Arquivos Cultura E História - Página 235 De 377 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Tereza: Rainha de Cabinda, escrava em Pernambuco

No município de Ipojuca, na Mata Sul de Pernambuco, viveu uma escrava, de nome Tereza, que antes do seu cativeiro fora “Rainha de Cabinda”, como atestavam os anéis de cobre dourados que trazia nos braços e nas pernas. A colonização de Ipojuca tem início em cerca de 1560, com a implantação da agroindústria do açúcar nas terras férteis do massapê do seu território. Para mão de obra necessária ao plantio e produção foram, de início, escravizados os índios caetés, logo depois substituídos por africanos trazidos da Costa da África. Por ocasião da invasão holandesa, em 1630, existiam em Ipojuca 67 engenhos, 20 dos quais de fogo morto; destes, cinco foram confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais. Dentre os engenhos em atividade, “o Sibiró de Baixo ficava localizado na margem direita do Rio Sibiró, a uma boa milha ao sudoeste do engenho Sibiró de Cima (de Riba) ou Sibiró do Bom Jesus (Sirinhaém), pertencente a Manoel de Navalhas”. Suas terras tinham duas milhas de extensão, com uma várzea razoável, mas a maior parte consistia de pastos. Sua moenda era movida à água, podendo produzir, anualmente, 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar e pagava de imposto 80 arrobas de açúcar branco, encaixado, levado para o passo do engenho”. (Relatório de Schott, 1636). Fato curioso é que em dezembro de 1816 o viajante francês Louis-François de Tollenare conheceu nesse engenho uma rainha africana chamada Tereza, na condição de escrava do engenho Sibiró, segundo registra no seu livro: Notas Dominicais (Recife, 1978). Trava-se de uma bela mulher, de 27 a 28 anos, muito alegre e faladeira. Tereza fora rainha em Cabinda, na região de Loango, também situada na África Centro-Ocidental. Flagrada em adultério, acabou sendo considerada à escravidão em sua terra. Escreveu Tollenare: “Quando chegou ao Brasil trazia nos braços e nas pernas anelões de cobre dourados; as suas companheiras testemunhavam-se muito respeito. Era imperiosa e recusava-se a trabalhar" "Nós europeus, supomos logo que os grandes revezes da fortuna despertam considerações; mas, Tereza foi violentamente fustigada; submeteu-se a sua sorte e, de má rainha que fora, tornou-se uma excelente escrava. Há dois anos, uma das negras que trabalham na moenda adoeceu; Tereza foi designada para substituí-la; pouca afeita àquele trabalho, teve a infelicidade de deixar que uma das mãos fosse presa nos cilindros, quis desvencilhar-se com outra mão, que também foi agarrada; ambas ficaram esmagadas, sendo necessário a amputação dos dois braços. Vi a pobre Tereza neste lamentável estado”. E o viajante Louis-François de Tollenare termina por se compadecer do destino de Tereza, esta rainha africana transformada em escrava em terras da Zona da Mata de Pernambuco, registrando esse pungente depoimento: Os ternos sentimentos que a precipitaram do fastígio das grandezas, não na abandonaram no seu humilde cativeiro. Tereza coroada pelo amor, invoca aqui este Deus para sua consolação; há três meses deu à luz um filho, cujo pai ignora quem seja. Prendi ao colar de sua majestade uma agulheta de ouro que nos fez bons amigos, ou, para me expressar mais respeitosamente, colocou-me tão na sua mercê, que só dependeu de mim fazer ao Rei de Cabinda o ultraje do qual Jocondo se consolou”.

Tereza: Rainha de Cabinda, escrava em Pernambuco Read More »

Lorena Calábria lança livro sobre 25 anos do disco Da lama ao caos

Em 1993, o cantor Chico Science, acompanhando da banda Nação Zumbi, entrava, pela primeira vez, em um estúdio profissional para gravar o disco Da lama ao caos. Após um ano, a obra foi lançada e causou estranheza no mercado por fugir do estilo das composições que marcavam presença nas paradas musicais da época. Porém, pouco tempo depois, a mistura de rock, hip hop, funk e ritmos pernambucanos, como maracatu, ciranda e coco, ficou conhecida como Manguebeat e alcançou projeção internacional. O que fez um álbum tão desacreditado chegar ao sucesso, ser cultuado e considerado, até hoje, um clássico? Para a jornalista carioca Lorena Calabria, Da lama ao caos não era apenas um disco, mas um conceito, ideia que ela conta no livro “Chico Science & Nação Zumbi – Da lama ao caos”, que será lançado dia 18 de setembro, às 9h, no Cineteatro da AESO-Barros Melo. Na ocasião, a escritora também ministra palestra que fala sobre o processo criativo da produção, que faz parte da coleção O Livro do Disco (Cobogó Editora), onde são retratados ensaios sobre grandes obras do mundo da música. A partir de muitas conversas com parceiros da banda, familiares e pessoas que fizeram parte da trajetória do álbum, a autora resgata a atmosfera da época para dar o tom do que significou o Manguebeat – e o lançamento do álbum – na música brasileira. “Como jornalista, acompanhei toda a trajetória do disco. Com anos de profissão, depois de testemunhar o surgimento do rock nacional nos anos 80, nada me empolgava muito na década seguinte. Já na primeira audição do Da lama ao caos veio o baque: todo tipo de som que me interessava – rock, samba, funk, soul, jazz, hip hop – estava ali, convivendo com ritmos pernambucanos ainda desconhecidos para mim. Mas foi no primeiro show que fui, em 1994, como plateia, que senti estar diante de uma revolução. Música, dança, identidade visual. Periferia, tecnologia, regional, universal. Chico Science & Nação Zumbi virara minha pátria. Minha e de mais um bando”, relembra Lorena. Sobre a banda Chico Science & Nação Zumbi foi a banda ícone do movimento Manguebeat e se tornou referência para a cena musical no país – desde a década de 1990 até hoje. A formação responsável pelo disco Da lama ao caos era composta por Chico Science (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão), Jorge du Peixe, Gilmar Bolla 8 e Gira (alfaias) e Canhoto (caixa). O cantor, compositor e líder da banda Chico Science foi uma espécie de “cientista dos ritmos”. Sua busca pela batida perfeita uniu de maneira extremamente original o regional ao universal, criando uma nova sonoridade para a música brasileira. Chico Science participou dos dois primeiros discos – Da lama ao caos (1994) e Afrociberdelia (1996) – e de duas turnês internacionais com a banda, antes de sofrer um acidente de carro fatal em 1997. Sobre a autora Lorena Calábria é jornalista de cultura, formada em Comunicação Social pela UERJ. Desde 1985, vem atuando em TV, rádio, web e mídia impressa. Trabalhou como repórter na revista Bizz (Editora Abril), TPM (Editora Trip) e Revista da Folha. Escreveu e/ou apresentou diversos programas, como Som Maior (Rede Manchete), Clip Clip (Rede Globo), Cine MTV, Metrópolis (TV Cultura), Ensaio Geral (Multishow), Rádio Café (Oi FM), Sonora Live (portal Terra), entre outros. Atualmente, dirige e roteiriza projetos de audiovisual na sua produtora, La Strada. Serviço Lançamento do livro “Chico Science & Nação Zumbi – Da lama ao caos”, com palestra da jornalista e autora da obra, Lorena Calabria Quando: 18 de setembro Horário: 9h Local: Cineteatro da AESO-Barros Melo - Av. Transamazônica, 405, Jardim Brasil II, Olinda, PE Entrada: Gratuita e aberta ao público

Lorena Calábria lança livro sobre 25 anos do disco Da lama ao caos Read More »

Festival Macuca das Artes anuncia Chico César em sua programação

Consagrado nome da música popular brasileira, Chico César é mais uma grande atração confirmada na grade do Festival Macuca das Artes 2019, que ocorre durante os dias 25 e 26 de outubro no Sítio da Macuca, Agreste pernambucano. Com oito álbuns lançados e músicas que ficaram marcadas no imaginário afetivo do público, Chico promete um show emblemático em sua estreia na Macuca. Em contato direto com a natureza, o Macuca Das Artes também já anunciou o nome de Arnaldo Antunes em sua programação, que contemplará diversas linguagens e intervenções artísticas. Além de uma aconchegante área de camping, piscina de água corrente e uma estrutura de banheiros que inclui opção de banho quente, o Festival também dispõe de restaurantes onde serão servidos café da manhã, almoço, jantar, petiscos e lanches. Incluindo opções veganas, vegetarianas e sem glúten. Os ingressos para o Festival Macuca das Artes custam de R$ 40,00 a R$ 140,00. Todos os valores dos bilhetes, camping e transfer, já estão disponíveis no site da Sympla: www.sympla.com.br/macucadasartes2019. SERVIÇO: FESTIVAL MACUCA DAS ARTES ANUNCIA CHICO CÉSAR EM SUA PROGRAMAÇÃO Dias 25 e 26 de outubro, no Sítio da Macuca, Agreste de Pernambuco Ingressose Transfer partindo de Recife e Garanhuns: de R$ 40,00 a R$ 140,00. Disponíveis no site da Sympla: www.sympla.com.br/macucadasartes2019 Assessoria de Imprensa: Rabixco Maurício Spinelli – (81) 9 7102.3573 Mexe Mexe Comunicação Luma Araujo – (81) 9 8532.6635

Festival Macuca das Artes anuncia Chico César em sua programação Read More »

Santa Isabel em Cena recebe o espetáculo "O Ideal e a Glória"

O projeto educacional Santa Isabel em Cena recebe, nesta terça (3), às 14h, o espetáculo "O Ideal e a Glória". Baseado na obra “Do ideal e da Glória – Problemas Inculturais Brasileiro”, lançando em 1977, a peça é protagonizada pelo ator Edjalma Freitas e tem direção de Quiércles Santana. Produzido por Osman Lins, o texto apresenta reflexões sobre o ato de escrever, o ofício de escritor - suas dores e desafios. Autor dos romances “A Rainha dos Cárceres da Grécia” e “Avalovara”. Osman dedica, neste ensaio, um olhar atento aos problemas da cultura brasileira, o empobrecimento cultural, a ausência da leitura e espaço para seus escritores. O Projeto de Educação Patrimonial – Santa Isabel em Cena é destinado a instituições de ensino, ONGs, centros comunitários, grupos artísticos e demais interessados. Durante o encontro, os visitantes passeiam pelos pavimentos do Teatro de Santa Isabel e tomam contato com sua deslumbrante arquitetura. Em seguida, assistem a uma apresentação cultural gratuita, com o objetivo de aproximá-los das linguagens artísticas. Serviço Projeto Santa Isabel em Cena Visitação e exibição da peça ""O Ideal e a Glória" Terça, dia 3, às 14h Teatro de Santa Isabel - Praça da República S/N Entrada gratuita, mediante agendamento. Para agendamentos de grupos e/ou instituições de ensino enviar e-mail para: teatrodesantaisabel.educativo@gmail.com

Santa Isabel em Cena recebe o espetáculo "O Ideal e a Glória" Read More »

Trilogia do Feminicídio aborda casos reais em formato de peça teatral

Com incentivo do Funcultura, através da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco, o projeto TRILOGIA DO FEMINICÍDIO traz à tona o universo de quatro mulheres e suas histórias: “APARECIDA”, “TRIZ” e “COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL”, e estreia no dia 04 de setembro no Teatro Hermilo Borba Filho. Baseados em histórias reais, esses espetáculos possuem direção executiva e artística de Eric Valença e foram formulados a partir de pesquisas com vítimas de violência doméstica, delegadas e profissionais em centros de acolhimento. No elenco estão as atrizes Gheuza Senna, Nínive Caldas, Laís Vieira e Tati Azevedo. Em curta temporada, TRILOGIA DO FEMINICÍDIO possui mais três datas no Teatro Hermilo Borba, com apresentações nos dias 05, 11 e 12 de setembro. Todos os espetáculos serão apresentados no mesmo dia, em horários seguidos e com bilheteria diferenciada com valor promocional de R$10 acrescido da doação de um item de higiene pessoal. Toda a renda será revertidapara compra de objetos de uso e asseio para serem doados a mulheres encarceradas e crianças nascidas no sistema penitenciário do estado de Pernambuco. O foco principal destas apresentações cênicas é o drama do feminicídio, onde cada fragmento mostra personagens que vivenciam a violência no cotidiano independentemente de sua condição social, status e história de vida. São relatos de mulheres que foram subjugadas, violadas, assediadas, exploradas, torturadas e perseguidas fisicamente, psicologicamente e moralmente. Para Eric Valença, além da denúncia, um dos objetivos da TRILOGIA DO FEMINICÍDIO é o de fortalecer a rede que cuida das mulheres que estão sendo ressocializadas. “Acreditamos que temos o dever de humanizar esse contexto e acreditamos que será através da arte em forma de teatro que vamos alcançar um maior número de pessoas”, explica. Sinopse dos espetáculos: APARECIDA, interpretada por Gheuza Senna, é o passional que não existe, é a morte em cores apresentada ao público. O desenvolvimento da personagem de Gheuza se deu em pesquisas realizadas no Centro de Referência Clarice Lispector, na Delegacia da Mulher através de boletins de ocorrências e no IML. "Aparecida é também uma referência a Nossa Senhora de Aparecida e gira em torno da força da mulher negra, ao mesmo tempo que questiona a posição da mulher com relação a esse poder que ela tem dentro da sua profissão. Ela faz uma análise entre ser mulher e ser negra dentro do universo da polícia e da investigação dos crimes de feminicídio", conta Gheuza. “TRIZ”, interpretada por Nínive Caldas e Laís Vieira, é onde vemos o círculo vicioso e o abuso introduzido na vida de forma involuntária. A pesquisa dos papéis das duas atrizes foram aprofundada através de conversas com psicólogas, assistentes sociais e advogadas junto ao Centro de Referência Clarice Lispector e a Secretaria Executiva de Ressocialização - SERES. "A peça TRIZ fala não só da violência física mais também da violência psicológica, da pergunta que não tem resposta: O por quê da pessoa se submeter a essa situação?", conta Nínive. “COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL”, interpretada por Tati Azevedo, mostra o que está em todo lugar, com a triste constatação de uma verdade revelada. Para a criação desses personagens, Tati realizou uma pesquisa no Centro de Referência Clarice Lispector, na Igreja Universal do Reino de Deus e na Delegacia da Mulher. A peça traz três personagens: uma mulher trans, a Pastora Adélia e Mainha, uma parteira e rezadeira. "A peça é aquilo que nunca queremos encontrar ou o que temos e não queremos revelar. É a violência domesticada na alma da mulher desde seu nascimento. É uma herança com o manto da obrigação, da subserviência, de não ter vontade própria, de estar à margem da pobreza e da ignorância” revela Tati. Serviço: TRILOGIA DO FEMINICÍDIO “Aparecida” / “Triz” / “Coisas que Acontecem no Quintal” Local: Teatro Hermilo Borba Filho Dias: 04, 05, 11 e 12 de setembro Quarta / 04/09 18:30 COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL 19:40 APARECIDA 21:00 TRIZ Quinta / 05/09 18:30 TRIZ 19:40 COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL 21h APARECIDA Quarta / 11/09 18:30 APARECIDA 19:40 COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL 21h TRIZ Quinta / 12/09 18:30 TRIZ 19:40 COISAS QUE ACONTECEM NO QUINTAL 21h APARECIDA Preço: R$ 10,00 (Promocional) + 1 item de higiene pessoal a ser doado

Trilogia do Feminicídio aborda casos reais em formato de peça teatral Read More »

Festival No Ar Coquetel Molotov se aproxima ainda mais da música eletrônica e confirma Gui Boratto

Há 16 anos no Recife (PE), o No Ar Coquetel Molotov é, indiscutivelmente, um festival que adora lançar tendências ao se jogar em diferentes caminhos e por sempre apostar em novos nomes da música emergente, enquanto também celebra artistas clássicos. Nesse cenário, pode-se afirmar, que a música eletrônica tem crescido cada vez mais. Em 2017, Recife recebeu a festa paulista Mamba Negra no palco do festival e ano passado foi a vez da Selvagem sair de São Paulo e ir até a capital pernambucana. Para este ano, dia 16 de novembro, além da festa GopTun, que vai encerrar um dos palcos, o evento terá o reverenciado ícone da música eletrônica, Gui Boratto. Com o disco Pentagram lançado em 2018, quase dez anos depois de Take My Breath Away, e um EP deste ano chamado Human, Gui Boratto sobe aos palcos do festival logo depois de uma breve apresentação de Coppola, aposta do selo DOC Records, que pertence a Gui. "Fazer um warm up pro Gui é como tocar em casa, um ambiente totalmente livre para explorar novas músicas e pegadas diferentes na pista! Além de trabalharmos juntos, tem o lance da amizade entre a gente, o que facilita muito as coisas", afirma Coppola. A produção do No Ar conta que está bem ansiosa para essa apresentação. É a primeira vez que a música eletrônica ocupa um espaço de grande destaque no festival em Recife: "Já tivemos performances memoráveis, como da Milena Cinismo, do Batekoo Rec, NoPorn, Teto Preto, além de Iury Andrew e Ana Gizele, que ano passado abriram o show de Azealia Banks. Sem contar as festas que já recebemos, como Mamba Negra e Selvagem. Mas agora com Gui Boratto vai ser bem diferente. Acho que ele vai tocar para um público completamente novo, que não tem o costume de ir nas festas de música eletrônica da cidade", aponta Ana Garcia, idealizadora do evento. "Vale ressaltar que a cena underground tem crescido muito em todo Brasil e naturalmente no Recife. Temos diversas festas como a Hypnoss, Reverse, Batekoo, além de DJs que têm fomentado a cena como Libra, Pedro Renor, Iury Andrew, Milena Cinismo e outros", continua a produtora. Ana Garcia ainda lembra de como conheceu Gui Boratto: "Sou fã dele desde 2007! Lembro que quando ele lançou Chromophobia fui convidada pela inglesa Plan B (revista do icônico jornalista Everett True) para entrevistá-lo. Vi Gui crescendo de longe e sempre pareceu uma figura impossível de trazer para o No Ar, apesar dele sempre dialogar com festivais, tocando, inclusive, no Primavera Sound. Mas aí o time dele entendeu o nosso propósito e será marcante encerrar o festival com um nome tão grande". NO AR Com uma atuação cada vez mais engajada com acessibilidade e um compromisso selado com a sustentabilidade ambiental, o festival No Ar Coquetel Molotov teve ingressos esgotados nos dois últimos anos atraindo oito mil pessoas no Caxangá Golf Club em cada edição. O No Ar tornou-se mais que uma imensa festa para os apreciadores de música e diversão e virou um espaço onde a diversidade é respeitada e incentivada. Um festival de resistência que preza pelo respeito e fortalece suas ativações com importantes parcerias, sendo o único que tem a Women Friendly - Empresa Amiga da Mulher como parceira. Para 2019, até agora o line up conta com Liniker & os Caramelows, Black Alien, MC Tha, a iraniana Sevdaliza, Rosa Neon e Drik Barbosa, além da festa Goptun e, claro, Gui Boratto e Coppola. Mas a programação vai além e ainda conta com cinema, moda, dança e economia criativa em vários locais da capital pernambucana. Com apresentação do TNT Energy Drink e pelo terceiro ano consecutivo no Caxangá Golf Club, essa será mais uma edição com muita música e ações de sustentabilidade, igualdade de gênero e acessibilidade. Ingressos já estão à venda pela Sympla aqui e os patrocínios são da Baterias Moura, cerveja Itaipava e Natura Musical. SERVIÇO No Ar Coquetel Molotov 2019 Shows com MC Tha, Drik Barbosa, Rosa Neon, Sevdaliza, Black Alien, Gop Tun e Liniker e os Caramelows, entre outros Local | Caxanga Golf Country Club - Av. Caxangá, 5362 - Iputinga Data | 16.11 Horário | a partir das 13h Ingressos LIMITADOS | 2º Lote: R$ 55,00 (meia), R$ 110,00 (inteira) e R$ 80,00 (social - levar 1 kg de alimento não-perecível) Link para compra online | www.sympla.com.br/noar2019 Pontos de venda | Avesso (Avenida Rui Barbosa, 806) – seg a sexta, das 9h30 às 19h30 e sábado das 9h às 18h. Formas de pagamento no local | Dinheiro Classificação indicativa para 16 anos com desde que estejam com esta autorização por escrito e com firma reconhecida pelos seus responsáveis legais em duas cópias. www.coquetelmolotov.com.br | www.facebook.com/noarcm

Festival No Ar Coquetel Molotov se aproxima ainda mais da música eletrônica e confirma Gui Boratto Read More »

Sinagoga Kahal Zur Israel promove curso sobre festividades judaicas

Na noite de 30 de setembro de 2019 – equivalente ao dia 1 do mês de Tishrê – se iniciará um novo ano no calendário judaico: 5780. As datas significativas ao longo de 12 meses, cada qual repleta de história, ritos e símbolos, são tema de curso promovido pelo Museu-Sinagoga Kahal Zur Israel. A segunda edição do curso "Calendário Judaico – Festividades" começa dia 3 de setembro e segue por todas as terças do mês, na própria Sinagoga, no Recife Antigo, das 19h às 21h, ao custo de R$ 160 – as inscrições estão abertas. Os encontros prometem uma viagem em que se faz possível estabelecer conexões e decifrar o mistério da continuidade do povo judeu. As aulas serão ministradas por Jáder Tachlitsky, coordenador de Comunicação da Federação Israelita de Pernambuco. O curso interpretará como foi definido o ano judaico, o conteúdo de suas festividades e de seus dias solenes. Será traçado um paralelo entre vivências do passado e do presente. "Músicas, danças, teatro, orações, contos, culinária. São diversas as formas que expressam essas vivências. Há dias mais tristes, outros mais alegres. Há momentos de reflexão e outros de explosão criativa. Tudo, no entanto, possui um fio condutor. Não é um fio esticado. Ele se enrola como um novelo de lã, que caminha pela história, cada vez mais espesso. Mas ele nunca perde de vista de onde se originou. E possui a talvez ingênua crença de saber onde pretende chegar", diz Jáder. "As festas em geral possuem diversas facetas, sejam de caráter religioso, cultural ou histórico. Muitas possuem vínculo com o calendário agrícola. Algumas são festas propriamente ditas, com seus diversos rituais. Outras são momentos solenes, reportando-se à memória de algum fato relevante. Certas datas são comemoradas há milênios, outras estão ligadas a acontecimentos contemporâneos", explica. O curso antecede a celebração do Rosh Hashaná, o ano novo judaico, que simboliza um período de dez dias de reflexão e introspecção e finda em outra festividade, o Yom Kipur. É uma das mais importantes datas do calendário, o Dia do Perdão. SERVIÇO Curso "O Calendário Judaico - Festividades" No Museu-Sinagoga Kahal Zur Israel: Rua do Bom Jesus, 197, Recife Antigo Dias 3, 10, 17 e 24 de setembro, das 19h às 21h Inscrições pelo telefone (81) 3224.2128 ou pelo e-mail fipe.sec@israelita.org.br Valor: R$ 160

Sinagoga Kahal Zur Israel promove curso sobre festividades judaicas Read More »

Um passeio pelo estilo da Art Déco no Recife

Neste domingo (1), o grupo Caminhadas Domingueiras, que é conduzido pelo consultor e arquiteto Francisco Cunha, fez um passeio pela cidade do Recife para observar os prédios que tiveram a influência do estilo arquitetônico da Art Déco. Essa escola teve sua manifestação espalhada pelas artes visuais, arquitetura, design de interiores, cinema, moda, entre outros. Internacionalmente esse movimento ocorreu de forma mais forte entre 1925 e 1939. Na arquitetura brasileira, muitos edifícios foram erguidos ou projetados sob a influência da Art Déco durante a ditadura de Getúlio Vargas. No Recife, a região mais emblemática que foi planejada sob a influência desse estilo arquitetônico é na Avenida Guararapes. A imponência dos prédios, o design destacando a verticalização, uso de formas geométricas e a simplicidade das fachadas (como um contraponto aos estilos anteriores mais rebuscados) são algumas das características dessa escola na arquitetura. Na caminhada Francisco Cunha lembrou da referência dos navios antigos. Muitos desses prédios, de fato, trazem a lembrança da imagem de grandes embarcações do passado. O nome "Art Déco" é originado do termo francês "Arts Décoratifs" que tem como significado Artes Decorativas. A caminhada partiu do Marco Zero do Recife e com poucos metros do passeio, ainda na Av. Alfredo Lisboa, o grupo se deparou com o prédio da Receita Federal. Ainda no Bairro do Recife foi possível identificar edificações na Rua do Bom Jesus e na Avenida Rio Branco com as características da Art Déco. . . . . Seguindo pelas ruas do Bairro de Santo Antônio, os destaques foram para o atual prédio da OAB-PE, antigo Jornal do Commercio e para toda a Avenida Guararapes, que tem, por exemplo, o prédio dos Correios. Fizemos ainda uma parada na Praça do Sebo, que fica "no quintal" dos vários prédios. . Vista dos prédios a partir da Praça do Sebo. Ainda no Bairro de Santo Antônio, passamos pela antiga Confeitaria Glória, que foi o lugar onde João Pessoa foi assassinado. O crime foi fundamental para a Revolução de 30, que levou Vargas ao poder. Foi durante o período do Estado Novo, a partir de 37, que o ex-presidente incentivou o uso da influência Art Déco na arquitetura. A confeitaria era vizinha do Cinema Art Palácio,  fundado na década de 40, que tem uma característica mais moderna, mas também recebeu influências do Art Decó. . . . Entrando pela Boa Vista, a recepção da Art Déco veio pelo Cinema São Luiz. "O cinema São Luiz, pertencente ao grupo de Luiz Severiano Ribeiro, foi inaugurado no térreo do Edficio Duarte Coelho, no dia 7 de setembro de 1952, com modernas e luxuosas instalações", afirmou Lúcia Gaspar, da Fundaj, no artigo Cinemas Antigos do Recife. Na Avenida Conde da Boa Vista pudemos observar outras edificações com os traços típicos desse período. . Pela Boa Vista passamos ainda pela Escola de Engenharia, na Rua do Hospício, pelo Hospital do Exército no bairro e pelo Santuário Nossa Senhora de Fátima. . . . Já na Encruzilhada, o grupo das  Caminhadas Domingueiras passou pela Escola Técnica Professor Agamenon Magalhães até chegar no mercado, que foi o ponto final do passeio. Na descrição da sua história, a escola afirma que "Em 1946, a ETEPAM estava passando por uma mudança de estrutura passando a funcionar nas instalações atuais. A escola foi apelidada de ‘’menina dos olhos do governo’’ devido aos constantes investimentos do governo na infraestrutura da instituição". Etepam. Já o Mercado da Encruzilhada, que funciona desde 1824, passou a estrutura atual em 1950, durante o governo de Barbosa Lima Sobrinho.     Os "Vestígios do Art Déco na cidade do Recife (1919-1961): abordagem arqueológica de um estilo arquitetônico" foi inclusive o tema da tese de doutorado de Stela Gláucia Barthel, em 2015. No resumo do seu trabalho ela conta que "Foi elaborada uma Base de Dados que identificou seiscentos e oitenta e três edifícios (...). Eles se encontram em quarenta bairros, distribuídos por todas as regiões da cidade. São obras de arquitetos, engenheiros, projetistas e de pessoas que nunca estudaram Arquitetura. Pertencem a todas as classes sociais. Foram construídos entre 1919 e 1961". Nas conclusões, a autora apontou que "Uma das constatações desta pesquisa é a de que no Recife o tempo do Art Déco se estendeu mais do que no restante do Brasil. A data mais recente é 1961, quando no resto do país isto vai até o início dos anos 50 (...). Entretanto a data mais antiga é 1919 e isto mostra que aqui o estilo chegou rapidamente, porque no mundo ele é datado no período entre guerras (1918-1939). Isto pode ter explicações pela posição que a cidade ocupa nas rotas marítimas ou aéreas, no contato com estrangeiros, que vieram trabalhar ou passear, na circulação de revistas e jornais trazidos por eles. Os bairros centrais, como o da Boa Vista e o de São José, apresentam exemplares desde 1919 e foram os pioneiros com a construção de edifícios mistos. Em todas as outras áreas da cidade há construções desde os anos 20. (...) A maioria dos autores estudados coloca como o auge do estilo no Brasil os anos 30, mas no Recife a maior parte das construções é dos anos 40. Ou seja, conviveu ainda com o Ecletismo tardio e com o Modernismo". Você pode acessar esse estudo no link: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/14975/1/tese.pdf Confira abaixo um vídeo que fizemos da Caminhada Domingueira do Estilo Art Déco. Em breve mais informações sobre o próximo passeio pelos estilos arquitetônicos do Recife.

Um passeio pelo estilo da Art Déco no Recife Read More »

"Bacurau" faz retrato de um Nordeste que insiste em resistir

Houldine Nascimento Em um primeiro momento, Bacurau, a comunidade retratada no filme homônimo dos diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, aparenta ser arcaica, mas vários elementos presentes na trama desmistificam essa impressão. Já nos minutos iniciais, o vilarejo localizado no “oeste de Pernambuco” demonstra estar bastante atento e conectado às novidades. O retorno de Teresa (Bárbara Colen) a sua terra natal serve de introdução para que o espectador tenha acesso às particularidades daquele ambiente. A falta d’água é uma realidade e o funeral da matriarca Carmelita (Lia de Itamaracá) reúne os habitantes, num rito que nada tem de melancólico, exceto pelo comportamento inapropriado da médica Domingas (Sonia Braga), uma das conselheiras do local. A partida da grande figura é o primeiro marco de “Bacurau” (Brasil/França, 2019), o filme – em cartaz nos cinemas brasileiros –, e antecede uma sequência de estranhos acontecimentos que a população passa a assistir. O clima de tensão é crescente: a cidade some do mapa. O caminhão-pipa que trafega com frequência para dentro e para fora da comunidade é misteriosamente atingido por tiros e cavalos soltos em disparada no fim de noite acentuam essa atmosfera. Isolada do restante do Brasil e abandonada à própria sorte, Bacurau resiste às inúmeras dificuldades a sua maneira. Há um senso de união entre os moradores, especialmente diante da chegada de um político oportunista e de dois forasteiros. Qualquer entrada atípica na cidade é motivo de alerta. As ações contínuas preparam o público para um segundo ato bastante explosivo, que sintetiza o distanciamento entre pessoas do Norte e do Sul do Brasil e a forma como uma região enxerga a outra. A partir de um grupo de estrangeiros que aporta nas redondezas, a obra delibera a pretensa superioridade que alguns brasileiros imaginam ter sobre os outros e o chamado “complexo de vira-lata”, abordado outrora por Nelson Rodrigues, perante outras nações. Não há um claro protagonista em “Bacurau”, a não ser a própria cidade. O entra e sai de atores não dificulta o trabalho da montagem, assinada por Eduardo Serrano, que consegue dar um dinamismo aos acontecimentos, garantindo fluidez na transição das personagens. As boas atuações saltam aos olhos. Um dos destaques é Lunga (Silvero Pereira), um foragido da justiça muito festejado pela população. Sua figura híbrida poderia muito bem ter saído de um “Mad Max”. A participação do alemão Udo Kier como Michael, o líder dos estrangeiros, também é marcante em razão das nuances que ele consegue empregar. Há, ainda, uma forte presença de povo, com passagens reservadas a moradores da comunidade de Barra, em Parelhas, no Sertão do Seridó (RN), onde o filme foi rodado. A narrativa de “Bacurau” é bastante intensa na segunda parte e não economiza na violência. O filme transita por diversos gêneros: ficção científica, ação, suspense, faroeste, terror e drama. Isso faz lembrar um bolo recheado com diversas camadas. Numa comparação, é como um suculento bolo de rolo pernambucano. Em seu terceiro longa-metragem de ficção, Mendonça Filho se juntou a Dornelles, designer de produção de “O som ao redor” e “Aquarius”. Uma curiosidade é que a ideia de tecer “Bacurau” surgiu em 2009, anos antes dos dois filmes. O roteiro também foi escrito pela dupla e reserva diálogos muito consistentes, o que, por vezes, costuma ser uma grande dificuldade das produções ficcionais brasileiras. Embora no começo os letreiros anunciem que a história se passa “daqui a alguns anos”, há muitos elementos que se chocam com a situação política do Brasil. O entreguista prefeito Tony Jr., vivido com brilhantismo por Thardelly Lima, talvez seja o que existe de mais evidente nesse sentido. É difícil apreender uma obra como “Bacurau” em sua completude. Experienciar este filme inclassificável será quase sempre muito melhor do que qualquer relato. Trata-se de uma produção única dentro do cinema brasileiro, daquelas que provocam imersão total e fazem a plateia vibrar.

"Bacurau" faz retrato de um Nordeste que insiste em resistir Read More »

Sobre os trilhos da saudade

* Por Paulo Caldas Lembranças com cheiro de saudade se traduzem no conteúdo deste “Memórias afetivas Marias – a avó contou. A neta escreve”, de Fátima Brasileiro, texto temperado com pitadas de ficção e encantamentos, mas que se veste de firmeza nas críticas às mudanças que soterraram bens preciosos das épocas de então. O clima do livro, no entanto, é afável, entremeado por histórias singelas de fundo moral, aqui ali intertextualizadas com trechos de música e poesia. O decorrer dos capítulos é um filme cujas imagens se movem do futuro ao passado, momento em que a escritora aciona a carretilha da película e as cenas surgem no universo da leitura, giram tal as rodas das diligências dos antigos filmes de faroeste. A questão temporal caracterizada na crônica “A confissão”, que retrata a decisão de um antigo padre interiorano, para impor a penitência pelo pecado do falso testemunho, foi semelhante a do diretor John Patrick Shanley do filme Dúvida, em 2008. Essa história de histórias dos tempos de antanho tem narrativa aconchegante, qual o colo das avós, vividas sob o gentil sereno das noites sertanejas. Produzido pela Cepe Editora, o livro tem projeto gráfico assinado por Joselma Firmino e ilustração com fotos em preto e branco do acervo da autora. *Paulo Caldas é escritor

Sobre os trilhos da saudade Read More »