível para escoar produções, mobilizações, alumbramentos e questionamentos artísticos em tempos de isolamento social. Oferecida pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, a programação começa nesta quarta-feira (6) e só acaba no próximo dia 27, com uma série imperdível de lives que serão transmitidas no perfil do teatro no Instagram (@teatrodesantaisabeloficial). Para celebrar a existência do equipamento histórico semeando conteúdos na quarentena, foram convidadas personalidades da cadeia produtiva e criativa da cultura, em seus vários desdobramentos e linguagens, como Rodrigo Dourado, Mônica Lira, Paula de Renor, André Brasileiro e o maestro José Renato Accioly. Eles participarão de conversas com o gestor do equipamento, Romildo Moreira, transmitidas nos próximos dias 6, 13, 20 e 27, sempre a partir das 19h, trazendo à tona questionamentos sobre o futuro dos mercados da arte pós pandemia, além claro de memórias e histórias que o Santa Isabel ajudou a contar na vida e na carreira de cada um. Os debates terão duração de 30 minutos a uma hora e ficarão disponíveis por 24h após a transmissão ao vivo no perfil do teatro. No dia 18 de maio, data exata em que a casa fez sua estreia, no ano de 1850, apresentando seu primeiro espetáculo, O Pajem de Aljubarrota, do escritor português Mendes Leal, para uma plateia de ilustres, a programação será música para ouvidos isolados. Exatos 170 anos depois, o Santa Isabel pede a seu público cativo que fique em casa e celebre a efeméride do sofá, a partir das 19h, curtindo a live celebração protagonizada pelas atrações musicais: SH (Surama Santos e Henrique Albino), Publius Lentulus, Grupo Instrumental Brasil e Chorinho da Roça, todos selecionados pelo edital do projeto Santa Isabel em Cena, que teve sua programação adiada por tempo indeterminado, em função do avanço da pandemia. Além de conteúdo, afeto não haverá de faltar nas comemorações virtuais ao teatro centenário. Para celebrar todas as histórias de amor e de arte guardadas por aquelas paredes, artistas, técnicos, produtores, público, visitantes e funcionários irão declarar seu amor e sua saudade, gravando pequenos vídeos sobre sua relação com o Santa Isabel, que também serão publicados no Instagram do equipamento ao longo de todo o mês de maio. Sobre o Teatro O Teatro Santa Isabel, cujo nome é uma homenagem à Princesa Isabel, foi inaugurado em 18 de maio de 1850, inserindo a então província de Pernambuco numa nova fase cultural. Idealizado pelo Barão da Boa Vista, teve o projeto dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que inovou na época, optando por não utilizar trabalho escravo na construção de arquitetura neoclássica. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 31 de outubro de 1949, o equipamento foi mais tarde eleito um dos 14 teatros-monumentos do país. Durante toda a sua história, a casa sempre esteve no centro da vida política da cidade, tendo assistido à Revolução Praieira e abrigado a campanha abolicionista e pelo advento da República. Frequentado, desde sempre, por notórias personalidades da cultura nacional, o Teatro de Santa Isabel foi cenário dos debates literários de Tobias Barreto e Castro Alves. Foi de lá que ecoou para todo o Brasil a histórica frase do abolicionista Joaquim Nabuco: “Aqui vencemos a causa da abolição”, imortalizada numa placa exibida numa das paredes do teatro até hoje. Uma curiosidade sobre o teatro é que ele chegou a ser destruído por um incêndio ocorrido em 19 de setembro de 1869, tendo sido totalmente recuperado, redimensionado e entregue outra vez ao povo pernambucano em 16 de dezembro de 1876, para em 2020, quem diria, virar de novo saudade, até que o coronavírus dê à humanidade uma merecida trégua. Sobre convidados e atrações da programação Rodrigo Dourado - Professor do Curso de Teatro do Departamento de Artes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco. Desenvolve pesquisa nas áreas de Performatividade e Teatro Contemporâneo; Identidades de Gênero, Sexualidade e Teatro; Estudos Queer. É também tradutor, dramaturgista e fundador/diretor do grupo Teatro de Fronteira, com atuação na cidade do Recife (PE). Venceu os prêmios Ariano Suassuna (Fundarpe/PE) e Funarte de Dramaturgia, em 2018, como texto "Terminal". Autor do livro "Bonecas falando para o mundo: identidades 'desviantes' de gênero e sexualidade no teatro" (Sesc/2017). Mônica Lira - Bailarina, coreógrafa, professora, artista da dança e produtora. Diretora do Grupo Experimental (Recife) desde sua fundação, em 1993, tendo criado mais de 20 obras de dança ao longo da trajetória do grupo, que circulou por todas as regiões do Brasil e apresentou-se ainda no Peru, Equador, Argentina, Chile, Paraguai, Portugal, Itália e Espanha. Realizou durante 10 anos o projeto social "Núcleo de Formação em Dança", com mais de 500 jovens passando pelas aulas de dança promovidas pelo Grupo Experimental através de sua metodologia. Atuante na política cultural local, foi uma das fundadoras do Movimento Dança Recife (uma articulação política com 15 anos de atuação). Já trabalhou como gestora pública na Prefeitura do Recife, no Serviço de Dança, e participou do Conselho de Cultura. Pós graduada em "Gestão e Produção Cultural" e “Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança" pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestranda em dança na UFBA. Paula de Renor - Atriz, produtora e diretora da Remo Produções Artísticas desde 1983. Produziu diversos espetáculos de teatro, incluindo duas coproduções internacionais. Também atua na produção de programas para Televisão e projetos sociais ligados ao teatro. Esteve à frente, como curadora e produtora, do Janeiro de Grandes Espetáculos por 17 anos e

Teatro Santa Isabel celebra 170 anos com programação virtual Read More »

Jornalismo em quadrinhos: a narrativa gráfica da realidade

*Por Eduardo Martins Apesar do termo Jornalismo em Quadrinhos ter sido cunhado pela primeira vez pelo jornalista e ilustrador maltês Joe Sacco, em 1994, quando ele publicou Palestina, considerado o marco inicial desse gênero, é comum alguns especialistas atribuírem o pioneirismo ao sueco Art Spiegelman, que lançou em 1991, "Maus", obra vencedora do prêmio Pulitzer, a maior premiação jornalística do mundo. Um simples, porém controverso jogo de palavras podem categorizar de diferentes formas cada uma delas. Palestina, uma longa reportagem em quadrinhos. E "Maus", uma obra biográfica baseada em entrevistas reais. A verdade é que o jornalismo e a ilustração já estão entrelaçados há muitíssimo tempo. A primeira aparição de desenhos gráficos para ilustrar notícias aconteceu em 14 de Maio de 1842, no periódico "The Illustrated London News". De tiragem semanal, o jornal foi o primeiro a recrutar em uma mesma redação, artistas e repórteres. Em 16 páginas, com ilustrações gravadas em madeira, a publicação veio com a cobertura do primeiro baile mascarado da Rainha Vitória, eleição presidencial nos Estados Unidos e extensas reportagens de crimes e resenhas de peças e livros. Essa primeira edição vendeu 26 mil cópias, um sucesso na época. Já em 1869, foi lançada a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil, na revista "A Vida Fluminense". As "Aventuras de Nhô Quim" ou "Impressões de Uma Viagem à Corte", do escritor e desenhista ítalo-brasileiro Angelo Agostini. Dividido em 16 quadros ilustrados e com textos abaixo de cada um deles, na época ainda não existiam os balões, ele conta a história de Nhô Quim, um caipira que se muda do interior para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo utilizando o humor e a caricatura em seus trabalhos, Agostini mostrou como ninguém os costumes daquela época, o contraste da civilização entre o meio rural e urbano, se tornando o ilustrador mais importante do Segundo Reinado. Hoje em dia, infelizmente, os cartunistas brasileiros são relegados em uma meia página no caderno de cultura de algum jornal impresso local. Contudo, eles já fizeram bastante barulho com seus desenhos em décadas atrás, tornando-se porta-vozes da indignação de toda uma sociedade reprimida. Entre 1969 e 1991, O Pasquim foi o mais importante semanário alternativo e de oposição política do Brasil. Em seu auge, atingiu a marca de 200 mil exemplares vendidos, um fenômeno no mercado editorial brasileiro. A lei de imprensa, que instaurou a censura prévia dos meios de comunicação na ditadura militar surgiu por causa de uma entrevista da atriz Leila Diniz feita pelo cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral na edição do Pasquim. Em contrapartida, mesmo bebendo da fonte cartunesca, o jornalismo em quadrinhos de formato mais longo, difundido pelo quadrinista e jornalista Joe Sacco, em meados de 90, normalmente abrange várias páginas e tem como objetivo explorar um tópico e não apenas satirizá-lo, geralmente usando: entrevistas reais, mapas, evidências estatísticas, fatos históricos e diagramas. Na coluna de hoje, vamos trazer 10 dicas essenciais para você mergulhar de cabeça nesse gênero dos quadrinhos. Um pouco sobre alguns autores e obras que mudaram a forma como se faz o jornalismo e os quadrinhos como nos costumamos. E ainda um bônus com 5 sites específicos com excelentes quadrinhos-reportagens no formato digital. Para ficar mais fácil, vamos dividir em 3 grupos distintos. São eles: I - Autores que reportam, escrevem e ilustram toda a obra. Joe Sacco Sacco foi o primeiro jornalista de quadrinhos a ganhar o prestigioso Prêmio Ridenhour pela reportagem investigativa na novela gráfica, "Notas Sobre Gaza". Sua obra mais conhecida, "Palestina - Uma nação ocupada", é fruto de uma investigação in loco do conflito entre israelenses e palestinos e ganhou o prêmio American Book Awards em 1996. Ambas foram lançadas aqui pela Editora Quadrinhos na Cia. Dan Archer O jornalista gráfico Dan Archer, nomeado ao Prêmio Eisner na categoria Não-Ficção, utiliza os quadrinhos para criar reportagens, principalmente atreladas aos direitos humanos, em situações em que o equipamento de vídeo ou fotográfico se tornam inadequados ou proibidos. Em 2012 lançou o quadrinho "Graphic Journalism on Human Trafficking in Nepal", um projeto investigativo que reporta o tráfico de pessoas no Nepal. Carolina Ito A jornalista e quadrinista Carolina Ito é autora do quadrinho-reportagem Estilhaço: uma jornada pelo Vale do Jequitinhonha, projeto experimental para conclusão do curso de Jornalismo que mostra a vida dos moradores da região do Vale do Jequitinhonha, localizada a nordeste de Minas Gerais. Entre outros trabalhos, ela mantém desde 2014 o blog Salsicha em Conserva, onde concentram-se um apanhado de reportagens em quadrinhos que ela produziu para sites e revistas, muita deles para Revista Trip. Colaborações entre jornalistas e desenhistas Extraction!: Comix Reportage, de Dan Dawn Paley, Carlos Santos, entre outros Uma antologia em quadrinhos a respeito de atividades criminosas de empresas de mineração produzida por um time de premiados jornalistas e artistas de quadrinhos. Dividido em 4 partes, as expedições relatam os impactos que essas indústrias estão causando nas comunidades e ecossistemas. Um magnífico e corajoso trabalho que tem a assinatura de nomes como: Dawn Paley, Tamara Herman, Jeff Lemire, Phil Angers e Carlos Santos. Brought to Light, de Alan Moore, Bill Sienkiewicz, entre outros Alan Moore reconstruiu a forma como se escrevia quadrinhos de super-heróis na década de 90, com obras como "V de Vingança", "Watchmen" e "Batman: A Piada Mortal". Embora todas estejam carregadas com política, filosofia e alguns distúrbios sociais, essas obras são fictícias. Porém, uma obra pouco conhecida do Mago dos Quadrinhos, "Brought To Light", em parceria com o talentosíssimo desenhista de quadrinhos Bill Sienkiewicz, mostrou um novo Alan Moore, baseado em fatos reais, contando a história de um agente da Central de Inteligência Americana (CIA) e o envolvimento da agência na Guerra do Vietnã e com figurões como Augusto Pinochet e Manuel Noriega. São Francisco, de Gabriela Güllich e João Velozo A jornalista e quadrinista Gabriela Güllich e o fotojornalista João Velozo passaram 15 dias nas cidades que cortam todo o Eixo Leste da Transposição do São Francisco para abordar 3 aspectos através da narrativa gráfica:

Jornalismo em quadrinhos: a narrativa gráfica da realidade Read More »

Festival Internacional de Cinema Infantil está disponível online

Nos tempos atuais, a exigência do confinamento das famílias impõe aos pais e professores o desafio de ocupar as crianças e adolescentes com atividades educacionais e artísticas que promovam o desenvolvimento humano. Pensando nisto, a Associação Films Pour Enfants (Filmes para criança) promove o Takorama - Festival Internacional de Cinema, online. Serão 15 filmes de curta-metragem, com o tema "solidariedade", divididos em cinco categorias, envolvendo o público de três a 17 anos. As crianças e jovens serão convidados a opinar e votar em seu filme favorito. Tudo gratuito e sem publicidade. O festival, em parceria com 3 e meio no Brasil, se propõe a afirmar o cinema, não apenas como entretenimento, mas também como ferramenta de comunicação e importante recurso de apoio educacional. Os filmes podem ser assistidos no link: www.takoroma.org O Festival proposto foi concebido como um importante dispositivo de educação da imagem e digital, possibilitando encontros com a linguagem audiovisual adequada para a idade do espectador, aliado a filmes com variedade estética que despertam a curiosidade artística das crianças. Além de incentivar a utilização de conteúdo multimídia e multiculural como ferramenta pedagógica nas escolas, através dos educadores. Os curtas-metragens foram selecionados entre os filmes do catálogo da Associação Films pour Enfants ( Filmes para Crianças). A grade de seleção para decidir a adequação entre conteúdo e idade das crianças foi elaborada em colaboração com a organização “3-6-9-12”, além de Serge Tisseron, patrocinador da Associação “Filmes para Crianças”. O fechamento da primeira edição do Takorama Festival Internacional de Cinema depende do contexto atual e da reabertura das escolas. Serviço: Takorama- Festival Internacional de Cinema Local: virtual Endereço: www.takoroma.org Data: 25 de abril ( término indefinido) Informações: (81) 3204 2141/ (81) 9 9992 9558 Classificação indicativa: 3 à 17 anos Gratuito e sem publicidade

Festival Internacional de Cinema Infantil está disponível online Read More »

Textos e fotos de Dom Helder estão no acervo virtual da Cepe

Em 1970, quando o mundo vivia momentos políticos conturbados, o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara (1909-1999), fez uma série de palestras pela Europa, Canadá e Estados Unidos. Incansável defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil, ele também nutria a esperança de que a humanidade, um dia, formasse uma grande família. Esse foi o tema de um dos discursos de dom Helder para o roteiro de viagens e que se mantém atual 50 anos depois de ter sido apresentado no Canadá. O discurso, com o título "Esperança em uma comunidade mundial", está disponível no Acervo Cepe (www.acervocepe.com.br) e pode ser consultado gratuitamente. No portal há, desde 2018, cerca de 60 mil imagens digitalizados do Instituto Dom Helder Camara, de acordo com o superintendente do Departamento de Digitalização, Gestão e Guarda de Documentos da Cepe, Igor Burgos. A Cepe foi contratada para fazer a organização do acervo do religioso pelo Instituto, que havia firmado convênio com a Prefeitura do Recife. No texto, dom Helder faz uma reflexão sobre a comunidade mundial a partir do termo "vivendo a esperança" extraído de uma das orações que os padres rezam na celebração da missa. O sonho de uma humanidade vivendo como uma grande família, diz ele, é audacioso e cheio de obstáculos. O egoísmo, é um deles. "Quem não rompe a carapaça do egoísmo, quem não sai de si mesmo, quem gira sempre em volta do próprio eu - e em lugar de ver, apenas se vê; em lugar de ouvir, apenas se ouve; em lugar de amar, apenas se ama; - jamais contribuirá, de maneira válida, para as primeiras comunidades", escreve o bispo. "Infelizmente, ainda não vencemos o egoísmo que provoca tanta dor no mundo", lamenta o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco, Severino Vicente da Silva, meio século depois das palestras feitas por dom Helder. “Seus discursos podem ser lidos hoje com sabor de novidade, só precisa atualizar alguns dados econômicos e sócio-populacionais", observa Severino Vicente, vice-coordenador do Laboratório de História Oral e Imagem do Departamento de História da UFPE. Já naquela época, dom Helder citava como obstáculo à comunidade, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a existência de "um pequeno grupo de famílias privilegiadas, cuja riqueza é mantida à custa da miséria de milhões de concidadãos.” Também afirmava que, para esses grupos, “qualquer mudança mais brusca será porta aberta à infiltração de agitadores profissionais e só fará o jogo dos comunistas.” E alertava para a violência “disfarçada e anônima” que a miséria poderia desencadear. “Como os dados recentes colocam que a riqueza produzida hoje no mundo está sob controle de uma centena de famílias, é claro que as reflexões de dom Hélder nos (anos) setenta podem ser aplicadas hoje”, comenta Severino Vicente. A comunidade mundial, esclarece o professor, seria o caminho indicado pelo bispo para diminuir as desigualdades. A ideia seria a formação de grupos de pessoas de diferentes camadas sociais, religiões e nações, as Minorias Abraâmicas, para atuar de forma conjunta na busca de um mundo onde com mais justiça e paz, explica. Um exemplo prático citado pelo professor seriam engenheiros e arquitetos pensando e criando novos e inclusivos modelos de habitação. Ele classifica entre as Minorias Abraâmicas grupos como a organização não governamental ambiental Greenpeace e a organização internacional de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras, que leva atendimento de saúde a locais de extrema pobreza, entre tantos outros. “Nunca saberemos os resultados das viagens de Dom Hélder”, declara o historiador. “A comunidade mundial, essas minorias abraâmicas, esses que acreditam que quanto mais escura a noite mais bela e brilhante é a madrugada, já existem, e são criadas a cada dia”, afirma Severino Vicente. Para o jornalista Felix Filho, o Dom da Paz acreditava que as Minorias Abraâmicas poderiam lutar, de forma pacífica, firme e decidida, por justiça social. “Utopia? Sonho? Os profetas sonham. E para que o sonho se torne possível, depende de nós, do abandono do egoísmo e da falta de amor ao próximo. Infelizmente, nos últimos 50 anos, temos a sensação que tudo piorou, que o egoísmo cresceu e a pobreza aumentou. Cabe a nós, como dom Helder profetizou, acreditar que um mundo melhor é possível”, declara Felix Filho, autor do livro Além das ideias - Histórias de vida de Dom Helder Camara, publicado pela Cepe Editora em 2012. O egoísmo é o maior pecado do homem e o arcebispo emérito de Olinda e Recife percebeu essa questão, comenta o jornalista e diretor do Arquivo Público Estadual. “Atualmente, assistimos estarrecidos justo a incoerência de pessoas que se dizem cristãs, mas nesta pandemia, por exemplo, estão mais preocupadas com seus lucros do que o bem fundamental da vida. No Brasil vemos, diariamente, os absurdos cometidos por quem deveria zelar pelo bem geral da população, pelo direito básico à saúde e à vida, revelando a falta de compromisso com os mais pobres”, destaca Felix Filho. A Cepe digitalizou mais de 132 mil imagens do acervo do bispo, mas apenas uma parte da documentação está disponível no portal. “Nem tudo foi colocado porque nem tudo o instituto autorizou colocar no site”, informa Igor Burgos. Estão abertas para consulta crônicas, discursos, cartas, fotos e reportagens publicadas em jornais que preservam a memória do arcebispo emérito de Olinda e Recife, mundialmente conhecido como o Dom da Paz. (Crédito para as fotos: Alcir Lacerda (dom Helder com a criança) e Acervo do Instituto Dom Helder Camara (dom Helder com fiéis).

Textos e fotos de Dom Helder estão no acervo virtual da Cepe Read More »

Comida de aproveitamento: O caso do vatapá

No cotidiano das cozinhas, vive-se um amplo exercício de aproveitamento de ingredientes, onde novas receitas são construídas a partir das sobras de outras comidas. É a transformação daquilo que já foi uma comida, em diferentes pratos que são reorganizados para a os cardápios do cotidiano e das festas.  Assim, há uma dinâmica nas cozinhas que é gerada por essa necessidade de não desperdiçar alimento, numa relação que envolve o homem, o ingrediente, o meio ambiente com a sua biodiversidade e a comida. Estes temas que dialogam com a natureza são também interpretações da cultura sobre o entendimento do que comer, e como comer. Um celebre exemplo é o vatapá, que no nosso imaginário é uma comida relacionada à matriz africana. Certamente este sentido/significado daquilo que é dito como africano no Brasil se dá pela associação ao uso do azeite de dendê, ingrediente marcante na cozinha afrodescendente. A criação e a adaptação da receita realizada a partir da mão africana, neste caso do vatapá, é uma receita que nasce de um estilo de se fazer “açorda à moda de Lisboa”; onde um caldo feito com alhos, coentros e azeite de oliva, é misturado ao pão, normalmente “adormecido”, que se desfaz, e resulta numa saborosa massa que vai ser servida como acompanhamento, ou vai se tornar uma receita única, quando recebe o acréscimo de camarões frescos e uma gema crua; e, desse modo, vai se assemelhar ao nosso tão nacional vatapá. Contudo, a receita do vatapá revela-se como um prato brasileiro. Na tradição, das receitas de vatapá se identifica a ocorrência de diferentes tipos, como vatapá de peixe, de galinha, de porco, e de bacalhau. Receitas que já constavam na ementa do período colonial. No caso do vatapá baiano, é o azeite do dendê, o leite de coco, a castanha de caju, o gengibre e a pimenta, que dão a sua identidade. Já quando nos referimos a esta receita de reaproveitamento de pão em Pernambuco, o uso do amendoim é marcante, o que traz a receita um toque adocicado, e outro diferencial é o pouco uso do azeite de dendê. O nosso vatapá marca a cozinha da Bahia, e de todo o Nordeste. Também no Pará, há uma interpretação do vatapá em que a receita recebe uma quantidade maior de camarão, diga-se camarão fresco. Apesar de tudo, é o vatapá baiano, inundado de azeite de dendê, que ficou famoso. E há dois estilos na Bahia, o vatapá de mesa, e o vatapá de recheio. O primeiro faz parte de um cardápio que harmoniza o vatapá condimentado com arroz branco, ou arroz de coco, sem temperos, e é uma comida de festa, um argumento para se viver a comensalidade, e os rituais sociais que agregam os sabores ao sentido de pertencimento a uma comida. O segundo é o que recheia o acarajé, juntamente com os camarões secos, o caruru, a salada, e um molho de pimenta cozida que é conhecido como molho Nagô. E ele faz parte da comida de rua, do tabuleiro da baiana. Nessa ementa de reaproveitamento, ainda temos outras receitas também muito conhecidas como as rabanadas, fatias douradas ou fatias de parida; e o pudim de pão. Além desses muitos usos do famoso pão dormido ou pão amanhecido, não podemos esquecer da famosa farinha de rosca. Tanto aqui quanto no resto do mundo, há outras receitas que marcam o aproveitamento desse alimento tão ancestral para o homem que é o pão. E a reciclagem desse alimento está também associada à manutenção da segurança alimentar, e cada receita traz o seu sentido e a sua representação cultural.

Comida de aproveitamento: O caso do vatapá Read More »

11 fotos de hotéis de Pernambuco Antigamente

Em um período de intensas dificuldades para o setor de turismo de Pernambuco, com vários hotéis e pousadas fechados, fizemos uma seleção de fotos de equipamentos hoteleiros no Estado. Confira as imagens abaixo. Clique nas fotos para ampliar. . Grande Hotel, em 1937 (Villa Digital, Acervo Benício Dias) . Hotel Boa Viagem, 1957. (Biblioteca do IBGE) . Hotel Internacional do Derby (Digital, Josebias Bandeira) . Hotel Central, na Av Manoel Borba (Villa Digital, Josebias Bandeira, 1931) . Hotel Boa Viagem, 1965  (Villa Digital, Katarina Real) . Hotel Moderno, 1920. Bairro de Santo Antônio, 1920 (Villa Digital, Benício Dias) . Hotel na Caxangá, 1910 (Villa Digital, Josebias Bandeira) . Hotel do Sol, em Caruaru (Biblioteca do IBGE) Segundo a descrição da foto, ficava no entroncamento da BR 232 com a BR 104, o Hotel foi extinto e sua estrutura abriga a unidade de Caruru da Faculdade Maurício de Nassau. . Sanatório Tavares Correia, atual Hotel Tavares Correia, em Garanhuns. . Hotel Monte Sinai, Garanhuns (Biblioteca do IBGE) De acordo com a descrição da foto, ficava localizado no Bairro de Heliópolis, em setembro de 1987 o prédio do hotel passou a abrigar o 9º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco, denominado de Batalhão Arruda Câmara. . Hotel Grande Rio, em Petrolina. 1970. (Biblioteca do IBGE) . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.pe@gmail.com)

11 fotos de hotéis de Pernambuco Antigamente Read More »