Arquivos Cultura E História - Página 184 De 380 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Nos arredores da Livro 7

*Por Paulo Caldas O livreiro Tarcísio Pereira, o Senhor 7, foi quem abriu os espaços para o surgimento de movimentos literários, novos escritores e leitores no entorno da sua Livro 7, por mais de 20 anos. Amante dos livros, depois de trabalhar na livraria Imperatriz sobre a orientação do livreiro Jacob Bernstein, Tarcísio montou uma lojinha apertadinha no térreo edifício Amaraji, na Rua 7 de setembro, e mais tarde, se instalou do outro lado da rua, num casarão entre a Rua do Riachuelo e Avenida Conde da Boa Vista. Aquele seria o primeiro passo para a eclosão dos movimentos e união de leitores com escritores. A Livro 7 se impôs como ponto de encontro e base de apoio para efervescência reprimida da literatura pernambucana naquela época. O fenômeno tomou impulso quando levado pela ousadia, Tarciso Pereira abraçou a ideia de transformar a apertada lojinha do casarão numa “pan-livraria”, como diria tempos depois o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, ocupando 1.200 metros quadrados de um galpão onde funcionara uma oficina mecânica, acho que São Cristóvão, e ali conseguiu abrigar mais de 70 mil livros, um dado histórico para uma livraria aqui entre nós paraíbas. 0 caráter empreendedor do Mister 7 foi além da prática das vendas com bom atendimento e ele transformou a livraria no lugar de eventos literários, promovendo lançamentos de livros de tanto de notáveis; Gilberto Freyre, Miguel Arraes, Sidney Sheldon quanto de neófitos, numa média de dois eventos por semana. Naquele clima, de forma espontânea, foi criada a Calçademia da Livro 7. Esperto, Tarcísio colocou dois bancos de jardim na calçada e o resultado foram reuniões informais para a troca de livros, comentários sobre o mundo da literatura, a vida dos outros, poetas mostrando versos, lorotas, putaria, galanteios às comerciárias do começo da noite, entremeados por críticas ao governo e discussões sobre quem é melhor do que quem. A Calçademia reuniu artistas plásticos, poetas, leitores, jornalistas e curiosos. A cada fim de tarde, parecia até um compromisso formal o simples fato de estar ali, naquele lugar, naquela hora. O convívio daquele pessoal se estendia por todo o ano, sobretudo no Carnaval. Era a hora da Troça Carnavalesca Nós Sofre Mas Nós Goza, quando se destacava a irreverência das fantasias, críticas bem-humoradas, participação dos artistas das letras em meio à cidade, ao povão... Na semana pré-carnavalesca, o próprio Tarcísio botava uma escada e subia nos postes para embandeirar a rua. A primeira vez que fui à saída da troça, a ansiedade me fez chegar na Rua 7 às dez da manhã. Os foliões só apareceram perto de uma da tarde e eu lá contando as horas. Creio que acompanhei o Nós sofre por uma dúzia de anos. Depois, uma multidão de anônimos maior a cada Carnaval me fez recolher antes de ouvir os clarins de Momo. Minha chegada àquele universo se deu por acaso. Quando em 1979, ao lado do amigo Evaldo Donato terminamos um livro chamado “No tempo do nosso tempo” e estávamos com aquele calhamaço de papéis datilografados e fotos em preto e branco meio enfadadas. Sabendo de nossa angústia em publicar aquele troço, o artista plástico Sílvio Malincônico, meu amigo de pelada, indicou: pergunta a Tarcísio da Livro 7. E funcionou. Perguntei e ele disse. - Fala com Jaci Bezerra da Edições Pirata. - Onde encontro ela? - Jaci, é homem, deve estar aí no barzinho. Era um barzão. A área externa do casarão repleto de mesas e gente, garçons rodopiando as bandejas, perguntei a um deles quem era o tal Jaci. - Tá naquela mesa. É o moreno. Procurei me aproximar umas três vezes, os caras, tinha uns oito, bebiam e falavam, falavam e bebiam. Tomei coragem, pedi licença, contei o caso e a discussão lá, rolando. Aí ele pegou o envelope. - Vou levar pra dar uma olhada. Depois eu te digo. - Como lhe acho? - Aqui ou na Fundação Joaquim Nabuco. Saí meio desconfiado. Voltei a Malincônico. - É isso mesmo, Jaci é da Pirata. A Edições Pirata foi inventada por Jaci Bezerra, um dos mentores da Geração 65, ao lado de Alberto da Cunha Melo, Domingo Alexandre, Zé Luiz de Almeida Melo, Zé Carlos Targino, Juhareys Correya, Angelo Monteiro, José Mario Rodrigues, Marcelo Mário Melo e a turma da Fundação Joaquim Nabuco com Arnaldo Tobias e as meninas escritoras Vernaide Wanderley, Myriam Brindeiro, Eugênia Menezes, Nilza Lisboa, além de Tereza Tenório, Lourdes Hortas, teve mais gente, mas não lembro agora. A palavra de ordem era que o escritor deveria produzir seu próprio livro num terceiro expediente, e tome trabalho: corrigir texto, colecionar páginas impressas ao redor de uma mesa gigante, passar cola, serrar lombada, tudo isso na casa de Myriam Brindeiro, aqui em Casa Forte. A Pirata lançou muita gente; o critério era: quem julga é o leitor, e assim fez uma revolução na literatura da época, com os pilares apoiados na Geração 65. Este grupo contava com a simpatia do poeta e crítico literário César Leal, editor do caderno de literatura do Diario de Pernambuco. Os piratas faziam lançamentos na rua, na escadaria da Faculdade de Direito, na Ponte da Boa Vista, coisa séria, original, sem porralouquice. Em 1982, 1983, criaram o selo Piratinha, com livrinhos voltados para crianças com festas de lançamento nas praças do Derby e de Casa Forte, quando participei com duas historinhas bestas, criadas pra menino dormir. A Pirata também contava com o aconchego da poetisa Celina Holanda, em encontros e saraus no seu apartamento ali no Derby. O nível elevado da produção dos poetas, a divulgação na imprensa fez a Geração 65 inspirar seguidores e motivou o surgimento de outros grupos no mesmo cenário: o território compreendido entre o Beco da Fome, ruela espremida entre o Edifício Pirapama e a Lojas Americanas, em frente da banca de Manuel Português, o casarão onde funcionou também a Disco 7, loja especializada em música boa, a Livro 7, o trailer de Anselmo, o bar Calabouço (sucessor do Bier House), a lanchonete Cascatinha, o fiteiro de Biu e

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Centro Apolo-Hermilo promove conversa virtual sobre as artes cênicas

Na próxima segunda-feira (27), o Centro Cultural Apolo-Hermilo convida artistas e público a driblar as impossibilidades impostas pela pandemia para se dedicar ao teatro na teoria e na internet. A partir das 20h, o Projeto Vivências, de registro de memórias para reflexão e celebração das artes cênicas em Pernambuco, recebe para uma conversa comprida um dos mais antigos funcionários do Teatro Santa Isabel, mão na roda da engrenagem cênica recifense desde a década de 1970. João do Carmo Bezerra Cavalcante, mais conhecido como Joca, é atualmente diretor de palco e gerente de infraestrutura da casa, para a qual foi levado por Ariano Suassuna, nos idos da década de 1970, onde já atuou como eletricista e iluminador de palco. Joca conversará com os provocadores e/ou atores, autores, gestores culturais, realizadores e profundos conhecedores da arte pernambucana Paulo de Castro, Carlos Carvalho, Eron Vilar, Horácio Falcão e Leda Alves, que já foi gestora do equipamento e é secretária de Cultura do Recife desde 2013. A conversa será na plataforma Zoom. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo Sympla, no link: https://www.sympla.com.br/projeto-vivencias-convida-joca-nova-data__916848. As vagas são limitadas. O Projeto Vivências é uma realização do Centro de Cultural Apolo Hermilo e Centro de Documentação Osman Lins, mantidos pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

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Conquistas e tragédia de Delmiro Gouveia em edição do Grandes Personalidades

Da Fundaj O caráter épico e dramático da história do industrial Delmiro Gouveia (1863—1917) já lhe rendeu inúmeras obras. O cearense de origem pobre tornou-se um dos homens mais ricos e importantes do Nordeste do Brasil na virada do Século 20, quando promoveria uma transformação social e econômica no Sertão alagoano. O tema da sexta edição da série Grandes Personalidades da História do Nordeste da Fundação Joaquim Nabuco serão seus casos e feitos revisitados pelo pesquisador Edvaldo Nascimento, na palestra ‘Delmiro Gouveia – a trajetória nada ortodoxa de um industrial sertanejo’. O evento ocorre hoje (23), às 17h, no canal da instituição pernambucana no YouTube, com mediação do jornalista Marcelo Abreu. Responsável pela construção do que é considerado o primeiro shopping center do País, ainda no Século 19 — o Mercado-modelo do Derby —, foi também pioneiro na industrialização do Sertão. “Delmiro Gouveia é dos poucos brasileiros a que se pode aplicar de modo exato e sem exagero o clichê de que estava muito mais avançado que o seu tempo, a sua geração”, opina Mario Helio, diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundaj. “Pioneiro de fato, em mais de um negócio, da indústria e do comércio, foi também o exemplo daquela ideia de Ortega y Gasset de que uma pessoa é o que é e mais as suas circunstâncias, e as dele resultaram trágicas e frustradas em mais de um aspecto”, conclui. Autor de Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra (2012), caberá ao pesquisador alagoano Edvaldo Nascimento contar desta figura à luz de seu tempo. “Desde 1997, me relaciono com Delmiro, quando passei a morar na cidade que leva seu nome, aqui em Alagoas. Uma relação que se aprofundou quando desenvolvi minha pesquisa de mestrado sobre o projeto educativo instituído por ele no Sertão alagoano”, relembra. Segundo ele, a imagem da região e do sertanejo no pensamento nacional da época, majoritariamente, era de lugar inóspito, avesso à modernidade, de cidadãos incultos e incapazes. “Delmiro contrapôs essa visão hegemônica com suas realizações. Foi líder de uma experiência que mostrou justamente o contrário”, defende Nascimento. Lá, o conhecido ‘Rei das Peles’ consolidou seu império. Fugido do Recife em novembro de 1902 para a seca região da Pedra, contornada pela Cachoeira de Paulo Afonso, não só ampliou seus negócios com peles de cabras e ovelhas, como construiu uma fábrica de linhas e explorou o potencial energético da queda d’água, inaugurando a primeira Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso. “Ele vai ser transformado no símbolo de modernidade e progresso. Vai instituir jornada de oito horas de trabalho, regras e hábitos, construir escolas e cinemas, vai abrir estradas ligando a várias estados para facilitar o escoamento das produções e a chegada de máquinas. Passa com isso a ser visitado por lideranças religiosas e políticos”, conta o pesquisador. Entre afagos e ofensas Filho do cearense Delmiro Porfírio de Farias e da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia, o futuro empreendedor ficou órfão aos 15 anos de idade, quando começou trabalhar como cobrador em uma companhia de trem no Recife. De lá até se tornar o ‘Rei das Peles’, como maior comerciante do gênero, foram apenas cinco anos. Delmiro Gouveia tinha tino para os negócios. No Recife, foi proprietário não só do Mercado-modelo (atual Quartel do Derby), mas também de um hotel de status internacional (hoje Memorial da Medicina de Pernambuco) e da Usina Beltrão (mais tarde, Fábrica Tacaruna). “Entrou para a história da capital, com uma trajetória polêmica. Ele foi amado e odiado”, revela Edvaldo. De acordo com o pesquisador, ele transitou entre intelectuais de diversas vertentes ideológicas. “Era um homem de respeito em Apipucos, onde realizava eventos com a alta sociedade. Entre seus admiradores estavam Assis Chateaubriand, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Otávio Brandão, Pedro Mota Lima, dentre tantos outros. Mas também era um don juan, afeito aos namoros, do tipo que não levava desaforo para casa”, destaca. Dentre os seus desafetos estavam o Conselheiro Rosa e Silva, vice-presidente da República entre 1898 e 1902, a quem teria agredido no Rio de Janeiro, e o então governador de Pernambuco Sigismundo Gonçalves. “Ele se envolveu com a amante do governador e saiu do Recife para não morrer”, conta. Assassinado em 10 de outubro de 1917, Delmiro Gouveia estava na varanda de seu chalé quando foi alvejado com três tiros. Sua morte nunca foi totalmente esclarecida. “Na versão oficial, foram condenadas três pessoas como autores materiais e duas como autores intelectuais. Entretanto, há controvérsias na história e nos processos. Por isso, biógrafos e historiadores levantam várias possibilidades. Existe quem defenda que tenha sido em razão do envolvimento com a filha do capitão Firmino Rodrigues; quem diga que tenha sido por uma agressão cometida com Herculano Vilela, na Feira de Água Branca; outros que seria ainda consequência da briga com oligarquia pernambucana”, finaliza.

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15 imagens da Rua do Bom Jesus Antigamente

A Rua do Bom Jesus, apontada neste mês como uma das três vias mais bonitas do mundo pela publicação norte-americana Architectural Digest, é o destaque de hoje da coluna Pernambuco Antigamente. Um das mais charmosos passeios públicas do Recife abriga prédios históricos, como a primeira sinagora das américas (a Sinagoga Kahal Zur Israel). Para Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundaj: "Desde o tempo da ocupação holandesa, a Rua do Bom Jesus era a mais importante do Bairro do Recife, possivelmente em decorrência de seu traçado natural de velha estrada, que conduzia viajantes procedentes de Olinda". Fundada no século 15, inicialmente foi chamada de Rua do Bode e, posteriormente, Rua dos Judeus e de Rua da Cruz, antes de receber o nome atual. A Kahal Zur Israel, que significa Rocha de Israel, funcionou entre 1636 e 1654. A visita à sinagoga é obrigatória para quem faz um passeio pelo Bairro do Recife a turismo. Confira abaixo as imagens da Villa Digital (Fundaj) 1. Cortejo na Rua do Bom Jesus, em 1894 (Fotografia adquirida pelo museu do açúcar a Benício Dias em 1963) 2. Rua do Bom Jesus - é possível ver a Torre Malacoff no final da imagem 3. Caminhante solitário na Rua do Bom Jesus, em 1899   4. Postal da Rua do Bom Jesus datada de 1907 (Acervo Josebias Bandeira, Fundaj) . 5. Rua do Bom Jesus, em 1913, num período de demolição de parte do Recife Antigo (Foto: Acervo Benício Dias/Fundaj) . 6. Rua do Bom Jesus, em 1920 . 7. Fotografia da Rua do Bom Jesus, em 1920 (Página Recife Antigamente)   8. Carros antigos na Rua do Bom Jesus, em 1940.   9. Trilhos na Rua do Bom Jesus. No primeiro plano, na sombra, um transporte de tração animal trafegando na via.   10. Cartão Postal da Rua do Bom Jesus e Torre do Arsenal da Marinha (Acervo Josebias Bandeira, Autor Ramiro M. Costa) . 11. Rua do Bom Jesus (sem descrição da data) . Como este é um post especial, pois não é todo dia que uma rua do Recife ganha uma distinção internacional, trazemos hoje também as imagens da algumas pinturas da Rua do Bom Jesus, que encontramos no blog Recife Antigo, pinceladas de história sobre o berço do Recife. 12. Rua do Bom Jesus. Cromolitografia de L. Krauss, 1878 . 13. Rua dos Judeus - Mercado de Escravos - 1641 , de Zacharias Wagener . 14. Arco do Bom Jesus - Maria Graham - 1821 . 15. Rua da Cruz - 1852 - Emil Bauch . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Livro sobre imaginário pernambucano tem lançamento virtual

Na reta final da série de lançamentos virtuais de suas publicações, a Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) lança o “Almanaque Pernambucano dos Causos, Mal-Assombros e Lorotas”, assinado pelo jornalista Roberto Beltrão e pela socióloga Rúbia Lóssio. O evento está marcado para a próxima sexta-feira (24) das 17h às 18h no canal da Fundaj no YouTube, com a participação de ambos os autores. A obra é fruto de pesquisas de campo nas regiões pernambucanas e referências bibliográficas de autores locais, como Gilberto Freyre, Jayme Griz, Pereira da Costa, Fátima Quintas, entre outros. Em formato de almanaque, o livro reúne verbetes e é dividido por meses do ano, possuindo, consequentemente, 12 capítulos, além de ilustrações exclusivas do artista plástico Fábio Rafael. O trabalho começou em 2010, sendo publicado originalmente no ano de 2014. O escritor Roberto Beltrão, que já publicou seis livros desde 2002, destacou que o “Almanaque Pernambucano dos Causos, Mal-assombros e Lorotas” traz narrativas que refletem a dimensão do imaginário. “É um livro que serve para pesquisa, mas que também é lúdico e tem um espírito muito do pernambucano porque ele traz histórias recentes e antigas que estão próximas da gente. Não é uma obra com sentido definitivo, mas ela é introdutória, levando as pessoas ao entretenimento. A partir das referências, é possível se aprofundar e reviver o imaginário”, afirmou. A folclorista Rúbia Lóssio ressaltou que a obra valoriza os símbolos que permeiam esse folclorismo. “Encontramos riquezas nos mitos e nas lendas, que retratam o valor do imaginário popular. A cultural tem uma riqueza imensa, é atemporal e está ligada à questão do afeto e da singularidade. O livro é um produto de várias pesquisas realizadas nas regiões de Pernambuco”, pontuou. Serviço Lançamento virtual do livro “Almanaque Pernambucano dos Causos, Mal-assombro e Lorotas” Data: 24 de julho de 2020 Horário: das 17h às 18h Plataforma: canal da Fundaj no YouTube Participações: jornalista Roberto Beltrão e socióloga Rúbia Lóssio

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Livro sobre agente secreto no Brasil é lançado pela Cepe

A história de um agente duplo, desconhecida pela maioria dos brasileiros, vem à tona numa narrativa repleta de eventos impressionantes, ocorridos no obscuro cenário dos meses que antecederam o golpe militar de 1964. Este episódio inspirou o historiador carioca Raphael Alberti a escrever "Um espião silenciado", a ser lançado pela Cepe Editora no próximo dia 23, às 17h30, num bate-papo entre o autor e o editor Diogo Guedes. O lançamento virtual acontecerá no canal da editora no YouTube (https://bit.ly/canalcepe). A descrição do ambiente da época, marcado pela Guerra Fria, ilustra o clima de tensão no qual o jornalista José Nogueira, o espião, transitava. Com desenvoltura, o controverso personagem exerceu as funções de agente secreto do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) e de principal informante do deputado Eloy Dutra na CPI do Ibad-Ipes e dos jornalistas Zuenir Carlos Ventura, do Tribuna da Imprensa, e Pedro Müller, do Jornal do Brasil, entre outras funções à esquerda e à direita. Foi José Nogueira, por exemplo, quem tornou pública a existência da Ordem Suprema dos Mantos Negros, também chamada de Maçonaria da Noite, inspirada na seita estadunidense Ku Klux Klan. Num primeiro momento, Raphael Alberti começa a narrativa com a abordagem dos acontecimentos dos dias 2 de março de 1963 até alguns dias após a morte de José Nogueira, em 13 de março do mesmo ano. Em seguida, analisa os três possíveis motivos para a queda do espião, da sacada de seu apartamento no Rio, evidenciando as falhas policiais. Por último faz um apontamento das principais pessoas denunciadas por Nogueira, que poderiam ter ordenado ou cometido o crime, e suas relações interpessoais. O grande desafio do escritor foi encontrar documentos históricos que comprovassem alguns desses fatos da vida de José Nogueira. “Por mais de 50 anos essa história foi relegada. Nem sequer no relatório de mortos e desaparecidos políticos da Comissão da Verdade ela se encontra. A cada dia me convenço mais que as ideias são mesmo à prova de balas. E a verdade, à prova de queda”, analisa Raphael. Foram dez anos dedicados à pesquisa, que começou por acaso, com a monografia da graduação em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O autor examinava os registros da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes), acusados de crime eleitoral. E se deparou com um parágrafo que indicava o assassinato de um jornalista pelo Ibad. Raphael já tinha lido a bibliografia do instituto e não havia encontrado nada sobre o homicídio. Foi então que começou a sua busca para revelar a história. O jornalista e escritor Eumano Silva, Prêmio Jabuti 2006 de melhor livro-reportagem por Operação Araguaia: Os arquivos secretos da guerrilha, assina o prefácio de Um espião silenciado. Já nessa introdução a abordagem sobre as dificuldades do trabalho de pesquisa ganham destaque pela sua gravidade: “Raphael sofreu com a resistência de órgãos civis e militares em liberar documentos de interesse público, apesar da Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2012.” Com tantos problemas na busca documental, Raphael acabou entrando com um mandado de segurança contra a Polícia Civil, em 1º de setembro de 2017, pelo que considerou ter sido abuso de autoridade. Ele alegou violação da lei e em 29 de janeiro de 2018 o Ministério Público deu parecer favorável ao pedido em primeira e segunda instância. Nas perguntas lançadas no início do segundo capítulo, o autor resume bem o sentimento da busca por respostas: “O quão difícil é encontrar documentação de um agente secreto? E de um agente secreto do órgão de inteligência mais reservado em um país onde os torturadores da ditadura civil-militar não foram punidos e todos os presidentes da redemocratização fizeram acordos com militares para ocultação de documentos?”. O livro é resultado desse esforço de pesquisa, que ainda valerá uma versão para o cinema, pois o autor já se debruça na tarefa de adaptá-lo para essa plataforma, juntamente com o roteirista carioca Vitor Garcia. A dupla já tem duas cenas prontas, só falta produtora para investir no projeto. SOBRE O AUTOR Raphael Alberti nasceu no Rio de Janeiro e é mestre em história, política e bens culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas. Atualmente é professor de História no município de Caruaru, em Pernambuco. SERVIÇO Lançamento virtual de Um espião silenciado Data: 23 de julho, às 17h30, no Canal da Cepe no Youtube (https://bit.ly/canalcepe) com uma conversa entre o autor e o editor da Cepe, Diogo Guedes Preço: E-book R$ 9,00. No dia 23 o livro estará disponível na loja virtual da Cepe Editora (https://www.cepe.com.br/lojacepe/)

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Cais do Sertão com programação especial online sobre o Cangaço

O legado do cangaço à cultura nordestina ganha programação especial no Centro Cultural Cais do Sertão até o dia 2 de agosto. O movimento será lembrando com extensa e plural programação online. Os internautas terão acesso a debates, lives temáticas, vídeos interdisciplinares e playlists abordando sempre a herança deixada pelos cangaceiros na história. “A história do cangaço é primordial para entendermos a formação social e cultural do Nordeste. Principalmente neste período de isolamento social, compreender a narrativa combatente e de resistência do nosso povo a partir da cultura e interlocução faz-se primordial”, analisa a gerente do Cais do Sertão, Maria Rosa Maia. Na quinta-feira (30), o Conexão Cais contempla interlocução com a jornalista Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita e pesquisadora do Cangaço. Durante a live, ela vai comentar o legado cultural e social deixado por Lampião e Maria Bonita. O debate será mediado pela educadora Viviane Sampaio. Na semana seguinte, o fundador da ABLAC – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço e sócio da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Aderbal Baptista, discorre sobre o “Movimento do Cangaço no Nordeste. A mediação é de outro educador do Cais, Sandro Santos. Além das lives e bate-papos, o museu lança vídeo interdisciplinar sobre a estética do cangaço, exemplificado nas roupas de couro curtido e armamentos. A playlist também contempla artistas que se debruçaram sobre o movimento, a exemplo de Marinês, a Rainha do xaxado. “Os xaxados de Marinês” é assinada pelo músico-educador do Cais, Diogo do Monte. Todo o conteúdo pode ser acessado gratuitamente no instagram do @caisdosertao. Serviço Conexão Cais: 30/07 - O legado cultural e social de Lampião e Maria Bonita, com Vera Ferreira. As lives acontecem às 15h, no perfil @caisdosertao; Playlist “Os Xaxados de Marinês” pode ouvida no Spotify do Cais.    

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O Recife no escritos de Laís (por Paulo Caldas)

*Paulo Caldas A palavra de ordem dita pela recifense Laís Araruna de Aquino, neste “Juventude” (Editora Reformatório, 2018, projeto gráfico Negrito Produção Editorial, vencedor do prêmio Maraã de poesia 2017, chega na voz de um arauto chamado emoção. Já nos primeiros proclamas é possível perceber que Laís tomou fôlego na reflexão ao conceber o poema “A um bruxo com amor”, recado revelador de sentimentos entre chuvas, sol e vento. Em mensagens outras, se veste de elogiável singeleza quando no texto em prosa poética “Meu Ofício”, como quem beija o sopro da brisa, escreve tal Pena Filho aos rios e matizes: “As águas e os céus se dividem em duas metades de esplêndido azul”. Ainda neste universo tão seu, se atém às raízes quando cita dois meros vendedores de doce japonês mercadejando numa tarde maurícia. Ao lado do filão temático, ungido pela reflexão, não obstante idas e vindas por outros mundos, Laís se esquiva desse contexto, fecha as cortinas e põe os pés travessos nas ruas e casarios, becos e praças, pontes e rios que impõe um lugar único, só seu: o Recife. Há instantes em que autora resgata a voz narrativa na segunda pessoa, prática de um certo antes, esquecida nos poetas do agora. “Não sabes o exato momento em que a tarde cede à escuridão”, no poema “Veloz”, ou “Tudo está bem, mesmo as coisas fora de lugar, és jovem, podes o recurso extremo...”, em “Juventude”, poema título do livro. Os sentimentos propalados no texto de Laís, mesmo quando reflexivos e tangenciam vestígios do hermetismo, seguem numa perene simbiose, envolvidos pelo intimismo do cotidiano e o apego aos elementos da natureza. Assim emerge rumo a Manoel de Barros com quem, de mãos dadas, divide a pantaneira voz: “Poesia não é feita para entender mas para incorporar”.

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Literatura infantil e juvenil é tema de debate virtual da Fundaj

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) em parceria com a Feira Literária do Vale do Ipojuca (Flipojuca) realizará mais uma live no seu Instagram (@fundajoficial) sobre o mundo literário. No encontro virtual, a escritora Flávia Côrtes e o professor Antonio Nunes discutirão os “Rumos atuais da literatura infantil e juvenil”, nesta sexta-feira (17), às 18h. “Foi com grande alegria que recebi o convite para participar da live. Neste momento de confinamento que estamos vivendo, a literatura se torna ainda mais imprescindível para nos mantermos sãos. A Flipojuca e a Fundaj estão de parabéns por ampliar o acesso à cultura dessa forma digital”, declarou a vice-presidente da Associação de Escritores e Ilustradores Infantil e Juvenil, Flávia Côrtes. Já o professor Antônio Nunes, escritor premiado em literatura infanto-juvenil, ressaltou que é importante mostrar a função primordial da leitura literária, buscando assim resgatar a sua essência. "A literatura infantil e juvenil precisa retornar às origens, da qual tem se afastado continuadamente. Temos que discutir essa problemática do distanciamento, analisando o que tem sido ofertado editorialmente", destacou. Como escritor e pai de crianças, Nunes disse estar preocupado com o hábito de ler das crianças e dos jovens. "É com a leitura que as pessoas constroem ideias, fantasias, encantamentos e também descobrem o mundo. O tempo dedicado à literatura não é apenas um passatempo, mas sobretudo contribui para a formação. A ficção, inclusive, leva você a construir respostas”, afirmou. Serviço Live: “Rumos atuais da literatura infantil e juvenil” Data: 17 de julho de 2020 Horário: 18h Plataforma: Instagram da Fundaj (@fundajoficial) Participantes: escritora Flávia Côrtes e professor Antonio Nunes

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8 fotos de lojas do Recife Antigamente

No dia do comerciante (16 de julho), a coluna Pernambuco Antigamente preparou uma seleção imagens de lojas, feiras e comerciantes de rua do Estado antigamente. Os mais saudosistas irão lembras de grandes marcas que fizeram história na capital pernambucana, como a Mesbla, e de várias ruas conhecidas pelo seu comércio fervilhante, em tempos que não havia ainda shoppings ou que eles não eram tão predominantes na rotina de compras das capitais. As imagens são de diversas fontes. Clique nas fotos para ampliar. Mesbla, no Recife. (Foto: Poraqui)   Comércio na Praça da Independência. (Foto: Fundaj/Acervo Josebias Bandeira) Recorte da Rua da Imperatriz, com destaque para a Livraria Imperatriz e para as Lojas Brasileiras Casa Sloper, na Rua Nova (Foto: Fernando Machado) Livro 7, uma das referências entre as livrarias brasileiras (Foto: Blog Angústia Criadora) Mais uma vez a Rua Imperatriz, com seu forte comércio de rua, em 1983 (Foto: Página do Fcebook Recife Antigamente, cedida pelo seguidor Fernando Alves Ferraz) Bompreço de Casa Amarela (Imagem: Frame de uma publicidade antiga do supermercado)   Para finalizar, não podemos falar de comércio sem apresentar a Feira de Caruaru (Foto: Fundaj) . Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafaeldantas.pe@gmail.com | rafael@algomais.com)

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